Depois de, surpreendente e injustificadamente, ter sido declarado o melhor para a UEFA, era inevitável que Modric sucedesse hoje a Cristiano Ronaldo como o melhor do mundo, para a FIFA. Ainda assim, pelo que fez no campeonato do mundo, faz mais sentido este prémio que o da UEFA. Isso parece claro.
Como parece claro que é o fim da longa dinastia Messi/Ronaldo que, na maior injustiça do futebol neste século, impediu Iniesta de receber, por uma vez que fosse, o prémio que em tantas ocasiões mereceu. Não tivesse o prémio deste ano tanto de Real Madrid, e diria até que este prémio a Modric ... é também o prémio que faltou a Iniesta. Assim, não posso dizer nada disso.
Posso é dizer que, uma vez mais, Cristiano Ronaldo ficou mal na fotografia. Para além de falta fair paly, e mesmo de falta de respeito pelos seus colegas, a ideia que deixa é a de quem cospe no prato onde comeu... O que, para além de não ser bonito, é bem capaz de não ser o melhor para a fase actual da sua carreira.
E o que será agora do seleccionador nacional, dos jogadores que chegam à selecção, e dos narradores e comentadores que, a propósito e a despropósito de tudo e de nada, andavam sempre com "o melhor do mundo" na boca?
Vivemos num mundo rankings, obcecados pelo número 1, pelo primeiro, pelo melhor... O mundo do futebol não é mais que o outro mundo, aquele mundo. O que conta é o melhor do mundo: mesmo que o melhor do mundo não seja o melhor do mundo. Mesmo que isso não exista, não passe de uma criação. Ainda que indispensável ao funcionamento do dito: o mundo já não funciona sem o melhor do mundo!
E quando o melhor do mundo é português, o melhor do mundo é ainda mais melhor do mundo. Cristiano Ronaldo é mais CR7 que Cristiano Ronaldo. Mas é ainda mais melhor do mundo que CR7. Por isso não nos admira que seja sempre o melhor do mundo, mesmo quando, nessa criação, o não é.
José Mourinho era outra criatura da criação. Sem se saber como nem porquê, foi durante anos a fio o melhor do mundo. O mundo virou-se(-lhe) ao contrário e não se ouviu mais falar de melhor treinador do mundo.
Mas como o mundo não é coisa para estar virada ao contrário lá temos, nos treinadores, não um, mas dois melhores do mundo: o melhor treinador do mundo de equipas de clubes, e o melhor treinador do mundo das selecções nacionais.
O melhor do mundo, na primeira dessas categorias, é Diego Simeone, o treinador do Atlético de Madrid. Não sendo Mourinho, nem Guardiola - digamos que os pop stars, mesmo com as respectivas stars, particularmente a lusa, a empalidecer - integra-se bem no perfil daquele estrelato particular. A surpresa é o bem português Fernando Santos (que me desculpem, mas a personagem Mourinho tem pouco de tuga) ser agora, também ele, o melhor do mundo.
É verdade que, criadas agora as duas categorias, dificilmente poderia ser outro o melhor dos treinadores de selecção da Europa. E sendo a Europa - no futebol, bem entendido - o centro do mundo, não havia como não ser, também ele, o melhor do mundo.
Não me parece que se ajuste à criação. Mas se calhar é por isso que eu acho que lhe fica a matar essa coisa de melhor do mundo. Parabéns Fernando Santos!
Mais por isso, pela simplicidade do anti-herói, que propriamente pela pompa.
Messi continua a ser o melhor do mundo. Pela terceira vez consecutiva, igualando o Platini de outros tempos, quando o galardão não vinha da FIFA, mas da revista France Football!
Só que Messi não é deste mundo e, com apenas 24 anos, impedirá, nos anos mais próximos, que os melhores jogadores deste mundo cheguem a este título.
Não há dúvidas que Cristiano Ronaldo tem azar nesta contemporaneidade. Parece-me que se justificaria atribuir um prémio a Messi – talvez se lhe pudesse chamar o melhor jogador daquém e dalém galáxia – mas afastá-lo deste processo de eleição do simplesmente melhor jogador de futebol do mundo!
Guardiola sucede a Mourinho como melhor treinador do mundo. Naturalmente… O homem que comanda a melhor equipa futebol de todos os tempos só podia ser considerado o melhor treinador do mundo, seja lá isso o que for!
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