Não era possível esperar em Braga um Benfica galvanizado, a acreditar que o milagre ainda era possível. Ainda assim tinha de se esperar um Benfica determinado a ganhar o jogo, sabendo que só esse desenlace legitimaria qualquer crença.
Percebeu-se muito cedo que, ao encher de desperdício aquele quarto de hora inicial de domínio completo do jogo, o Benfica teria enormes dificuldades em atingir a vitória. Porque o futebol é impiedoso, e com o Benfica é ainda mais assim.
O Benfica poderia ter arrumado com a questão do resultado nesse primeiro quarto de hora. Ao desperdiçar golos feitos, como aconteceu com Leandro Barreiro e Pavlidis, no período em que o Braga andava aos papéis, o Benfica deu, mais uma vez, oxigénio ao adversário.
A partir daí o Braga fechou-se lá atrás, com 10 jogadores à frente do guarda-redes, e saiu em contra-ataque sempre que pôde. O Benfica deixou de conseguir rematar - havia sempre um pé ou uma perna a impedi-lo -, e deixou de ter soluções para concluir as inúmeras jogadas de ataque que sucessivamente criava.
No meio disto, como se já não bastasse, apareceu a arbitragem. O árbitro chamava-se Miguel Nogueira, é de Braga mas inscrito na A F Lisboa, mas podia chamar-se outro nome qualquer. Porque isto já não tem solução. O futebol em Portugal é uma fraude. Falta declará-la oficialmente.
A meio da primeira parte o Ricardo Horta teatralizou - já foi um bom jogador, agora dedica-se à pantominice - o VAR chamou o árbitro e este, inacreditavelmente, assinalou penálti. O que não faria logo a seguir, quando o lateral direito do Braga se atirou para cima do Barreio, derrubando-o dentro da área.
Desta vez Trubin não podia deter o remate de Zalazar, ao ângulo superior direito.
O golo do Braga não mudou nada do que já vinha sendo o jogo, depois do tal quarto de hora inicial. O Benfica a atacar, sem encontrar espaços, e o Braga a contra-atacar, encontrando todo o espaço. E o árbitro a ignorar as faltas (e amarelos) dos jogadores bracarenses, a destabilizar ainda mais a equipa do Benfica. O clímax foi atingido já nos minutos finais da primeira parte, quando Zalazar, que já devia ter sido sancionado com o amarelo por duas vezes, agrediu Otamendi.
O rapaz do apito nada assinalou, o capitão do Benfica protestou, e acabou ele com o amarelo. Aí, a equipa caiu em verdadeiro desespero. Valeu Trubin, para agarrar a equipa até ao intervalo.
Esperava-se que Bruno Lage aproveitasse o intervalo para mexer na equipa, e alterar o rumo das coisas. Entre jogadores completamente perdidos, como Carreras, provavelmente já com a cabeça em Madrid, e Schelderup, provavelmente com o Nuno Magalhães na cabeça, e outros, como o Barreiro, em que o posicionamento (o mais adiantado do trio do meio campo) não estava a resultar, havia muito por onde escolher.
Bruno Lage manteve tudo na mesma, e adiou as substituições por mais um quarto de hora, mantendo-se fiel ao seu princípio que as substituições só se fazem depois do minuto 60. E manteve Carreras até ao fim, a acumular asneiras.
E a segunda parte acabou por ser uma das mais desgraçadas que se viram ao Benfica. O golo do empate - Pavlidis fez tudo, outra vez! - chegou logo a seguir às substituições. E logo a seguir ao golo, João Moutinho foi (bem) expulso (como também deveriam ter sido Zalazar e Racic). Com meia hora a jogar com mais um, as melhores oportunidades pertenceram ao adversário. E, mesmo com a grande exibição de Pavlidis, o melhor em campo terá mesmo sido Trubin.
E isto diz bem do jogo desgraçado do Benfica. Que era a última coisa que se desejava no transfere para a final da Taça, com passagem por Braga.
E pronto, acabou o campeonato. Dizem que foi competitivo, mas foi só uma aldrabice pegada.
O dérbi que tudo resolvia, nada resolvendo, tudo resolveu. E o Sporting já festeja o bi-campeonato. Porque dá tudo por resolvido, e porque tem que aproveitar - é coisa que já não lhe acontece há mais de 70 anos. Só lhes faltou irem já para o Marquês ...
Festejos antecipados à parte, fica um jogo em que o Benfica ficou aquém do que podia, e da sua obrigação; o Sporting foi a sorte do costume, pontapé para frente, e anti-jogo até vir a mulher da fava rica; e o árbitro, João Pinheiro, um fartote de vilanagem.
Poderia dizer-se que o golo do Sporting, logo aos 4 minutos, condicionou a estratégia do Benfica. Sim, mas esses tão escassos minutos já tinham dado sinais que o Benfica não estava tão afirmativo, autoritário e determinado quanto impunha um jogo que tudo decidia. E só verdadeiramente entrou no jogo com a primeira metade da primeira parte já esgotada.
Depois, a partir daí, sempre que pôde, isto é, sempre que lhe foi permitido jogar à bola, foi melhor. Só que nunca tão melhor quanto é sempre exigido ao Benfica para ganhar. E sempre longe do melhor que tantas vezes apresentou ao longo da época.
O Sporting passou a segunda parte a queimar tempo, com os jogadores no chão, a serem sucessivamente assistidos, fez um remate, e teve a sorte do de Pavlidis (fabulosa a jogada do golo, que ofereceu a Aktürkoglu, e incompreensível a sua substituição, ainda com 10 minutos para jogar) acabar com a bola no poste, em vez de dentro da baliza.
