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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Tão iguais e tão diferentes

Jogou-se hoje o Paços - Benfica, um jogo antecipado correspondente à 20ª jornada, em razão do calendário europeu do Benfica, que os dirigentes da equipa da capital do móvel só não impediram porque não puderam. O jogo iria cair entre as deslocações a Braga, para os quartos de final da Taça, e a Bruges, para os oitavos da Champions. 

Sem ser o primeiro jogo do calendário da segunda volta, aconteceu que foi o primeiro jogo da segunda volta. Para o Benfica, e para o Paços, primeiro e último da classificação. Mas nem por isso tido por fácil. Porque não há jogos fáceis, como é mais que sabido, e porque o último classificado, e já com grandes dificuldades em evitar a descida, depois do inédito regresso de César Peixoto ao banco, depois de despedido, vinha de boas exibições, como na do último domingo, quando deu água pela barba ao Braga, e fechou - com muita injustiça e até polémica no golo que lhe ditou a derrota, já para lá do tempo de compensação - a janela que a primeira vitória, na jornada anterior, em Vila de Conde, parecia abrir.

O benfica entrou novamente muito bem no jogo, com dois golos nas duas primeiras oportunidades. Em apenas quatro minutos, e praticamente nos primeiros dez. Bastante parecido com o que acontecera em Ponta Delgada, no último jogo com o Santa Clara. Como parecido foi o jogo.

Parecido, com muitas semelhanças mas, ainda assim, com muitas diferenças. As semelhanças estão nos dois golos madrugadores, desta vez de Grimaldo, em mais um livre cobrado com a habitual classe e mestria, logo aos 7 minutos. E de João Mário, aos 11, depois de uma excelente desmarcação de Gonçalo Guedes para Aursnes rematar para a defesa de Marafona, como pôde. Que mais não pôde que defender para a frente, deixando a bola ao alcance de João Mário. E estão nas oportunidades criadas e desperdiçadas pelo Benfica até ao intervalo.

Mas estão também na quebra da equipa na segunda parte, mesmo que nunca tão acentuada como no último jogo.

As diferenças são que o Benfica, depois, não levantou tanto o pé. Mas, apesar disso, permitiu oportunidades de golo ao adversário. E não conseguiu chegar ao terceiro golo.  

Se o jogo deixou sempre uma sensação de facilidade idêntica ao dos Açores, foi apenas porque o Paços não conseguiu concretizar qualquer das oportunidades, acabando até com três bolas nos ferros, a última na derradeira jogada do encontro. 

Independentemente dos circunstancialismos do jogo é visível o progresso na qualidade do futebol praticado, já mais perto do período anterior à interrupção para o Mundial. E a melhoria da forma dos jogadores que mais tinham caído, como é particularmente evidente no caso de Bah. E de Enzo, esse pelas razões conhecidas. A esta melhoria, e pese embora a ausência de Rafa, acresce que Gonçalo Guedes assenta que nem uma luva nesta equipa. E neste futebol.

Ainda independentemente dos circunstancialismos, este jogo confirmou o que há muito se vem notando que falta, e que este Benfica de Shemidt já teve. Que perdeu, sem que se veja recuperação: a capacidade para a transição rápida, o contra-ataque, como dantes se chamava; e o aproveitamento das bolas paradas.

A equipa não consegue aproveitar o adiantamento dos adversários, e isso permite-lhes ousadia e confiança. Como hoje se voltou a ver. Os mecanismos de transição em velocidade falham quase que invariavelmente, e permitem sempre a recuperação defensiva do adversário.

E, à excepção dos livres directos de Grimaldo, onde conta apenas a sua competência específica, e classe pessoal, a equipa não aproveita qualquer lance de bola parada, sejam livres laterais, sejam cantos. Todas as equipas trabalham estes esquemas tácticos - o Paços dispôs apenas de um livre lateral, e fez dele uma grande oportunidade de golo. Nos primeiros meses da época o Benfica marcava frequentemente na sequência de cantos, e de livres. Ainda hoje se viu que, de 10 cantos, nada resultou. E sempre marcados da mesma forma. Se antes estes lances eram preparados nos treinos, não se entende por que terão deixado de ser. Até porque o Benfica é a equipa com mais cantos na Liga. 

Faltam estes dois "momentos" do jogo para que possamos dar a equipa por regressada ao bom caminho que trazia. 

Apenas duas notas finais: uma para a preocupante lesão - muscular, ao que tudo indica - de Gonçalo Ramos. Musa voltou a confirmar que não dá. Outra para dizer que ainda dá gosto ver Gaitan jogar à bola. E saudade!

Excessos

O Benfica é líder isolado do campeonato, depois de ter vencido o Paços de Ferreira, esta noite, na Luz, no jogo que pertencia à terceira jornada, que havia sido adiado por cair no meio dos dois jogos do play off de apuramento para a Champions.

O jogo desta noite tinha a particularidade de confrontar a equipa que ainda não tinha sofrido golos com a que ainda não tinha marcado. À partida, dentro das lógicas destas coisas da bola, seria de prever que ambas se mantivessem nessa mesma condição.

Mas num jogo de futebol nem sempre funciona a lógica, e esse é talvez o seu maior aliciante. E a equipa que ainda não tinha marcado, marcou dois golos ... em três remates ...

Tinha ainda a particularidade de ser arbitrado por Soares Dias que, sabe-se e está por demais demonstrado, tem o condão irritar, perturbar e prejudicar o Benfica. Há dois ou três dias, num comentário das redes sociais, um amigo tinha referido sobre este jogo que o adversário seria Soares Dias. Na altura respondi que o adversário iria entrar com tudo.

