Já pouca gente se lembrará do Sr Schauble, mas dou uma ajuda: era aquele senhor alemão, em cadeira de rodas, que fazia as delícias de Maria Luís Albuqerque que, por sua vez, fazia as delícias de Pedro Passos Coelho.
Ai aquele ar embevecido com que olhavam uns para os outros... Nem os olhares apaixonados de marido e mulher neste governo lá chegam...
Bom. Mas estava a falar era mesmo do Sr Schauble, o ministro das finanças da Srª Merkel, quando ela era bruxa má. Tão má que até tinha aquele ministro das finanças para assustar os mais pequenos. Pois o Sr Schauble vem agora pedir desculpa, e mostrar arrependimento pelas maldades que fez. E diz-se triste.
Parece que a deputada Maria Luís Albuquerque falta que se farta. Não admira, tem mais que fazer... Tem mais coisas para fazer, e mais importantes.
Ficou a uma falta de perder o mandato. O que, ao contrário do que muitos por aí diziam, prova que a anterior ministra das finanças sabe fazer contas. Bem certinhas, e com grande rigor: nem mais uma. Nem menos!
À medida que se vão confirmando as boas notícias da economia portuguesa, como hoje o INE a oficializar o crescimento de 2,8% no primeiro trimestre, ou Álvaro Santos Pereira, o revogado pelo irrevogável, a garantir que a OCDE vai rever em alta as perspectivas de crescimento económico em Portugal, mais voltas o eixo PAM (Passos - Albuquerque - Montenegro) dá.
De tantas voltas, já têm a cabeça a andar à roda. Já não dizem coisa com coisa. Vejam bem que, depois de andarem a dizer que nada daquilo ia dar certo, que estava tudo errado, que era uma impossibilidade aritmética, que eram histórias para meninos, e de rirem na cara de Centeno como se ele fosse o palhaço lá da turma vêm, agora que lhes entra pelos olhos dentro que está a correr bem, dizer que... foi por eles que correu bem. Que aquilo que não podia correr bem, porque era tudo ao contrário do que eles tinham feito, correu bem, porque eles tinham feito o contrário do que foi feito, e que está a correr bem...
Já estão também com a cabeça a andar à roda, não estão? Pois...
Ficamos ontem a saber que, enquanto éramos espremidos até não mais termos para dar, em colossais aumentos de impostos que "ai aguentamos, aguentamos", e a troika por cá andava para tudo encobrir, 10 mil milhões de euros voavam para offshores com a complacência da máquina fiscal de Paulo Núncio, a mesma que nos penhorava até as cuecas.
E ficamos a saber que ficamos a saber isto porque passaram a ser publicadas umas estatísticas que no governo dos senhores Passos e Portas, no ministério das finanças do senhor Vítor Gaspar e da Senhora Maria Luís, o senhor secretário de estado Paulo Núncio, muito dado a tratamentos VIP, tinha deixado de publicar. E entre as últimas publicadas e as primeiras vindas a público, pela mão do actual ministério das finanças do senhor Mário Centeno, que os comparsas da senhora Maria Luís e do senhor Palulo Núncio querem demitir por causa de uns sms, havia um hiato de 10 mil milhões. Um buraco bem negro de 10 mil milhões!
Um buraco negro que mais negra faz a história daqueles quatro negros anos...
Seria provavelmente muito difícil encontrar duas pessoas que casassem tão bem incompetência e charlatanismo como Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque. As suas reacções ao Orçamento constituem as mais evidentes provas de incompetência técnica e política. Mas também põem exuberantemente a nu o charlatão que há em cada um deles.
A "tentativa de ilusão" de Maria Luís Albuquerque com as "pensões mínimas" casa perfeitamente com os "truqes" de Passos Coelho! Um embuste, é o que é!
Em entrevista ao Jornal de Negócios, Maria Luís Albuquerque, induzida a responder que as actuais circunstâncias da situação económica e financeira do país estariam a abrir as portas a um novo resgate, foi peremptória a demarcar-se da resposta armadilhada: "não colocaria a questão nesses termos".
Mais que a ingenuidade política de Mário Centeno, que explica por que é que Costa lhe dá tão pouca importãncia e não raras vezes o deixa mesmo em situações embaraçosas, o que salta à vista é a pressão á volta do Orçamento de Estado para opróximo ano.
Sabe-se que era aí, no Orçamento, que todos apostavam. Passados que foram os primeiros meses do governo, ultrapassado o fogo do Orçamento (tardio, como sabemos) para este ano, logos as baterias apontaram para o do próximo ano. No próximo é que seria. A geringonça não resistiria aos contornos incontornáveis do próximo orçamento. Em Setembro ou Outubro a coisa sucumbiria de morte natural. E se não fosse assim lá estaria a Europa pronta a deitar tudo a baixo, o que iria dar no mesmo.
Setembro ainda nem a meio vai, mas as indicações que vai dando não apontam para nada disso. A geringonça, mesmo revelando aqui e ali a eventual falta de uma pontinha de óleo, vai-se aguentando bem. Da Europa já se dá conta até de convergência, e aquela reunião dos países do Sul, no final da passada semana, altera por completo o cenário da ameaça europeia.
Perante tudo isso é preciso inventar novos fantasmas, e nada melhor que o fantasma de um novo resgate. Daí a pressa em trazer o tema para a actualidade. E daí razões acrescidas para António Costa ficar zangado com Centeno. Mas zangado a sério, mesmo que - e bem - não o mostre!
Perante a impossibilidade de continuarem a fazer de conta que as sanções, que desejam e de que precisam para a sua sobrevivência política, se não devem à sua governação, falhada em toda a linha, as eminências do anterior governo dizem, agora, a culpa é do actual governo. Não porque seja responsável por elas, mas porque não se soube defender delas, conforme concluiram a Maria Luís e a Assunção.
O que, para a secretária do Sr Schauble, era até muito fácil. "Tecnicamente" muito fácil nas palavras desse génio das finanças.
Tão fácil quanto mandar palpites. Coisa para que a competência técnica, a ética e o sentido de Estado de Maria Luís chegam. Não dão é para mais!
A comeptência prova-se. Não se insinua por trás do fracasso...
Decididamente o poder europeu apontou as baterias para Portugal. A Grécia já era... Agora a chantagem virou-se para cá. Ultrapassa a chantagem, é bullying o que os extremistas que mandam na Europa estão a fazer.
Tão surreal quanto as ameaças europeias, é que Passos Coelho e Maria Luís aproveitem esta escalada de prepotência para fazer prova de vida. Para, de bandeira portuguesa na lapela, mostrarem de que lado estão!
Nenhuma dúvida: se ela fosse ministra não se falaria em sanções. Enquanto foi ministra, cumprindo tudo, nunca atingiu objectivo nenhum. E nunca se ouviu falar em sanções, antes pelo contrário, falou-se de saída limpa.
Não mudou muita coisa: continuou a ser ela mesma a não atingir os objectivos. Só que já não é ministra...
Parecendo que não, tem toda a razão, a senhora. Era público e notório que o Sr Schauble tinha um fraquinho por ela...
Não sei se os partidos também batem no fundo, porque não sei se têm fundo. Sei que têm fundos (às vezes não têm, mas tudo se resolve), mas não sei têm fundo. Nem bom, nem mau, porque, no fundo, são sempre as pessoas que lhe dão o fundo. Bom ou mau.