A arbitragem de João Pinheiro foi o normal. Da normal falta de qualidade dos árbitros portugueses, e da normal pressão que sobre eles é exercida, arte em que, através do domínio do espaço mediático, o Sporting é verdadeiro mestre. Não quis ver, nem ele nem André Narciso, o VAR e outro velho conhecido, o penálti sobre o Otamendi, ainda na primeira parte. Não quis dar o segundo amarelo a Hjulmand. Mas mais: bastava aos jogadores do Sporting mandarem-se para o chão para assinalar falta; os do Benfica eram violentamente pisados, ostensivamente empurrados, mas ... nada.
E foi isto "o jogo do século". Afinal, apenas o costume... O transfere disto tudo para a final da Taça, daqui a duas semanas, é o que falta ver.
O jogo desta noite, na Amoreira, cheia de benfiquistas, não era apenas o jogo com o Estoril. Nem era apenas o jogo da jornada 32, o ante-penúltimo da época. Era o jogo que antecedia o dérbi, que tudo vai decidir.
Era um jogo com dois jogos lá dentro, sabia-se. E, desconfiava-se, também um jogo armadilhado.
Sem Carreras - com o quinto amarelo - no onze, e com Dahl no seu lugar, e sem Di Maria, já no banco, depois de ter saído lesionado em Guimarães, há duas semanas, e com Amdouni no seu lugar, o Benfica entrou forte no jogo. A ideia - e bem - seria resolver depressa o primeirojogo para, depois, jogar tranquilamente (para) o segundo.
A ideia era boa. Como boa era a ideia que o Benfica trazia para o jogo, com a equipa muito subida, a pressionar alto, bem em cima da área estorilista. Os jogadores do Estoril viram-se como que asfixiados, impossibilitados de praticar o futebol associativo que gostam, e sabem jogar. A estratégia rapidamente começou a dar resultados.
Aos quatro minutos já o Benfica estava a criar a primeira situação clara de golo, com Amdouni a desmarcar Aursenes que, isolado, acabou por permitir a defesa do guarda-redes, Robles. No canto, Florentino desperdiçou uma recarga fácil, não acertando na baliza. Logo a seguir, mais uma jogada rápida e bem desenhada, muito semelhante à anterior, desta vez com Kokçü a conduzir a bola e a servir Aursenes, que desta vez não falharia.
O golo não alterou nada do jogo, que continuou rijo, com muita luta pela bola, mas sempre com a mesma toada de domínio benfiquista. Praticamente absoluto, sucedendo-se as oportunidades de lances de golo, que não é bem a mesma coisa de claras oportunidades de golo. Essas não eram assim tantas, porque havia sempre qualquer coisa a não correr bem.
Eram os cruzamentos de Aktürkoglu, eram os remates a Kokçü, ou era a chegada de Pavlidis. E era ... o Sr João Gonçalves, o árbitro do Porto que desta foi encomendado para armadilhar o jogo.
Cedo esse Sr João Gonçalves começou a mexer os cordelinhos: logo no lance inicial, uma falta para amarelo sobre Aktürkoglu à entrada da área estorilista foi transformado num lançamento pela linha lateral a meio campo. Aos 27 minutos, uma falta para amarelo sobre Pavlidis, em cima da linha da área, foi transformado em falta e amarelo para o ponta de lança benfiquista.
À meia hora de jogo o Benfica tinha cinco faltas assinaladas. O Estoril, com jogadores a meter o pé sem dó nem piedade, zero!
A primeira falta assinalada contra o Estoril aconteceu aos 35 minutos, e da sua cobrança, por Dahl, sairia o segundo golo do Benfica, por Otamendi.
De novo nada se alterou com o golo. E o jogo chegou ao intervalo com o 2-0, quer era escasso para reflectir o que se tinha passado no relvado.
O Benfica entrou para a segunda parte no mesmo ritmo, e com vontade em alargar o resultado, para poder passar ao segundo jogo. Acabou por não conseguir voltar a marcar, e por não demorar mais que 10 minutos a fazer o transfer, o que coincidiu com a lesão de Amdouni, substituído por Schjelderup. E o Estoril começou a crescer!
Ainda se não tinha dado pelo crescimento do Estoril, embora já se tivesse dado pelo encolhimento do Benfica quando Otamendi - no melhor pano cai a nódoa - errou um passe e acabou a tocar Begraoui, já dentro da área, com o árbitro a apitar de imediato para a marca de penálti. Com tanta pressa que já não pôde validar o golo, quando a bola acabou por entrar na baliza de Trubin. Que defendeu depois o penálti!
Na recarga, o brasileiro Zanocelo acertou na trave. Mérito, primeiro. Sorte, depois. Mas convinha não abusar...
O treinador estorilista, Ian Cathro - um tipo que parece que sabe o que faz -, fez entrar o ponta de lança espanhol Marqués e o criativo argelino Guitane (um craque, que só aparece nos grandes jogos, e que estranhamente não pegou em Braga), que mexeram com o jogo. E o golo do Estoril acabou por não tardar mais que meia dúzia de minutos, na vingança de Zanocelo.
Que cinco minutos depois deveria ter sido expulso, com vermelho directo - que o tipo do Porto transformou em amarelo - por uma entrada que poderia ter partido a perna do Florentino. Os últimos minutos, incluindo os oito de compensação que o tipo do Porto inventou, não foram muito mais do que repetidas entradas às pernas dos jogadores do Benfica. Que na maior parte delas ainda levavam também com a falta.
