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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Parlamento novo

Já há parlamento. Amanhã, haverá governo ... e novos deputados, no lugar onde estavam sentados os que sentarão na bancada do executivo.

A primeira sessão da legislatura elegeu o novo Presidente da Assembleia da República, a segunda figura na hierarquia do Estado - Artur Santos Silva, um peso pesado do PS. Essa eleição, e o notável discurso do novo Presidente - o agressivo cão de guarda que virou diplomata e estadista - , constituíram o ponto alto desta primeira sessão do novo plenário.

O ponto baixo ficou, claro, a cargo de André Ventura. Com onze deputados a seu lado, a diferença só está no barulho que fazem. O discurso é o mesmo, vazio, exclusivamente para consumo televisivo. A arruaça e a provocação são as mesmas ... Se alguém pensasse que dali poderia vir algum contributo, alguma coisa de novo, ficou esclarecido. Logo à primeira ficou a saber o que pode esperar do terceiro grupo parlamentar da Assembleia da República nesta legislatura. 

 

As coisas são assim mesmo

Escolhas | Blum Vivant

 

Quando o Novo Banco, o Banco de Portugal e tutti quanti impediam a divulgação do Relatório da Auditoria da Deloitte - nem aos deputados seria disponibilizado -, toda a gente gritou que não podia ser, que os portugueses não podem servir apenas para pagar, têm pelo menos o direito de saber o que pagam. 

Quando digo toda a gente, é mesmo toda a gente. Líder do governo e líderes da oposição. Não era de forma alguma admissível que as circunstâncias que concorreram para o maior escândalo financeiro da História, que tanto tem custado, e irá continuar a custar ao país, não possam ser publicamente conhecidas. Dava-se de barato que os nomes dos devedores estivessem ocultados, tratando-os de forma desigual, já que há uns que toda a gente sabe quem são, e outros que nunca ninguém ficará a conhecer. Mas enfim, nunca se pode ter tudo.

Entretanto, e em consequência deste protesto generalizado, o Relatório chegou aos deputados que, na sua posse, passaram a ser eles a decidir sobre a sua divulgação pública. A decidir o que todos, incluindo eles próprios e os seus líderes, tinham antes reclamado.

E decidiram que ... não. Que afinal o que se sabe que aconteceu no BES e no Novo Banco não é para se saber. Assim decidiram os deputados do  PS e do PSD, com a abstenção conivente do CDS e da Iniciativa Liberal (o deputado do chaga nem  para votar as suas próprias propostas aparece), como se antes, para a fotografia, não tivessem estado do outro lado.

As coisas são assim mesmo. Ou ... o que tem de ser tem sempre muita força ...

Especial, na especialidade...

 

No Parlamento lá se continua a votar o orçamento na especialidade, às voltas com as milhentas propostas de alteração especiais. Depois dos professores, no primeiro dia, ontem a estrela foi a tourada do IVA a promover uma nova maioria, juntando agora muito juntinhos PSD, CDS e PCP.   

No PS, com a tão discutida liberdade de voto, afinal não se passou nada. Passou-se que ficou sozinho, mas inteiro.

Tourada vai ser se, depois, os preços dos espectáculos ficam na mesma. 

O que se pode dizer é que, depois da aprovação do Orçamento na generalidade - onde a guerrilha interna no PSD voltou a dar sinal de vida, fazendo saber que o Feliciano Barreiras Duarte (aí está ele outra vez) votou (contra, naturalmente) sem lá estar -  só se voltou a dar pela geringonça nos impostos sobre os combustíveis, que a oposição pretendia baixar.

No resto, tudo deu para fazer maiorias. E com tudo se fizeram maiorias. Dois exemplos apenas: PS e PSD fizeram maioria para impedir que os escalões de IRS fossem actualizados de acordo com a taxa de inflação. E PSD, CDS Bloco e PCP voltaram a fazer maioria para impedir - vejam bem - o aumento da tributação dos carros das empresas, os chamados carros de função.

Então? Mas não é isto é muito mais especial sem maiorias absolutas? E não tem muito mais graça?

 

 

Não falam, e não se fala mais nisso…

Por Eduardo Louro

 i

 

A presidente da Assembleia da República convidou os militares para a sessão comemorativa dos 40 anos do 25 de Abril, no Parlamento. Os militares de Abril aceitaram o convite na condição de não serem uma mera jarra decorativa, mesmo que cheia de cravos, para dar um ar pitoresco à festa. Sim, mas com direito à palavra… A intervir … A dizer das suas, sem mordaças… Porque dessas trataram eles há 40 anos atrás!

Mas democracia é democracia, mesmo com mordaça. E nesta democracia logo a maioria do PSD e do CDS tratou de explicar que… era só o que faltava. Então mas nós, democratas da mais alta estirpe, voz do povo porque o povo assim quis, somos lá gente para estar aqui a ouvir desaforo?

Não falam, e não se fala mais nisso… Se querem vir que venham, mas caladinhos. Se não, mandamos evacuar as galerias e vai tudo corrido a bastão e pontapé!

O TRIBUNO

 Por Eduardo Louro

 

(foto daqui)

 

Em boa parte das vezes não concordo com as suas posições, mas não posso deixar de concordar que se trata de um dos mais brilhantes parlamentares da democracia portuguesa, e seguramente o mais brilhante de todos os que com ele partilharam o Parlamento nos últimos treze anos. Falo de Francisco Louçã, que anunciou hoje o abandono da actividade parlamentar!

Se na condução da sua actividade política nem sempre foi exemplar, se – e as últimas imagens são sempre as que perduram – não foi exactamente feliz no que dispôs para a sucessão da sua liderança no Bloco de Esquerda, a verdade é que deixa uma imagem de um tribuno parlamentar único. Pela cultura, geral e política, pela inteligência e pela sagacidade!

Com espectáculo – é verdade, mas um tribuno é também um actor, é representação – mas com substância. Com verdade. Com verticalidade, mesmo se pisando as marcas dos limites…

Faz parte da minha geração, somos da mesma idade e fomos colegas no velho ISE, no Quelhas. Não me parece que esteja velho… Não posso aceitar que esteja velho. São opções. É a política...

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