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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Benfica de oito

 

O mote para o jogo desta noite na Luz - cheia, mas não como um ovo, com algumas clareiras - tinha sido dado ontem, com o empate no clássico do Dragão. Onde as coisas até correram bem, com as habituais broncas de fim do jogo a fazerem de cereja no topo do bolo, que era o resultado.

Este jogo com o Moreirense, que até tem pregado umas partidas na Luz, era para ganhar. Não era para mais nada, mas sabe-se que jogar bem é sempre o caminho mais perto, e seguro, para ganhar.

Ainda antes de conseguir dar a perceber se vinha para jogar bem, já o Benfica estava a ganhar. O relógio marcava 6 minutos quando Pavlidis converteu em golo o penálti que aconteceu à passagem do primeiro minuto, praticamente na sequência de um primeiro lance em que Aursenes, depois de perfeitamente enquadrado, e com espaço para um remate de golo, acabou por decidir atravessar com a bola toda a frente da área adversária, até a perder. Dificilmente a entrada no jogo poderia correr melhor. Ou, se calhar, pior ...

Porque, se um golo logo a abrir era tudo o que melhor se podia esperar do jogo, a (in)decisão do Aursenes dava também o mote para o que seriam praticamente 90 minutos de más decisões.

Entrando a perder, o Moreirense não foi de experimentalismos, e pegou no jogo. Pressão alta sobre a defesa do Benfica, muita posse, e boa troca de bola. Se logo no pontapé inicial fora Aursenes a pronunciar más decisões, na resposta do Moreirense foi Bah, aos 11 minutos. Quando a equipa não se conseguia libertar da pressão alta do adversário, numa bola vinda de um ressalto no lado esquerda da defesa benfiquista, Bah, à vontade, e com o corredor aberto, em vez de correr para a bola para arrancar em posse, decidiu que era melhor deixá-la sair pela lateral, e usufruir do lançamento. 

Bah não conseguiu perceber aquele momento do jogo. Não percebeu que um ressalto tinha resolvido (mudança súbita de flanco, é assim que se responde à pressão alta!) o que a equipa não conseguia resolver. E, depois, não percebeu que, com aquela pressão, na reposição entregaria - como entregou, não havia alternativa - rapidamente e de novo a bola ao adversário.

Estava o Moreirense entretido a jogar à bola quando o Benfica engata a única transição rápida em todo o jogo: Kökçü tentou lançar Schjelderup no ataque, Dinis Pinto conseguiu a intercepção, mas a bola sobrou para Pavlidis. Que abriu em Aktürkoğlu, que rematou para grande defesa de Kewin para canto. Cobrado pelo turco para o bis de Pavlidis, no sítio certo a aproveitar um ressalto.

Em quinze minutos, e três remates, o Benfica marcava dois golos. Melhor só o Moreirense, que marcava ao primeiro remate. Apenas 4 minutos depois de sofrer o segundo golo, e depois de mais uma trapalhada de Carreras, a perder a bola quando queria entrar com ela por onde não cabia uma agulha. 

No clássico "não é preciso muito para o Benfica sofrer golos" - bastou um lançamento lateral -, o clássico desvio de Otamendi, a enganar Trubin!

Em 20 minutos, três golos. Em quatro remates. E o Moreirense, que nunca saíra do jogo, antes pelo contrário, regressava à discussão do resultado.

O jogo só dava Moreirense quando Bah se lesionou. Gravemente, pareceu. Logo a seguir foi Manu. Lesão grave, pareceu também. Entraram António Silva (para Tomás Araújo passar para a lateral direita) e Florentino. As lesões fazem mal à equipa, mas as substituições fizeram-lhe bem. Não muito, mas Tomás Araújo e Florentino passaram a estar melhor no jogo que os infortunados Bah e Manu.

Menos de um quarto de hora depois de ter sofrido o golo o jogo voltou a sorrir ao Benfica. Mais um canto, agora na esquerda, cobrado por Kokçu, para Otamendi marcar o terceiro. E repor a tranquilidade de dois golos de vantagem, antes do intervalo que, por força dos 7 minutos de compensação, chegaria 10 minutos depois. 

A segunda parte foi mais do mesmo, entre a chatice e o suplício. Aos 85 minutos o Moreirense marcou, ainda a tempo de acentuar ansiedade nas bancadas da Luz. Mais um clássico do "não é preciso muito para o Benfica sofrer golos": Carreras foge para o meio e arrisca um passe em profundidade, permitindo a intercepção da bola e o golo de Ivo Rodrigues, a finalizar com competência. A competência que Aursenes - mais uma vez -, à passagem do primeiro quarto de hora, não teve quando desfrutou de idêntica oferta do guarda-redes Kevin.

Mas mais frustrante, ainda, que a primeira parte. Foi um acumular de decisões erradas por parte de jogadores e treinador, e a gritante exposição da falta de rotinas. Os jogadores não sabem o que hão-de fazer e por isso tomam sucessivamente más decisões. O treinador ... idem, idem ... aspas, aspas!

Bruno Lage está perdido. Perdido no seu discurso labiríntico, nos seus equívocos e, receio, que na sua incompetência. E a encaminhar-se em passo acelerado para um beco sem saída.

Bruno Lage quer esconder este Benfica de oito, incapaz de transportar para os adeptos as sensações que vêm da classificação. Para que os benfiquistas acreditem que é possível recuperar os quatro pontos de desvantagem para o Sporting, poderá não ser preciso um Benfica de oitenta. Mas é preciso um Benfica constante, pelo menos de setenta.

