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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Livro de reclamações

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Dizem os entendidos que Benfica e Porto foram beneficiados num penallti cada um neste último fim de semana. Ambos ganharam e ambos os converteram em golo. No fim das contas, só o do Porto foi objectivamente decisivo na vitória, já que ganhou por um golo (3-2), enquanto o Benfica ganhou por dois (3-1).

Na jornada anterior fora a vez do Sporting sair com benefício idêntico, com o árbitro a punir o adversário com um penalti por uma falta cometida fora da área. Isto para não recuar mais no tempo, e apenas para que fique claro que essas coisas acontecem com alguma frequência. Porque errar, todos erram. Porque esse erros são hoje mais escrutináveis que nunca, e há certamente muita coisa que se vê nas imagens que ao olho humano, no momento, naquela fracção de segundo, não é passível de ser vista.

Mas não é isso que me traz aqui. Melhor: o que me traz aqui só muito remotamente poderá ter alguma coisa a ver com isso. É que uns rapazes de uma claque do Porto, com o respectivo líder à cabeça, voltaram a protagonizar cenas inspiradas na velha Sicília, trazendo-nos de volta tempos que todos julgavamos bem enterrados no passado.

Uma coisa é que não haja praticamente notícia do submundo do crime no Porto que não dê nota de pessoas ligadas aos Super Dragões, deixando bem à vista os cruzamentos entre as claques do futebol e o crime organizado, que nem é novidade nem exclusivo de qualquer uma. Outra é a sua actuação criminosa enquanto tal, enquanto claque, enquanto estrutura institucional apoiada por um clube de futebol. Uma coisa é serem compostas por gente a quem se não conhece profissão, que faz da marginalidade modo de vida. Outra é organizadamente exibirem a intimidação e a chantagem. É espalhar o terror por onde passem e sempre que lhes apeteça. 

Têm agora a palavra as instituições do Estado de Direito. O gangsterismo não pode ficar impune. Onde quer que seja do território nacional. Seja qual for o sector da nossa vida colectiva. 

A GNR tomou conta da ocorrência. Mas o mais provável é que venha concluir mesmo que não passou de um grupo de amigos que numa segunda-feria decidiu ir jantar a uma cidade a 70 ou 80 quilómetros. Que entrou no primeiro restaurante que encontrou, sem qualquer ideia que pudesse ter alguma coisa a ver com o árbitro que terá errado a assinalar um penalti. Um, que não o que beneficiou o seu clube. Que não chamaram "pelo gatuno", mas apenas pelo livro de reclamações... 

Porque, afinal, como se vê pelas televisões e jornais, o que interessa são os penaltis. Isto não tem interesse nenhum!

EURO 2012 (XXV) - MALA SUERTE

Por Eduardo Louro

                                                                      

A selecção nacional foi afastada da final do campeonato da Europa, no desempate por grandes penalidades. Que é sempre uma questão de sorte e de azar…

Na circunstância da suerte espanhola no decisivo remate de Fabregas, quando a bola, do poste, segue para dentro da baliza; e do azar português, quando a bola rematada por Bruno Alves, da barra segue para fora!

Antes, o Rui Patrício – finalmente com a oportunidade de se mostrar – defendera, com grande brilho, o penalti de Xabi Alonso, hoje um dos melhores dos espanhóis. Alegria de pouca dura porque, logo a seguir, Moutinho – o jogador português que menos merecia que isto lhe acontecesse – marcou muito mal o primeiro (percebe-se, pela história recente, que Paulo Bento não tenha optado por Cristiano Ronaldo para abrir a série) dos penaltis nacionais, e permitiu a defesa de Casillas. E tinha Sérgio Ramos marcado à Panenka, esse sim, mais ou menos à Panenka!

Desconfio que, a partir deste europeu, com o impacto que esta irresponsabilidade teve na viragem do curso dos penaltis, irão multiplicar-se os Panenkas

E, antes de tudo isso, foram 90 minutos de um jogo que esteve longe de ser sequer aceitável. Com duas equipas dominadas pelo medo, às vezes mesmo de pânico. Foi tanto o medo que ambas traíram o seu modelo de jogo, no caso português seja lá isso o que for. Porque na realidade não se percebe bem!

