Luke Shaw
As selecções de futebol da Espanha e da Inglaterra defrontaram-se esta noite em Wembley no jogo de abertura do grupo 4 da nova Liga das Nações. Foi um belo jogo de futebol, com a selecção inglesa dentro daquilo que fez no Mundial, onde chegou às meias finais, acabando no quarto lugar. E a espanhola, ao invés, bem diferente do que então fizera que, como se sabe, não foi brilhante.
A Espanha, agora de Luís Henrique, teve mesmo pouco a ver com a que Lopetegui foi obrigado a entregar a Hierro. Ganhou baliza e perdeu previsbilidade, o que não é pouco. E alguns jogadores até parece que ganharam inteligência táctica, como especialmente Rodrigo e Thiago Alcântara mostraram exuberantemente.
À parte disso, o jogo prendeu-me pelo os laterais esquerdos das duas equipas, ambos a jogar na Premier League, despertaram nas minhas memórias.
Na Espanha, Marcos Alonso - filho e neto de velhas glórias do futebol espanhol das décadas de 80 e 70 -, a alinhar no Chelsea, por uma questão de esquecimento. E não foi apenas por ter feito esquecer Jordi Alba, o jogador do Barcelona que era o dono do lugar. Foi por mostrar que Luís Henrique não se esqueceu dele desde o tempo que treinou em Camp Nou. E para lembrar que não se esqueceu, esqueceu-se de o convocar ... O que serve para lembrar aos jogadores de futebol que não é boa ideia entrar em conflito com o treinador. Nunca se sabe quando ele volta a surgir numa curva qualquer da vida...
Na Inglaterra, Luke Show. Um dos mais promissores jogadores de futebol de sempre naquela posição. Nasceu para o futebol no Southampton, onde se estreou na equipa principal em 2012, aos 18 anos, para substituir Gareth Bale, outro produto da formação deste clube do sul de Inglaterra, de saída para o Tottenham (é verdade, Bale, o jogador que mais semelhanças tem com Cristiano Ronaldo, jogava a lateral esquerdo quando saiu para Londres). E logo mostrou que não ficava nada a dever ao seu antecessor.
A sorte não o ajudou, e cedo iniciou o seu Calvário de lesões. Nada que impedisse Alex Gerguson de o contratar para o Manchester United, em 2014, onde a sorte não mudou. Em Setembro de 2015, no início da sua segunda época, num jogo da Champions com o PSV, numa disputa de bola com o mexicano Hector Moreno, sofreu dupla fractura na perna. Seguiram-se mais de 2 anos de cirurgias e problemas, Confessou há dias, já regressado aos dias de felicidade, que durante esse período lhe chegou a ser dito que seria necessário amputarem-lhe a perna.
Resistiu a perna e resistiu ele. Na época passada começou a voltar a jogar, mas as coisas não saíam bem. Mas não desistiu, nem José Mourinho desistiu dele, e neste início de época começava a voltar ao nível de Southampton, fixando-se como indiscutível na equipa do United e chegando naturalmente à titularidade na selecção.
Estreou-se hoje, e estava a ser, a longa distância, o melhor jogador inglês. Foi dele a assistência para o golo inglês, o primeiro do jogo. No primeiro minuto da segunda parte, chocou com Carvajal e caiu inanimado. Saiu em maca, com respiração assistida, sem sentidos...
Na bancada, o rosto de Mourinho, que antes irradiava felicidade - ele que nem anda em maré de grandes momentos desses - fechou-se.
O resultado nem interessa muito. Mas ganhou a Espanha (2-1)...