Uma última nota para as substituições, onde Bruno Lage ficou logo condicionado pelas duas a que foi obrigado pelas lesões. Não tendo optado por utilizar o intervalo, o treinador ficou com três substituições para um único momento: a 25 minutos do fim, tirando os três da linha avançada -  Aktürkoğlu, Pavlidis e Schjelderup. Entraram Leandro Barreiro, que desperdiçou a segunda maior oportunidade da segunda parte, e Belotti e Bruma, que perderam a oportunidade para uma boa primeira impressão. Jogadores, e treinador, não conseguiram mostrar nada que abonasse a sua contratação. 

Fim de linha?

O capitão do Moreirense escolheu o campo, neste Moreirense - Benfica, que inaugurou a quarta jornada deste campeonato. O Benfica ficou com a saída de bola, e não a largou durante três minutos, empurrando o adversário  para junto da baliza. Quando a perdeu o Moreirense saiu de imediato para a frente, e criou a primeira ocasião para marcar. E só o não conseguiu porque o avançado deu um toque a mais na bola e adiantou-a a ponto de Trubin a poder recolher com alguma tranquilidade.

Estava dado o mote do jogo: o Benfica com bola, em cima da área adversária, e o Moreirense a contra-atacar a toda a velocidade logo que a recuperava. E não havia novidade. Tem sido assim!

Há muito tempo que é assim. Sem alas rápidos e desequilibradores (apenas Di Maria faz alguma coisa parecida), sem criatividade, sem ideias, sem rotinas e, agora, sem Rafa para as transições rápidas, que no ano passado resolviam a maior parte dos problemas, o Benfica não consegue outra coisa que não seja jogar para o lado e para trás.

Na primeira parte o Benfica teve a bola em quase 70% do tempo. E no entanto não criou uma única oportunidade de golo. Nem por uma única vez a bola chegou a Pavlidis em condições. Nesse entretanto o Moreirense teve esse primeiro lance, obrigou Trubin a uma boa defesa e marcou um golo, já em cima do intervalo, que viria - e bem - a ser anulado pelo VAR, por falta (pisadela no Barreiros) do marcador no início da jogada.

Ao intervalo Schmidt deixou Florentino (amarelado) no balneário - substituiu-o por Renato Sanches -, desfez a dupla de médios defensivos de que faz imagem de marca, e o Benfica conseguiu uns minutos de um mínimo de qualidade aceitável. Durou o primeiro quarto de hora, resultou em duas oportunidades de golo, ambas desperdiçadas, e acabou. A última meia hora foi tão má quanto toda a primeira parte. E no mesmo registo de uma equipa desmotivada, sem atitude, desorganizada e perdida em campo.

Ainda assim o Moreirense não conseguiu tantas saídas como na primeira parte. Assustou com um remate de cabeça de Maracás, na sequência de um livre lateral, logo que se fechou esse primeiro quarto de hora. E chegou ao golo mais de 20 minutos depois, e já perto dos 90, depois de um passe defeituoso de Carreras, em mais uma transição falhada, que acabou num remate que desviou na perna de António Silva, enganando Trubin.

As pernas dos adversários servem evitar que a bola entre na sua baliza. As dos jogadores do Benfica servem exactamente para o contrário - para a encaminhar para a própria baliza.

Pelo momento do jogo, e pelo que (não) havia jogado, a segunda derrota, ao segundo jogo fora de casa, era praticamente inevitável. Só não foi porque já a meio dos 6 minutos de compensação surgiu um penálti, que Marcos Leonardo (entrara para substituir Prestianni) converteu no golo do empate.

Na véspera do clássico de amanhã em Alvalade, o Benfica deita fora o quinto ponto, em quatro jogos. Se nada for feito, agora que o campeonato é interrompido pelo calendário das selecções, a distância para os dois rivais não vai parar de aumentar. E a participação na Champions será um suplício. É que continuar a fazer as mesmas coisas, e esperar resultados diferentes, é insanidade. Nem é preciso ser Einstein a dizê-lo!

Há jogadores e há substituições!

Os benfiquistas não andam exactamente felizes com o desempenho da equipa, e a Luz ficou abaixo dos 50 mil na recepção ao Moreirense, nesta 29ª jornada. Apenas 83 cima dos 49 mil.

O adversário é daqueles que mais complicam a vida ao Benfica. Seja lá por for - e a verdade é que não é fácil encontrar explicação - nos últimos anos o Moreirense tem sido sempre um adversário complicado. Os quatro empates, nos últimos quatro jogos, são prova disso mesmo. Roger Shmidt fez uma revolução na equipa, mantendo apenas três jogadores da equipa que iniciou o jogo com o Marselha, na passada quinta-feira. E fez outra ao intervalo, quando fez três substituições.

Talvez a aproximação do 25 de Abril, e os 50 anos da Revolução dos Cravos, estejam inspirar o treinador do Benfica. As revoluções são muitas vezes bem vindas mas, no futebol como no resto, se pudermos fazer as coisas pela evolução evitam-se alguns danos. Mas ... lá está - quando não há outra maneira de fazer as coisas é pela revolução que se tem que seguir.

Schmidt tem plantel para rodar a equipa, manter todos os jogadores motivados e rotinados no processo de jogo,  sem ter necessidade de levar ninguém ao esgotamento físico. E mental. Mas tem preferido jogar sempre com os mesmos, com os resultados que estão à vista. 

Do onze titular nos três jogos anteriores apenas Bah, João Neves e Neres se mantiveram. E até o último esteve a mais enquanto esteve. Não percebe por que o Trubin deu o lugar a Samuel Soares, mas nas revoluções nem tudo se percebe. Percebeu-se é que poderia ter corrido mal. O jogo até começou sem se dar por ele, mas em poucos minutos levou o pânico às bancadas. Que depois lho devolveram.

