No fim-de-semana de todos os furacões, tornados e tempestades, em que Cristiano Ronaldo marcou (e logo em dose dupla) finalmente com a sua nova maglia, e em que os U2 regressaram a Portugal, oito anos depois e pela sexta vez, agora na digressão “Experience + Innocence Tour” (mais Experiência, a Inocência há muito que foi perdida) e com Bono já com a voz de volta, é capaz de nem se ter dado muito pela passagem do décimo aniversário da falência do Lehman Brothers. O tal "too big to fail" de triple A de rating, que faliu mesmo... tornando-se no maior furacão de todos os tempos, arrastando, arrasando e destruindo tudo, por todo o lado.
O mundo, hoje, não é mais do que aquilo que se ergueu desses destroços. E, pelo que se vai vendo, são muitos os interesses que não querem mesmo que o mundo seja mais que isso, com o JP Morgan já a fazer novas ameaças para o próximo ano.
É o subsídio de férias, que o governo não paga. E que não deixou de aproveitar para mais confusão e mais trapalhada… Mais uma oportunidade para malhar nos funcionários públicos, e mais uma oportunidade para provar que é o espírito punitivo e não o reformista que o move.
Depois do chumbo, pelo Tribunal Constitucional, do corte do subsídio de férias o governo nem hesitou em trocar o subsídio de férias pelo de Natal, que estava a ser pago em duodécimos. Em vez de repor o pagamento do subsídio de férias, em Junho como a lei estabelece, resolveu meter os pés pelas mãos. Poderia ter dito que não pagava porque não há dinheiro, mas não. Porque logo grande parte da administração pública – quase toda a administração local e ainda o governo regional dos Açores – garantiu ter liquidez e, por isso, a intenção de o pagar, Passos Coelho fez questão de dizer que não era problema de dinheiro. Que era, agora, um problema de lei: não há lei que permita fazer o pagamento. Não há nem é preciso que haja porque, como logo adiantou, não há problema nenhum: o subsídio de férias está a ser pago em duodécimos e o de Natal será pago em Novembro. Como habitual, como sempre…
Curioso é que no mesmo dia em que garante não pagar o subsídio de férias – porque não há lei – garanta ir já a correr fazer uma lei - que não há – para lhe permitir a requisição civil dos professores.
Depois de tudo o que tem feito aos professores o governo admirou-se e achou inaceitável que tivessem marcado a greve para os dias dos exames. Apetece perguntar: estavam à espera de quê?
Depois, não teve a mínima preocupação em gerir o assunto. Preferiu partir para o braço de ferro, sem sequer tentar qualquer alternativa. Nem a última, que seria o adiamento dos exames. Depois de tudo o que tem feito aos professores, o braço de ferro é, certamente, a saída menos aconselhada. Vai correr mal, nem pode ser de outra forma!
Curioso é também que tudo isto se passa no mesmo dia em que o governo declara que o problema dos swaps com o JP Morgan está ultrapassado. O banco americano que se havia recusado a renegociar os famosos swaps, e que tinha mesmo decidido avançar com o assunto para tribunal, mas que, estranhissimamente, tinha sido escolhido pelo governo para consultor da privatização dos CTT.
Um governo de rins flexíveis para a banca – nacional e internacional – mas duríssimo de rins para os portugueses.
Forte com os fracos e fraco com os fortes?
Sim, mas mais do que isso: um governo para quem a pimenta no rabinho dos portugueses é refresco!
Simplesmente não aprendem. Ou serão como o escorpião?
O problema é que a rã morre sempre, não fica cá para contar. E os Goldman Sachs boys espalhados pelo mundo continuam a providenciar novas rãs, sempre disponíveis para os carregar às costas, rio fora até nova picada mortal…
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