Logo a seguir ao golo do Estoril entraram Barreiro, substituindo Aktürkoğlu, e Belotti (Pavlidis), que foram protagonistas de mais uma série de habilidades do tipo do Porto. Ambos participaram numa das últimas oportunidades de golo do Benfica, ao minuto 86, que acabou num penálti sobre o italiano, que o Sr Gonçalves ignorou. Logo a seguir Barreiro foi ceifado pelo Zanocelo, que ainda lá estava, impune a bater em tudo, com o Sr Gonçalves a assinalar falta ... contra o Benfica.
Não se pode calar o que se viu do Sr Nobre, no jogo com o Arouca, o que se viu há uma semana, do Sr Carlos Macedo, no jogo com o AVS, e o que se viu hoje. E não é com comunicados bacocos, quando se perde. Nem com Rui Costa, como se viu hoje, a limitar-se, na rua e meio envergonhado, a dizer "vocês viram" a quem lhe estendeu o microfone.
Bonita tarde de sol, e a Luz com casa cheia, para receber o Aves - ou lá o que é aquilo - no primeiro dos últimos quatro jogos que restam para decidir este campeonato.
A informação que se ouviu da instalação sonora dava conta de pouco mais de 58 mil nas bancadas. De lá, das bancadas, a pequena clareira que se avistava num dos topos não parecia ser suficiente para "roubar" tanta gente à casa cheia.
O jogo começou com um susto, logo na saída de bola, com um pontapé longo a levar a bola para a área do Benfica, e Akinsola a chocar com Trubin. Na verdade dois sustos, o da bola ali meio perdida até ser afastada pelo António Silva; e o de Trubin, abalroado, no chão. Passado esse susto em dose dupla, o Benfica pegou no jogo e desatou a jogar à bola.
Sem Florentino e Di Maria, Bruno Lage surpreendeu com Amdouni, sobre a direita, e Dahl, na esquerda, com Akturkoglu em zonas mais interiores. Que marcou logo na resposta ao susto inicial, com o golo a ser anulado por fora de jogo. Que a olho nu não era perceptível, pelo logo suou a estranho que o árbitro - Carlos Macedo, mais uma estrela da arbitragem nacional a despontar e, pelo que se viu, com futuro garantido - tivesse sido tão convicto e imediato a assinalar fora de jogo a Dahl, que assistira para o golo. Viria a saber-se depois que as linhas do VAR marcavam 8 centímetros.
A cena repetiu-se repetidamente - o pleonasmo é propositado - nos minutos seguintes. Foras de jogo que não se percebiam eram sucessivamente assinalados, interrompendo jogadas que nunca era deixadas concluir. Aí nem davam hipótese de ser confrontadas com nada.
Não se ficou por aí o Sr Carlos Macedo, a mostrar que não é preciso marcar, ou não marcar, penáltis, expulsar ou poupar à expulsão, para o árbitro influenciar directamente o caminho do jogo e o resultado. Este árbitro, inscrito na Associação de Braga, mostrou como se faz, e o que se pode fazer, mesmo num jogo de sentido único, de domínio avassalador de uma equipa, sem quezílias, e muito fácil de arbitrar.
O Benfica jogava, dominava o jogo por completo, ia criando sucessivas oportunidades de golo e, aqui e ali, até marcando. Os primeiros golos, entre muitas oportunidades, surgiriam de bola parada, em cantos bem preparados em laboratório. O primeiro, logo aos 8 minutos, por Tomás Araújo em recarga ao remate de António Silva, num lance que o Benfica viria a repetir, vezes sem conta. O segundo tardou mais um quarto de hora, novamente com um canto curto da direita, seguido de combinações ao primeiro toque entre Kokçu, Dahl e Pavlidis, a entrar junto ao primeiro poste para finalizar. Um regalo para a vista!
O terceiro, o primeiro de bola corrida, demorou menos de três minutos. Dahl, outra vez, desta a cruzar para a área, para Amdouni surgir no corredor central, tirar um adversário da frente e bater Ochoa, com classe.
Depois, mais um largo período, quase outro quarto de hora, para o quarto: recital de Pavlidis e Akturkoglu a encostar, nas costas de Ochoa.
O que é acontecia no intervalo entre os golos?
Pois, o que acontecia, era o tal Sr Carlos Macedo fazer tudo para cortar o domínio avassalador do Benfica. Quando tinha de dar a lei da vantagem, não dava. Interrompia o jogo. Se um jogador do Aves se sentasse no chão, interrompia o jogo. Se, mesmo depois de não aplicar a lei da vantagem, os jogadores do Benfica marcavam rapidamente a falta, parava o jogo e mandava repetir. A pretexto de tudo, e de nada, interrompia o jogo para entrar em diálogo com os jogadores.
O Sr Carlos Macedo fez tudo, mas mesmo tudo, para quebrar o ritmo do jogo, e para interromper a avalanche de futebol do Benfica. Por isso o resultado era apenas de 4-0. E por isso saiu para o intervalo debaixo de uma imensa vaia.
A segunda parte foi diferente. O Benfica levantou o pé, e o jogo, os jogadores, e até as bancadas foram, por esta ordem, adormecendo. O Aves - ou lá o que é aquilo - até teve uma oportunidade para marcar, que Trubin resolveu. O árbitro estava então nas suas sete quintas, donde sairia logo que o Benfica voltou a carregar no acelerador, para acabar em alta, a deixar de novo as bancadas a arder. Como o Benfica tinha regressado ao ritmo, e aos golos, o senhor árbitro entendeu dar 2 minutos de compensação. Lourenço Pereira Coelho protestou, e foi expulso!
Os jogadores acordaram com as substituições - primeiro com Belotti e Schjelderup, para as saídas de Carreras, que não vai jogar no Estoril, por ter visto o quinto amarelo, e Amdouni; e depois Prestiani, Cabral e Barreiro -, e as bancadas com a onda. Que nem é a coisa mais empolgante deste mundo.