O primeiro quarto de hora teve pouca "estória", embora já desse para perceber que o Moreirense estava ali para honrar os seus pergaminhos. E que, inevitavelmente, o onze do Benfica não tinha rotinas. Os jogadores falhavam passes fáceis, curtos, não compreendiam os movimentos uns dos outros, e isso facilitava o trabalho dos "cónegos". Em vez de facilitar, o golo de Kokçu, aos 18 minutos - em transição rápida, claro - parece que dificultou ainda mais. E quem cresceu foi Moreirense, dando azo àquele período desconfortável para o guarda-redes do Benfica e para as bancadas, criando até uma clara oportunidade de marcar, naquela bola no poste que, depois, acabou num choque com Samuel Soares, que chegou a pôr Trubin a aquecer para entrar.

Para ajudar, depois foi Tomás Araújo, num corte precioso, a lesionar-se. E, pouco depois, foi Cabral a acordar a equipa, e as bancadas, com um grande remate à trave, desviada por uma enorme defesa do guarda-redes contrário. Só entãoque o jogo mudou. E Tomás Araújo, ainda em campo e lesionado (não regressaria, substituído por António Silva, numa das três substituições ao intervalo), marcaria o seu primeiro golo, e segundo do Benfica. Na sequência de um canto - pois, golos só em transições e bolas paradas - já no período de compensação da primeira parte.

Ao intervalo, o resultado era bem melhor que a exibição. 

A segunda parte foi diferente, para bem melhor. E corrigiu essa sensação. Com 45 minutos de adaptação, a equipa apareceu mais entrosada e passou a jogar e a dominar por completo o jogo. Só marcou mais um golo, também o primeiro de Rollheiser (como é possível que Shmidt não tenha dado mais oportunidades?), já à entrada do quarto de hora final. Um belo golo, numa bela jogada. E um dos poucos em ataque continuado nesta época, que colocaria justiça no resultado de um jogo em que dispôs de nove oportunidades claras de golo.

De um jogo que demonstrou que há jogadores para fazer muito melhor do que aquilo que o Benfica tem feito. Tiago Gouveia, Rollheiser, Tomás Araújo, Álvaro Carreras, Kokçu e até Morato - ambos nos seus lugares -, e mesmo Cabral, provaram que "só" precisam de jogar. Que Schmidt, que finalmente fez as cinco substituições de que dispõe, dando até oportunidade a Spencer (mesmo fora da sua posição), mais um miúdo, se estrear na equipa principal, tenha percebido, é o que deseja! 

Quando assim é, nem é preciso falar de arbitragens - um penálti claro num lance genial de Cabral, e um vermelho transformado em amarelo. Basta utilizar bem os recursos disponíveis, e todos saímos satisfeitos. Sem assobios!

"Munta fortes"

Um jogo em Moreira de Cónegos é sempre difícil para o Benfica. O campo é de medidas reduzidas, e o Moreirense é sempre um equipa que (se) defende bem, e que coloca sempre grande intensidade no jogo. Um jogo arbitrado pelo "amigo de Peniche" é sempre difícil para o Benfica.

Este jogo de hoje era já, por isso, duplamente difícil. Não era preciso que Roger Schmidt arranjasse mais dificuldades!

O campo não cresceu, continuou pequeno. O Moreirense entrou com grande intensidade, e mandou até no jogo durante o quarto de hora inicial. Depois - foi precisamente aos 15 minutos que o Benfica apareceu, naquele remate de Di Maria, muito bem defendido pelo guarda-redes dos "cónegos" - defendeu(-se). E Fábio Veríssimo fez o que é costume, mesmo que nem tenha precisado de fazer tanto como é costume. Desta vez limitou-se a deixar os dois centrais do Moreirense em campo durante todos os 90 minutos: um, o Maracás deveria ter sido expulso no fim da primeira parte, quando impediu em falta que Rafa ficasse isolado; e o outro, o Marcelo, aos 5 minutos da segunda parte, numa entrada sobre Kokçu. Em ambos os casos ficou-se pelo amarelo, e o VAR pela cumplicidade.

 Tenho evitado falar do treinador do Benfica. Tem sido vítima de perseguição pela generalidade da comunicação social, numa campanha que tem chegado a ser reles, e isso justificaria que o defendêssemos. Mas também é preciso que seja ele a fazer alguma coisa. 

Roger Schmidt perdeu a cabeça com a comunicação social. Foi pouco "alemão", não conseguiu a frieza necessária para reagir à campanha contra ele lançada, e foi dando o flanco. Sem falar português - onde é que se viu isso ser problema contra qualquer outro treinador estrangeiro ? - apareceu hoje nas primeiras páginas dos jornais desportivos a dizer que "tamos munta fortes". Foi assim mesmo que me pareceu que deveria ter sido traduzido!

Foi justamente por me ter soado assim que decidi deixar de dar para o peditório da defesa de Roger Schmidt.

Na realidade as dificuldades do jogo já eram já suficientes. Pedia-se-lhe que as resolvesse, e que não criasse mais. Só que não foi nada disso que fez. Começou a criá-las com o "tamos munta fortes". Tão fortes que nem é preciso fazer nada para ganhar os jogos, basta deixá-los correr. Por isso a equipa só entrou aos 15 minutos, deixou correr o jogo, e a criar mais dificuldades. Como se não fossem ainda suficientes, a cada substituição criou novas dificuldades. 

Ao intervalo retirou o Florentino e o João Neves. O centro do meio campo. E mais, o motor da equipa. Para entrarem Chiquinho, com as limitações que tem, e Kokçu, vindo de lesão e completamente fora de forma. Ninguém percebeu. 