Foi, por isso e não só, a Espanha quem mais infidelidades cometeu. Desde logo com a introdução de Negredo, um ponta de lança com que a equipa não sabe jogar. Mas também não conseguiu impor o seu tiki taka, nem atingir os tais níveis pornográficos de posse de bola (apenas 57%) nem sequer assumir o domínio no jogo. Da selecção nacional ficou a ideia que poderia ter jogado bem melhor, que teve condições para o fazer, e que só não o fez pelo medo que revelou, que não era perspectivável na conferência de imprensa de Paulo Bento na véspera do jogo. Só não diria que se descaracterizou tanto quanto a Espanha porque jogou de forma muito semelhante à dos piores períodos dos jogos anteriores. Aos vinte minutos iniciais do jogo com a República Checa ou a boa parte do jogo com a Dinamarca, com pouco critério no passe e muito chuto para a frente, sem condições de servir os nossos dois melhores jogadores, aqueles que têm condições para desequilibrar.

Portugal perdeu uma boa oportunidade de ganhar à Espanha e de voltar à final de um campeonato da Europa. Porque a Espanha teve muito medo da selecção nacional, porque a Espanha, por via disso e pelo cansaço que evidenciou, foi bem inferior ao que se espera e exige de um campeão do mundo e da Europa. A equipa nacional não aproveitou a oportunidade que Del Bosque e os jogadores espanhóis ofereceram e limitou-se a defender bem e a controlar o jogo. O que umas vezes basta e outras não!

Quando Del Bosque corrigiu - voltou ao seu sistema alérgico a pontas de lança, e tirou do banco as armas que Portugal tinha em campo mas não sabia utilizar (alas velozes e de grande categoria como são Pedro e Navas) - acabou-se. Manteve-se a defender bem – é certo – mas perdeu o controlo do jogo.

Quando se chegou ao prolongamento o jogo já era outro. A selecção espanhola, que sempre deixara a ideia de bem mais fatigada, foi então superior. O que não deixa de ser surpreendente, porque Paulo Bento deixara as substituições para mais tarde. Tarde de mais, mas também infelizes!

Não resultaram, ao contrário das que Del Bosque fez. Que, evidentemente, também tinha no banco opções que nada têm a ver com as de Paulo Bento.

Acabamos derrotados, com honra mas sem glória, pela armada invencível. Que foi apenas espanhola, não teve - como se receou – ajuda decisiva e visível de mais ninguém. O árbitro turco não esteve sempre perfeito – o maior erro terá sido um benefício ao infractor, quando, aos 30 minutos, marcou uma falta sobre Nani quando ele, resistindo, prosseguiu em direcção à baliza ou, dez minutos antes, quando não assinalou outra sobre o mesmo Nani, o melhor da frente na primeira parte, mas a desaparecer depois - mas também não interferiu em favor dos desejos do Sr Platini.

Nem o resultado nem a exibição de hoje retiram o que quer que seja ao que Portugal fez até aqui neste euro. A selecção nacional fez um grande europeu, muito acima do que seria legítimo esperar e muito acima dos seus limites. O que não quer dizer que sejam as melhores as perspectivas que se abrem, ao contrário do que afirmou Paulo Bento no final do jogo…

O PENALTI DO COSTUME

Por Eduardo Louro

 

E tudo se resolveu com penalti do costume. Não, desta vez não foi o árbitro. Que nem o viu – e não viu mesmo porque, como já era notório, ele tinha pressa em resolver as coisas – quem o viu foi o árbitro assistente. O árbitro assistente e toda a gente!

E ainda bem, porque só mesmo visto. Contado ninguém acredita: a bola, de um canto, vem pelo ar e dois jogadores do Marítimo resolvem discutir uma bola que não tinha sequer discussão. Sobem ambos, sozinhos, sem nenhum adversário por perto – nem ao lado, nem à frente, nem atrás – e um deles sobe tanto que até leva a mão à bola. Aí estava o penalti do costume…

Depois! Bem, depois o jogo pouco mais teve para contar que os cartões amarelos para os jogadores da equipa da Madeira. Um deles para um jogador que caiu na área do Porto, depois de um ligeiro empurrão de Hulk – a tal famosa questão da intensidade. Que ali, na área do Porto, nunca é a suficiente…

E já no fim, com o Porto a defender lá atrás o que conquistara com o penalti do costume, o Djalma cai na área do Marítimo. O árbitro Paulo Batista apita e vê-se um cartão amarelo na sua mão. Para pagar com a mesma moeda, poderia pensar-se. Não, estava lá também um vermelho. E a outra mão apontaria para a marca de penalti: agora sim, era este afinal o penalti do costume!

Futebolês #32 Paradinha

 

Por Eduardo Louro

 

 

 

Parados ou paradinhos são muitas vezes alguns jogos. Muitas vezes a defesa fica parada, à espera do fora de jogo que o árbitro assistente (fiscal de linha não era bem mais giro?) acaba por não marcar. Paradinha, a ver os adversários correrem até à baliza, e ao golo.