Assim foi. Mais que o Paços, Soares Dias entrou com tudo. E acabou por acontecer o que frequentemente sucede com as equipas que entram com sofreguidão - acabam por se esgotar. 

Entrou com tudo, irritou as bancadas da Luz e e atingiu os jogadores, no relvado. No final da primeira parte já estava esgotado. E por isso assinalou o penálti que consumou a viragem do resultado ainda antes do intervalo, que nos minutos anteriores, antes de esgotar todos os créditos, certamente não assinalaria. Não estou a dizer que não foi penálti, estou a dizer que o Soares Dias nunca o assinalaria. E não tinha medo de ninguém!

Também o Paços de Ferreira, de César Peixoto, entrou com tudo. E pertenceu-lhe mesmo a primeira jogada de perigo, desfeita por Grimaldo, já muito perto da linha de golo. Mas também cedo se esgotou, muito mais cedo que o outro adversário. A partir daí defendeu com tudo. E com todos, com dois autocarros de cinco à frente da baliza.

O Benfica ia instalando o seu futebol habitual, mas o ritmo não era o mesmo, e não havia forma de criar reais oportunidades de golo. A bola acabava invariavelmente numa perna, num pé, nas costas ou na barriga de um dos 10 jogadores pacences plantados à frente da baliza. Isso, o tempo a passar e o inevitável Soares Dias, iam dando cabo da cabeça dos benfiquistas. Jogadores e público.

Na única vez em que a bola entrou na baliza, numa espectacular jogada trabalhada a partir de um canto, não contou. Rafa estava em fora de jogo.

Um mal nunca só e, a cinco minutos do intervalo, na sequência de um canto numa das já raras saídas em contra-ataque do Paços, a bola sobra para o velho pé esquerdo o velho Antunes que, a meio do meio campo, dispara uma bomba que acabou levar a bola a bater na cabeça de Koffy, o único jogador pacense que até nem estava para lá da defesa, desviando-a para dentro da baliza. Estava feito o primeiro golo do jogo, o primeiro marcado pelo Paços e o primeiro sofrido pelo Benfica.

A tempestade perfeita!

Valeu que a equipa não afundou, e empatou menos de dois minutos depois. Obra de Neres e do guarda-redes adversário, que não foi lá muito feliz. 

Seguiram-se minutos de avalanche sobre a baliza do Paços, e uma larga série de grandes oportunidades para dar a volta ao marcador. Até surgir o penálti, quando o Soares Dias já tinha esgotado a sua entrada de rompante, já à entrada do último minuto da compensação da primeira parte, cobrado na perfeição por João Mário.

Foi um alívio. O Benfica já tinha entrado em modo rolo compressor!

Manteve-o a seguir ao intervalo, e o resultado eram oportunidades de golo, umas atrás das outras. Invariavelmente desperdiçadas. Sucediam-se jogadas de grande nível. As melhores tinham o condão de acabar em golos anulados por fora de jogo. Salvou-se a que deu o terceiro golo, de Gonçalo Ramos, ainda bem cedo, 10 minutos depois do intervalo.

A partir daí o Benfica relaxou. Mais que relaxar, mais ainda que "as favas contadas" passou para excessos. Excessos de falhas na concretização, excessos de confiança, aqui e ali excessos até de vedetismo, e ainda excessos de circulação naquela de "descansar com bola". Descansar é no intervalo, e no fim do jogo. Durante o jogo não há por onde descansar!

Estes excessos que trouxeram de volta o Paços e ... Soares Dias. E o jogo complicou-se definitivamente com o segundo golo de Koffy. Do Paços e na baliza de Vlachodimos, no campeonato. Faltavam 10 minutos para os 90. E um quarto de hora para o fim do jogo.

Tempo para o Benfica desperdiçar mais umas quantas jogadas de golo feito. Mas também para, no último minuto, o Paços poder ter marcado. A jogada teve tudo para isso, só não teve remate. 

Não havia necessidade... Mas sofreu-se na Luz.

Festeja-se a chegada ao primeiro lugar. Festeja-se a grande qualidade do futebol da equipa, e que hoje voltou a apresentar. Mas desconfio que hoje houve muitos adeptos que pela primeira vez não gostaram da equipa.

Eu não gostei nada daqueles excessos. Acredito que Roger Schemidt também não tenha gostado, e que tenha percebido que terá de tratar com que não se repitam. 

 

 

 

Os miúdos têm mais encanto na hora da despedida

Foi um bom jogo, agradável de seguir, este de Paços de Ferreira, com que o Benfica se despediu deste campeonato, desta época de má sina e pior memória, e de Nelson Veríssimo. E uma agradável surpresa.

A surpresa começou na constituição do onze que subiu ao relvado. Nelson Veríssimo tinha anunciado que iria dar oportunidade a alguns jovens da formação. Não se esperava é que na equipa inicial, de uma assentada, entrassem logo cinco -  Tomás Araújo e Sandro Cruz, na defesa, Paulo Bernardo no meio campo, Tiago Gouveia na ala esquerda e Henrique Araújo como ponta de lança. Seis, se contarmos com Morato - mais de meia equipa. E não se esperava de todo que, nos restantes cinco, nenhum fosse um habitual titular. Na realidade nem se pode dizer que Gilberto seja o habitual lateral direito. No fim, sabe-se que é o melhor que há no plantel para a função, mas nem isso fez dele um titular absoluto.

Introduzir três miúdos da formação numa equipa de titulares, experientes e rotinados, é uma coisa. Juntar cinco miúdos entrados de novo, a cinco ou seis jogadores que passaram ao lado da época, guarda-redes incluído, é coisa nunca vista. Nem para o último jogo.