Já perto da entrada do último quarto de hora quando, sem golos e sem sequer oportunidades para isso, quando era preciso reforçar a presença na área adversária, trocou de ponta de lança. Curiosamente foi nesse momento que aconteceu o golo de ... João Mário. Anulado por fora de jogo de Kokçu, na assistência. Nas escolhas do ponta de lança Schmidt parece jogar à roleta russa, e a troca de Tengstedt por Cabral foi apenas a criação de mais dificuldades. 

Ninguém percebeu. A dois minutos dos 90 substituiu João Mário por Gonçalo Guedes. E Morato, a jogar aquele tempo todo como defesa esquerdo, por João Victor. Que é também um central e entrou para a a direita, passando Aursenes para a esquerda. Alguém consegue perceber?

Isto não é nada. Com 65% de posse de bola, o Benfica rematou as mesmas 11 vezes que o Moreirense. 

Roger Schmidt perdeu a cabeça, perdeu o tino e perdeu todo o espaço no Benfica. E não é de hoje!

 

 

 

Perder sem perder

Há jogos que, sem se jogar muito bem, também não se joga mal. Em que a superioridade sobre o adversário é clara. Em que, sem se criarem inúmeras oportunidades de golo, se criam as suficientes para, com uma taxa de aproveitamento simplesmente razoável, golear.  

O jogo do Benfica esta noite em Moreira de Cónegos, foi um desses. 

O Benfica não fez uma exibição ao nível dos que nos tem habituado. Nem isso seria de esperar de uma equipa com Draxler - tardou tanto em afirmar-se que já não tem tempo para ganhar espaço - e Chiquinho, e com apenas dois jogadores  dos jogadores decisivos - Grimaldo e Rafa - a manterem o estado de forma ao nível anterior à interrupção para o Mundial. Mas jogou o suficiente para ganhar o jogo, condição necessária para seguir para os quartos de final - a novidade deste ano - da Taça da Liga.

O empate deixava Benfica e Moreirense empatados com os mesmos 7 pontos e a mesma diferença favorável de 3 golos, com o desempate a favorecer o líder da segunda liga por ter mais um golo marcado (e sofrido). Por culpa do próprio Benfica, porque não se aceita lá muito bem que perante os mesmos adversários, e todos da segunda liga, não tenha conseguido fazer melhor que o Moreirense. Os minhotos apostaram tudo nesse desfecho, e contaram com a inspiração de Passinato, um velho conhecido. Defendeu tudo o que havia para defender, incluindo o golo. Até esse remate de Gonçalo Ramos defendeu, mesmo que sem evitar que a bola acabasse dentro da sua baliza, já perto do intervalo.

Antes, aí pelo meio da primeira parte, depois de 20 minutos a sufocar o adversário, num daqueles penáltis da nova vaga, em que a bola vinda de um lançamento lateral foi bater no braço de Florentino, já o Moreirense tinha marcado. Mas também já demonstrava que, sempre que pudesse, isto é, sempre que não fosse obrigado a estar lá acantonado lá atrás, conseguia sair em contra-ataque.

Se se quisesse uma fotografia do jogo seria esta. O Benfica em cima da área contrária, mas com limitador de velocidade, tipo "cruize control", e o Moreirense, quando podia. a sair em contra-ataque em aceleração. No "passeio" do Benfica faltava aos jogadores a inspiração sobrava a Passinato. E nem essa coisa da sorte e do azar das bolas nos ferros pode ser invocada. Se o Benfica teve três remates nos ferros da baliza de Passinato, o Moreirense teve dois na de Odysseas. Que em todo o jogo fez uma única defesa.

Também Roger Schemidt poderia ter estado mais inspirado. Mexeu muito tarde na equipa esperando, também ele, que em algum momento a bola acabasse por entrar. Poderia ter entrado, até ao último minuto, ocasiões não faltaram. Mas não entrou e, mesmo continuando sem perder em competições oficiais, empatar foi perder. 

E dizer adeus a uma competição, que é sempre um título, no confronto com equipas da segunda liga, não agrada a ninguém. Evidentemente. 

 

Em estado de emergência

 

Poderá sempre dizer-se que há jogos assim em todos os campeonatos. O Benfica teve pelo menos dez oportunidades claras de marcar, entre as quais duas bolas nos ferros, uma na barra e outra no poste. E marcou apenas um golo, por acaso numa jogada fortuita, e afortunada. Um golo até algo caricato. E sofreu outro, num auto-golo, na sequência de um lance ilegal, que ainda se está por perceber como o VAR validou.

O problema é que o Benfica já não tinha campeonato para jogos assim. E quando já não há campeonato para jogos assim, simplesmente não pode haver jogos assim!

Percebeu-se desde o início que este jogo com o Moreirense ia complicar-se. A equipa do Benfica entrou como teria entrado há algumas semanas, ou a alguns meses. Depois das indicações deixadas no último jogo, com o Paços, que apontavam para um futebol noutra direcção, e com outro rumo, a equipa voltou para trás. Na primeira metade da primeira parte não jogou nada. Absolutamente nada. Com um único remate, o de Rafa, à barra, ia o jogo já com 20 minutos. Nesse período o Moreirense, só a defender, fez quatro!

O futebol do Benfica resumiu-se a cruzamentos sem nexo. Sem qualquer critério e bombeados para a área contrária, com dois jogadores  do Benfica asfixiados por oito ou nove adversários, sempre de frente para a bola. Nunca chegou à linha de fundo, nunca rematou de fora da área, nunca conseguiu uma transição rápida. A bola nunca chegou aos pontas de lança - Seferovic e Darwin - e por isso nunca puderam fazer um remate, que fosse. À excepção de uma espécie de remate de cabeça de Seferovic, já perto do final da primeira parte.

