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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Brasil ou .. Mas... (parte II)

Os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), que disputam o segundo turno das eleições presidenciais

 

Bolsonaro está à porta do Palácio do Planalto, mas poderá não ser uma formalidade o que falta para que se lhe abra, daqui a três semanas. Chegou até a parecer que teria entrada directa, que tudo ficaria ontem resolvido, logo na primeira volta. Não ficou, e os 46% de votos que atingiu não são, hoje, mais que um copo meio cheio. E a direita portuguesa do "mas", que aqui trouxe há dias, voltou a fazer-se ouvir. Mais hipocritamente, agora que os resultados são conhecidos.

Que Bolsonaro é um fascista - gostam mais de dizer extrema-direita radical -  mas... Que a quase eleição à primeira volta de um candidato de extrema-direita radical mostra que o povo brasileiro está disposto a trocar a liberdade pela segurança. Mas ... ou porque, a verdade é que a insegurança no Brasil atingiu o extremo, e os brasileiros acreditam que só Bolsonaro pode resolver isso.

Sobre os gigantescos interesses da indústria da segurança no Brasil é que nem uma palavra. Sobre o lóbi da segurança, dos carros blindados às armas, é que nada. E sobre de que lado está Bolsonaro nesta "guerra" da segurança, menos ainda... E, da tal troca  a liberdade pela segurança, não vem qualquer mas  para as redes sociais, e a sua manipulação organizada. Nem  para as seitas religiosas. Nem para o bispo Edir Macedo e para a IURD...

 

 

Mas...

 

Resultado de imagem para manifestações ele não

 

As elites da direita portuguesa politicamente correcta assumem-se sempre muito democráticas. Demarcam-se de Trump, de Orban ou de Matteo Salvini ... mas ... sempre com um "mas". 

Eles são nacionalistas.. ...mas a economia cresce. Eles são xenófobos ... mas o desemprego desce. Eles são racistas ... mas também não se pode abrir as portas a toda a gente. Ou, normalmente por fim, na última das últimas alegações, eles até poderão nem ser flores que se cheirem ... mas foram eleitos democraticamente. 

Sabemos que é assim, vemos coisas destas todos os dias. Mas... o mais refinado dos "mas" surgiu agora com Bolsonaro.

Como lhes fica difícil (permitam-me este apropriado toque brasileiro) defender a criatura, atacam-lhe o ataque. Então transformam as gigantescas manifestações deste fim-de-semana do "ele não" num erro estratégico, nem que, para isso, tenham de recorrer a raciocínios "non sense" e a comparações espatafúrdias. 

Não há volta a dar. O "mas" está-lhes na massa do sangue!

Mas

Por Eduardo Louro

Tenho enorme dificuldade em perceber por que é que as pessoas se não limitam a concordar ou a discordar da greve, a fazer ou não fazer greve, conforme a sua vontade e as suas possibilidades. Por que é que haverão de passar daí? E por que é que ainda acham que têm legitimidade para passar daí?

Se calhar é culpa de um mas que anda por aí: é que a greve é um direito. Inalienável, sagrado, inquestionável... Mas...É deste mas!

Não tem que haver mas. A não ser este: mas não tenho grande dificuldade em perceber que a democracia portuguesa se esteja a transformar numa miragem. Ou numa memória perdida. Que sociedade portuguesa esteja cada vez menos tolerante. Cada vez mais dividida... Cada vez mais próxima da rotura...

 

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