A verdade é que funcionou, e resultou numa exibição colectiva agradável e num jogo bem conseguido. E num bom punhado de boas exibições individuais. Mas não tenhamos ilusões, resultou neste jogo. Muito provavelmente não resultaria em nenhum outro, noutro contexto. Num jogo em que o Paços, ou fosse quem fosse, estivesse à procura do pontinho, fechado lá atrás e a disputar cada bola como se fosse a última, seria diferente. 

A equipa do César Peixoto quis disputar o jogo pelo jogo. Sabe tratar e trocar a bola, como bem demonstrou em alguns períodos da primeira parte, e até terá acreditado que poderia ganhar a esta espécie de equipa B do Benfica. (Que, e já que vem a propósito, desfalcou, e muito, a equipa do Benfica B que à tarde ganhara no Olival, ao Porto B, no fecho da Segunda Liga. Vi esse jogo no Porto Canal, narrado e comentado por um Miguel não sei quantos e por um tal Bernardino Barros. O Benfica B ganhou por 3 uis a 2 gooooooooolos. Isso mesmo, os dois golos dos portistas B foram berrados à boa maneira da velha rádio - goooooolo até o fôlego aguentar. Para os do Benfica B apenas "ui". Nunca foi golo, foi "ui"). E por isso houve um jogo aberto,  sem truques e com espaço para os melhores jogadores jogarem à bola. E os do Benfica, mesmo estes, são bem melhores que os do Paços, por muito bem trabalhados que estejam.

E foi um regalo ver finalmente Paulo Bernardo a jogar à bola. Encheu o campo, a mostrar ao Taarabt como se faz. Ver o Henrique Araújo a mostrar ao Yaremchuck como se joga  a ponta de lança, e se marcam golos. Ver como todos espevitaram os restantes, para que o João Mário voltasse a mostrar classe, Gil Dias e Meité a parecerem jogadores e até o Helton Leite a parecer que é guarda-redes para o Benfica. 

Os golos, ambos do Henrique Araújo, surgiram no início e no fim da primeira parte, inteiramente do Benfica na primeira metade, mas bem dividida na última. Mas, mesmo sem golos, a segunda parte foi ainda melhor. Pelo menos até á altura das substituições, que deram para as estreias de Martim Neto e Diego Moreira, e para Taarabt e Yaremchuck mostrarem que não aproveitaram muito do que Paulo Bernardo e Henrique Araújo lhes tinham dada a ver. 

Como Coimbra, na canção, os miúdos têm mais encanto na hora da despedida!

E para que acabasse bem uma época tão má, e bonito o que foi horroroso, deu ainda para os benfiquistas presentes no "Capital do Móvel" prestarem um belo tributo ao sempre nosso Nico Gaitan.

Para o ano, há mais. Esperemos que não seja do mesmo. Não vai ser, queremos acreditar!

Outra música

 

Chegou ao fim a primeira volta do campeonato, encomendado e inexoravelmente reservado para o Porto. Como esta última jornada tratou de confirmar, ontem, no Estoril.

Ao Benfica resta-lhe, agora, fazer a sua parte. Hoje, na Luz, com a equipa novamente atingida pelo covid, fê-la. A equipa parece outra, sem nada a ver com a apatia e a resignação da equipa de Jorge Jesus. O futebol de passe para trás e para o lado, em que a linha de fundo era uma miragem, e a grande área adversária território inóspito, deu lugar ao futebol dinâmico, com os jogadores sempre em movimento, e com a bola, sempre a circular ao primeiro e ao segundo toque, pronta a chegar á á área e à adversárias.

A primeira parte foi sempre jogada a grande nível. E mesmo com a equipa do Paços a defender bem, e com especial agressividade, o Benfica finalizou todas as jogadas de ataque com claras oportunidades de golo. Foram oito, para um só golo. O de João Mário, em cima do apito para o intervalo, logo a seguir à expulsão de um jogador do Paços, depois de ter atingido com violência Grimaldo, e do VAR ter chamado o árbitro Vítor Ferreira - com uma arbitragem ridícula, mais ainda que miserável - a consultar as imagens e a reverter o amarelo que tinha  começado por exibir.

O pecado capital, no jogo em que o Benfica bateu o recorde de remates - foram 23, mais dois que naquele jogo, de má memória, com o Portimonense, que se tinha ficado pelos 21 - foi mesmo o desperdício de tantas oportunidades de golo. Umas vezes por infelicidade, como foi o caso das duas bolas na barra (Gonçalo Ramos, na primeira parte, e Darwuin, que entrou a substituí-lo, já na parte final): outras por inépcia, como foi especialmente o caso de Seferovic; e outras, ainda, sem que se perceba porquê, como aconteceu de novo com Darwin em duas ou três ocasiões, a última a picar bem a bola sobre o guarda-redes, mas a falhar por centímetros a baliza.

A segunda parte começou com o ritmo que trazia da primeira. Com o Paços com menos um jogador,  e com o mesmo ritmo, se os jogadores do Benfica melhorassem um bocadinho a pontaria, era de esperar mais uma goleada, ao nível das que a equipa já atingiu neste campeonato. Não se confirmariam essas expectativas. Porque a pontaria não melhorou mas, acima de tudo, porque o ritmo da equipa oscilou. Pareceu que uns jogadores desligaram do jogo, e outros perderam fulgor. Se este aspecto terá que se aceitar, o primeiro é de todo inaceitável, e deverá merecer a atenção de Nelson Veríssimo.