Mesmo assim o Benfica acabou a primeira parte com quatro remates. Todos de golo. Todos que apenas por centímetros não acertaram na baliza, com o guarda-redes - que em todo o jogo fez apenas três defesas - batido. 

Pode até parecer que a segunda parte foi diferente. Mas não foi muito diferente. E não foi diferente a qualidade global da equipa. 

Já não houve tanto daqueles cruzamentos disparatados, em que Gilberto foi rei. Por uma ou outra vez a bola chegou à linha de fundo. A equipa rematou mais, mesmo que apenas quatro remates tenham sido enquadrados com a baliza. E criou mais seis ou sete ocasiões de golo. Mas veio ao de cima o que a equipa não tem. 

O Moreirense passou o jogo todo com 11 jogadores dentro da área. E entretido nas mais diversas práticas de anti-jogo, sempre com a complacência do árbitro - Rui Costa. Do Porto, como não pode deixar de ser com este Benfica. Ainda assim conseguiu arranjar tempo e forma de trocar a bola, e sair a jogar. E cada vez que passava do meio campo - o que acontecia para aí de 15 em 15 minutos - a defesa do Benfica deixava-nos à beira de um ataque cardíaco. Era uma aflição. Numa dessas aflições, um quarto de hora depois do recomeço, Gilberto marcou na própria baliza, em boa verdade a meias com Otamendi (a ilegalidade do lance não altera em nada a aflição). 

Ora isto só tem a ver com o que a equipa não teve hoje, nem tem há muito, sem o que se não ganham campeonatos. A equipa não pressiona o adversário. Às vezes imita essa pressão, mas não passa de uma imitação. Nunca consegue abafar o adversário. Não tem intensidade para isso. Não tem força mental para fazer isso. Não se sabe posicionar de forma a manietar o adversário, a impedir-lhe que troque a bola.e que surja com ela dominada em frente aos defesas.

Depois, vem a arbitragem. A de hoje, como a de praticamente sempre. E isso tem a ver com o estado a que chegou o Benfica. Acossado por todos os lados, perdeu a respeitabilidade. Nunca foi tão fácil faltar ao respeito ao Benfica!

Hoje a arbitragem voltou a ser parte activa do resultado. O golo do Morerirense - o auto-golo do desastrado Gilberto - tinha ser invalidado. Desde logo pelo árbitro assistente e, em última análise, pelo VAR. Há dois jogadores do Moreirense em claríssimo fora de jogo. Um deles disputou a bola com Otamendi, que despois a chuta contra Gilberto, antes de se encaminhar para a baliza. Há um lance, pelo menos esse, sobre o Grimaldo, em cima do intervalo, que teria de levar à exibição do cartão vermelho ao jogador do Moreirense. Permitiu todo o anti-jogo que os jogadores do Moreirense quiseram fazer, simulando lesões (depois de rebolarem e serem assistidos até piscavam o olho), assinalando faltas cada vez que se mandavam para o chão. Uma dessas vezes coube a Steven Vitória, na sua grande área, com a bola a seguir para Gonçalo Ramos, que a introduziu  na baliza. Rui Costa - o árbitro - apitou antes dela entrar, quando as regras mandam seguir o lance para, se acabar em golo, ser avaliado pelo VAR (sabemos que, da forma que as coisas estão, não daria em nada de diferente). E, no fim, com 10 substituições - em que as cinco dos jogadores de Sá Pinto tiveram todas prolongadas festas de despedida - e com outras tantas, ou mais, interrupções para o festival de simulações do Moreirense, compensou com 6 minutos.

Hoje, três dias depois, a entrevista do nosso Rui Costa morreu. Nada é possível construir em cima das ruínas que hoje sobram do Benfica. Sem jogadores, sem estrutura técnica e sem liderança não há projecto. Hoje, no Benfica, só há emergência. Também a conferência de imprensa de Nelson Veríssimo ajudou a confirmar isso mesmo. Na parte que lhe toca, que é pouca evidentemente. 

Sofrimento a mais. Não havia necessidade!

Moreirense 1-2 Benfica: Sofrimento desnecessário

 

O Benfica arrancou para o campeonato em Moreira e Cónegos, com um onze de alguma forma surpreendente. Seis alterações relativamente ao jogo de Moscovo, onde a equipa tinha deixado boas sensações, praticamente assegurando a passagem ao play-off de acesso à Champions.
 
Jorge Jesus justificou as alterações com as "condições fisiológicas" dos jogadores - e com a falta de tempo para a sua recuperação - e mexeu em tudo o que podia mexer. Manteve o guarda-redes Vlochodimos, porque Helton Leite estava castigado, e porque não há como tirar o grego da baliza, Diogo Gonçalves e os três centrais. Que não tem nada a ver com a ideia da defesa a três, como já aqui tinha referido no jogo com o Spartak de Moscovo. Tem exclusivamente a ver com a qualidade de Lucas Veríssimo, Otamendi e Vertonghen, e com as complicações de deixar qualquer um destes indiscutíveis de fora, mas também com segurança defensiva. A partir desses quatro foi tudo diferente, mesmo que Gonçalo Ramos, que fez um jogo enorme, tivesse jogado grande parte da partida de Moscovo, depois da lesão de Seferovic, aos 38 minutos.
 
Com Seferovic, Rodrigo Pinho e Darwin lesionados, Yaremschuk ainda por integrar na equipa, e Carlos Vinícius (estranhamente) fora dos convocados, também não havia alternativa ao Gonçalo.
 
Com João Mário também impedido por castigo estreou-se Meité, que deixou boas indicações, muito embora também dúvidas – a esclarecer nos próximos jogos – sobre se será o exactamente o médio que acrescente algo de significativo ao meio-campo. E voltou à titularidade o sempre inconsequente Tarabt, esse sim, que não acrescenta.
 
