Com tantos problemas de balança comercial, a última coisa que se imaginaria importar era justamente lixo.
Importar lixo impreganado de resíduos perigosos piora ainda o cheiro. É nauseabundo. Quando essa importação é efectuada por uma empresa de um Secretário de Estado do Ambiente do último governo, o cheiro é insuportável, e o ar torna-se irrespirável.
Com tantos problemas de balança comercial, a última coisa que se imaginaria importar era justamente lixo.
Importar lixo impreganado de resíduos perigosos piora ainda o cheiro. É nauseabundo. Quando essa importação é efectuada por uma empresa de um Secretário de Estado do Ambiente do último governo, o cheiro é insuportável, e o ar torna-se irrespirável.
A Fitch mantém o rating da República em BB+. Na gíria, lixo. E explica: pela trajectória da dívida e porque a economia portuguesa não cresce; porque não é competitiva e as empresas estão sobreendividadas!
Certa ou errada, é esta a explicação que dão para não rever a classificação de risco que teimosamente persegue a economia portuguesa. Bem ou mal, é desta forma que as agências de rating ratificam o milagroso desempenho que tantos elogiam.
Com o modo "que se lixem as eleições" há muito desligado, e com o botão do turbo eleitoral no máximo, Pedro Passos Coelho, lá longe, do Japão, dá-nos outra interpretação. Não é expectável - garante - que as agências de rating revejam as suas classificações de rating antes das eleições, pela simples razão que, primeiro, querem saber quem as ganha. Querem saber se tudo o que de bom tem sido feito - mas que não foi suficiente para as fazer alterar uma única posição, digo eu - vai ter continuidade. Diz o primeiro-ministro, com o maior descaramento deste mundo, que não se passa nada. Ganhe ele as eleições, e volte ele a formar governo, e as agências de rating virão imediatamente a correr atribuir o AAA+ a Portugal!
E diz isto apesar de a própria a Fitch ter na circunstância referido não esperar que as próximas eleições legislativas tragam "um desvio relevante de política", uma vez que "os dois principais partidos (PSD e PS) são pró-europeus", e que "não há partido populista ou antieuropeu que tenha atraído apoio significativo nas sondagens de opinião".
É isto que nos espera, todos os dias, ao longo dos próximos seis meses. É com estas agressões à nossa sanidade mental que teremos diariamente de conviver. Se até aqui valeu tudo, daqui para a frente não há limites para o populismo, para a demogagia, para o descaramento, para a falta de vergonha... Para o lixo que se vai amontoando!
Há pouco mais de um ano começamos a ouvir falar de rating e de agências de rating. E de notações: os resultados das avaliações de risco!
Não fazíamos ideia de nada disto mas rapidamente aprendemos. E depressa nos fomos familiarizando com estes nomes: Moody`s, Fitch, Standard & Poor´s. Aprendemos que havia AAA – o triple A - em inglês, pois claro. E que isso era bom: tão bom que era, em 2008 e um mês antes da falência, a classificação que tinham atribuído ao Lehman Brothers. Mas que, depois, pode cair. Para um único A, depois para B+, para B- e por aí abaixo. Até chegar a lixo!
Foi aí que acabamos de chegar: a Moody`s avaliou a nossa dívida externa como lixo. Junk, em inglês. Mas aqui o português sobrepõe-se ao inglês, e é lixo! Porcaria!
Há pouco mais de um ano isto tinha acontecido à Grécia. E nós estamos fadados para nos guiarmos pela lanterna grega. Estamos num buraco negro, completamente escuro, onde apenas sabemos que ali à frente vai a Grécia com uma lanterna. A luzinha que vemos não é a famosa luz ao fundo do túnel: é a da lanterna grega!
Já devíamos ter percebido isto há muito. Mas não quisemos! Daí a indignação que tomou conta do país. Há muito que não víamos o país tão unido em torno de uma causa. Se calhar desde a causa de Timor!
A indignação e a revolta com esta classificação uniu os portugueses. Para já não se percebe que nos tenha unido em torno de qualquer coisa, a favor de um objectivo ou de uma missão. Mas percebe-se que nos uniu contra a Moody´s! Contra a Moody`s marchar, marchar… No facebook, evidentemente!
O país está mobilizado e unido nesta guerra. Bem organizado sob o comando do comandante-chefe das forças armadas: o Presidente da República. Foi o primeiro a sair, a dar o corpo às balas, a dar o exemplo. Logo ele, que ainda há bem pouco tempo – já bem depois da lanterna da Grécia por aqui ter passado – era o primeiro a dizer que não era esse o inimigo. Que nem sequer deveríamos falar neles, porque isso era desviarmo-nos das nossas obrigações. E os mercados? Bem, esses tinham sempre razão…
Esta é uma guerra para ganhar. Claramente, sem sombra de dúvida: estamos todos unidos, com uma liderança clara – a do Presidente da república – mas, mais, com a Europa connosco, como já não estava desde os tempos do PREC. Quando, estando com Mário Soares, estava connosco!
E nem sequer é a Europa do Durão Barroso – se bem que essa também esteja, apesar de não contar para nada -, é a Europa da Alemanha. Essa mesma, a da Senhora Merkel. Connosco como nunca antes tinha estado. E a do Sr Trichet – na verdade também é da Senhora Merkel – do Banco Central Europeu, que veio logo dizer que os ratings das agências, para ele, já não contavam nada. E até já veio explicar que bem podem tirar o cavalinho da chuva, porque em países intervencionados – o nosso, a Grécia e a Irlanda e deve ficar por aqui, porque já não há dinheiro para mais – eles não irão poder meter o nariz.
Foram as mais diversas, dos mais variados sentidos e orientações e até, muitas das vezes, dos mais variados disparates, as reacções que atravessaram o país na sequência do downgrading da notação da Moody`s à dívida portuguesa.
Há pouco mais de um ano pouca gente em Portugal sabia o que era o rating. Poucos tinham ouvido falar em agências de rating e começavam então a aprender a soletrar nomes: Fitch, Standard & Poor´s e Moody`s!
Das mais diversas e desencontradas reacções há uma que me impressionou particularmente e que apontava para a desresponsabilização do governo anterior. De apagador na mão, logo houve quem corresse a gritar: “Vêm como isto nada tinha a ver com Sócrates?”
Impressionou-me a rapidez com que as forças arregimentadas à volta de Sócrates correram a agarrar esta oportunidade. E não posso deixar de repetir que a governação de Sócrates tem tudo a ver com isto, que foi ela – a pior do regime democrático - que, não sendo a única responsável pelo estado a que chegamos, trouxe o país para a banca rota. Como não posso deixar de entender a expressão de Pedro Passos Coelho quando diz que recebeu a notícia com um murro no estômago! Todos a percebemos!
Mas confesso que não me impressionou menos a forma como, agora na esfera do apoio ao governo, saltaram vozes a acusar de dedo em riste as agências de rating, em colisão frontal com o que, em idênticas circunstâncias, diziam poucos meses antes. Se isto não credível nem sério, e legitima as atitudes que pretendem apagar as responsabilidades de José Sócrates, passa a intolerável quando entre essas vozes se identifica a de Manuela Ferreira Leite e, muito especialmente, a do Presidente da República. Deplorável: isto também é lixo!