E foi com as bancadas empolgadas e pedir o 39, e os jogadores de novo acordados que o resultado subiu. Belotti marcou o quinto, numa transição conduzida por Akturkoglu. Otamendi, de cabeça, fez o sexto, novamente na sequência de uma bola parada, numa recarga a uma defesa incompleta de Ochoa a um livre de Kokçu.
Não é - de todo - provável que o título venha a ser decidido pela diferença de golos. Sendo absolutamente improvável, não é pois, por isso, que importa o resultado, que tão visivelmente incomodava o Sr Carlos Macedo. Só tem importância porque o Sr Varandas anda por aí a apanhar as canas dos foguetes do melhor ataque e da melhor defesa.
Está demonstrado que quanto maior é a exigência, melhor é a resposta do Benfica. O jogo desta noite, em Guimarães, entrava claramente no lote dos mais exigentes desta fase final da época. Engrossava as apregoadas dificuldades do calendário, comparado com o do Sporting. E, como no Porto, a saída foi a melhor.
Olhando para o 3-0, para a vitória clara a cheirar a goleada, é essa a conclusão: o Benfica saiu-se muito bem desta dificuldade. Na verdade, olhando para o jogo, a conclusão é que se saiu ainda melhor.
O Vitória entrou com tudo, e até parecia que o Benfica - com o onze de que Bruno Lage não abdica - não tinha chegado a horas para o jogo. No primeiro quarto de hora só houve Guimarães. Só os de branco tiveram bola, só eles jogaram, só eles remataram.
Aos 21 minutos, quando, com a embalagem dos primeiros quinze minutos, o Vitória procurava asfixiar o adversário com uma pressão altíssima, o Benfica soube desenvencilhar-se daquilo tudo, primeiro por obra e graça do improvável Florentino e, depois, pela classe de Pavlidis, Akturkoglu e Kokçu e, no primeiro lance de ataque e no primeiro remate, marcou o primeiro golo, e virou o jogo do avesso.
Não que o golo de Pavlidis tivesse tido o condão de inverter por completo o rumo do jogo. Não foi isso que aconteceu, mesmo que, pouco depois, o mesmo Pavlidis tivesse voltado a marcar, em mais uma excelente transição ofensiva, que nem o fora de jogo, no remate final, deslustra. O que aconteceu foi que o Vitória passou a jogar desconfiado, e foi isso que mudou o jogo.
A ponto de, ao intervalo, o jogo estar equilibrado. Em posse de bola, em remates, e até em oportunidades de golo.
Na segunda parte o Vitória voltou a entrar forte. Desta vez prolongou a superioridade, não tão gritante como a do primeiro quarto de hora da primeira, mas ainda assim clara, para meia hora. Valeu então Trubin que, com Florentino, formou a trave mestra da exibição e do resultado que Pavlidis e Carreras assinaram.
Logo no início da segunda parte o músculo da coxa de Di Maria cedeu. Uma lesão é sempre uma contrariedade, mas a equipa ficou a ganhar com a troca. De resto a entrada de Schjelderup já se justificava. Pouco depois foi Tomás Araújo, que continua preso por arames, a ter de sair. Mais uma contrariedade, desta vez colmatada com a entrada de Barreiro, e com Aursenes a voltar à sua velha condição de lateral direito, onde como se sabe não se sai mal.
Esgotada essa meia hora o Benfica voltou ao comando do jogo. Antes de, à entrada do último quarto de hora, Carreras ir por li fora, até marcar o segundo golo, à bomba, já sem ângulo, em modo Gyökeres, já Schjelderup o poderia ter feito.
Depois ... há jogos assim. O Vitória dispusera de três ou quatro livres em zonas perigosas - ao mínimo encosto, e às vezes nem isso, ali à entrada da grande área, o árbitro Gustavo Correia assinalava falta - sem disso conseguir tirar proveito. O Benfica precisou apenas de um para marcar o terceiro: Kokçu cobrou-o, o Varela tentou blocar a bola, mas ela fugiu-lhe para a recarga de Pavlidis, mesmo antes de sair, na última vaga de substituições de que Bruno Lage dispunha.
Que trouxe para o jogo Bruma, Dahl e Belotti, quando faltavam 10 minutos para o fim do jogo. Que acabou por dar para tudo, até para gerir o quinto amarelo a Florentino e a Di Maria, que tanto tantos está a incomodar ...
E faltam quatro: AFS (ou AVS, ou Aves, ou Vilafranquense, ou lá o que é), Estoril, Sporting e Braga. Quais serão os mais exigentes?
Em jornada de festa, com o penta da equipa feminina de futebol, homenageada ao intervalo, mas a dividir o palco com Micoli, na volta olímpica, e ainda com os parabéns a José Augusto, o Benfica entrou na Luz, cheia, a abarrotar, e cheia de sol e de fervor benfiquista, com o mesmo onze do Dragão.
Mas foi só isso que o Benfica trouxe do Dragão: os mesmos onze, e as mesmas camisolas. Não trouxe nada de tudo o resto que lá apresentou.
A primeira parte mostrou jogadores desinspirados, mas também pouco dispostos a transpirar muito. A equipa não teve nada a ver com o que vinha sendo. Aquela equipa mandona, com uma dinâmica de jogo consolidada, e intensa nunca apareceu.
Foi tudo muito lento e mastigado, a permitir ao Arouca, bem organizado, resolver os poucos problemas que o Benfica lhe colocava. Cortava facilmente as linhas de passe, interceptava todos os cruzamentos e tinha até tempo para cortar bolas em cima da linha de golo.
