Dizia aqui no passado domingo que era difícil o Benfica, agora, não jogar bem. Dizia então que não importavam as circunstâncias, o adversário ou estado do relvado. Ficou para hoje dizer que nem importam os jogadores: actualmente o Benfica joga bem independentemente dos jogadores que joguem!
Hoje, na Grécia, nem o adversário, nem o ambiente do estádio, nem os adeptos, nem nada impediu que, repetindo apenas três jogadores da equipa do último jogo em Paços de Ferreira, o Benfica jogasse bem. E ganhasse!
O que não quer apenas dizer que o Benfica tem um excelente plantel - nos dois ou três últimos anos também tinha. Quer dizer que Jorge Jesus percebeu isso. Mas também que mudou, e muito!
O Benfica hoje não geriu apenas o plantel, não se apresentou apenas com outros jogadores sem perda de rendimento. O Benfica hoje dominou verdadeiramente o jogo!
Já não é aquela equipa excitante, eléctrica, que partia vertiginosamente para cima da defesa adversária, sempre no mesmo ritmo, até se acabarem as pilhas. Não, Jorge Jesus mudou. E a equipa controla a bola, controla o jogo e domina o adversário, retirando-lhe toda a iniciativa. E dá gosto ver jogar!
Os jovens (e os outros) não têm emprego. Diz o governo: mudem-se, mudem-se lá para fora, emigrem. Os professores não têm emprego, e o governo diz-lhes: mudem-se, vão para Angola, para Moçambique, para o Brasil…
Os militares não estão bem. O governo diz: quem está mal mude-se! Os funcionários públicos torcem o nariz à mobilidade: mudem-se, vão embora!
Ao Presidente da República cheirou a contestação numa escola… e mudou-se. Deu meia volta e regressou a Belém! O Presidente mudou-se de Belém para Cascais para participar uma conferência sobre natalidade, na abertura do Roteiro do Futuro (???), e levou um séquito de segurança para se defender de … jornalistas!
Um ex-presidente – Mário Soares – gaba-se de ter feito mudar Sócrates. Não fosse ele a convencer Sócrates a chamar a troika e eles ainda hoje cá não estariam!
Digam lá que isto não é um país em mudança…
Até está em liquidação total, por mudança … de ramo! E com tudo doido...
Pedro Passos Coelho vai partir para Bruxelas - no que constituirá o seu primeiro acto externo como primeiro-ministro - para a reunião do conselho europeu: a tal que era importante não falhar e à qual, porventura, deveremos grande parte da celeridade e da eficácia em todo o processo de constituição do governo!
A comitiva governamental liderada por Passos Coelho não se irá deslocar no Falcon. Nem sequer voará em executiva: vai mesmo voar em económica!
Isto não é demagogia. Nem populismo. Isto também é mudança!
São também estas coisas que ajudam a melhorar a qualidade do ar que se vai respirando em Portugal nas últimas duas semanas!
Estamos em tempo de férias, em pleno pique de Agosto, cada vez mais o mês das férias.
Muitas empresas, por cá e a exemplo do que sucede por essa Europa fora, encerram mesmo durante este período. Cada vez mais o período anual das diferentes actividades vai de Setembro a Julho, e já não tanto de Janeiro a Dezembro. Apesar de, em Portugal, os exercícios económicos continuarem a seguir o calendário anual de Janeiro a Dezembro e dos Balanços se fazerem a 31 de Dezembro de cada ano, a realidade é que deveriam fazer-se em 31 de Julho. Agosto seria riscado do calendário para todas as actividades não turísticas, e o ano iniciar-se-ia a 1 de Setembro.
O mês de Agosto é um mês de férias, de descanso, de retempero de forças. Mas também de balanço do que ficou para trás e de perspectivar o futuro, muitas das vezes com esperanças renovadas, com promessas de mudanças. De rotinas, de hábitos e de comportamentos.
Provavelmente quem se der a estes exercícios durante este mês de Agosto será levado ao desânimo porque, estamos mais uma vez, ou continuamos, mergulhados na crise.
Todos sabemos que, passados os primeiros anos de integração europeia quando, por força do nosso baixo nível de desenvolvimento e dos recursos canalizados para a nossa economia, atingimos níveis de crescimento assinaláveis, passamos sistematicamente a divergir dos padrões de crescimento global deste espaço que integramos.
Uma divergência no crescimento económico que nos tem empobrecido e deixado mais distantes dos nossos parceiros de comunidade. E que se faz sentir em muitos outros indicadores, que não exclusivamente económicos, onde desencantadamente vamos ocupando cada vez mais o fundo das tabelas.
E porquê?
A resposta é unanimemente aceite: educação e formação.
Em Portugal não temos levado a sério este desafio da educação e da formação. Pelas mais diversas razões, e apesar da enorme quantidade de recursos canalizados para estes sectores. E, no entanto, é também já consensual entre nós a importância estratégica da educação e da formação profissional enquanto vector fundamental de desenvolvimento.
Por que falhamos então este desígnio nacional?
Fundamentalmente porque ele ainda não corresponde a uma vontade colectiva. De todos e de cada um. Porque muitos de nós achamos que nada temos a ver com o assunto. Que é problema do outro. Porque o consenso estabelecido corresponde muito ao domínio do politicamente correcto e pouco ao domínio da consciência real.
Mas também porque existe uma dinâmica própria da aprendizagem da qual estamos muito afastados. Quanto mais se sabe, mais se sabe que se não sabe. Não é necessário recorrer ao filósofo para sustentar a afirmação.
Sem um sistema de educação que alimente o gosto pelo saber, que forneça as ferramentas básicas para procurar o conhecimento, não é criada uma dinâmica de aprendizagem. E, sem essa dinâmica, não é fácil assumir a responsabilidade da formação ao longo da vida. Porque é de responsabilidade que se trata. A responsabilidade de acompanhar um mundo sempre em mudança para que dele não sejamos excluídos.
*Publicado na Newsletter do I-Form em Agosto de 2008
Acompanhe-nos
Pesquisar
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.