Depois dos 10 minutos iniciais da segunda parte, em que criou mais três oportunidades claras de golo, a equipa desligou. E durante outros tantos permitiu ao Paços, com menos um jogador, discutir o jogo, rematar - fez quatro remates nesse período, quando só trazia dois da primeira parte - e criar até uma oportunidade para marcar, a única, em todo o jogo. Com 1-0 no marcador, não eram evidentemente boas notícias. E sentiu-se isso nas bancadas da Luz!

Os jogadores devem ter percebido isso. Nelson Veríssimo também, e começou a mexer na equipa. No passado recente era fácil fazer substituições: eram tantos os que não estavam a jogar nada que, à partida, Jorge Jesus acertava sempre. Pelo menos nos que escolhia para sair. Hoje não era assim tão fácil. Todos tinham estado bem.  Primeiro tirou o Gonçalo Ramos, para entrar Darwin, e não pareceu boa ideia. O miúdo tinha estado muito bem, apenas infeliz na finalização. Depois entraram Paulo Bernardo e Lázaro, para substituir  Everton - o renascido Everton, mas já a acusar cansaço, físico e mental - e Gilberto, e o Benfica acabou de vez com reacção pacense, e com os focos de impaciência que começavam a surgir, para regressar à criação massiva de oportunidades para marcar.

Até porque, dois minutos depois, Grimaldo fez de uma obra de arte o segundo, e afinal último, golo. O golo 6000 do Benfica na História dos campeonatos nacionais só podia ser uma obra de arte!

E o Benfica partiu para um quarto de hora final em que podia ter marcado mais três ou quatro golos, no mínimo. Finalmente entraram Diogo Gonçalves e Taarabt, para substituir Seferobvic e João Mário, a grande nível, agora a jogar para a frente, em vez de para trás e para o lado. O sufoco voltou, como voltaram as oportunidades. Mas não com o mesmo critério do primeiro tempo, quando todas as jogadas acabavam em situações de golo. Este sufoco final não teve a qualidade de então, e foram muitas as jogadas que se perderam antes de decididas.

No fim fica um resultado muito curto para a exibição. Lembramo-nos que há cerca de um mês, o jogo para a Taça, ficou em 4-1. Mas convém lembrar como aconteceu esse resultado, e como essa exibição não teve nada a ver com a de hoje. É indiscutível que é outro o futebol da equipa. Esta é outra música. É outro o desempenho dos jogadores, E são outras as conferências de imprensa do treinador do Benfica. Que tudo isto venha para ficar!

 

 

Nada de novo

 

No regresso da pausa para as selecções, o calendário competitivo trazia hoje o Paços de Ferreira à Luz, para discutir o acesso aos oitavos de final da Taça de Portugal, a poucos dias da deslocação do Benfica a Barcelona, para tratar das contas do apuramento na Champions.

Estes jogos têm sempre alguns condicionalismos. Há jogadores que praticamente ainda não regressaram, especialmente os que se deslocam para o lado de lá do Atlântico, e os que ficaram cá por mais perto, mesmo que presentes parecem muitas vezes ausentes. É normal que os treinadores apostem nos que ficaram a trabalhar com eles, nos que não foram às selecções. Uns, porque nunca lá vão: outros, porque é o seu estado de forma que não dá para tanto. Isto tudo para dizer que não será exactamente a mais fina flor que fica a contar para estes jogos.

Como numa moeda, também aqui há duas faces. Podem não ser os melhores, nem estar no seu melhor. Mas podem entrar em campo com vontade e determinação em mostrar que são tão capazes como os outros. E isso às vezes resolve muita coisa.

Pois bem. Mas na equipa que Jorge Jesus escalou para este jogo - Helton Leite à parte pela tal rotação dos guarda-redes entre o campeonato e a Champions e as taças internas - não havia mais que três caras novas. E mesmo assim, duas delas - André Almeida e Radonjić que, como bem vimos e sentimos, até foi à sua selecção - não eram tão novas como isso. Apenas Gedson era mesmo novidade. O sérvio lesionou-se e arrumou com a questão. André Almeida jogou a central, no lugar de Luvas Veríssimo, hoje mesmo operado ao joelho, em Barcelona. E Gedson apresentou-se sem condição - nem física, nem mental. Nem motivação, já não acredita!

Mas vamos ao jogo. Que não foi muito diferente do que tem sido, mesmo que nunca tenha caído tão fundo como já vimos em tantos outros. Mas com os mesmos pecados capitais - pouca velocidade, pouca intensidade, pouca presença na área e … sem linha de fundo. Mesmo assim o Benfica criou três boas oportunidades para marcar - Everton e Darwin acertaram no guarda-redes e Rafa no poste. E lá se foram…

O Paços fez pouco. Mas no início da segunda parte, naquela do "quem não marca sofre", marcou. Por Nuno Santos, um miúdo do Seixal emprestado ao Paços, que na Taça pode jogar contra o "emprestador". E a coisa ficou preta.

Jorge Jesus reagiu depressa. Mas não parecia nada que bem. Fazia sentido tirar André Almeida, para passar a jogar com a defesa a quatro, e tirar Gedson era óbvio. Entraram Pizzi - e bem -e Taarabt. E parecia que mal. Antes, já tinha entrado Lázaro, que também não tinha entrado bem, para o lugar do lesionado Radonjić. Mas na frente continuava Darwin sozinho, e sem grande jeito para isso de estar sozinho na área. Ainda assim teve oportunidade de enviar uma bola à barra.

