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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

A obrigação de Marcelo

É público e notório que o governo está esgotado, e nem é preciso evocar o ministros mais fragilizados, que são já muitos. É hoje praticamente impossível apontar um membro do governo de quem se possa dizer que goza de boa saúde política, e nem mesmo António Costa, que nos momentos mais difíceis sempre conseguiu aguentar com o governo às costas, escapa. Por muito que se esforce em aparentar boa forma, não consegue esconder o esgotamento e a desorientação.

Poderá dizer-se que é da pandemia. Que não é fácil - muito pelo contrário, é muito difícil - governar nas condições que esta pandemia nos impôs. O que ontem parecia uma coisa, hoje é outra. E amanhã outra ainda. O que parecia certo, está depois errado. A realidade ultrapassa-se a si própria a cada passo.  

A pandemia trouxe novos desafios aos governos. A este, como a todos os outros por todo o mundo. Já vai longa, e a luz ao fundo do túnel não passa de uma penumbra invisível. Estamos todos cansados dela, e o governo não é excepção.

Se no entanto desviarmos por um momento os olhos da pandemia, seremos capazes de ver que, mesmo sem pandemia e sem catástrofes, os governos, e muito especialmente os governos do Partido Socialista, costumam esgotar-se mais ou menos por esta fase das suas vidas. Sempre que chegam ao segundo ano do segundo mandato começam a abrir brechas e implodem.

Muito tempo seguido de poder faz mal aos partidos da governação. E pior, faz mal ao país. Lembramo-nos dos governos de Cavaco, e como acabaram, e que Cavaco só não acabou porque ganhou fôlego para uma segunda vida, dez anos depois. Depois veio Guterres, governou quatro anos, mas no segundo ano do mandato seguinte veio o pântano, e foi-se embora. Veio Barroso, e depois Santana Lopes, e nada correu bem. Só deu para chegar a segundo ano... do primeiro mandato. E veio Sócrates, que deu no que deu. E ao segundo ano do segundo mandato rebentou, depois de rebentar com o país.

O esgotamento deste governo de António Costa não é, por isso, nada de anormal. Anormal, só mesmo a pandemia. Está dentro da tendência. 

Com o passar dos anos vêm o deslumbramento e o abuso do poder. E com eles o desrespeito pelos cidadãos e pela sua inteligência. A mentira, e o incumprimento e a manipulação do prometido. 

Tem sido sempre assim. Com esta pandemia passou a ser ainda mais assim. Repare-se no que se passou com o ensino à distância. Em Abril do ano passado António Costa prometia que todas as escolas estariam preparadas para o ensino à distância no início do novo ano letivo. As escolas fecharam há poucas semanas, tarde de mais, e percebeu-se por quê, e regressam hoje as aulas "on line". Soube-se então que os prometidos computadores tinham começado a ser encomendados em Novembro, e que o grosso da encomenda foi mesmo colocado em Janeiro, já com as escola encerradas. 

António Costa diz-nos que o Estado não poupou no combate à pandemia, que o esforço é de 22 mil milhões de euros, qualquer coisa como 11% do PIB. E no entanto sabemos que o governo português é dos que menos investiu no combate à doença e no apoio à economia de toda a União Europeia. É o terceiro que menos gastou. Diz-nos o BCE que nem aos 3% do PIB chegou. O governo fez com a pandemia o que fizera nos anos anteriores com as cativações, com que cumprira os orçamentos. Anunciou fazer, mas não fez. E maquilhou os números, incluindo nos 22 mil milhões euros o valor dos empréstimos bancários em moratória com aval do Estado. Para que os 22 mil milhões euros de António Costa fossem 22 mil milhões euros de verdade seria necessário que ninguém pagasse os empréstimos depois de Setembro, ou lá ainda mais para a frente, como irá ter que ser. Quando se sabe que se o incumprimento passar dos 10% estaremos perante mais uma calamidade.

O exemplo mais flagrante da despudorada manipulação de números nem vem do governo. Vem do próprio partido, e chega-nos no gráfico que divulgou nas redes sociais no final da semana, acima reproduzido. Inacreditável!

Com o governo neste estado, e a oposição ainda pior, sem alternativa para alternância, a democracia portuguesa encontra-se também ela à beira do esgotamento. Talvez por isso um conjunto de personalidades se tenha lembrado de governos de iniciativa presidencial, e tenha decidido pressionar o Presidente Marcelo para entrar nessa aventura. Marcelo fez bem ao rejeitar dar esse passo, de resto de duvidosa constitucionalidade. 