Paradinha tem que estar a bola quando é reposta em jogo, seja na cobrança de faltas, ou nos pontapés de saída, de baliza ou de canto. Paradinhos pareceram-nos muitas vezes os jogadores da nossa selecção a ver os jogadores espanhóis, divertidíssimos, a trocar a bola. A jogarem sozinhos, como se fossem os donos da bola e não deixassem os portugueses brincar. Coisa que, como bem nos lembramos dos nossos tempos de meninice, não se faz aos vizinhos

O futebol está cheio de paradas e paradinhas. No campeonato de mundo da África do Sul estão equipas que são autênticas paradas de estrelas. Não é o caso da nossa selecção. Porque já lá não está, e porque só tinha uma estrela. Quanto muito seria uma paradinha. Mas em futebolês paradinha não tem nada a ver com qualquer destas coisas.

Agora que o campeonato do mundo de futebol está em tempo de decisões através dos chamados pontapés da marca da grande penalidade (podíamos simplesmente dizer “através de penaltis”, mas isso iria chocar os puristas, os mesmos que acham que ninguém pode dizer se não bem de Carlos Queiroz) iremos ouvir falar dela. Da paradinha, claro!

É que a paradinha é indissociável do penalti. Seja o do decurso normal do jogo, daqueles que o árbitro só marca contra a nossa equipa, sempre em prejuízo dos nossos e sempre em acto de descarado e desavergonhado roubo, ou daqueles que o árbitro, depois de deixar passar dezenas de outros que todos nós vimos, assinala de vez em quando a nosso favor. Ou, ainda, dos tais que servem para resolver aquilo que ninguém consegue desempatar, nem que houvesse prolongamento atrás de prolongamento.

Já tínhamos visto a guia de marcha do Japão ser assinada pelo Paraguai através dos tais penaltis. Com o Cardoso a marcar o decisivo com classe e com cheiro a paradinha, coisa que nunca o víramos fazer no Benfica – aí a sua especialidade era mais falhá-los! Ontem vimos o Uruguai, depois de um jogo dramático, fazer o mesmo ao Gana, com o penalti decisivo marcado através da mais linda paradinha. Perfeita!

A paradinha é um truque! O futebol é um jogo de fair play mas também é o jogo onde o “fair play é uma treta”, como um dia disse esse grande treinador, que me não canso de elogiar, chamado Jorge Jesus. Daí que seja um jogo onde todos tentam enganar todos: os jogadores tentam enganar os árbitros e os adversários, os árbitros tentam enganar as câmaras de televisão, os treinadores tentam enganar-se uns aos outros e os dirigentes tentam enganar toda a gente…

Na paradinha o marcador apenas tenta enganar o guarda-redes adversário. Porque é o único que ali está, não pode mesmo enganar mais ninguém! Parte para a bola, o coitado do guarda-redes ali sozinho e angustiado fica á espera que ele vá direitinho á bola e … zás… lá venha ela! Mas não: a determinada altura pára. Lá está: paradinha!

Quando pára deixa o guarda-redes desesperadamente entregue às leis da física, com a inércia já irremediavelmente vencida e sem possibilidade de voltar atrás. Aí, o malandro do marcador envia a bola para onde lhe apetece: o lado contrário àquele para que o seu oponente se balanceou. E chega a fazê-lo com requintes de malvadez!

A paradinha é a mãe da maior das maldades: aquela em que, depois do coitado do guarda-redes por terra, o marcador pica a bola ao de leve e a faz descrever lentamente uma parabólica em direcção à baliza.

Chamam-lhe um penalti à Panenka, o nome de um jogador checo que entrou na história do futebol quando, na final do campeonato da Europa de 1976, contra a Alemanha, teve a frieza de marcar assim o penalti decisivo. A então Checoslováquia conquistaria o seu único título e, à sua frente, estava uma lenda das balizas: o alemão Sepp Maier. Ainda hoje está por saber se se tratou de coragem ou de loucura!

Desde então muitos foram os que o imitaram. Quem não se lembra de Hélder Postiga (eu sei que ninguém se lembra dele!) a fazê-lo no Euro 2004, frente à Inglaterra? Ainda ontem, um uruguaio a quem chamam de El Loco, nos deixou mais um belo exemplar...

Uma nota final formativa (esta rubrica, embora não pareça, também tem um papel formativo): as leis do jogo já permitiram a paradinha e já a proibiram. Actualmente é permitida se efectuada a meio do percurso para a bola, mas proibida se imediatamente antes da execução do remate.

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