Obama despediu-se ontem - já hoje, cá - em Chicago, a sua cidade natal, politicamente falando. Foi uma despedida emocionada, concluída num "yes, we did".
Não se poderá dizer que tenha "feito" tudo, que tenha cumprido toda a esperança do "yes, we can" de há oito anos atrás. Mas o que fez é certamente suficiente para ser lembrado como um dos maiores presidentes da História da América. E para que já nos deixe saudades!
Numa altura em que em Portugal parece que anda tudo doido, não é mau ouvir o discurso de Obama, ontem nas Nações Unidas: "Um mundo em que um por cento da economia controla os outros 99 por cento nunca será um mundo estável..."
Só para lembrar. Às vezes quer-se distrair as pessoas. E as pessoas querem ser distraídas...
Está a fazer-se História em Cuba, com a visita de Obama - diz-se. Poderá ser que sim, mas também poderá ser que não. Depende de muitos "ses", como sempre aconteceu com a História destes dois tão desiguais vizinhos. Se não tivesse sido o embargo americano... Se a estratégia não tivesse sido sempre a do golpe a seguir a cada golpe... Se não fosse a guerra fria... Se kennedy .... Se kissinger... E se tudo isto não tivesse afinal servido para reforçar e fechar ainda mais o regime cubano.
Esta é mais uma marca de Obama. Mas poderá não ser muito mais que exactamente isso: um símbolo, como muitos outros que deixou. Mas que se arriscam a nem como símbolos ficarem na História.
Não sei se, como Obama garante, os Estados Unidos terão por tão certo que o Irão em circunstância alguma venha a usar a bomba atómica. Mas sei, sem qualquer dúvida que, nos tempos que correm nas economias ocidentais, um mercado de 80 milhões de consumidores, ainda por cima alimentado a petróleo, não se pode desprezar. Por muito que sauditas e israelitas se irritem com isso...
Mas, por mera hipocrisia da política externa, por pragamatismo da economia política ou por absoluta convicção, esta é sempre uma boa notícia. A abertura de regimes como o do Irão nunca se fará sem espaço no concerto internacional. E quanto mais fechados sobre si próprios mais perigosos se tornam. E, com armas nucleares, mais ainda...
O último discurso do Estado da União, de Obama, era aguardado com grande expectativa, muita dela alimentada pelo próprio, que o promoveu pessoalmente nas televisões como se de um espectáculo se tratasse.
Falou de muita coisa: da superpotência mundial que o país é, de política interna, de política externa, do Daesh, de Cuba, de muçulmanos, de economia... E de Guantanamo, que prometeu fechar.
Exactamente o que estão a pensar: Obama entrou na Casa Branca a prometer fechar a prisão que envergonha o país e, dez anos depois, a dez meses de de lá sair, continua a prometer fechá-la.
A política tem coisas que nunca mudam. Onde quer que seja. Por quem quer que seja!
Maior, muito maior, que as estruturais diferenças entre Portugal e os Estados unidos, é a conjuntural diferença entre os seus Chefes de Estado...
Ouvir o discurso de Obama em África - e a propósito de África - só dá outra dimensão á tormenta da nossa triste sina. Pôr o dedo na ferida, chamar as coisas pelos nomes, apontar sem ambiguidades, sem rodeios nem receios, com a autoridade de quem diz vir da mesma tribo, é de Homem grande. Que torna liliputiano quem perante Obiang mete o rabinho entre as pernas ... e sai de mansinho...
Não! Não é porque Obama é presidente dos Estados Unidos e Cavaco de Portugal. Não é pela dimensão de cada um dos países, é mesmo pela dimensão de cada uma das pessoas. Pela dimensão que uns têm e outros nunca terão!
Também isto é obra de Mandela. O cumprimento entre os presidentes americano e cubano nunca teria existido sem Mandela…
Quando Obama se deslocava para a tribuna, para o seu discurso nas cerimónias fúnebres públicas de hoje em Joanesburgo, cruzou-se com Raul de Castro e … apertaram as mãos. Simbólico, não mais que isso. É mais um símbolo!
Não simbólico, apenas curioso que seja Dilma a testemunhar este cumprimento que poderia ser - mas que não será - histórico. Não creio que seja...
Também simbólica - e preocupante - foi a manifestação pública de hostilidade ao presidente sul africano Jacob Zuma!
O senado americano deu luz verde a Obama para lançar o ataque à Síria. Uma deliberação muito séria, como não podia deixar de ser. E como se percebeu pelo senador e antigo candidato republicano à presidência, John McCain, que jogava póquer no seu iPhone enquanto Obama convencia a câmara.
Porque já estivesse convencido - é conhecido que McCain, como falcão que se preze, defende a actuação americana na Síria, para depor o presidente Bashar Al-Assad - ou porque ache que o póquer seja bem mais entusiasmante?
A resposta encontra-se no que escreveu na sua conta de Twitter: "Escândalo! Apanhado a jogar no iPhone durante uma audiência no Senado de mais de três horas – o pior é que perdi!".
Hoje o presidente falou. Há muito que não dizia nada, mas hoje, na inauguração de um hotel, falou. Não disse muito, disse pouco e o que quer que diga já nem sequer tem importância.
Hoje os americanos elegem o seu 45º presidente. Ou deixam isso para daqui a quatro anos, confirmando hoje um novo mandato de Obama. O bis…
Não será nada disso que, para mim, ficará a marcar este 6 de Novembro. Para mim será o dia do bis, mesmo que o não seja para Obama: o dia em repeti ser avô. Há um ano – completado há apenas cinco dias - chegou a Madalena. Hoje é o meu bis de avô, que não significa que seja bisavô!
Hoje nasceu a Emília, a minha segunda neta. Filha da minha segunda filha, da Filipa. E do Ricardo. E é por isso um dia cheio, intenso e de uma felicidade imensa!
Brindem comigo à Emília: tchim…tchim… Obrigado!
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