Foi um dos melhores de sempre. Começou a jogar no Benfica, com 19 anos, onde começou por se celebrizar e permaneceu durante cinco anos, até partir para Saragoça. Regressou um anos depois, mas para o Sporting, onde permaneceu ao mais alto nível durante nove anos. Nos últimos dois anos da carreira representou o Vitória de Setúbal, passando depois a dedicar-se completamente à pintura.
Conta-se que não mais foi visto no futebol. Os artistas são assim. E Jordão, ao lado de Eusébio, de Artur Jorge ou de Vítor Baptista, ou ao lado de Manuel Fernandes, foi sempre o artista que a tela e os pincéis confirmaram.
Sabemos que elogiar as pessoas quando morrem faz parte da nossa forma (tuga) de ser. Mesmo sobre pessoas que depois de uma vida pouco recomendável não deixam saudades, a conversa vai sempre parar a um expressivo "não era mau diabo"... "No fundo não era mau diabo"!
Não vem dessa idiossincrasia tuga esta unânime unanimidade à volta da dimensão humana e de cultura, inteligência, educação, simpatia e afabilidade de Rúben de Carvalho, que aos 74 anos ontem nos deixou. Não é fácil que alguém tão marcante e tão comprometido suscite unanimismos. Ou talvez seja a quem, num partido como o PCP, é capaz de conjugar uma inquestionável fidelidade partidária - pela qual se sacrificara e se sacrificava - com a tolerância e a liberdade do mais livre dos cidadãos.
Se calhar só isto, o enorme e multifacetado conhecimento, a enorme sensibilidade e a eloquente mundividência que nos prendia a cada "crónica da idade mídia", ou o vasto e sólido menu cultural e o brilhante raciocínio dialéctico que nos agarrava aos "radicais livres", faz de Rúben de Carvalho um caso raro de justa unanimidade nacional.
Esperava-se já há alguns dias, aconteceu hoje, em Detroit. The Queen, a rainha do Soul, morreu. Fica uma história rica. De êxito e de desgraça. Ficam 18 prémios Grammy. E fica o melhor de si - a sua música. Que nos enche a alma!
Era conhecido por ser o homem mais rico do país. Mais do que mais ou menos rico, nas volatilidades da Forbs, Américo Amorim foi um grande empresário português. E foi, com Belmiro de Azevedo, o rosto do capitalismo português do pós 25 de Abril e, nessa medida, o obreiro de um novo país virado a norte.
Tão importante como saber investir é saber desinvestir. É saber sair, é perceber exactamente qual é o momento de saltar do negócio. E nisso Américo Amorim era insuperável: foi um dos maiores investidores imobiliários, mas soube sair antes que a crise o pudesses sequer chamuscar; foi banqueiro, mas saiu sempre antes de tudo e de qualquer coisa.
No princípio era a cortiça... Daí nunca precisou de sair. Aí era o maior do mundo!
Foi o mais duradouro chanceler alemão do pós-guerra. Mas também o mais influente da nova era da História alemã, com o ponto mais alto na reunificação do país. E é indiscutivelmente o último dinástico da geração de grandes políticos europeus!
Morreu Mário Soares, um dos nomes maiores da História de Portugal do século XX. Esteve, como mais ninguém, no centro de todas as encruzilhadas em que a História colocou o país ao logo de toda a sua vida.
Mas nem isso fez dele uma figura consensual entre os portugueses. Esteve sempre longe de congregar a unanimidade. Uns odeiam-no mesmo, como ficou nítido nestes últimos dias da sua vida. Mas quando suscitou ódios teve sempre a razão da História do seu lado: os que o odiaram, odiaram e odeiam a liberdade e a democracia. Outros, sem o odiar, não são capazes de o perdoar. Uns não lhe perdoam ter metido o socialismo na gaveta. Outros não lhe perdoam que, já na parte final da sua carreira política, o tenha desesperadamente procurado encontrar, se calhar procurando na gaveta errada.
Ninguém lhe é indiferente e são muitos os que o amam e tudo lhe perdoam. Como merece alguém que marcou o país como Mário Soares!
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