"É uma coisa que me chateia"
(Foto Tiago Miranda)
Sentia-se uma certa tensão no ar, e as barreiras de protecção à escadaria de S. Bento, em versão peso-pesado, deixavam evidente a preocupação do governo e das forças de segurança em exercício. A ideia da reedição do clássico de polícias contra polícias não é simpática, e muito menos tranquilizadora.
Mas acabou tudo em bem. E mais cedo, dizem. Porque o semi-clandestino movimento zero - mais um movimento inorgânico nascido nas redes sociais, e agora no coração de uma das mais determinantes funções do Estado - tomou conta da ocorrência, e André Ventura do palco. E porque os organizadores da manifestação, para além de não gostarem do que viam, são gente de bom senso.
No fim lembrei-me de Pinheiro de Azevedo, quando às portas do 25 de Novembro, governo e deputados constituintes ficaram cercados, também em S. Bento, por operários da construção civil. Bem sei que o que dele é lembrado da altura é o "vão bardamerda mais o fascista"; mas também disse: "não gosto de ser sequestrado, é uma coisa que me chateia". É que eu também não gosto da ideia que a defesa das forças de segurança é coisa da direita mais extremista, como André Ventura e Telmo Correia (nitidamente a reboque) pretendem fazer crer. É também "uma coisa que me chateia"!