A integração da Guiné Equatorial, do ditador Obiang, na CPLP não é apenas a maior vergonha de sempre da política externa portuguesa. É, em cada cimeira, o descrédito total dos nossos orgãos de soberania, seja quem for que em cada momento os esteja a ocupar... Nem Marcelo, nem António Costa - dois dos políticos com maior capacidade para lidar com o incómodo político - consequem esconder o desconforto e evitar o constragimento que os encolhe.
A viagem de Obiang até Fátima, em 2017, confirme-se ou não, já provou isso mesmo. Que até Marcelo e Costa perdem todo o jeito que incontestavelmente têm para a política... E ficam pequeninos. Liliputianos!
Não é só pelo choque de ver Xanana Gusmão entrar de mãos dadas com Obiang. Nem só por ter sido dada posse antes da adesão ter sido ter sido votada. Não é por Cavaco Silva ter recusado aplaudir essa adesão, e ter reservado os aplausos para o regresso da Guiné-Bissau, com toda a carga de cinismo que isso até possa ter. Nem é pelo mesmo Cavaco, como de resto outras cabeças pensantes que provavelmente existem para lhe dar cobertura, achar que as ditaduras não devem ser isoladas. Que essa é a forma de as perpetuar, e integrá-las na comunidade internacional, de pleno direito mesmo que continuem a negar o direito, a melhor forma de as combater. Nem sequer pela ausência – não sei se hipócrita se estratégica – de Dilma Roussef e José Eduardo dos Santos. Nem por outras tantas razões que já aqui tinham sido adiantadas…
A adesão da Guiné Equatorial à CPLP, hoje formalizada na cimeira de Dili, é acima de tudo chocante por, logo ali, sem Dilma Roussef e José Eduardo dos Santos mas também sem meias tintas, terem avançado para a constituição de um consórcio do petróleo.
Portugal não tem petróleo, mas tem líderes...
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