Com tantas mexidas era de recear pela resposta da equipa num jogo sempre difícil, como têm ultimamente sido os jogos com o Moreirense - em Moreira de Cónegos, mas mesmo na Luz -, agora treinado por João Henriques, também ele a colocar grandes dificuldades ao Benfica nos últimos tempos. No entanto a equipa respondeu bem, e a primeira parte foi de amplo e confortável domínio encarnado. Marcou cedo, logo aos 9 minutos, por Lucas Veríssimo, praticamente atropelou o adversário e, cedo também, dez minutos depois, chegou ao segundo golo, por Luca Waldschmidt. Teve mais três ou quatro oportunidades claras de jogo, entre as quais duas bolas nos ferros, mas permitiu o golo do Moreirense, na única vez em que se aproximou da baliza de Vlachodimos, num erro de Vertonghen, já próximo do intervalo. Que, diz a história, poderia tornar complicado um jogo que estava fácil.
 
Não se complicou aí, mas complicar-se-ia logo no início da segunda parte, quando Diogo Gonçalves cometeu uma falta indesculpável, que lesionou um adversário, e que o árbitro - Vítor Ferreira, do Porto, claro - depois de chamado pelo VAR a ver as imagens, expulsou. Exactamente ao contrário do que sucedera logo a seguir ao primeiro golo, quando expulsou Artur Jorge, num lance em que Waldschmidt seguia isolado, e reverteu depois para amarelo. Poderá até não ter estado mal nestas decisões cruciais, mas esteve mal em muitas outras ocasiões, em especial no atropelamento a Gonçalo Ramos, pelas costas. quando seguia isolado para a baliza adversária, e deixou o cartão vermelho no bolso.
 
A partir da expulsão de Diogo Gonçalves, com dez, o Benfica passou por dificuldades. Não que o Moreirense tenha massacrado, nada disso, nem que tenha criado oportunidades de golo. Uma apenas, bem contrariada por Vlachodimos, menos qua as duas que o Benfica criou nesse período. Mas porque a equipa não mais teve o jogo verdadeiramente controlado, ficando à mercê das contingências de um jogo de futebol.
 
Jorge Jesus fez as substituições que se impunham, mas nunca conseguiu mais que minimizar os estragos, à medida que o jogo se ia complicando e ficando cada vez mais quezilento, com muitas faltas de parte a parte, e com os jogadores do Moreirense a abusarem da falta, da teatralização e da simulação. E com sucessivos amarelos para ambos os lados. Para o do Benfica, por tudo e por nada, para o do Moreirense por faltas que muitas vezes justificavam outra cor. Por isso o último apito do árbitro foi longamente esperado e, por fim, recebido com grande alívio.
 
Não era preciso tanto sofrimento. Que só foi possível por tanto desperdício, o que começa a ser preocupante, e pela asneira, grossa, do Diogo Gonçalves. 

A janela

Jorge Jesus:

Cada sinal de melhorias já só serve para aumentar a desilusão. Sempre que se lhe abre uma janela, o Benfica fica sem saber o que fazer.
 
O jogo de hoje em Moreira de Cónegos abria uma janela de oportunidade, não para o relançamento da luta pelo título,  que sobre isso já não há ilusões, mas para a discussão do segundo lugar, que sendo sempre o primeiro dos últimos, dá acesso à Champions. A equipa do Benfica olhou para essa janela e só viu que era uma oportunidade para para se mandar dela abaixo.
 
A equipa surgiu com a surpresa de Helton na baliza, e sem a surpresa de Pizzi no banco. Sem nunca chegar a um nível exibicional que confirmasse as melhorias anunciadas, o Benfica entrou no jogo dando sinal de queria ganhar e aproveitar a janela que se abrira com mais um empate do Porto, na véspera. E para se manter agarrada ao Braga, que ganhara nos Açores, no terceiro lugar. Não jogou propriamente mal, e criou algumas oportunidades de golo, perante um adversário que só defendia em cima da sua baliza.
 
Chegou ao golo aos 25 minutos (Seferovic), quando já o justificava. Continuou a dominar o jogo e o adversário, e poderia ter ampliado o marcador. Não o fez e, em cima do intervalo, aconteceu o que tem sido costume: na primeira vez que o Moreirense chegou à área do Benfica fez golo. Na história desse golo não entra apenas o minuto, o marcador, e o facto de ter sido a primeira chegada da equipa minhota à área adversária.
 
Tem mais história. Começa num lançamento longo para o ponta de lança do Moreirense, sobre a esquerda. Que à vista desarmada estava em claríssimo fora de jogo. Recebeu a bola, fez uma humilhante cueca ao Grimaldo que, quando meio atordoado ainda tentou recuperar a posição, ficou com os braços nas costas do jogador do Moreirense. Que não se fez rogado e caiu bem dentro da área. Penalti!
 
Penalti claro, sem quaisquer dúvidas. Penalti, essa coisa que, ao que se vai vendo, terá de constar de uma qualquer alínea de um qualquer artigo dos regulamentos da Liga proibindo-o sempre que a favor do Benfica.
 
A mão de Grimaldo nas costas do avançado do Moreirense teve intensidade suficiente para o derrubar? Não interessa, a intensidade não se discute. Estava fora de jogo, como as imagens que víamos mostravam claramente? Não, mostraram-nos as imagens do VAR. Estava - não 10 ou 11 - por 46 centímetros em jogo!
 
E lá foi o jogo para intervalo, com 1-1 no marcador.
 
