Foi notícia em todo o lado, com reportagens em todas as televisões, o impedimento de uma miúda de 13 anos - nascida no Paquistão e residente em Tavira - participar num jogo de basquetebol, em Albufeira. Tudo porque, sendo muçulmana e usando hijab, usava por baixo do equipamento oficial peças de roupa que lhe cobriam as pernas e os braços, coisa que a equipa de arbitragem entendeu violar os regulamentos.
Parece no entanto que não. Os regulamentos da Federação Internacional de Basquetebol prevêem, desde há dois anos, a possibilidade de jogadoras muçulmanas cobrirem a cabeça e o corpo. Daí que apenas sobrem razões de ordem estética (que não podem, evidentemente, depender do critério da equipa de arbitragem, mas deixemos isso de lado), até porque não foi pela cobertura das pernas - com uns comuns collants, por muitas dúvidas estéticas que os calções também levantem - que o impedimento foi invocado. Foi pela cobertura dos braços, com uma inestética (mesmo assim menos que os calções) camisola de manga comprida por baixo da camisola de alças do equipamento usado comummente na modalidade.
Tudo apontaria para que aí estivesse mais um dos infindáveis casos de preconceito dos nossos dias. Não me parece. Parece-me mais qualquer coisa que se resolva com facilidade numa visita a uma loja da Nike. Que certamente já pensou nisto!
Conhecem-se marcas que, de tão enraizadas nos consumidores, se confundem com os próprios produtos. Digamos que é o estado supremo da imagem de marca, quando ela atinge a sua dimensão máxima de comunicação. Todos nos lembramos daquela coisa com que fazemos a barba e a que chamamos Gillette. Da esferográfica descartável, a que chamamos BIC. Da caixa de plástico a que chamamos Tupperware. Da pastilha elástica a que chamamos Chiclets. Do todo-o-terreno a que chamamos Jeep. Do Post-it, do Kleenex, ou até da recente UBER...
Este fenómeno de comunicação e marketing acontece frequentemente à primeira marca a identificar uma necessidade, e a oportunidade de negócio que lhe está associada, e a apresentar a respectiva solução. Quando uma marca cria um novo produto para um novo mercado.
O que não se conhecia, e ficou desde ontem a conhecer-se, é que este fenómeno também acontece na política, e em particular na governação. O produto ministro das finanças chama-se agora Centeno!
Já estamos tão habituados que até parece que já lidamos com estes pequenos e insubstituíveis objectos há muito tempo. Há tanto que até temos dificuldade em perceber como conseguíamos viver sem eles. Parece que já foi há muito tempo, mas foi apenas há 10 anos que Steve Jobs nos apresentou o iPhone.
Para o comemorar, a Apple apresenta hoje o iPhone 8, anunciado como revolucionário. Ao longo deste 10 anos, com e já sem Steve Jobs, a Apple sempre transformou o lançamento de cada novo modelo num acontecimento mundial, transformando os seus cientes em fãs e mobilizando-os por todo o mundo, como só as marca míticas conseguem fazer.
Hoje não será certamente diferente!
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