"Um pequeno passo para o Homem, um grande salto para a Humanidade". Visto daqui, à distância de 50 anos, não se vê bem o salto. Por maior que tenha sido...
Culpa do vento e da chuva que, enquanto lá tudo deixam na mesma, por aqui tudo apagam. Ou até da História...
Esta semana fomos surpreendidos com a notícia que a China já plantava algodão na Lua.
Assim. Sem mais nem menos. Depois de na semana passada termos tido a notícia que a China tinha chegado ao outro lado da lua, ao seu lado escuro, cuja existência dávamos por adquirida há quase 50 anos, desde que os Pink Floyd nos mostraram pela primeira vez, em Março de 1973, esse soberbo “dark side of the moon”. Que provavelmente descobriram logo a seguir à épica viagem inaugural de Amstrong e Aldrin, em 20 de Julho de 1969.
Não sei se isto tem a ver com alguma atracção chinesa pelo escuro – não é por acaso que não há sombras mais famosas que as chinesas – mas seria bom que não. É que são eles os donos da nossa luz, só por isso…
Mas é provável que tenha. Eles nunca iriam fazer aquilo à vista de toda a gente… Gostam de ver, mas não gostam de mostrar…
Mas vamos lá à notícia. Ou às notícias, já que estamos com a mão na massa, mas também porque andam de mãos dadas. Logo ao terceiro dia do ano uma nave espacial chinesa pousou na Lua, no tal lado oculto, soube-se a semana passada. Soube-se agora que levava sementes de algodão, colza, batata, ovos de mosca da fruta e algumas leveduras, tudo estranhamente muito bem acondicionado, num cilindro de alumínio com 18 centímetros de altura e 16 de diâmetro, que custou 1,3 milhões de euros. Estranhamente, porque com temperaturas de 100 graus Celsius durante o dia, e dos mesmos 100, mas negativos, à noite, tudo passa o dia a ferver e a noite congelado, sem hipótese de se estragar…
Não há notícias dos outros habitantes do pequeno cilindro, mas – e esta é a segunda notícia, a desta semana - uma semente de algodão já está a brotar. E com ela brotou a notícia que a China se preparava para plantar algodão na Lua.
Já me deu vontade de contactar o cientista chinês responsável pelo projecto, para lhe perguntar por que é que não mandaram, também, uns exageros de fabricantes de notícias, para se saber como é que se davam por lá. Mas logo percebi que essas sementes não caberiam num cilindro de 18 centímetros de altura por 16 de diâmetro, e que o chefe do projecto o deu por encerrado, pela simples, mas escondida razão, que a mais famosa semente de algodão rapidamente deixou de brotar…
Nem sei por que é que isto me faz lembrar o Pantufa (1). Se calhar não faz… Se calhar é só porque também ele deixou de brotar… e partiu para o “dark side” que se mantém desconhecido. Que descanse em paz!
(1) O Luís Cândido, o Pantufa, como era conhecido, desapareceu ontem e era, sem "exageros", uma figura incontornável de Alcobaça dos últimos 40 ou 50 anos, e porventura o mais emblemático boémio alcobacense da minha geração.
Ontem foi dia de regresso ao espaço. À hora dos telejornais em Portugal, e mais de duas horas depois do previsto, por causa do vento - não é só no Estoril que o vento faz das suas -, o Falcon Heavy, assim se chama o foguetão da Space X, a empresa que o multi-milionário Elon Musk - mais conhecido por ser o homem da Tesla - criou para dar vida ao turismo espacial, disparou céu acima, a caminho da órbita de Marte, com um bonito Tesla vermelho cereja a bordo. Precisamente o do próprio Musk, um magnífico exempler do roadster da marca.
Diz-se - toda a gente diz, mesmo os entendidos da matéria, ou que por isso se fazem passar - que se trata de uma da maiores proezas ha história aero-espacial. Dizem tratar-se do mais poderoso foguetão de sempre - parece que não, que o Saturn V da NASA, usado na operação Apolo, que haveria de levar o homem à lua, estava uns furos (peso, altura e potência) acima - capaz de levar tudo e mais alguma coisa para o espaço, e dizem que é o início de uma nova era espacial, que nos levará de regresso à Lua e finalmente a Marte, onde dentro de pouco tempo muitos de nós estaremos a passar férias. Ou um fim-de-semana que seja.
A mim, que não percebo nada destas coisas do espaço, parece-me mais uma gigantesca campanha publicitária, ao som de Space Oddity, de David Bowie. Cara, muito cara, como todas as campanhas verdadeiramente gigantescas!