Numa altura em que o populismo impera na maior parte do mundo há pequenas notícias que muitas vezes dizem muito.
Sabe-se que o populismo cresce sempre a partir da deterioração da relação entre governados e governantes, muito por força do enfraquecimento da qualidade dos titulares de cargos públicos e da consequente degradação do exercício do poder.
A notícia que hoje aqui trago chegou-me num dia desta semana, que ficou justamente marcada pelo primeiro debate entre os candidatos às eleições presidenciais americanas, e que se tornou numa montra exuberante do que é, e de que é capaz, o populismo.
A notícia provinha da Associated Press, e dizia que, algures na improvável Roménia, a população de Deveselu, uma vila com cerca de três mil habitantes no sul da Roménia, reelegeu com 64% dos votos o seu presidente da câmara. Não seria notícia não se desse a circunstância de as eleições se terem realizado no domingo, 20 de Setembro, e o Sr Ion Aliman – assim se chamava presidente da câmara – ter falecido na quinta-feira anterior, vítima de covid.
Sem possibilidade material de alterar os boletins de voto, o seu nome lá permanecia no dia das eleições. Diz a notícia que a caminho da assembleia de voto, a população passou pelo cemitério a depositar uma flor na campa do autarca e, chegada à urna, depositou-lhe o voto. O voto que, segundo os relatos, sentiam dever-lhe pela forma como exerceu o poder, sempre ao lado deles, e nunca contra eles.
Não valeu de muito, até porque obriga a novas eleições, mas fica a lição. E que grande lição!
O Benfica ganhou um daqueles jogos que se complicam, já quando poucos acreditavam que fosse possível: no último minuto, de penalti. Penalti mesmo, Gaitan foi agarrado quando ia rematar para a baliza!
A Académica trouxe, não um, mas dois ou três autocarros, que plantou à frente da sua baliza. Nada de anormal, isso já sucedeu e voltará a acontecer. Sabe-se que equipas não têm as mesmas armas … Anti-jogo é outra coisa, e a Académica não só o praticou como abusou dele. Sempre com a permissividade do árbitro que, no fim, entendeu dar cinco minutos de compensação. Menos do que o tempo que a Académica queimou nas três substituições que fez. O que não fez foi sequer um remate à baliza do Benfica, que teve ainda duas bolas nos ferros.
Isto para dizer que a justiça da vitória do Benfica não pode ser posta em causa. Mas…que fique por lição!
O Benfica jogou francamente mal. Sem velocidade, sem ritmo e com todos os jogadores desinspirados. Não é drama nenhum, porque os jogadores não são máquinas, nem sempre tudo corre como se deseja. O que, mesmo sem que seja dramático - porque não pode haver dramas no futebol, isso está reservado a outras esferas da vida -, não pode repetir-se é a incapacidade para mudar o chip da equipa. Se não há inspiração tem que haver vontade, se não se pode jogar bonito tem que se jogar com eficácia, se não há espaços remata-se de longe. Se não se conseguem jogadas de penetração tem que colocar a bola para área, com cruzamentos sucessivos, uns atrás dos outros. Repare-se que a equipa apenas por uma vez, por Enzo Perez, na primeira parte, fez um remate de fora da área. Entrou o Carlos Martins, dado como especialista na matéria, e nada… Nem um!
Que este jogo sirva de lição!
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