A ASAE chegou a uma livraria dos Olivais e apreendeu um livro. O único exemplar disponível do "Gémeas marotas", um livro publicado nos anos 1970 e reeditado em 2012, de autor desconhecido que assina pelo pseudónimo de Brick Duna, que contas estórias eróticas de duas gémeas - "marotas", já se vê .
Tem inegáveis semelhanças gráficas com os livros da coelhinha Miffy, do holandês Dick Bruna - cujo nome é também puxado para o pseudónimo, como é de evidente e óbvia prova -, e é por isso confundível à vista com um livro infantil. No entanto, na livraria onde foi apreendido o seu exemplar único estava, como, contam outros livreiros, sempre esteve ao longo dos anos em que o tiveram à venda, na secção para adultos, longe portanto do acesso a crianças.
Perante o que pareceria o mais estúpido acto de censura, a acção da ASAE aparece a ser justificada por questões de direitos de autor, justificação não menos estúpida. Se apreender por acto de censura um exemplar único de um livro publicado há quase 50 anos é absurdo; não o é menos admitir que o holandês, falecido há dois anos, ou quem o representa, demorasse 50 anos a perceber que alguém lhe estava a violar direitos de autor. A própria editora do holandês veio já negar qualquer iniciativa desse tipo, até porque simplesmente desconhecia a existência do livro em causa.
Diz-se agora que a iniciativa foi do Ministério Público ... E que isto acontece semanas depois do padre Gonçalo Portocarrero de Almada, em acção missionária permanente no Observador, a propósito de nada que viesse a propósito, ter dado expressão à sua revolta contra as "gémeas marotas". Provavelmente com a autoridade de quem nasceu na Holanda, e apoquentado com os direitos de autor de um cidadão holandês... Ou simplesmente um maroto como outros!
Os spin doctors da direita passista e pafista deixaram definitivamente de fazer de conta que toleravam o Presidente da República.
Bastou cair uma avioneta em Tires... onde morreram cinco pessoas. O Observador atirou a primeira pedra. A partir daí não mais parou de chover pedrada: foi torrencial!
Será assim tão diferente do que para aí vai com os imbecis das claques dos clubes?
Nota prévia: Não tenho, nem nunca tive, especial simpatia por Maria de Lurdes Rodrigues, que pessoalmente não conheço e que politicamente nunca apreciei particularmente.
A antiga ministra fora condenada em primeira instância pela contratação dos serviços do advogado João Pedroso, irmão de Paulo Pedroso. Porque a condenação assentava em factos não provados, recorreu para a Relação, que ontem mesmo lhe viria a dar razão: que não poderia ser condenada por factos não provados.
Goste-se ou não da senhora, e acredite-se ou não na sua inocência, estes são os factos conhecidos. Para a máquina que a direita montou nos últimos anos, e que continua a trabalhar a altíssmas rotações, nada disso interessa. Os factos não interessam para nada, como não interessa para nada que o colectivo da Relação tenha sido composto por três juízes. O que interessa é transformar uma decisão colectiva em individual, e depois encontrar umas ligações políticas que convenham à narrativa, por mais remotas que sejam. E isso faz-se com um título, porque só as gordas contam. Nem que depois o corpo da notícia ponha tudo a claro...
Os meios podem ser novos, mas os truqes e as manhas são bem velhos!
Deus criou todas as coisas. E é infinitamente bom... Nem nada faz de errado. O demónio é uma coisa. Má, do piorio: é o diabo!
Como é que se resolve isto?
É fácil. Aquele senhor padre do Observador explica tudo: " O mal, como entidade, é uma contradição, porque a realidade do mal é a do não-ser, pelo que o mal absoluto seria o nada e o nada ... não é".
Não dá para perceber? Então ele explica como quem faz o desenho:
"Deus não cria coisas más, logo todas a criaturas são ontologicamente boas. A bondade do diabo, que foi criado anjo bom, é uma evidência metafísica, que só poderia ser negada pela hipótese de um Deus mau, o que seria, mais uma vez, uma evidente contradição". Ou em síntese: "Que o demónio tenha essa bondade original não impede, contudo, que faça o mal".