É certo que, ainda assim, o Benfica poderia - e até merecia - ter chegado ao intervalo na frente do marcador. Em duas ou três oportunidades, sem considerar as que, por mérito próprio, ou demérito alheio, o adversário anulou, poderia ter marcado. Na mais flagrante, depois de um excelente trabalho dentro da área, Pavlidis rematou ao poste.
Ao intervalo Bruno Lage teria de mexer na equipa. O jogo do Benfica teria de ser agitado, havia demasiados jogadores demasiado desinspirados. E havia muito por onde, e havia até memórias frescas de jogadores que se mostraram na quarta-feira. Que mostraram vontade, e que são solução.
Surpreendentemente Bruno Lage deixou tudo na mesma. O Arouca é que não, e arrancou para a segunda parte a mostrar que, para aquele Benfica, tinha outra resposta que não apenas defender. E a preocupação começou a instalar-se nas bancadas da Luz.
Quando, ao quarto de hora, depois de uma grande arrancada de Carreras, e assistido por Aursenes, Kokçu marcou - grande golo! - pensou-se que estaria quebrada a resistência arouquense. O mais difícil estava feito.
E estaria ... se ... Se logo no minuto seguinte Aktürkoglu, isolado, tem evitado rematar contra o guarda-redes. Se Di Maria não tivesse escandalosamente rematado para fora na recarga. Ambos na expressão máxima da falta de inspiração. E se, cinco minutos depois, o velho conhecido António Nobre não tem inventado um penálti para o Arouca.
Ontem, em Ponta Delgada, o árbitro Cláudio Pereira - a sua nomeação para esse jogo é bem demonstrativa do que para aí vai - perdoou ao Sporting um penálti do tamanho do Pico. E o Sporting ganhou. Ontem, no jogo com o Santa Clara, o VAR fez que não era nada com ele. Hoje, na Luz, António Nobre assinalou um contra o Benfica que nunca existiu. O VAR viu, e disse-lhe que não, que aquilo não era penálti em parte nenhuma do mundo. Mas o árbitro teve a lata, e a pouca vergonha, de o justificar com um "rasteira com a cabeça" de Otamendi. "Rasteira com a cabeça"?
Logo a seguir Di Maria foi empurrado na área do Arouca. Nada, disse ele. Mais tarde, já mesmo sobre o apito final, Schjelderup foi ensandwichado e impedido de disputar a bola e, de novo, nada.
Com o empate, Bruno Lage mexeu finalmente na equipa, com as entradas de Belotti e Schjelderup para os lugares de Florentino e do apagado Di Maria, acabado de ser empurrado dentro da área adversária. E logo a seguir, finalmente, ao enésimo, um canto cobrado com algum nexo, com Pavlidis a surgir a marcar, ao segundo poste.
Era desta, suspirou-se na Luz. Que logo a seguir festejava o terceiro. Por pouco tempo, Schjelderup estava fora de jogo. De seguida Belotti, Schjelderup e Otamendi desperdiçaram ocasiões flagrantes. E Bruno Lage repôs o meio campo, substituindo Pavlidis por Leandro Barreiro. E trocou Aktürkoglu por Bruma.
Para nada. Nos últimos minutos do período de compensação, incompreensivelmente, a equipa não conseguiu segurar a bola. E no último suspiro do jogo, no sexto dos sete minutos de tempo adicional, depois de uma perda de bola no ataque, com a equipa completamente descompensada, um contra-ataque acabou no golo empate.
É inaceitável este empate, a quatro jogos do fim. Perder nesta altura pontos em casa, com o Arouca, no último minuto do jogo, não pode ser aceitável. O escândalo das arbitragens é revoltante, mas não é atenuante. Até porque não é a primeira vez que a equipa escorrega depois de uma vitória exuberante. Nem a primeira vez que falha logo depois de chegar à liderança. Quando a equipa empurrava a onda vermelha, e esta a equipa para a conquista do campeonato, este empate representa uma grave quebra de confiança.
Agora é a sério. Nem mais um ponto pode ser desperdiçado!
O Benfica já ganhou muitas vezes no Porto, quer nas Antas quer no Dragão. Nunca, no entanto, ganhou em cima de um banho de bola colossal, como este!
Hoje o Benfica simplesmente não deu qualquer hipótese. Nem ao Porto, nem ... ao João Pinheiro. Tentaram ambos fazer pela vida, mas não tiveram hipótese.
Mais cedo não podia João Pinheiro começar. Foi logo no início, a anular o golo de Pavlidis, por um fora de jogo que mais ninguém viu. Teve de "engolir o apito".
O Porto também não esperou para reagir, e atirou-se logo à bola, e às canelas dos adversários, como se não houvesse amanhã. A agressividade foi depressa engolida pelo souplesse, e pela arte da tropa.
O golo do Benfica no minuto inicial, no pontapé de saída, importou. Claro. Um golo a abrir o jogo é como o tamanho. Importa sempre!
A equipa deu a bola ao Porto, e depois esperou em família, com a tropa recuada. Evidentemente que esta estratégia não foi desenhada em cima do golo no primeiro minuto. Era a estratégia para o jogo, trabalhada a partir de quarta-feira, depois de despachado o assunto Farense: entregar a bola ao Porto, deixar que fizesse com ela o que bem entendesse, no seu meio campo, e em vez de correr atrás dela, e dos adversários, esperar que fossem eles a entregar-lha quando já não soubessem mais o que fazer com ela. A partir daí, com a bola nos pés, procurar a profundidade para chegar depressa, e bem, à baliza de Diogo Costa.
