Há onze anos Mario Draghi disse que o BCE "fará tudo o que for necessário" para garantir a sobrevivência do euro. Começou aí a histórica descida das taxas de juro, que se prolongou por 10 anos, em que foram mantidas a níveis nunca antes vistos.
A Senhora Christine Lagarde veio a Sintra formular a mesma determinação do BCE mas, agora, "tudo o que for necessário" para baixar a inflação. Mas, para o BCE de Lagarde, "tudo o que é necessário" é não aumentar salários, acabar com as ajudas dos governos às suas populações, e continuar a aumentar as taxas de juros.
A Senhora Lagarde disse, ainda há bem pouco tempo, que dois terços do aumento da inflação provêm do aumento das margens de lucro das empresas de sectores fundamentais da economia. A generalidade dos economistas, e mesmo grande parte dos indefectíveis das causas liberais, há muito que reforça que as raízes desta inflação não estão na procura, mas na oferta.
Pois. Na determinação de Lagarde "tudo o que é necessário" é nada do que é necessário. Não é determinação, é uma fixação!
Em Bruxelas resolveu-se finalmente o jogo dos cargos para as instituições europeias. E nem se pode dizer que o resultado tenha sido surpresa: no fim ganhou a Alemanha. Como no futebol, também nestas coisas da União Europeia ganha sempre a Alemanha.
Mesmo com Merkel a tremer. Figurativa, mas também literalmente...
Em Ancara, na Turquia de Erdogan, um polícia supostamente em folga mata e exibe a morte do embaixador russo numa pacata exposição de fotografia. Em Zurique, um indivíduo ainda não identificado entrou numa mesquita, onde gente rezava, e disparou a matar. Em Berlim, um terrorista que também é jovem refugiado - a ordem é arbitária - tomou de assalto um camion, matando o camionista, para o usar como arma de terror e morte por um espaço comercial dentro. Matou doze pessoas, e deixou largas dezenas feridas, muitas ainda em perigo de vida.
Há mesma hora, em Alepo, gente, muita gente, continua a morrer enquanto foge sem saber donde e muito menos para onde. Apenas perdidos no meios de escombros e bolas de fogo em que ditadores, assassinos, e diplomatas transformaram a outrora maior e mais cosmopolita cidade Síria.
No mesmo dia, mais hora menos hora de todas estas horas, em Paris, um tribunal provava que a conduta negligente de Christine Lagarde, enquanto ministra das finanças de Sarkozy, num processo com essa figura acima de toda a suspeita chamada Bernard Tapie, custara aos cofres franceses 404 milhões de euros. Mas que isso não tinha importãncia nenhuma... Já não tinha grande importância para a lei, que previa uma moldura penal de um ano de prisão, e uma multa simbólica de 15 mil euros. Teve ainda menos para o Tribunal que a aplica, que entendeu que tão destinta personagem, mesmo que culpada, não poderia sujeitar-se a qualquer tipo de sanção.
Pode ser que nada tenha nada a ver com coisa nenhuma. Mas a mim parece-me que tudo tem um bom bocado a ver com tudo...
Não tem é nada a ver com o Natal!
PS: O jovem refugiado paquistanês suspeito de ter tomado o volante do camion, e nessa qualidade detido, foi já posto em liberdade por não ter sido provada essa suspeita. As minhas desculpas pela imprudência de ter assumido por notícia o que não passava de uma suspeita.
Primeiro foi Mme Lagarde. E logo os do costume saltaram a dizer que a senhora só falava assim porque colocava o FMI de fora. A senhora continuou a insisitir que agora vê claramente visto o que antes não conseguia enxergar... E que até já vê os credores a aproximarem-se, e a verem como ela vê.
Bem me parecia que nesta coisa dos ziguezagues Tsipras não andava sozinho. Se são precisos dois para dançar o tango, quantos são precisos para dançar zorba?
Acompanhe-nos
Pesquisar
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.