O PSD ganhou, com maioria absoluta, as eleições regionais na Madeira. Nenhuma novidade, é assim há praticamente 40 anos... A novidade é que Alberto João Jardim continua a reclamar para si a vitória. Dá a ideia que se preparava para cobrar alguma coisa...
... Hoje cantou-se Grândola no Funchal. Fez-se festa na tomada de posse do novo presidente da Câmara, falou-se de mudança e de Primavera. Falou-se de cidadania e cantou-se que o povo é quem mais ordena dentro de ti … ó cidade. No Funchal, na Madeira…
Em Lisboa, uma bancária de 50 anos e de apelido a condizer, cansada do anonimato, para se dar a conhecer decidiu agradecer não se sabe bem o quê à troika. Coitada, não sabe cantar…
Por todo o lado, os responsáveis mais próximos pelos desastres da sua governação foram afastados do poder, sendo já novas as caras que vieram dar a cara pelos sacrifícios exigidos pelos resgates. Por penalização eleitoral, como em Portugal ou em Espanha, ou por imposição externa, como em Itália ou na Grécia!
Por todo o lado excepto na Madeira. Aí é a mesma cara, uma cara sem espaço para a vergonha. Alberto João Jardim – mais uma vez igual a si próprio, sem vergonha na cara - apresentou a factura aos madeirenses como se nada tivesse a ver com aquilo. Com a impunidade de sempre, como ininputável. Como se não tivessem havido eleições há apenas dois meses, e como se, então, nada houvesse que julgar!
Parece-me que ninguém poderá dizer que a culpa seja só dos madeirenses. Há outros com culpas nesta singularidade insular!
Alberto João Jardim pretende que as eleições do próximo domingo, na Madeira, sirvam para dar uma sova ao governo e ao poder político de Lisboa. Ao dizer isto, Jardim não está, apenas e mais uma vez, a exorbitar do seu estilo truculento, populista e demagógico para acicatar ânimos e mobilizar votos que lhe minguem os prejuízos. Ao dizer isto está também a pretender inverter o sentido destas eleições, incutindo no eleitorado a ideia de que elas se destinam a julgar o governo da república e aquela gentalha de Lisboa e não a sua acção e a do seu governo. Está pôr-se de fora, e só não digo a desresponsabilizar-se porque, para isso, seria necessário que ele fosse responsável. E não é, porque não passa mesmo de irresponsável!
Esta inversão do ónus, em que Jardim é especialista, já seria suficiente para desvirtuar os resultados eleitorais do próximo domingo. Se juntarmos o que há décadas se passa na Madeira – o défice democrático, o Jornal da Madeira, o caciquismo, etc. – sobejarão razões para desconfiarmos do que venham a ser esses resultados. Se nada disto é exactamente novo e substancialmente distinto de anteriores processos eleitorais, acresce agora e ainda outra e decisiva razão para fazer destas eleições as mais mentirosas de sempre, e esta da responsabilidade do governo nacional. Ao deixar na gaveta o programa de resgate financeiro da RAM, e permitir que as eleições se realizem sem que os madeirenses saibam exactamente o que os espera, sem conhecer a factura da governação irresponsável de Jardim, o PSD, o governo e Passos Coelho estão a contribuir activamente para que estas eleições sejam, não só as mais fraudulentas de sempre, mas também as mais perigosas para o futuro desta região autónoma.
É que, se todos sabemos que Jardim não terá condições para governar a partir da próxima segunda-feira – em primeiro lugar porque não haverá dinheiro, e Jardim não sabe governar sem dinheiro, sem muito dinheiro e, em segundo, porque, depois de esconder a dívida como escondeu, não têm mínimas condições de negociação com quem quer que seja, em Lisboa ou em Bruxelas – os madeirenses poderão sempre argumentar que foram enganados. E, aí, por Lisboa, já nunca por Jardim! E pelosinimigos da Madeira, essa entidade criada por Jardim á luz dos manuais de Salazar, que transforma os que o contestem em inimigos da Madeira, como Salazar os transformava em inimigos de Portugal.
Passos Coelho não quis ser visto ao lado de Jardim. Mas só isso, nada mais. Não se quis comprometer, mas acabou comprometido! Não basta fugir da fotografia!
O INE divulgou hoje as contas do primeiro semestre, com o défice a cifrar-se nos 8,3% do PIB, longe, bem longe, dos 5,9 a que estamos obrigados e que o governo jura cumprir. Preocupante? Acho que sim!
Mas também não deixa de ser divertido. Para a maioria aqui está a pesada herança, a tal que jamais seria evocada, em carne e osso. Para o PS aqui está a Madeira e os desvarios de Jardim! Não é uma herança, é um dote!
Quando a Madeira já chegou à Madeira discute-se a falta de uma disposição de limitação de mandatos. Houvesse limitação de mandatos e há muito que Jardim teria deixado de brincar connosco, diz-se. Ou teria ido pregar para uma outra qualquer freguesia, eventualmente com muito menos brinquedos!