Foi assim, com esta ideia de jogo, que na primeira parte o Benfica cilindrou o Porto. Com menos de 40% de posse bola o Benfica marcou os dois golos soberbos Pavlidis, no início e quase no fim e, num total de 8 remates, rematou três vezes à baliza, e outras tantas ao poste. O Porto, com mais de 60% de posse de bola, efectuou cinco remates, e nenhum à baliza.
Foi assim, com a defesa unida em família, com Florentino sempre pronto para interceptar a bola, Kokçu mestre a distribuí-la, ora curtinho, ali ao lado, ora a romper vinte ou trinta metros para Akturkoglu, Pavlidis e Di Maria espalharem o pânico numa defesa portista que cada vez que era atacada tremia como varas verdes.
Para que o banho de bola fosse ainda mais empolgante, o Benfica mudou de reportório para a segunda parte. Fez praticamente o contrário, e decidiu que, já que o Porto tinha feito tão pouco com a bola, não merecia tê-la. O Benfica foi então dono da bola e dono do jogo, não permitindo que nada sobrasse para o Porto.
Criou claríssimas oportunidades de golo sucessivas, umas atrás das outras. Di Maria ainda deve estar a ver se percebe como, aos 52 minutos, num cruzamento de excelência de Carreras, o seu remate foi parar ao lado de fora das redes . Cinco ou seis minutos depois, foi o instinto de Diogo Costa a negar o golo a Akturkoglu, a passe de Di Maria. No minuto seguinte, mais uma defesa soberba do guarda-redes do Porto, a negar o golo a Otamendi. Ao minuto 69 era finalmente quebrado o enguiço, com Pavlidis a assinar o hat-trick, respondendo com um excelente desvio de cabeça a um extraordinário cruzamento de Di Maria. Dez minutos depois foi Schjelderup, que entretanto havia entrado, com Belotti, por troca com Di Maria e Pavlidis, a enviar a bola a rasar o poste da baliza de Diogo Costa, batido ... e desesperado.
Não marcou Schjelderup, na resposta marcou o Porto. Trubin defendeu o remate de Fábio Vieira, mas depois deixou fugir por entre as pernas a recarga de Samu.
O marcador, aberto no primeiro minuto, seria fechado por Otamendi, no último. Não é comum, mas quando o vendaval de futebol toma as proporções desta noite no Dragão, com tantas oportunidades de golo construídas, é normal que os golos surjam até nos momentos menos comuns.
Ficou ainda assim curto. Repetiu a goleada da primeira volta, na Luz. Mas foi mais curto. Se aos quatro golos somarmos as três bolas nos ferros, e as quatro oportunidades claríssimas atrás referidas, ficamos com a dimensão do escândalo que esteve à vista no placard do Dragão.
Na trilogia de Bruno Lage, a equipa está fortíssima. A família é feliz. E a tropa está na frente. Pode ser apenas por 24 horas. Mas, como há muito que isso não acontecia, é notícia.
Em noite de chuva a Luz não encheu, como tem sido costume. Ainda assim, 52 mil vibraram nas bancadas com o futebol que o Benfica exibiu na primeira metade da primeira parte. E disfarçaram a ansiedade no resto do tempo.
O segundo golo do Benfica, precisamente a meio da primeira parte, marcou a viragem do jogo. Com algumas novidades no onze inicial - Dahl no lado direito da defesa, Renato Sanches no lugar de Florentino (na bancada, a fugir ao quinto amarelo) e Di Maria, de regresso, na sua posição habitual na ala direita, a relegar Bruma para o banco - a equipa entrou muito bem no jogo. Com confiança, com muita mobilidade, e com a qualidade dos últimos jogos, a jogar a um ou dois toques, e a criar duas ou três boas situações de golo logo nos primeiros cinco minutos, e a acabar por marcar bem cedo, aos 7 minutos.
Um bonito golo, a fechar uma grande jogada de transição ofensiva, com a bola a passar, sempreao primeiro toque, de Kokçü para Di María, deste para Aursenes e para o golo de Aktürkoğlu.
O segundo golo surge na sequência de um canto a favor do Farense, que por essa altura já não se limitava exclusivamente a defender, com Trubin a lançar Aktürkoğlu, que depois de fugir pela esquerda centrou para a entrada da área, onde Pavlidis, no meio de três adversários, recebeu, rodou e rematou para golo.
A partir daqui o jogo mudou. O Farense foi crescendo, entrou na discussão do jogo e, à beira do intervalo, com o golo, na discussão do resultado. O próprio golo, a forma como foi obtido - na cobrança de um canto, com o central Cláudio Falcão a ganhar a primeira bola, e a levá-la à barra, e Tomás Ribeiro, companheiro de defesa, a voltar a ganhá-la para a enviar para a baliza de Trubin - demonstrava a diferença de agressividade a que, há muito, estávamos a assistir.
O Benfica voltara a adormecer, como vinha sendo corrente há uns dois meses atrás.
Ao intervalo Bruno Lage retirou Renato Sanches, fazendo entrar Barreiro. Não sei se o Renato tinha algum problema físico, mas sei que este jogo mostrou que não há racionalidade possível na opção de compra do seu passe. Lamento. Lamentamos todos, creio. Mas é a realidade.
Provavelmente ao intervalo Bruno Lage espevitou os jogadores, e o Benfica entrou para a segunda parte a dar uma clara resposta ao golo sofrido. Voltou a jogar bem, a mandar no jogo e a criar condições para marcar.
E marcou, ainda não tinham passado 10 minutos, em mais uma espectacular jogada de futebol, com Aursenes a lançar Pavlidis que, depois de uma soberba recepção dentro da área, colocou a bola com enorme categoria para o bis de Aktürkoğlu.
Três golos muito bonitos, em jogadas espectaculares. Só que todas, e exclusivamente, a partir de transições rápidas. Em ataque continuado, nada.
