Mark Rutte, o Secretário-Geral da NATO, não é o funcionário que defende o patrão. É o funcionário que defende o patrão apenas para defender o seu lugar.
Se calhar é este o grande problema das instituições actuais. É um problema de funcionalismo, com funcionários bem pagos que vêm no seu umbigo a razão de ser de tudo o resto. Não se movem pela missão das instituições que lideram, mas apenas pela sua sobrevivência ... No ordenado chorudo no fim do mês!
Os falcões da guerra salivaram, e no extremo leste da NATO gritou-se em uníssono pelo artigo 5º. Biden puxou de imediato de um copo de água, que serviu de imediato ao Sr Jens (falcão) Stoltenberg.
Se o copo de água serviu para lhe limpar a saliva, ou para meter lá dentro a tempestade, é a dúvida que sobra.
Um copo de água pode estar meio cheio. Ou meio vazio. Mas também pode partir-se.
No copo meio cheio, podemos ver sinais de esgotamento. São já nove meses meses de duro e exigente teste à sua resistência física e mental. No copo meio vazio podemos ver simplesmente um sinal de deslumbramento. Mais preocupante é que o copo se tenha partido e entornado toda a água se, no fim de contas, ele tiver razão, e o míssil seja mesmo russo!
Passam hoje quatro meses sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Há quatro meses poucos terão admitido que fosse possível aos ucranianos resistirem por tanto tempo, mas todos terão percebido que o mundo mudara nesse 24 de Fevereiro, para nunca mais voltar a ser o mesmo.
Hoje, quatro meses depois, sabe-se apenas que a guerra está para durar. E que o mundo, a mostrar-se cansado da guerra, começa a redesenhar-se.
Com o Conselho Europeu a discutir o alargamento da UE e o estatuto da Ucrânia e da Moldávia, sabendo que terá de abrir essas duas portas em simultâneo, mas também que tem que acelerar todos os processos que estão na fila no resto Balcãs, ou no Cáucaso, tudo regiões complexas e de forte influência histórica e civilizacional russa. E conhecendo, ou devendo conhecer, o risco dessas decisões, agora a tomar contra o tempo. O tempo que, noutro cenário, permitiria processos intermédios de qualificação institucional que esses países ainda não atingiram, e que agora não há.
Com uma cimeira do G7 perante a novidade de um mundo multipolar que de repente se lhe abriu, e em que a incerteza é o único dado certo.
E com a NATO a montar quartel-general em Madrid, para começar a decidir novas fronteiras.
Tudo isto a acontecer por estes dias, enquanto a guerra prossegue, inclemente.
Com a Rússia à beira de conquistar o Donbas poderia até admitir-se que pudesse dar por concluída a "sua operação militar especial”. Seria, à luz da apregoada motivação de Putin, uma hipótese provável não fosse o caso de o início da invasão ter explicitado o objectivo Kiev, e a ocupação do poder na capital. Mas poderá também ganhar força de probabilidade à conta justamente desse insucesso inicial.
Soube-se hoje que a Rússia entrou em default, tendo começado a falhar os seus compromissos, e mesmo que se saiba que Putin lida bem com isso, poderia também contribuir para, sentado naquele sucesso militar, dispor o ditador russo a anunciar o fim da "operação militar especial”.
Mas nem isso significaria o imediato fim da guerra, embora reduzisse certamente a sua intensidade, e permitisse o início de prolongadas negociações. Onde a NATO e a UE poderiam propor o regresso às fronteiras de 23 de Fevereiro, e o envolvimento da ONU na convocação de referendos para definir a soberania dos territórios ocupados. Que Putin dificilmente aceitaria, mas que certamente Zelensky teria de aceitar.
Fora deste cenário, com ou sem declaração do fim da "operação militar especial”, só resta o da guerra prolongada, sabe-se lá por quantos anos. E com que meios. Aí, ficam sem sentido os mapas que por estes dias se estão a traçar na UE e na NATO.
A adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, abandonando o seu estatuto de neutralidade - na Suécia já com mais de dois séculos - é mais uma consequência natural da detonação da loucura imperialista de Putin que explodiu com a invasão da Ucrânia, e o rompimento definitivo com ordem internacional até aqui estabelecida.
Estes dois países conviveram bem com a sua neutralidade durante meio século de guerra fria, ali às portas da União Soviética, e ainda há poucas semanas as suas opiniões públicas rejeitavam esmagadoramente qualquer alinhamento com a NATO. A invasão da Ucrânia mostrou-lhes que a ameaça de Putin é bem maior que a representada pela União Soviética, e que só naquele célebre artigo 5º do Pacto da Aliança Atlântica encontram protecção e segurança. Não querem bases militares nos seus territórios, nem armas nucleares, de dissuasão ou não.