Os minutos passavam, o Paços lá ia levando a água ao seu moinho, e não se via muito bem como sair daquele rumo que não levava a lado nenhum. E lá entraram então Seferovic e Gonçalo Ramos, saindo Darwin e... Weigl. Faltava um quarto de hora, e finalmente havia condições para ter gente na área adversária, condição sine qua non para marcar golos a uma equipa que defendia toda em cima da sua grande área.

Três minutos depois apareceu finalmente o golo. E o empate, 23 minutos depois!

Ironicamente não teve nada a ver com as alterações. Na cobrança de um livre, na sequência da enésima falta sobre Rafa - sempre ele - Grimaldo foi simplesmente soberbo. Grande golo!

A partir daí foi outro jogo. E as bolas passaram a entrar. Três minutos depois, Seferovic fez o segundo, de cabeça, e o Paços já não tinha nada a fazer lá atrás. Avançou no campo, e o Benfica repetiu o que fizera ao Braga, há duas semanas. Já só houve tempo para mais dois golos - um a cada 5 minutos (Rafa e Everton).

Nada - portanto - de muito diferente do que se tem visto. Nem nada de novo. Na reviravolta do jogo, os rostos são velhos conhecidos. É por isso que vou cometer blasfémia: e se deixassem o empresário do Darwin fazer o negócio que anda para aí a dizer que tem em mãos?

Se calhar não é boa ideia esticar a corda com isso da cláusula de rescisão. Não parece que Jorge Jesus tire muito mais dali. Não se vê qualquer tipo de progressão. E pelo que vai vendo o Yaremchuk também podia ir para Milão. Neste caso não é a progressão que está em causa. É a regressão a que Jorge Jesus lhe está a impor!

Como é bonito quando tudo corre bem

O Darwin não é egoísta, tenho de lhe retribuir as assistências» |  MAISFUTEBOL

O Benfica saiu de Paços de Ferreira, uma deslocação de acentuado grau de dificuldade - ´sempre difícil jogar lá, e esta época mais ainda dado o excelente futebol da equipa treinada por Pepa, e extraordinária carreira que está a fazer nesta Liga, com o quinto lugar, e o acesso à Liga Europa praticamente garantido - com uma belíssima exibição. e com o mais expressivo resultado da época.

As esperadas dificuldades começaram a sentir-se logo com o arranque do jogo. Por um lado porque o Paços entrou bem, a pressionar alto e, por outro, porque logo se percebeu que o árbitro Hugo Miguel - pois claro - estava ali para dar continuidade à aplicação da lei máxima deste campeonato, contrariada apenas no último jogo, com o Marítimo. Logo aos três minutos, na mesma jogada, e depois da primeira arrancada de Seferovic, não há um penalti a favor do Benfica. Há dois. Primeiro, carga do defesa pacense nas costas de Waldschemidt que, imediatamente depois, voltou a ser carregado pelo guarda-redes, que saiu lesionado do lance, e levou à primeira grande interrupção no jogo.

Curiosamente a história repetir-se-ia à entrada do último quarto de hora da partida, então com o defesa e capitão, Marcelo, sobre Everton, que entrara pouco antes. Primeiro desviou a bola com a mão e. logo a seguir, derrubou o avançado do Benfica.

Logo depois de retomado o jogo, o restabelecido guarda-redes Jordi abalroou Seferovic, isolado à entrada da área, mas foi assinalado fora de jogo. O primeiro de quatro seguidos, um dos quais acabaria em golo. Intervenção do VAR, e nova paragem prolongada.

Aos 22 minutos do relógio, mas para aí aos 10 de jogo, surgiu o momento que marcaria o jogo. Eustáquio, depois de perder uma bola, entrou de pitons sobre a perna de apoio de Weigl, só não lha partindo porque não calhou. Lance indiscutível para vermelho. O árbitro Hugo ficou-se pelo amarelo, e o VAR teve de voltar a intervir, chamando-o a visionar as imagens. Então sim, o árbitro não teve alternativa, mostrou-lhe o vermelho, e o Paços ficou reduzido a dez jogadores, circunstância de que havia escapado pelo tal fora de jogo assinalado a Seferovic.

Na maior parte dos jogos em que as equipas grandes defrontam as pequenas, jogar contra dez não faz grande diferença de jogar contra onze. Como só defendem, defender com 10 ou com 9 não é muito diferente. Não foi a circunstância deste jogo. Desde logo porque o jogador nazareno é um dos bons jogadores deste campeonato - diz-se que o Porto já o terá apalavrado - e o mais influente desta equipa de Pepa. E depois porque o Paços não faz parte dessas equipas que só defendem, mas das poucas que disputam o jogo no campo todo.

Nunca se poderá saber se, sem essa expulsão, a exibição do Benfica e o resultado seriam os mesmos. O contra factual não é passível de prova. E o que estava para trás no jogo, tantas e tão prolongadas tinham sido as interrupções, não permite formular quaisquer hipótese. Há apenas um dado: é que o Paços não tinha feito qualquer remate, e contava então com apenas um ataque, no primeiro minuto. 

Não vale portanto a pena especular, e o que fica para contar é o que aconteceu, o que foi o jogo. É aí que entra a boa exibição do Benfica, os cinco golos marcados, e o sétimo jogo consecutivo a ganhar. E sem sofrer golos, naquele que é o novo recorde na Europa, batido o anterior, que pertencia ao Manchester City, ao minuto 14.

Jorge Jesus voltou aos três centrais, voltando a incluir Vertonghen. Não se sabe por entender que o Paços impunha respeito para tanto, se apenas por ser a forma mais limpa de nos livrar do Everton Cebolinha. Tenha sido pelo que for, resultou bem. E nem contra dez, e com o Paços inofensivo - fez apenas um remate, e fraquinho, à figura de Helton Leite, e ao minuto 85 - desfez o trio.