Reposta a diferença de dois golos no marcador, o Benfica voltou a adormecer. Em menos de 10 minutos o Farense voltou a marcar. Um bonito golo, também numa bonita jogada de futebol. Mas que não é dissociável do relaxamento dos jogadores. De desleixo, mesmo.
Faltava meia hora para o fim, e não foi fácil.
É certo que a arbitragem também contribuiu para o enervamento. Hélder Carvalho é um velho conhecido, um especialista em provocação. E a senhora do VAR, a Catarina que está na moda, também é já conhecida das arbitragens na Liga Feminina. E não sinalizou o penálti sobre o António Silva, aos 70 minutos, porque não quis.
Provavelmente seria difícil que este jogo fosse diferente do que foi. Dificilmente o jogo do Dragão, no próximo domingo, deixaria de pesar neste. Mas fica sempre alguma frustração quando o penúltimo classificado, e praticamente condenado à despromoção, com apenas um terço da posse de bola, remata praticamente tanto como o Benfica. E cria até mais oportunidades de golo.
O Benfica deslocou-se esta noite a Barcelos para disputar o jogo da 24ª jornada e, às portas da 27ª, em que jogará na Luz com o Farense, pôr o calendário em dia.
Depois da interrupção para as selecções, as chamadas datas FIFA, o Benfica regressou ao mesmo alto nível, como se nada tivesse sido interrompido. A onda vermelha lá esteve, imparável, a garantir que, por ela, o 39 não irá fugir.
Em relação ao último jogo, no onze inicial, apenas Belotti era novidade. Justificava-se: tinha sido dos poucos a permanecer no Seixal, a trabalhar com a equipa; Pavlidis tinha feito dois jogos pela selecção grega, e tinha acabado de regressar. Nos restantes 10, tudo igual. Incluindo Otamendi, que ainda há dois dias estava na Argentina a jogar contra a selecção do Brasil. A jogar e a cilindrar.
Jogou como se tivesse 20 anos, e viesse de duas semanas de descanso. Um monstro competitivo!
O Benfica entrou a mandar no jogo, sem permitir nada ao Gil Vicente, e poderia ter marcado logo aos dois minutos, numa excelente jogada concluída por Aursenes. Também ele desde cedo a querer vincar a sua exibição. A equipa entrou determinada e confiante, dominando a posse de bola, explanando um futebol intenso e variado, a um a dois toques, que levantava grandes dificuldades aos gilistas, claramente incapazes de acompanhar o ritmo que o Benfica impunha ao jogo.
Foi assim toda a primeira parte. Como habitualmente este futebol bonito, variado e intenso não teve correspondência em golos. Rendeu apenas um, de Aursenes, a concluir mais uma excelente jogada de futebol, e uma grande assistência de Bruma, ia a primeira parte a meio.
Desta vez, ao contrário do que tem sido comum, nem sequer se tratou de um extraordinário nível de desaproveitamento. Nem se pode dizer que o grande volume de futebol ofensivo do Benfica tenha produzido uma grande quantidade de oportunidades de golo. Nos últimos jogos em todas as primeiras partes, com um mínimo coeficiente de aproveitamento, o Benfica poderia ter deixado os jogos resolvidos. Neste jogo, na verdade, toda aquela avalanche de futebol desembocou em apenas três oportunidades claras de golo.
Se é indiscutível que o Benfica jogou bem, mesmo muito bem, as apenas três oportunidades de golo revelam que o Gil Vicente, pelo menos a defender, não esteve assim tão mal ... como o Sérgio Peixoto quis fazer crer. Também não colhe a falta de agressividade de que acusou os seus jogadores, referindo que a sua equipa cometeu metade das faltas do Benfica.
É que, enquanto o árbitro Miguel Nogueira apitava a tudo contra o Benfica - de faltas inventadas até faltas ao contrário - para apitar uma falta aos gilistas era o cabo dos trabalhos. Era preciso quase ser crime. Daí que tivessem praticamente o mesmo número de faltas e cartões amarelos.
Na segunda parte o ritmo do jogo caiu. Com o segundo golo logo aos cinco minutos - livre bem cobrado por Kokçu, com António Silva (exibição tranquila e personalizada) a desviar ao segundo poste para a entrada fulgurante de Belotti, tudo de cabeça - e com o início das substituições a quebrarem o ritmo, o jogo passou por um período de menor fulgor. Retomado no último quarto de hora, já depois das substituições, e já com Di Maria e Pavlidis em campo (antes, logo a seguir ao golo, tinham entrado Akturkoglu e Dahl, este para o lugar de Tomás Araújo, que continua com dificuldades físicas).
O resultado acabaria ganhar expressão condizente com a exibição com o terceiro golo, do regressado Di Maria, já mesmo no fim do período de compensação. De penálti, magistralmente convertido, e cometido sobre ele próprio.
Agora, que tudo está igual, é seguir assim. Sem margem de erro, e sem margem para dúvidas, à boleia da onda vermelha.
Depois de Barcelona, o Benfica apresentou-se hoje em Vila do Conde para o jogo que lhe cabia nesta 26ª jornada da Liga, contra um adversário que, em casa, apenas tinha perdido um jogo. Com o rival Sporting.
Ao contrário do que chegara a ser anunciado, Bruno Lage - a contas com uma virose que o afastou da equipa nos últimos dias - apresentou-se no banco. Não viajou com a equipa, chegou mais tarde, mas lá esteve, ao comando. No onze inicial, algumas alterações, com o regresso de Carreras e Bruma. E com Amdouni, não propriamente um regresso, já que raramente tem sido titular. De pedra e cal, lá estavam os habituais Trubin, Tomás Araújo, António Silva, Otamendi, Florentino, Aursenes, Kokçu e Pavlidis.
