O malabarista
Por Eduardo Louro
As eleições de ontem na Madeira serviram de pretexto para mais uma vaga das pantominices de Paulo Portas, sem sombra de dúvida o malabarista mor do circo que é a política nacional.
O PSD perdeu 15 mil votos, mas como manteve, mesmo que por um fio (os 5 votos que faltam ao PC para eleger o terceiro deputado) a maioria absoluta, com Jardim (nos votos), ou contra Jardim (no terreno), Miguel Albuquerque, é o grande vencedor das eleições. Mesmo com o pior resultado de sempre, mas isso são contas de outro rosário...
A esquerda também ganhou. Muito à conta do movimento de cidadãos Juntos pelo Povo (JPP - com cinco deputados), mas também o BE (passou de 0 para 2 deputados) e o PC (passou de 1 para 2 deputados, a escassos 5 votos do terceiro, como acima se referiu) cresceram significativamente. Basta reparar que globalmente a esquerda passou de um para nove deputados ... E, claro, o CDS e o PS perderam.
O PS perdeu com estrondo (manteve os mesmos 6 deputados, mas um deles é o coligado Coelho) numa altura em que não poderia perder. Pelo menos dessa maneira. António Costa envolveu-se na campanha, e deixou passar uma estratégia de coligações que não passaria pela cabeça de ninguém. Mas só a estrutura local reconheceu a derrota, com o seu líder a assumir, com a demissão, toda a responsabilidade. De Lisboa não se ouviu nada, deverão estar ainda a meditar sobre o assunto...
O CDS caiu de 17 para 13% dos votos, nada que impedisse Portas de mais um número de circo, com perto de meia hora de televisão, em directo, a contar a história desse sucesso eleitoral. Perdeu dois deputados, mas conseguiu, sem ponta de vergonha por nos estar a tratar por parvinhos, falar de um resultado "consistente, resistente e sustentado".
Palavras para quê? É um malabarista português!