Correu bem porque tudo correu bem, mas também correu bem porque qualquer dos três centrais participou bem no início da construção do jogo da equipa. Começou sempre aí o futebol ofensivo e vistoso do Benfica, se bem que sempre marcado pelos seus dois grandes pecados capitais - a linha de fundo e os remates de meia distância. Mas como tudo correu bem nem se deu por eles.

O primeiro golo só surgiria aos 37 minutos, por Digo Gonçalves, resultado directo da forte pressão alta da equipa. Mas antes já Jordi negara dois golos certos a Waldschemidt e a Rafa. Que pouco depois marcaria o segundo, num contra-ataque em que Seferovic - grande exibição, o melhor em campo -, ainda no meio campo defensivo faz um passe sensacional para Rafa se desmarcar também, e ainda, antes da linha de meio campo. Nos 9 minutos de compensação Seferovic fez dois golos, mas só um contou. Em mais uma belíssima jogada de futebol, concluída com um grande passe de Taarabt, e uma grande desmarcação e uma finalização com classe do internacional suiço.

Com 3-0 ao intervalo, a equipa não abrandou, e só uma grande exibição do guarda-redes Jordi evitou que o marcador fosse evoluindo para números que já não se usam. As substituições começaram cedo, e desta vez todas a preceito. Logo ao intervalo entrou Gilberto para a saída de Diogo Gonçalves, amarelado e com um árbitro de mão leve para cartão amarelo (cinco, a jogadores do Benfica). Depois, ainda antes da hora de jogo, entraram Pizzi e Everton e, já nos 10 minutos finais, Darwin e Cervi.

E o melhor que se pode dizer é que todos, até Everton, estiveram a bom nível. A boa exibição colectiva decorreu naturalmente das boas exibições individuais, com destaque claro para Seferovic. Marcou dois golos e assistiu para outros dois, os de Rafa e de Darwin, festejado com lágrimas pelo jovem uruguaio. Mas Seferovic não fez apenas isso. Ao contrário do que fizera no último jogo, em que por egoísmo e individualismo penalizou a equipa no escasso 1-0, foi sempre um jogador do colectivo, sem se mostrar preocupado com essas coisas dos melhores marcadores, que agora já é.

E aquela forma como festejou o golo com Darwin foi do mais bonito que tenho visto. E como é bonito quando tudo corre bem!

 

Atestado de incapacidade

 

Esperava-se que este jogo da nona jornada, na Luz pudesse confirmar a retoma exibicional e competitiva do Benfica, mau grado o adversário ser o Paços, de Pepa, o quinto classificado, a fazer uma excelente época e a jogar bom futebol.

Afinal o jogo só confirmou o bom trabalho que Pepa está a fazer em Paços de Ferreira. E, pelo contrário, mostrou que não há retoma nenhuma no Benfica. Que os problemas continuam todos lá, e que, pelos vistos, Jorge Jesus, em vez de os resolver, agrava-os.

É certo que o Benfica ganhou, e que voltou a virar um resultado negativo. Como certo é que o golo do Paços que cedo (24 minutos) o deixou à frente do marcador foi irregular, e deveria ter sido anulado. Pelo árbitro, Rui Costa, ou pelo VAR, o provadamente incompetente Bruno Esteves. É também certo que o Benfica teve duas bolas nos ferros, num remate de Pizi ao poste, no lance anterior ao golo do Paços, e noutro de Darwin, à barra, pouco depois do golo do empate, de Rafa. E que criou sete oportunidades claras de golo, duas delas também a seguir a esse golo.

Mas o Paços também criou quatro oportunidades de golo. E fez mais remates (15, contra 11 do Benfica) e mais remates à baliza - cinco, contra quatro. E, acima de tudo, ganhou quase todos os duelos individuais, ganhou quase todas as segundas bolas. E, no últimos minutos, quando o Benfica só tinha que carregar sobre o adversário e procurar com alma a vitória, foi o Paços que mandou no jogo.

O golo de Luca Waldschmidt, da vitória no último lance do desafio, não resultou da alma e da crença da equipa. Simplesmente caiu do céu, quando ninguém acreditava que aquele jogo pudesse ser ganho.

A partir dos primeiros dez minutos do jogo o Paços controlou o jogo, e passou a jogar de igual para igual, mostrando que basta uma boa organização em campo, ocupar bem os espaços e disputar todas as bolas para engasgar o futebol do Benfica. Tem sido assim, e pelos vistos assim irá continuar a ser, evidenciando os desequilíbrios tácticos da equipa e os do plantel. E das opções de Jorge Jesus.

Hoje, sem Grimaldo, ao que parece lesionado no aquecimento, o Benfica não teve laterais. O Gilberto até fez a assistência para o primeiro golo, e outra em que Seferovic, na cara do guarda-redes, atirou ao lado. Mas foi de uma incompetência atroz no passe e na recepção, a perder bolas consecutivamente linha lateral, ora caricatamente a deixar a bola a passar por baixo dos pés, ora a deixá-la fugir, ora a enviá-la directamente para fora. E o Nuno Tavares foi aflitivo.  Quando passou do meio campo, passava ele, mas a bola não. Vinha para trás.

Sem laterais a ocuparem as faixas, restou jogar pelo meio, e ficou mais fácil para o Paços defender. Falhar passes, como falharam os jogadores do meio campo, ficou mais fácil para o Paços atacar. Foi assim neste jogo, como foi assim noutros. E como continuará a ser, por simples determinismo.