É por isso que a adesão destes dois países nórdicos, historicamente neutrais, mas não desprovidos de capacidade militar, ao contrário do que acontece noutros casos de neutralidade, é um acontecimento histórico. Especialmente pelo que representa no reforço da dimensão da natureza defensiva da NATO. Como se sabe essa natureza, sendo estatutária, era muito questionável. Absolutamente questionável pelos ditos pacifistas - que inclui verdadeiros, mas também falsos pacifistas -, mas também muitas vezes contrariada pela prática e pela História.
Trata-se de dois países com democracias maduras e opiniões públicas sólidas e robustas, que afinal estão a dizer que acreditam que lhes basta estarem integrados na NATO para que Putin afaste da cabeça "sonhos húmidos". Dificilmente se encontrarão argumentos mais fortes para sustentar a tese da natureza defensiva da Aliança.
É também por isso que mais uma vez o PCP se "estatela ao comprido" e se "afoga" no seu esquizofrénico quadro geo-estratégico para ver neste processo uma "escalada da confrontação, uma clara expressão de submissão aos interesses dos Estados Unidos da América". Mas a isso já não há volta a dar!
A guerra não começou esta madrugada, com a invasão generalizada da Ucrânia pelas tropas de Putin. Tinha sido formalmente declarada há três dias, estava há muito programada e tinha recebido luz verde no Verão passado, com o sinal dado pelos Estados Unidos na debandada do Afeganistão - o sinal da fraqueza em que Putin apostou, e que aguardava para garantir que o seu projecto totalitário se transformaria num passeio. Para já pela Ucrânia dentro...
Resta-nos a esperança que se repita a história de passeios que, por mais bem encaminhados que pareçam, acabam mal. Não nos restam muitas outras!
Aos ucranianos resta-lhes sofrer e resistir. E ensinar essa lição aos restantes europeus!
Finalmente de regresso a mais uma semana. Uma semana mais calma, esperemos – só temos que ir pedir mais umas massas para, agora, dar uma ajuda à Irlanda –, depois de um fim-de-semana agitado. Tudo menos calmo! Até o Papa … vejam bem!
Mas pronto. Já toda a gente regressou casa: o Obama, com Air Force One cheio de mimos para o Bo, e aqueles manifestantes anti-Nato, vindos dos quatro cantos da Europa, com mais umas nódoas negras. Os que conseguiram entrar, evidentemente! Porque muitos já tinham ido sem sequer chegar a vir…
Não há qualquer dúvida sobre a necessidade de se filtrar a entrada dessa rapaziada perigosa e de proveniência mais que duvidosa: até de Helsínquia, essa conhecida capital do terrorismo internacional! Nós bem gostávamos de receber toda essa gente, de os receber a todos, sem deixar ninguém de fora. Os americanos é que são uns desmancha-prazeres e os culpados disto tudo. Tivessem eles correspondido a toda a nossa boa-vontade e entregue os carritos blindados que lhe compramos à pressa e à nossa boa maneira – com as nossas celebérrimas boas práticas, sem concurso e nem sequer contrato (não é possível imaginar um contrato sem cláusulas de incumprimento, se as não é porque não há mesmo contrato) – e toda a gente poderia entrar. Agora assim, sem os blindados, não havia condições… É certo que havia uns da GNR, mas não eram esses. Tinham que ser novinhos em folha, feitos de propósito para a PSP. Para a PSP e para esta cimeira!
Para receber sem condições, mais vale não receber!
E foi assim que os americanos nos tramaram. Não fosse aquela nossa grande arma que nos torna únicos - a nossa celebrada capacidade de desenrascanço - e ficaríamos bem mal na fotografia. Coisa que, como se sabe, detestamos!
Na fotografia é que temos de ficar bem. Se recebemos tão bem, e somos tão distintos organizadores de eventos, não podíamos, de repente e apenas porque os americanos nos tinham deixado de calças na mão, deixar ir tudo por água abaixo.
Vamos lá fixar um numerus clausus e estabelecer critérios: mãos à obra! Se, ao contrário do que bem gostaríamos, não os podemos receber a todos, vamos ao crivo que nos permita fazer boa figura e receber bem aqueles que forem recebidos.
Parece que a coisa se ficou pela indumentária preta. Dizia-se por aí que bastava que trouxessem na bagagem umas T shirts pretas para ficarem do lado de lá da fronteira.
Confesso que gostei do critério: a mim pareceu-me bem essa da roupa preta. É uma coisa tristonha, escura… Tristes já nós somos! Macambúzios já nós andamos, não precisamos de mais gente que nos venha pôr tudo ainda mais negro!
Não sei se o crivo chegou ao underware, onde, como se sabe, o preto é eterna moda. Talvez não tenha chegado. Afinal aquela raparigada tem a fama de não ser muito dada a esses usos. Pelo menos tinha, no meu tempo!
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