Na segunda parte o jogo foi substancialmente diferente, e acima de tudo muito mais mal jogado. Teve largos momentos, em especial entre os  mais próprios de 60 e os 80 minutos, um "casados-solteiros" do que um jogo de  futebol do sexto mais importante campeonato da Europa. O Moreirense subiu no terreno, e disputou mais o jogo em todos os metros quadrados do terreno. E o Benfica foi cada vez mais caindo na mediocridade habitual do seu futebol, agravando-se com o estoiro físico da maioria dos jogadores. 
 
Mas teve mais histórias. Aos 60 minutos Vertonghen foi carregado dentro da área do Moreirense. Penalti? Não! Para além de estar proibido na tal alínea do tal artigo dos regulamentos da Liga, também aquilo não é falta. Só que minutos depois - que azar! - o Taarabt faz exactamente aquilo a meio do campo e... falta. Já ontem no Dragão víramos o mesmo: uma carga nas costas de um jogador do Boavista dentro da área do Porto, não foi falta. Poucos minutos depois, uma carga igual sobre Corona, a meio do meio campo de ataque portista, já foi falta.
 
Dois minutos depois, o árbitro Manuel Oliveira assinalou penalti, por falta sobre Weigl. Não podia ser, isso é contra os regulamentos da Liga. Mas víamos as imagens, e não tínhamos dúvidas: o defesa do Moreirense empurrou Weigl, mas sem intensidade. A tal. De tal forma que o jogador do Benfica não caiu, como tinha caído o do Moreirense. Desequilibrou-se, apenas. Continuamos a ver as imagens e vemos que acaba por cair, quando leva um toque no pé esquerdo, o que antes o mantinha de pé.
 
Nunca mais vimos essa imagem, a Sport TV fez o favor de não o voltar a mostrar. O VAR chama Manuel Oliveira para ir ver as imagens que tinha para lhe mostrar. E mostrou, só não mostrou a do toque no pé esquerdo do alemão do Benfica. Manuel Oliveira não teve dúvidas que o Weigl o quis enganar, reverteu a decisão do penalti e mostrou-lhe o cartão amarelo, quando o enganador era o VAR. E agora volto ao fora de jogo no lance do penalti que deu o empate ao Moreirense. Depois de ver esta falta de escrúpulo do VAR na manipulação de imagens, nunca mais acredito nas linhas de fora de jogo que nos impingem. E fiquei sem qualquer dúvida que aqueles 46 centímetros com que este VAR validou aquele penalti são uma das mais evidentes mentiras do VAR.
 
E lá seguiu tranquilo. Daí até ao fim foi o resto do calvário que é esta equipa do Benfica atravessa. Podia ter chegado ao golo da vitória, aos 79 minutos, na única jogada de futebol digna desse nome na última meia hora do jogo, concluída com uma excelente cabeçada de Darwin. Que o guarda-redes do Moreirense, evitou com uma defesa incrível. 
 
Os últimos minutos foram apenas penosos, com os jogadores do Benfica de rastos. Já só iam, nunca mais vinham. E o Moreirense só não acabou por ganhar o jogo porque não calhou. 
 
E no entanto Jorge Jesus achou que a equipa fez um grande jogo. O que torna tudo ainda mais preocupante. 
 
O Benfica podia, e devia, ter vencido o jogo. A arbitragem foi o que foi - imagine-se o que por aí iria se o que se passou se tivesse passado com outros -, o erro de Grimaldo é inaceitável, e sabe-se que a equipa não tem condição mental para tanta contrariedade. Posso admitir que, sem o erro de Grimaldo, e sem os erros da arbitragem, tudo poderia ter sido diferente. Mas isso não esconde o estado lastimável deste Benfica, nem a realidade de um Jorge Jesus definitivamente fora de prazo de validade.
 
A janela não serve só para nos mandarmos dela abaixo. Também serve para dizer adeus!

 

Adeus capitão. Adeus fantasma!

 

O Benfica não está a jogar o triplo, está a jogar bem mais. Se a base for o que jogou na segunda metade da época anterior o multiplicador não é três, é capaz de ser o infinito - está a jogar infinitamente mais!

Tivesse concretizado metade, ou até um terço, das oportunidades de golo criadas hoje, no jogo com uma das bestas negras da Luz das últimas temporadas, e estaríamos a falar de uma exibição esplendorosa. 

Este jogo com o Moreirense seria sempre especial. Porque era o primeiro jogo oficial da época na Luz, e o último de Rúben Dias. E porque era um jogo cheio de fantasmas: há duas épocas que o Moreirense alimenta um fantasma na Catedral.

Percebeu-se logo a confirmação não confirmada da notícia do dia, que apontava a saída de Rúben Dias para o Manchester City. Mesmo que a transmissão da Benfica TV a tivesse querido ignorar olimpicamente, acabando mal na fotografia com as declarações do próprio Rúben na flash-interview no final do jogo. Era evidente que o último dos titulares da equipa proveniente do Seixal, e o único titular da selecção nacional que representava o Benfica, era o preço a pagar pela eliminação da Champions. A braçadeira de capitão, quando na equipa estavam André Almeida e Pizzi, os dois a quem sucedia nessa hierarquia, dizia-nos isso mesmo.

E pronto, de praticamente meia equipa com origem na formação, num ápice o Benfica passa a uma equipa sem jogadores da casa. Morto e enterrado o famoso projecto do Seixal, seja porque o treinador, como há muito se sabe, não está para aí virado; seja porque, na hora de fazer dinheiro, Luís Filipe Vieira e Jorge Mendes não conheçam outra fórmula. Agora acabou!

