FUTEBOLÊS#125 LINHA DE ÁGUA
Por Eduardo Louro
A linha de água do futebolês não tem nada a ver com a linha de água de um curso da dita. Não é novidade, acontece em muitos outros casos!
Mas tem algumas semelhanças. Por exemplo, como há cursos de água inquinada, poluída e muito mal cheirosa, também a linha de água está muitas vezes inquinada. E com muito mau cheiro!
Mau cheiro, nauseabundo mesmo, que se agrava à medida que o campeonato se aproxima do fim. Nesta altura, à entrada da penúltima jornada, é já insuportável. Abaixo dela morre-se asfixiado, em vez de afogado.
A União de Leiria passou praticamente toda a época abaixo da linha de água, sem poder respirar e fazendo aí tudo o que havia a fazer. Talvez seja por isso que é hoje apontada como responsável maior pelo mau cheiro que de lá vem. Foram muitos meses lá debaixo, e sabe-se como são as necessidades… Mesmo que, com os jogadores sem receberem salários, os estômagos nunca se tenham dado a grandes exageros e tenha havido grande contenção digestiva. O pior era mesmo o presidente, que sozinho e pela boca, poluía mais aquilo que os jogadores todos pelas vias normais. Quanto menos eram os jogadores a esbracejar e a fazer pela vida lá debaixo, à medida que iam partindo à procura de um bocadinho de ar e de uma bucha para matar a fome, mais porcaria o presidente mandava boca fora…
A União de Leiria já não está abaixo da linha de água. Está um bocado mais fundo, já debaixo da linha da merda. Que, como se sabe, acaba sempre por acamar lá mais para o fundo, à espera que ninguém chafurde. Quem a deixem em paz e esquecida!
Assim andou durante muitos anos. Ou assim permitiram que andasse muitos e muitos anos…
E quem sabe se assim não irão continuar a permitir durante mais alguns? Os alargamentos andam para aí…
Quem lá foi também parar, surpreendentemente ou talvez não, foi a Académica, com um presidente que também mostra particular tentação pela chafurdice. Depois de ser considerada a equipa sensação da primeira fase da época, com um treinador também sensação – que até parece que esteve com meio rabo na cadeira de sonho – deixou de ganhar jogos, mesmo aquele, há pouco mais de dois meses - na altura certa - que um senhor tudo fez para que ganhasse. Mas não era isso o mais importante, o mais importante mesmo era que não fosse o adversário a ganhá-lo. Já lá vão uns dezasseis jogos a marcar passo e, claro, por muito que se queixem daquela vergonha de onze contra oito do passado domingo na Marinha Grande, não há milagres!
Abaixo da linha de água, de outra mas também com grande falta de ar, está Jorge Jesus. A falta de ar notou-se na entrevista (cuidada e, finalmente, com ares de orientação da parte da estrutura de comunicação da Luz) que deu a A Bola esta semana, quando, a propósito da paródia de ir para o Porto, respondeu: “FC Porto? Quem chega ao topo não quer andar para trás!”
Bem dito! Mas nunca, sem falta de ar, diria coisa semelhante… Pode ser que lhe faça bem!