 

 

Demonstração de categoria

Benfica vence Paços de Ferreira e vai em 18 vitórias seguidas fora

 

A fantástica carreira do Benfica nesta liga não lança apenas a crise sobre o seu principal opositor na disputa do título, e no seu futebol de pontapé para a frente, que os especialistas do comentário da bola douram, chamando-lhe "futebol em busca permanente da profundidade". Projecta também sobre os restantes adversários a dúvida sobre a melhor forma de o enfrentar: se recorrer a uma estratégia ultra-defensiva, posicionando os seus jogadores junto à sua grande-área, com duas linhas de cinco muito juntas; ou se discutir o jogo no campo todo, pressionando os jogadores do Benfica logo a partir da saída em construção.

Concluindo facilmente que todos os adversários do Benfica que optaram por se acantonar lá atrás acabaram sempre por perder, Pepa optou por experimentar a outra alternativa neste jogo de hoje em Paços de Ferreira. Com jogadores de alta compleição física, e rijos, o treinador do Paços entendeu que, com esses argumentos, poderia "engasgar" a máquina benfiquista, e decidiu disputar o jogo no campo todo.

E fez bem. Não ganhou, mas ficou o futebol a ganhar, transformando o jogo numa partida viva, muito disputada e bem jogada. Na primeira parte, muito bem jogada mesmo. Porque o Benfica pôde apresentar o seu bom futebol habitual, e o Paços não estragou. Pelo contrário, valorizou também a partida.

A dúvida no resultado, e em particular sobre o vencedor do jogo, não permaneceu muito tempo no estádio. Durou menos tempo que a surpresa pela postura pacence em campo. Viu-se logo no início da partida que, com surpresa, o Paços atacava e, sem surpresa, o Benfica criava oportunidades de golo. Que o Benfica anulava com facilidade todos os ataques do adversário, e concluia com finalização todos os que construía.

Foi sempre assim, e ainda mais assim durante toda a primeira parte. Quando Rafa, aos 38 minutos, concluiu no primeiro golo uma espectacular assistência de Rúben Dias, com uma grande execução - mais uma - já tinham ficado para trás cinco oprtunidades claras para marcar, entre as quais um remate à barra, logo aos 10 minutos, para além de um golo anulado pelo VAR, aos 18, com um alegado fora de jogo no iníco da jogada, que no campo e na televisão ninguém viu, mas que as linhas manhosas acabaram por apurar ser por 4 centímetros. 

 O escasso 0-1 ao intervalo não tinha nada a ver com o recital que o Benfica deixara no campo.

Na segunda parte a qualidade baixou um pouco, mas o figurino do jogo não. Logo aos dois minutos, novo passe a rasgar do central, desta vez de Ferro, e de novo para Rafa, que assistiu Vinícius para o segundo. E pouco depois mais um golo anulado pelo VAR, desta vez num fora de jogo que parecia claro mas que, afinal, pelas mesmas linhas manhosas, voltava a ser à pele. E mais umas tantas oportunidades desperdiçadas, entre as quais uma de Seferovic (que entrara para substituir Vinícius) que irá certamente para os apanhados desta Liga.

Fica um jogo difícil que o Benfica tornou fácil, com uma grande demonstração de categoria. Pela qualidade exibcional mas, a cima de tudo, pela capacidade de resposta a uma situação que não estaria certamente no plano de voo para esta partida. Basta reparar que os golos nascem nos centrais. Ou que o Paços até teve mais posse de bola durante todo o jogo! 

Nem parecia que era a começar. Mas começou bem!

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O Benfica arrancou hoje para o campeonato 2019-2020, à procura do 38. Mas nem pareceu. Mais parecia que não tinha mudado a época, que não tinham passado quase três meses sobre o último jogo do último campeonato, de boa memória.

A mesma dinâmica de vitória, o mesma dinâmica de festa nas bancadas, a Luz cheia que nem um ovo, com mais de 60 mil - 63 mil, mais precisamente. A mesma dinâmica de jogo, e a mesma dinâmica de goleada. Já quase não nos lembramos de um jogo sem goleada. Até o relvado lembrava o da época passada, depois daquele estado deplorável em que o víramos no jogo de apresentação, com o Anderlecht, há um mês.

O Paços de Ferreira entrou na Luz como quase todos os adversários entram, com uma estratégia de contenção para reduzir os danos, e com o objectivo  de retardar o golo do Benfica. Duas linhas muito juntas, uma primeira de cinco, e outra de quatro logo atrás, com a ideia de reduzir o espaço de acesso à sua área, e tapar as linhas de passe no último terço do terreno. E a coisa funcionou durante largos minutos, basicamente durante toda a primeira metade da primeira parte.

Não se pode dizer que o Benfica não tenha criado oportunidades de finalização durante todo esse período. Não foram muitas, mas por duas ou três vezes criou situações de finalização que poderiam ter acabado em golo. Logo aos 7 minutos Seferovic falhou por pouco, logo a seguir Marco Baixinho, o defesa pacense, teve uma entrada dura, por trás, a travar Seferovic, que seguia isolado para a baliza, e deveria ter visto o cartão vermelho e, aos 19 minutos, o remate de Grimaldo na sequência de um canto, só por centímetros não acabou dentro das redes. A verdade, no entanto, é que o golo do miúdo Nuno Tavares - e que golo! - que mudou ao jogo, aos 26 minutos, surgiu no primeiro remate enquadrado com a baliza.

Já se sabe que neste tipo de jogos o mais difícil é marcar o primeiro golo. Esta noite na Luz não foi excepção, e a partir daí o Paços abriu o seu jogo. Subiu no terreno e tentou fazer pressão alta, com os jogadores mais distribuídos pelo terreno. E sabe-se também como isso favorece o desenvolvimento do futebol do Benfica, e a sua dinâmica de transição ofensiva.

