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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Futebolês #53 MANDAR

Por Eduardo Louro

 

 

No futebolês, o verbo mandar tem grande paralelo com o verbo queimar, aqui trazido há duas semanas. Também é de uso e abuso!

Poderíamos ser tentados a pensar que o verbo mandar tivesse passado de moda: não se manda, tomam-se decisões. Decide-se colegialmente, nada se impõe! E implementa-se, não se manda fazer! Lidera-se, pura e simplesmente…

Mas isso é nas novas teorias das organizações e na modernice dos novos processos de liderança. Ou simplesmente no domínio do todo-poderoso politicamente correcto! No futebol, apesar do seu contributo para as teorias de gestão, e em particular das comportamentais, com gurus de dimensão mundial – com Mourinho à frente de todos –, ainda se manda! E de que maneira!

Manda-se no jogo. Bom, dir-se-á que quem manda no jogo é o árbitro. E de certa forma assim é! Mas isto traz-me à memória aqueles azulejos que se viam nas lojas de artesanato ou de artigos regionais – pelo menos na minha região. Diziam assim (hoje já não seria politicamente correcto): “Cá em casa manda ela … e nela mando eu”!

Pois, no jogo manda o árbitro. Mas, depois, há quem mande nele! Tem havido…quem, assim, tenha mandado no jogo!

Mas mandar no jogo não é sequer isso. Não é nesse sentido. Mandar no jogo, assumir uma atitude mandona, tem a ver com isso mesmo. Com a atitude com que e equipa entra no jogo, impondo-se claramente ao adversário. Impondo a lei do mais forte e subjugando o mais fraco. Pode até deixá-lo respirar, não o sufocar. Mas subjugá-lo claramente! Assim como o Barcelona fez ao Real Madrid no início desta semana!

Isto de mandar no jogo tem que se lhe diga. Diz-se em futebolês que um joga o que o outro deixa. Transfere-se assim para o domínio da relatividade o desequilíbrio no confronto de duas equipas num jogo de futebol: pegando no exemplo anterior, o Barcelona jogou muito porque o Real, jogando pouco, o deixou; ou, ao invés, que o Real jogou pouco porque o Barça, jogando muito, não o deixou jogar mais.

Transportando isto para o mandar também se poderá dizer que cada um manda o que o deixarem mandar. O que não deixa de apontar para uma subliminar mensagem de apelo à subversão. Mesmo à revolução!

Mandar é mesmo atitude de mandão, de patrão à maneira antiga que não à patrão do futebolês – que é bem outra coisa, como aqui vimos já há muito tempo.  De dono e senhor! E por isso mandar no jogo é também tornar-se dono e senhor do jogo!

No entanto no jogo manda-se em muitas coisas e mandam-se muitas outras. Mesmo sem mandar no jogo!

Manda-se o árbitro para todo o lado. Que se vinga e manda os jogadores para a rua. E os treinadores! Veja-se o caso do Vilas Boas: dois empates, duas vezes para a rua. E já disse que ainda iria mais vezes… Eu espero que sim. Mas, se têm de o mandar para rua cada vez que empata, como será quando começar a perder?

Também os jogadores fazem tudo para mandar os colegas (??) adversários para a rua, quando deveriam ser eles próprios a ser mandados porta fora. Há por aí muitos especialistas. Fazem cada fita… Quando começarem a ser mandados ficar de fora talvez se emendem. Por vergonha e por lealdade é que já vimos que não!

E também ainda se manda à fava. Ou às ortigas. Foi o que Jorge Jesus fez no domingo ao repórter da TVI. Mandou-o à fava e, com um tchau, deixou-o a falar sozinho.

Uns acharam bem. Outros nem por isso. Uns acham que é apenas mais um episódio no folhetim de um ataque aberto da comunicação social. Outros que não passa de mais um sinal da desorientação que este ano se apossou do treinador do Benfica

Uns e outros poderão ter alguma razão. Quem a não tem, e que nada tinha a ver com isso, é seguramente o FC Porto, que se apressou a emitir um comunicado descabido: mais uma mera acção de guerrilha. Mandar o barro à parede? Não, apenas mandar areia para os olhos!

 

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