Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Grau zero

Parlamento rejeita moção de confiança e derruba Governo da Aliança  Democrática | Euronews

Não direi que o que se passou ontem na Assembleia da República foi uma vergonha porque ela já está esgotada.

As miseráveis artimanhas e o bluff arrogante de um Primeiro-Ministro, de todo um governo, de toda uma bancada parlamentar, e de todo um partido, usados para misturar a discussão de uma moção de confiança proposta pelo Governo, com a discussão de uma comissão parlamentar de inquérito, decidida por um partido da oposição, com único objectivo de passar a culpa pela queda do governo, e pela antecipação de eleições, passam a constituir o mais baixo grau da nossa democracia.

Luís Montenegro e Hugo Soares, em directo do plenário da Assembleia da República, com todo o país a assistir, primeiro propuseram uma negociata à porta fechada com o PS para evitar a comissão de inquérito e a votação moção de confiança, no trade off enunciado há dias pelo ministro Castro Almeida. Depois, recusada essa indecorosa negociata, em última hora disponibilizaram-se para responder a todas as dúvidas dos deputados, quando andam há semanas a fugir às repostas e a dizer que não há mais nada para esclarecer. Finalmente acabariam a propor uma comissão de inquérito, mas nos termos e nos prazos [primeiro quinze dias (?), depois sessenta, nem mais um dia] que o primeiro-ministro entendesse.

Tudo isto apenas, e só, para se apresentar a novas eleições sem prestar as contas a que está obrigado, e por elas responsabilizar o adversário político.   

Montenegro não quer a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) porque sabe que elas são como as cerejas. Que umas atrás de outras, deslindarão o seu velho modo de vida de "facilitador". 

É por isso que o país vai para eleições. Não é por outra quaquer razão!

 

A democracia é muito mais que um Guião

Link na imagem

Soube-se desde o primeiro momento em que chegou ao poder que Montenegro, apesar de ter Passos Coelho por passado político, tinha em Cavaco o seu grande mentor. Fosse por escolha própria, fosse porque o próprio lho tenha sugerido, iria seguir-lhe todos os passos, independentemente da realidade.

Hoje, em plena crise política, não há dúvidas que o guião de Montenegro é o de Cavaco, de há mais de 30 anos.  

Teimou em não esclarecer os imbróglios pessoais em que se meteu, colocando-se acima do escrutínio. Mesmo tendo-se deixado embrulhar em maior exposição que aquela a que Cavaco sempre se permitiu, indiferente aos factos, monta o cavalo do "para serem mais honestos do que eu têm que nascer duas vezes", agora selado para "só respondo a quem for mais honesto que eu".

Fala da família, e quer parecer defendê-la, mas foi ele que a entregou de bandeja na praça pública. Foi ele que, em vez de a proteger, a utilizou para se proteger. Usou a mulher, e os filhos, para, na empresa, esconder (pelo menos) a violação do dever de exclusividade. E usou um dos filhos na aquisição de apartamentos, circunstância em que usou de expedientes para fugir à declaração à Entidade da Transparência.

Salta por cima destes factos, como Cavaco sempre fugiu dos do BPN. Das acções, não cotadas, com que se encheu de dinheiro para credibilizar um dos maiores escândalos financeiros do país, que não tem assim tão poucos. E do da casa da Coelha, nas suas trocas e baldrocas.

Aqui chegado, à boca da crise em que seguiu o guião, quer ainda mais ser Cavaco. E transformar a saída para a crise num plebiscito. 

O guião é claro: encharcar as televisões de ministros e deputados a vender a campanha de vitimização para, no fim, aparecer ele próprio na apoteose final. Devidamente intoxicado, ao povão resta sair a votar em massa num primeiro-ministro fazedor e empreendedor, que tem o país num brinquinho, que tudo, e a todos - menos a uma corja de malfeitores exclusivamente focada na sua destruição, a quem não há explicação que sirva - esclareceu.

Tudo esclarecido, sigamos em frente que nada disto merece que percamos mais tempo.

Sim, até porque "tenho mais que fazer do que estar a responder-lhes todos os dias, senhores deputados"!

A democracia não é isto. Mas tem destas coisas, e pode ser reduzida ao simples depósito de um boletim de voto numa urna por eleitores prévia e devidamente amestrados!

Censura, confiança e responsabilidade

Governo apresenta moção de confiança

Sem surpresa, como aqui havia sido previsto, da guerra das tácticas saiu uma moção de confiança.

Como era fácil de prever, perante o cenário da Comissão de Inquérito, Luís Montenegro preferiu arriscar na moção de confiança, que mais não é que o "all in" em eleições antecipadas. Porque Marcelo não tem como fugir da dissolução do Parlamento.

E assim chegou ao fim a segunda moção de censura ao governo, em duas semanas. Num debate em que toda a oposição, da direita à esquerda, foi impiedosa para Luís Montenegro. Que, não o conseguiu disfarçar, sofreu a bom sofrer!

O país não precisava nada de voltar a eleições tão depressa. Parece óbvio que não as quer, e que irá penalizar quem entenda ser os responsáveis por este extemporâneo regresso às urnas. O que está longe de ser óbvio é quem vai responsabilizar. Luís Montenegro sai como o único responsável objectivo, mas isso de forma alguma significa que venha a ser essa a percepção que vingue!