O segundo golo (Pizzi, de penalti),logo a seguir, apenas acabou o que o primeiro tinha feito, quando ainda faltava mais de um quarto de hora para o intervalo.

Na segunda parte o Benfica refinou ainda mais a exibição, e as oportunidades de golo iam-se sucedendo. A partir do minuto 65, quando o pacense Bernardo Martins foi expulso, num segunda amarelo por carga dura sobre Nuno Tavares (mais uma grande exibição, com um golo e duas assistências), a travar mais uma saída rápida para o ataque, a resistência do Paços terminou. E os três golos que se seguiram (Pizzi - quatro golos em dois jogos -, Seferovic e Carlos Vinícius, na estreia) acabaram por ser fraco pecúlio para tanto domínio.

Não se pode dizer que tenha sido mais uma excelente exibição do Benfica, mas foi claramente mais um bom jogo, numa linha exibicional que é já uma marca da equipa. Que, acima de tudo, confirma e consolida o futebol que Bruno Lage trouxe ao Benfica.

E confirmou que Raúl de Tomás, mesmo sem marcar, é jogador a pegar de estaca na equipa (excepcional o seu trabalho no campo todo), que Florentino é um craque e que o Nuno Tavares, que na esquerda é simplesmente soberbo, já faz o corredor direito como se sempre ali tivesse jogado. Só de Pizzi não confirmou nada, por que esse já não tem nada pra confirmar. Está mais que confirmado que é um extraordinário jogador.

Começou bem, muito bem mesmo, esta Liga 2019/20. Que assim continue!

 

Alternativa à direita

 

Muito difícil, como é habitual, esta deslocação a Paços de Ferreira. Deixando-se trair pela esquerda - não, não é de política  que se está a falar - o Benfica somou dificuldades às dificuldades naturais que o Paços sempre lhe coloca.

Foi pela famosa e endiabrada ala esquerda que o Benfica se deixou apanhar. O Paços tinha a lição bem estudada (percebeu-se também pela forma como defendeu os cantos), e tratou de engasgar a máquina de futebol do Benfica secando aquela asa esquerda. Com muita gente e muita pressão.

Se a ideia era cortar o abastecimento à sua grande área e evitar o golo, a coisa correria ainda melhor rendendendo-lhe mesmo um golo. Logo no início, em resultado directo dessa estratégia, e na única vez em que chegaria à baliza do Benfica. Com a pressão, Grimaldo perdeu a bola. Depois só conseguiu correr atrás dela, até a ver entrar na baliza de Varela, também ele surpreendido.

O Benfica tardou a perceber que, se não tinha esquerda, teria que ter direita. Metade da primeira parte foi assim, e assim, os jogadores do Paços estavam confortáveis no jogo. Corriam, impunham o físico, discutiam as bolas todas e ganhavam a maior parte delas. Devo desde já dizer que gosto de jogadores assim, não gosto nada é de jogadores como foram os do Estoril na passada quarta-feria (nem eu nem o próprio treinador do Estoril, ao que disse). Mesmo que, com 10 guerrilheiros e um terrorista - o Rúben Micael é mais do género terrorista -, tenham obrigatoriamente que ultrapassar os limites da agressividade.

Quando percebeu que havia alternativa à direita o Benfica descobriu ... Rafa. Estava lá, e estava lá para dizer que estava grato por não terem desistido dele. E então sim, o futebol do Benfica foi crescendo até chegar ao patamar a que nos tem habituado, e recuperar Cervi. Os últimos cinco minutos da primeira parte foram de um sufoco terrivel mas, por maiores que fossem as oportunidades, a bola não entrava. Havia sempre mais uma perna, mais um milagre, e o intervalo soou a um gong que salvou um Paços agarrado às cordas.

A segunda parte arrancou logo com mais uma grande oportunidade, a prometer que o sufoco era para continuar. E assim foi, com um jogo de sentido único. O Paços fizera o golo e rigorosamente mais nada que defender. Defender de toda a maneira e feitio. E resistia, resistia tanto como a bola a entrar na baliza. Ou como o árbitro a marcar um penalti...

Rui Vitória ia metendo mais gente na frente. Meteu-os todos. Primeiro, ainda bem cedo, o Raul, tirando Zivkovic, provavelmente condicionado por um inacreditável amarelo, logo no início do jogo (Pizzi seria mais tarde brindado com outro, não menos inacreditável). Finalmente o golo. De Jonas, assistido pelo Raul, a cruzamento de Rafa. Faltavam 20 minutos para o fim, e Jonas correu com a bola para o centro. Em vão, porque não bastava que o treinador adversário fizesse uma substituição para retardar o recomeço. Os imbecis das tochas também trataram de fazer o mesmo!

Com isso o tempo foi passando, e o ímpeto do golo quase que também. E chegou a vez de Seferovic, quer dizer, do desespero. Que daria de pronto e finalmente no segundo, a dois minutos dos 90, embrulhado numa tabela Jonas-Raul-Seferovic-Jonas. A marcar, como só ele sabe. A festa, finalmente!

O terceiro, já dentro dos 7 minutos de compensação (deve ser por causa das coisas), não veio pôr justiça no resultado, porque para isso eram precisos mais três ou quatro. Veio pôr justiça na exibição do Rafa, com mais uma assistência do Raul. Para acabar em beleza, com o golo que tanto teimava em fugir!

Sem ganhar nada, o Benfica hoje ganhou muito. E ganhou o Rafa!

 

 

 

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