O Benfica entrou não só a mandar no jogo, mas também a jogar bem. Muito bem, mesmo. Sem deixar o Rio Ave sequer sair do seu meio campo. Trubin tocou na bola pela primeira vez já depois dos 15 minutos, e mesmo assim simplesmente para recolher uma bola perdida, que chegava pela primeira vez à sua área. O Benfica sufocava o adversário, com um futebol fluido e intenso, ia somando oportunidades de golo, mas a bola não entrava. O costume!
Havia sempre uma perna no caminho da bola, um pé a desviá-la da baliza, um segundo de atraso na finalização, um toque a mais... Quando não havia nada disso havia os ferros da baliza, ou havia Miszta, um guarda-redes de (já sobejamente comprovados) grandes recursos. Para que o Benfica marcasse era preciso uma coisa do outro mundo. E ela aconteceu, à meia hora de jogo, na obra de arte de Kokçu. Como as coisas estavam, só assim o Benfica poderia marcar.
Ainda assim, com muita parcimónia. Já à beira do intervalo Amdouni produziu outra obra de arte, e nem assim deu golo. Deixou-o a cargo de Pavlidis, e ele falhou a tarefa.
E assim foi o jogo para intervalo. Como é já costume, com o resultado que, com um mínimo de eficácia nas oito oportunidades claras de golo criadas, deveria estar mais que decidido, completamente em aberto.
A segunda parte abriu com os mesmos dados da primeira. Se o golo do Benfica, à meia-hora, não tinha alterado nada da postura táctica do Rio Ave, a partida para a segunda parte também não. Ficava a ideia que a equipa de Petit apenas esperava que a tempestade passasse. Logo que passasse logo se veria o que poderia fazer. Contra aquele vendaval de futebol é que não havia nada a fazer.
Apesar de tudo o segundo golo não tardou tanto quanto tardara o primeiro. Ainda se não tinham esgotado os primeiros 10 minutos quando Pavlidis, depois de romper com a bola área adentro até ser rasteirado, converteu com irrepreensível rigor o respectivo penálti.
Com 2-0 o Benfica abrandou. Daí a ter começado a relaxar não tardou muito. Daí até pagar a factura pelo relaxamento não tardou nada. Nada mesmo: Otamendi facilitou, e perdeu uma bola numa saída para o ataque; Florentino correu atrás do prejuízo, foi negligente e fez uma falta desnecessária, já perto da linha de grande área, em posição frontal para a baliza. Na cobrança do livre, a bola ressalta em Pavlidis, trai Trubin e entra na baliza.
De repente, ao primeiro relaxamento, o Rio Ave marcava e entrava na discussão do resultado. De repente, o Benfica via fugir a vantagem tranquila que tão difícil tinha sido conquistar. E de repente o Rio Ave ressuscitava, soltava para o jogo os feios, porcos e maus que Petit sempre tem nas suas equipas, e lançava a intranquilidade numa equipa que poucos minutos antes dominava por completo os acontecimentos.
Os acontecimentos desencadeavam-se ao ritmo de 10 minutos. 10 minutos foi o espaço de tempo entre o segundo golo do Benfica, em pleno auge exibicional, e o primeiro sinal de quebra mental. Foi também o espaço que mediou entre o primeiro golo e o do empate, num inacreditável erro de Florentino. Novamente.
Gostamos todos - nem todos, é verdade - muito de Florentino. Acarinhamo-lo sempre, e continuaremos a acarinhá-lo, mas todos sabemos que nunca será um jogador de top. Nunca será transferido pelos valores tantas vezes falados, nem para clubes de topo. Protestamos por não ser convocado para a selecção, e achamos que é perseguição. Mas é por estas e por outras. Não é só azar.
Para voltar a estabilizar a equipa, Bruno Lage (que ao intervalo trocara Tomás Araújo, com insuficiências físicas, por Barreiro, com Aursenes a voltar ao lado direito da defesa) acabara de fazer três substituições, lançado Renato Sanches, Belotti e Akturkoglu. De repente, a equipa que estaria programada para retomar o controlo do jogo, estava obrigada a começar tudo de novo, com apenas 15 minutos para jogar.
Valeu que, conforme o relaxamento do Benfica tirou o Rio Ave lá de trás, também o sucesso no marcador fez com que para lá não regressasse. Se a equipa de Petit voltasse à anterior postura defensiva teria sido mais difícil. Assim, com o Rio Ave a pensar que ganhara direito a tudo, até a poder ganhar o jogo, foi mais fácil ao Benfica exercer a sua óbvia superioridade. E em cinco minutos voltou para a frente do marcador, numa excelente jogada de futebol que passou pelos pés - e categoria! - de Belotti, pela assistência de Aursenes, e pela excelente finalização de Akturkoglu.
Durou 5 minutos o susto. E 20 a tremideira. Com 10 - que seriam 14 - para jogar, o Benfica não permitiu mais qualquer veleidade aos vila-condenses. Desfrutou ainda de mais uma flagrantíssima oportunidade, em mais uma extraordinária jogada de futebol em que a bola, saída de novo dos pés de Akturkoglu, não quis entrar. Ia a entrar e desviou-se para o poste. Cruzou toda a linha de golo, e acabou por nunca entrar.
Agora, com mais calma para preparar os jogos, convém olhar com olhos de ver para a cabeça dos jogadores. Não será possível ganhar o campeonato - sendo claro que já não há qualquer margem de erro - se não forem resolvidas as paragens cerebrais que vezes de mais afectam alguns jogadores. Ah ... e também dá jeito afinar a finalização!
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