Mestres da táctica

Debate. Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro entre o "tabu" da maioria  relativa e os fantasmas do passado

Ao esclarecimento exigido por Francisco Assis ("ou o Governo é sério e apresenta uma moção de confiança ou, caso contrário, o PS deve apresentar uma moção de censura”), Pedro Nuno Santos respondeu: calma, tenho uma ideia melhor - uma Comissão de Inquérito!

Para apurar tudo, tirar tudo a limpo - leia-se fritar o primeiro-ministro todos os dias durante mais de seis meses - e, então sim, conhecido tudo o que falta saber - leia-se, daqui a sete ou oito meses, já depois das autárquicas, e com o Presidente da República atado de pés e mãos ao final de mandato - apresentar a moção de censura.

É que - já se sabia -  com ele, o tempo da táctica política acabou!

Como em tácticas ninguém bate Montenegro - a última que consta é a de abrir tantas contas bancárias quantas as necessárias, para que os seus saldos nunca passassem dos 41 mil euros, que escapavam à declaração à Entidade da Transparência - é bem provável que, entre a frigideira da Comissão de Inquérito, e a loiça toda partida na moção de confiança, venha a preferir a segunda.  

 

 

A moção de confiança e o novo ciclo

Por Eduardo Louro

 

 

O governo levou hoje ao Parlamento a moção de confiança que o Presidente lhe ordenou que apresentasse. Que, mais que uma moção, foi um abuso. Um abuso de confiança, e um abuso da nossa paciência!

Um abuso que começou em Cavaco que, ao impor-lha, abusou dos partidos da coligação. Mas também da nossa paciência, no meio de tudo isto o que menos tínhamos era paciência para voltar a ouvir tudo, de uma ponta à outra, o que há pouco mais de uma semana tinha sido dito na discussão da moção de censura.

E que continuou no Parlamento – governo, maioria e oposição – incapaz de dar ao debate o caminho que as circunstâncias exigiam. Abusaram, todos. De tudo e da nossa paciência!

Ao governo competia justificar a moção de confiança, tinha a obrigação de lhe dar substância em vez de a esgotar na forma – tanta mais obrigação quanto se sabia resultar de uma intromissão excessiva do Presidente – e isso teria de ser centrado no anunciado novo ciclo. Competia-lhe transformar a moção de confiança na aprovação do guião político do novo ciclo. Só que o novo ciclo esgota-se no IRC, não tem nem mais uma alínea. E percebemos que tem essa alínea porque a comissão liderada por Lobo Xavier lhe deu vida política na semana passada, logo a seguir à tomada de posse. Não fosse isso e o novo ciclo era um livro completamente em branco.

Era por isso impossível ao governo concretizá-lo em objectivos, políticas e compromissos que se transformassem em objecto de aprovação, que credibilizassem a moção de confiança. Restou à maioria, a quem caberia aprovar o guião do novo ciclo, abusar do ridículo de todas as maiorias, esgotando-se nas mais estúpidas e descabidas questões laudatórias. Que, evidentemente, não questionam coisa nenhuma. Bajulam miseravelmente. E à oposição abusar dos jogos florais da retórica, saltando de (não) assunto para (não) assunto e deixando em paz o novo ciclo!

Poucas vezes os narizes de palhaço vieram tão a propósito...

"Uma certa podridão de hábitos políticos"

Por Eduardo Louro

 

Vai bem a moção de confiança que o governo vai apresentar no Parlamento, para dar o pontapé de saída no novo ciclo.

Divide-se em duas partes. Na primeira faz o elogio do passado, destes dois anos em que tudo correu às mil maravilhas. Sem eles nunca poderíamos ter chegado a este momento único de felicidade e optimismo que abre o país ao novo ciclo. Na segunda fala justamente do novo ciclo, do ciclo de progresso, crescimento e desenvolvimento que o novo governo, desnecessariamente remodelado e revigorado – não se percebe porquê, nem para quê, mexer num governo-maravilha, que tudo o que fez foi bem feito - nos vai trazer nesta segunda parte do seu mandato.

Posso garantir que está aqui “uma certa podridão de hábitos políticos”! E eu não minto

Ora aí está o governo, a todo o vapor...

Por Eduardo Louro

 

 

O novo governo, na sua primeira reunião em conselho de ministros, tomou a primeira decisão. Claro que a primeira decisão de um novo governo, em novo ciclo, que vai dar a volta a isto, é de alto valor simbólico. E exemplar, porque o governo sabe bem que não há uma segunda oportunidade para criar uma boa primeira impressão!

Vai daí e, a primeira decisão do novo governo, é ... a privatização dos CTT. Impressionante. Surpreendente!

Perguntarão os mais cépticos: e foi só isso? Não fizeram mais nada no primeiro conselho de ministros de Portas?

Respondo: fizeram. Decidiram ainda o texto da moção de confiança...

 

Acompanhe-nos

Pesquisar

 

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D

Mais sobre mim

foto do autor

Google Analytics