Mas, sem alternativa a este governo, ficou claramente, e aos olhos de toda a gente, obrigado a obrigar António Costa a arrepiar caminho. De que forma, não sei. Mas espero que ele saiba. E que seja bem sucedido!

 

Manipulações

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Há quem diga por aí que as sondagens merecem tanto crédito quanto os "twittes" que a TVI utilizou para avaliar as entrevistas de António Costa e da Catarina Martins, os #CostaBem #CostaMal e #CatarinaBem #CatarinaMal.

Pode até ser que sim, mas o que querem é que pareça que sim. Pretender comparar resultados obtidos através de técnicas e métodos científicos - há sempre que se atreva a manipular alguma coisa, mas nunca todos manipulam tudo - com resultados expressos através das redes sociais, muitos deles obtidos através de perfis criados exclusivamente para o efeito, e falsos, é da mais grosseira e despudorada manipulação que já se vai vendo por aí. 

 

 

A ponta por onde se pega

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Pegar nas coisas pela ponta que lhe dá mais jeito, nem sempre quer dizer  que se lhe pegue pela que está mais à mão. Às vezes obriga mesmo a dar-lhe uma grande volta.

A notícia do anúncio do abandono de 25 militantes do Bloco de Esquerda, entre os quais, ao que se diz, dois irmãos de Francisco Louçã, presta-se a um exemplo disso mesmo, como se viu numa certa imprensa e nuns certos blogues que, para abrir os braços ao que lhe dá mais jeito, não se importam nada de voltar as costas ao que está mais à mão.

Pelo que é dado a conhecer na noticiada carta enviada à Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, os signatários manifestam acima, e antes de tudo, a sua oposição ao processo de institucionalização do partido. Os militantes demissionários acusam o partido de aburguesamento, de abandono do radicalismo e de cedência às regras do jogo da formalidade democrática. De conformismo e de conformidade. De já não falar da renegociação da dívida, e até de estar do "lado errado do combate anti-racista". Saem porque "pouco resta do projecto original do BE de ser uma força alternativa à sociedade existente" e porque pretendem contribuir para uma "clarificação política entre uma esquerda com um projeto radical para a sociedade e outra paliativa em que o resultado da sua ação é a integração no sistema que deveria combater". 

Ou seja, estes 25 militantes anunciam o abandono por entenderem que o partido já não é o partido radical, de extrema esquerda, do lado fora do quadro institucional da democracia representativa. Saem a atestar justamente o contrário do que o mainstreaming apregoava.

Não lhes ficaria tão mal - a esses jornais e a esses blogues - se, por exemplo, dissessem que são muito maus, maus de mais, mas nem assim conseguem ser tão maus como todos eles gostariam. Percebia-se, e ninguém os acusaria de hipocrisia. Mas não, o que fizeram foi ignorar que a "debandada", como até chegaram a chamar à saída de 25 militantes, tinha a ver com o abandono do radicalismo e do extremismo, que antes condenavam, para salientar o "taticismo" e "o apoio a um governo que perpetua a austeridade", que agora lhes dá jeito!

Realidade desfocada*

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Temos todos a impressão que o país está a atravessar uma maré alta de agitação social, com uma onda de greves a níveis nunca antes atingidos.

Esta é a percepção que temos, e que temos por indiscutível. Antes de percebermos se esta percepção sensorial tem ou não correspondência com a realidade, convém que percebamos por que é que a temos, e com tamanha convicção.

Temo-la, em primeiro lugar, porque raramente as greves tiveram uma concentração temporal como agora. As greves existem para causar problemas, para introduzir disfunções nos sistemas, para provocar incómodo social, se não o fizerem não têm eficácia. A percepção que delas temos é tanto maior quanto mais perturbação conseguirem introduzir. E tanto maior ainda quanto mais concentradas no mais pequeno espaço de tempo. Como está a acontecer.

Quanto mais perturbadoras e mais concentradas, maior impacto têm na comunicação social, que mais amplifica ainda essa percepção, num inquebrável ciclo vicioso.

A verdade é que, nem de perto nem de longe, esta percepção encontra correspondência na realidade. Nos últimos 14 anos, de 2005 até agora, houve em média 876 pré-avisos de greve por ano. O recorde foi atingido em 2012, com 1895 pré-avisos de greve, mais do dobro da média, seguido de 1534, no ano seguinte, em 2013, em pleno período da troika, e no auge do governo anterior. No sentido inverso, os três anos com os mais baixos pré-avisos de greve são 2009, com 376, 2016 com 488 e, veja-se bem, 2018. Nem mais, neste ano que nos querem apresentar como surpreendente, terrível e nunca antes visto, até Novembro, foram apresentados 518 pré-avisos de greve. Pouco mais de metade da média dos últimos 14 anos!

