Ponto final com reticências
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A ideia que fica é que o presidente Marcelo, ao contrário do seu antecessor e sem grande surpresa, não fará nada para evitar expor a irrelevância política de Passos Coelho. Ao subscrever a intervenção do primeiro-ministro com vista a garantir alguns equilíbrios no capital estrangeiro do sistema financeiro nacional, Marcelo disse ao país que Passos não sabe do que fala. Ao acrescentar que o desejável seria mesmo que essa intervenção fosse consensual, o presidente não está apenas a puxar as orelhas ao primeiro-ministro no exílio. Está a condená-lo à irrelevância!
As boas vindas, Presidente Marcelo. Seja feliz... e tenha muita sorte. Precisamos que tenha muita sorte... Se, como nos vem dizendo, conseguir levar isto com afectos já será muito bom. Porque a gente precisa disso. O senhor que acaba de sair deixou-nos muito carentes...
É curioso que ainda ninguém se tivesse lembrado que Marcelo se baldou à tropa. Que só agora o tema seja assunto. Normal, à época.
Não que fosse normal, na altura, escapar à guerra colonial. E muito menos à tropa, que sendo a mesma coisa, mas não era bem a mesma coisa... Toda a gente lá ia bater com os costados, sem apelo nem agravo. A não ser que desertasse. Ou que tivesse padrinhos...
E aí está. O que não faltava - não falta, nem nunca faltou - a Marcelo foi padrinho. Nem percebo porque se fala tanto do pai, simples ministro do Ultramar...
Mas, como bem se sabe, isso aqui não interessa nada. Lá para a América é que têm a mania de levar estas coisas a peito...
O diabo tem destas coisas. Marcelo, que tem andado a fingir-se de morto, a passar entre os pingos da chuva - e como tem chovido! - convencido que nada incomodaria o passeio triunfal que o haverá de levar a Belém hoje, frente a Sampaio da Nóvoa, teve de fazer pela vida.
Por ter entendido que este seria o seu principal adversário, ou porque simplesmente entendeu que não poderia continuar escondido por muito mais tempo, Marcelo teve hoje que sair da toca, na expressão feliz do infeliz - arruaceiro, seria mais bem dito - Jorge Jesus. E, imagine-se, saiu-se mal. As coisas não lhe correram nada bem, foi uma chatice. Uma maçada, diabo...
Afinal, o comunicador não é bem o tal comunicador. A velha raposa, é afinal muito velha e pouco raposa... Nem a memória é bem memória, quanto mais de elefante. Afinal esta coisa de anos de púlpito a versar sobre tudo o que seja tema, dá notoriedade mas também tem custos. Que só não são mais caros porque, em matéria de participação política, nós somos assim: não somos muito de nos incomodar com a aldrabice e apreciamos a pantomínia. E quando alguém nos cai em graça, pouco nos importa que diga tudo e o seu contrário.
Sorte tem Marcelo em ter-nos assim. Não fosse essa sorte, e o diabo seria bem capaz de as vir a tecer...
Por Eduardo Louro
Quando Cavaco, mais de três semanas depois de se conhecerem os resultados eleitorais, começa finalmente a dar os primeiros passos do protocolo para a indigitação do primeiro-ministro, coisa que depois de tudo protocolado deverá dar governo lá para o Natal, sabe bem lembrar que já dá para contar os dias que lhe restam em Belém.
Só por isso dá vontade de virar a agulha para as eleições presidenciais que aí vêm. Dizem os comentadores encartados que a pulverização de candidaturas presidenciais à esquerda facilita a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa logo à primeira volta. Não há nada que suporte esta tese, que não resiste aos primeiros testes de validação.
Como é facilmente demonstrável, e sem necessidade de recorrer ao velho axioma que a maioria do eleitorado é de esquerda, Marcelo, sendo quem é, e depois de preparar e conduzir a candidatura como fez, não estará neste momento muito longe daquilo que será seu potencial de votos. A sua margem de crescimento é naturalmente já bastante limitada.