Mas...voltando ao jogo de hoje. Foi uma exibição a que faltou meia dúzia de golos. No jogo anterior, em Famalicão, a equipa jogou muito bem e fez cinco golos. Em 14 remates. Hoje a equipa jogou muito melhor, mas em mais do dobro dos remates fez apenas dois golos. Dos 29 remates, 10 foram enquadrados com a baliza, sete dos quais salvos por seis grandes defesas do Pasinato, guarda-redes do Moreirense, a maioria delas sem que ainda saiba como, e um por um defesa que não se sabe donde apareceu para em, cima da linha de golo evitar o golo gritado de Waldschmidt que, servido de bandeja por Darwin (grande exibição!), depois de passar pelo guarda-redes, rematou para a baliza deserta. Um, de André Almeida, foi ao poste. E na maioria dos restantes 18 Pasinato estava batido mas a bola acabou ligeiramente por cima ou ao lado.

O primeiro golo chegou bem atrasado, pela forma como o Benfica entrou no jogo, sem deixar o adversário respirar, e retirando-lhe completamente a bola. Tinha de ser assim, porque no pouco tempo em que o Moreirense então a teve percebeu-se que sabia bem o que fazer com ela. Chegou aos vinte minutos, e pensou-se que, pela avalanche atacante do Benfica, outros se seguiriam. Não foi assim. Chegou apenas mesmo no final da primeira parte, em mais uma bonita jogada de futebol e numa finalização perfeita de Darwin (e como merecia o golo!). Mas acabaria anulado, por fora de jogo do uruguaio.

E com o segundo, que não foi, terminou a primeira parte, cheia de grande futebol. Na qual o Moreirense ainda ensaiou com propósito duas ou três saídas para o contra-ataque, concluindo uma única, com um remate que bateu em Grimaldo e obrigou Vlachodimos à sua única defesa em todo o jogo. E que defesa!

O resultado magro ao intervalo, mas principalmente a inusitada quantidade de oportunidades não concretizadas, começava a engordar o fantasma que as bancadas despidas escondiam.

À medida que o relógio ia avançando pela segunda parte fora, e os remates continuavam a sair ao lado, ou por cima, a bater no ferro, ou a ser defendidos, o fantasma engordava ainda mais, e parecia já passear no campo. O Moreirense não fazia nada que assustasse, e não assustava mesmo. Mas os fantasmas assustam. Sempre.

E na realidade só desapareceu aos 80 minutos, quando Seferovic - que havia entrado a substituir o Waldschmidt sem que se percebesse muito bem por quê -, com mais um serviço de bandeja do Darwin, chutou para o segundo golo. Finalmente!

Curioso é que, num jogo em que a única complicação foi mesmo marcar golos, tenham sido dois jogadores que estão de saída a fazê-lo. Um no último jogo pelo Benfica, e outro ... se calhar também.

Foi um jogo de adeus. Até de adeus ao fantasma. Mas também de uma grande exibição colectiva, com nota alta para todos os jogadores, mas altíssima para Darwin, Rafa, Everton, Rúben Dias (claro) e Gabriel, para já muito bem na sua nova posição. 

Já está!

 

O Benfica já entregou a liderança ao Porto. Pelo que se foi vendo nos últimos jogos parece até que a pressa era grande.

Este jogo de hoje, com o Moreirense, na Luz, não foi em nada diferente dos últimos. Foi simplesmente mais do mesmo, porque já não há equipa que não saiba explorar as imensas fragilidades deste Benfica.

Enquanto a equipa gozou de níveis de eficácia acima da média, ainda foi dando para esconder muita coisa. Depois, quando as oportunidades deixaram de ter esses níveis de aproveitamento, só ficaram os defeitos à mostra para toda a gente ver. E toda a gente os vê, sem que o Bruno Lage os consiga resolver.

Percebeu-se logo no início do jogo que voltaria a ser assim. Nem se pode dizer que o Benfica tenha entrado mal no jogo, a equipa circulava bem a bola, e ao contrário de outros jogos não falhava muitos passes. Viu-se até o Veigl deixar pela primeira vez algum do perfume do seu futebol, mas ficava claro que faltava velocidade na circulação do jogo.

Neste registo o Benfica empurrou o Moreirense lá para trás, chegou a ser sufocante, recuperando bolas, umas atrás das outras, ainda em cima da grande área adversária. Só que, ao ritmo de uma vez a cada dúzia de minutos, o Moreirense escapava a essa pressão alta do Benfica e largava quatro ou cinco jogadores em direcção à baliza de  Vlachodimos e, por inacreditável que pareça, criou quase tantas oportunidades de golo como o Benfica com 70% de posse de bola, em regime de asfixiamento.

A segunda parte arrancou no mesmo registo, mas com mais carga dramática. Nos primeiros quatro minutos o Benfica desperdiçou um penalti (Pizzi atirou para fora) e teve um golo confirmado e depois anulado pelo árbitro, depois de recorrer às imagens  VAR. Nessa altura, ainda antes do minuto 50, não houve quem não ficasse convencido que desta vez ... já não dava.

E a partir daí a equipa caiu a pique. As substituições, como também é habitual, não melhoraram nada, e tudo passou a ser mal feito. Foi sem surpresa que aos 67 minutos a bola entrou, mas na baliza de Vlachodimos. E só por milagre não voltou a entrar um quarto de hora depois!

Ao minuto 90 o Benfica acabou por chegar ao empate, na única forma em que poderia marcar. E mesmo assim... Sim, de penalti. Pizzi voltou a falhar, marcando pessimamente. Valeu-lhe a recarga, que evitou a derrota e deu no primeiro empate neste campeonato. Que deve ter sido hoje  entregue ao Porto em bandeja de prata!

Bateu no fundo, o Benfica? Não creio. Há ainda mais fundo para cair daqui para a frente.

 

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