Então, se as coisas são assim, por que é que continua a fazer caminho uma ideia tão distante da realidade?

Pela mesma razão porque são lançadas todos os dias notícias falsas, ou manipulados oportunisticamente determinados factos. Porque simplesmente há quem tenha interesse nisso…

 

* A minha crónica de hoje na Cister FM

Abriu-se a porta que não deveria ser aberta*

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Quando há mais de 20 anos ouvimos falar da ovelha Dolly, e soubemos do primeiro mamífero clonado a partir de uma célula adulta, percebemos que, mais cedo ou mais tarde, viriam aí problemas.

Aquela ovelha simpática, entretanto já desaparecida, nascida e criada na Escócia abria uma porta que todos sabíamos onde acabaria por dar. Não sabemos quantos entretanto tenham tentado passar por essa porta, porque muitos certamente que o fizeram em silêncio. Sabemos agora que um cientista chinês, formado em universidades americanas e entretanto regressado à China, garante ter conseguido fazer nascer os primeiros bebés, dois gémeos, geneticamente manipulados em laboratório. E afirma estar já em curso uma terceira gravidez a partir de embriões alterados laboratorialmente.

A notícia surgiu no início da semana mas, estranhamente, não teve especial repercussão mediática. Mas sabe-se como é a agenda mediática nos dias que correm…

A ocorrência não está confirmada – nem negada – por qualquer entidade independente, e o resultado do estudo não foi publicado em qualquer revista científica. Mas isso não tem se não a ver com as reservas éticas da comunidade científica internacional. Isso não é mais que a mola de resistência que a comunidade científica aplicou à tal porta.

A modificação de genes de embriões humanos é proibida em muitas partes do mundo. Mas, nem isso garante nada, nem o é em muitas outras. Como na China… A ética tem fronteiras que nunca deveriam ser passadas e portas que nunca se deveriam abrir. Mas há sempre fronteiras fechadas à ética e de portas abertas a todos os horrores de que possam de alguma forma aproveitar.

Abriu-se na China – dá vontade de perguntar: onde mais poderia ter sido? - a porta que não se podia abrir, mas que há 20 anos se sabia poder vir a ser aberta. O que aí vem não cabe sequer na imensidão do cinismo do cientista chinês quando, no fim, afirma que, agora, cabe à sociedade “decidir o que fazer de seguida”.

 

* A minha crónica de hoje na Cister FM

A (falta de) habilidade para desinformar

Por Eduardo Louro

 

A estratégia de manipulação e desinformação deste governo, e desta maioria que o sustenta, tornou-se verdadeiramente intolerável. Agora é Aguiar Branco, o ministro da defesa, a propósito e no aproveitamento de mais umas aberrantes declarações da senhora que ocupa o segundo lugar na hierarquia do Estado.

Dizendo que não comenta "em concreto as declarações da presidente da Assembleia da República", não hesitou em manipular a realidade para criar um novo facto, inventando uma ameaça dos militares de Abril à Assembleia da República. Foi isso que fez, dizendo que "não é aceitável" fazer "ameaças" à Assembleia da República!

Na realidade as coisas são bem mais simples. A inconseguida senhora convidou os militares de Abril para a sessão oficial no Parlamento. Há já dois anos que, por entenderem que o poder instituído comemora o dia 25 de Abril sem que minimamente o respeite, decidiram deixar de participar na face oficial (e cinzenta, acrescento eu) das comemorações. Entenderam agora, e por isso, que não havia razão nenhuma, antes pelo contrário, para alterar essa posição. Que não havia qualquer justificação para retomarem o papel decorativo nestas comemorações oficiais. Coisa diferente, entenderam, seria se pudessem expressar-se, circunstância em que deixariam de ser mera peça decorativa.

Foi isso, e só isso, que disseram em resposta ao convite da senhora que ocupa o segundo lugar na hierarquia do Estado Português. Esta cada vez mais bizarra figura fez o convite mas não deu resposta à resposta que lhe foi dada. Entretanto os grupos parlamentares do PSD e CDS opuseram-se a qualquer intervenção dos militares na sessão oficial, e depois disso ser público, a senhora que nunca deu resposta à resposta ao convite que fizera diz, em registo barata tonta, que o problema é deles.

Na realidade o ministro Aguar Branco quis branquear o veto do PSD e do CDS e mais um disparate, de absoluta falta de sentido de Estado, da senhora presidente da AR. Como não tem escrúpulos, não se preocupou nada que tivesse sujado ainda mais!

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