Num país que foi outrora pátria de amanhãs que cantam há uma democracia com limitação de mandatos. A presidência daquela República está limitada a dois mandatos de quatro anos, como mandam as boas regras da democracia!
Alguém neste país terá provavelmente entendido que os mandatos eram curtos, que quatro anos é pouco tempo para executar obra e construir a felicidade do povo. Foi decidido aumentá-los para seis anos, a nova periodicidade do próximo mandato. É aceitável e já assim é nalguns países, que não são menos democráticos por isso.
Este país de que vos falo é, como já terá dado para perceber, a Rússia. Que vai a eleições presidenciais em Março do próximo ano, que também já foi o país dos czares, e que, desde a queda do império soviético, descobriu uma democracia muito particular: a czardemocracia!
É simples: o czar é primeiro entronado e depois eleito. A seguir escolhe um secretário e, como bom czar que é, nomeia-o primeiro-ministro. Esgota os seus mandatos e troca com o secretário: passa ele a primeiro-ministro e manda votar no secretário para a presidência que, esgotados os dois mandatos, lhe devolve de novo a presidência, entretanto com mandatos constitucionalmente mais alargados. Tudo constitucional. Tudo democrático, tudo decidido pelo povo eleitor!
Houvesse limitação de mandatos nas regiões autónomas e teria sido o Alberto João a descobrir esta fórmula mágica da democracia, roubando a patente a Putin. O Mr Dupont e o Mr Dupond seriam Vladimir Alberto João Putin e Dimitri Jaime Ramos Medvedev!
Quando as coisas são como são e o povo é como é, isso da limitação de mandatos, como diria a outra, não interessa nada!
Gostei de ouvir o que disse sobre Alberto João Jardim e a Madeira, gostei de ouvir o que disse do TGV e gostei de ouvir o que disse da TSU, aqui sim, uma novidade. Já não gostei de ouvir o que disse da RTP, nem das restantes privatizações, embora nada do que disse tenha sido novidade.
Sobre a Madeira foi claro, claro como nunca ninguém havia sido. Também nunca se tinha chegado tão longe, é verdade. Mas, em perfeita igualdade de circunstâncias, compare-se com o Presidente...
Acabou com as dúvidas que o ministro da economia tinha permitido sobre o TGV. Percebemos que está ali uma solução que não é tão radical como se anunciara, que há ali pontes para unir interesses. De cá, de Madrid e de Bruxelas… Não há TGV mas também não acabou esse mundo!
Não há a redução da TSU que o memorando da troika previa, com compensação fiscal através dos aumentos do IVA, como muito boa gente vinha defendendo e que me causava verdadeiros arrepios. Mas há – poderá haver – redução da TSU para as empresas que criem emprego. Isso sim, faz sentido!
Justificou a privatização da RTP com o colossal volume de despesa da estação pública, mas avança com uma opção de privatização que não faz sentido: privatiza o que gera receitas para manter a despesa em poder do Estado. Mantém a despesa e mantém uma estrutura assente no compadrio partidário!
É certo que não esperava novidades sobre o calendário de privatizações já tornado público. Mas não me parece bem que se avance com a privatização das principais participações do Estado nesta conjuntura altamente negativa e complexa. Não é esta a altura para vender posições como as da Galp ou da EDP. Ou para vender empresas como a REN, a TAP e a ANA. Parece-me mal a anunciada receita esperada de 7 mil milhões de euros. Mal por ser anunciada e mal, muito mal, por ser escassa. Dá para pagar uns juros, nada mais. Lembramo-nos bem que esse foi o valor por que a PT vendeu a sua posição na VIVO à Telefonica. É pouco, não é?
Evidentemente que não me surpreendo com a possibilidade de ter que voltar a negociar com a troika. O primeiro-ministro é realista ao prevê-lo e é sério ao admiti-lo já. Mas não o devia dizer!
Nada se soube. Já tínhamos ouvido o chefe do governo sobre a matéria - ainda esperamos para ver o que se irá passar na campanha eleitoral – mas do Presidente não tínhamos ouvido uma palavra. E continuamos sem ouvir…
É bem capaz de aproveitar a visita a algumas ilhas dos Açores para, agitando bem, misturando e embrulhando e voltando a embrulhar, se referir ao assunto. Mas fica tarde! E trapalhão!
Estranho silêncio este. É o Presidente regressado ao Sr Silva…
Eu também acho e acho mais: acho que deve, e que teria que ser! Mas também sei que não vai passar-se nada… Tão certo como ele voltar a ganhar as eleições com uma maioria ainda maior!
Estou é com uma curiosidade do tamanho do buraco para ver quem é que vai aparecer na campanha eleitoral ao lado dele. É que o Passos Coelho está anunciado… Mas amanhã vai falar com o Presidente…
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