Os votos que tem já por garantidos serão, ou não, suficientes para lhe garantir a preferência de mais de 50% dos eleitores que forem votar. E isto é independente do que são e de quem são os adversários. Mais ou menos candidaturas à esquerda, para esse resultado, não aquece nem arrefece. O que aquece ou arrefece, o que é determinante, o que pode ser a variável crítica dessa equação é a abstenção.
Evidentemente que quanto maior for a abstenção maior será a expressão relativa daqueles votos. Mais fácil será transformá-los numa expressão maioritária. A matemática não engana… Ninguém terá grandes dúvidas que a abstenção tende a variar na razão inversa do número de candidaturas. Quanto maior for o campo da oferta, quanto maior for o apelo, menos razões haverá para que as pessoas se abstenham.
Ora aqui que está o que será, mais que a resposta chave, a resposta dupla. Enquanto demonstra que a ideia é falsa, explica por que é que a querem fazer passar por certa!
Outra coisa é dizer que a proliferação de candidaturas à esquerda pode facilitar a vitória de Marcelo, sim, mas na segunda volta. Mas essa, como não serve os mesmos interesses, não faz caminho.
Não custa muito a perceber que se, em especial as candidaturas do Bloco e do PCP, fossem até às urnas, a candidatura promovida pela direita – não é a de Marcelo, é a que já transporta Belém no nome – com o apoio que tem no aparelho do PS, teria boas possibilidades de ser a segunda mais votada numa primeira volta. Circunstância – provavelmente única – que, na eventual segunda volta, asseguraria a eleição de Marcelo.
É o que se chama não dar ponto sem nó...
Por Eduardo Louro
Acabadas as legislativas - que não mortas e enterradas - aí vêm as presidenciais a toda a velocidade. Com a passadeira estendida para Marcelo?
Creio que sim. Afastou toda a concorrência, tem agora o beneplácito de Passos - e Portas, por arrasto (Passos arrasta Portas para todo o lado, não consegue ver-se livre dele, está colada que nem uma lapa) -, não divide nada com ninguém e nem tem sequer necessidade de anunciar a candidatura, o que lhe permite continuar a doutrinar e evangelizar o eleitorado a partir do seu púlpito dominical.
Quem se tramou foi Sampaio da Nóvoa. Percebeu-se logo que Maria de Belém levantou o dedo. Os resultados eleitorais de António Costa fizeram o resto, já não tem por onde sair. Resta ao PS convencê-los a ambos a afastarem-se, o que não sendo neste momento a melhor coisa que lhe poderia acontecer, será a menos má. E partir à procura de um novo candidato adequado á nova realidade política do país.
Acaba por cair no colo dos socialistas mais uma responsabilidade. A responsabllidade de impedir que a candidatura presidencial da direita potencie os 38% de votos á partida e ganhe á primeira volta, o que só conseguirá com um bom candidato e com as vias de comunicação à sua esquerda bem desimpedidas.
No actual quadro político o país precisa de um grande Presidente da República, de uma figura altamente prestigiada e de grande peso político. Marcelo não encaixa nesse perfil. E o país não está em estado de ser entregue ao experimentalismo frenético de Marcelo. O que só acrescenta responsabilidade à responsabilidade do PS!
Por Eduardo Louro
Rui Rio vai mesmo avançar... Passos Coelho continua dono das cartas. Baralha, parte e dá... E lá fica Marcelo mais uma vez a vê-las passar... Sempre carta fora do baralho!
Por Eduardo Louro
Imperdível. Absolutamente imperdível esta carta do Sérgio de Almeida Correia a Marcelo, no Delito de Opinião.
Por Eduardo Louro
Depois de, sem grande sucesso, se ocupar da menina que lhe falou das senhoras avantajadas com que os deputados se ocupariam na Assembleia da República, Marcelo virou-se para Ricciardi. Não teve aí maior sucesso... Antes pelo contrário. Ser chamado de mentiroso ainda é o menos. Nem foi a primeira vez, nem grande surpresa... Ficarmos de saber quem lhe pagava as férias - de luxo - é que é de mais!
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