CADA VEZ MAIS PENOSO...
Por Eduardo Louro
Foi a contra gosto que o primeiro-ministro recuou na TSU. Não foi por ter reconhecido o erro, e para o corrigir, que a medida foi parar ao caixote do lixo. Foi simplesmente porque foi obrigado a isso, a contra gosto. E amuado, como se viu!
Passos Coelho amuou, em particular com os empresários. Uns ingratos, acha convictamente. Daí que ontem, no almoço com banqueiros no Estoril – em mais uma penosa deslocação – lhes tenha deixado uma ameaça (a tal lição para o futuro que, em tom ameaçador, não quis concretizar) e uma acusação de cobardia. Foi por cobardia, acha ele, que muitos empresários se colocaram conta a medida. Porque tiveram medo dos seus trabalhadores!
O homem está perdido, não percebe nada do que à sua volta se passa. Mas nem tudo lhe corre mal: a privatização da Caixa Geral de Depósitos, que ainda há poucos dias, no debate quinzenal na Assembleia da República e interpelado por Seguro, era tabu – apesar de toda a gente saber que tinha sido assunto tratado com a troika – aí está, a fazer o seu caminho. Sem que ele tivesse de dizer uma única palavra…
Ainda há coisas que funcionam… Não são as que dependem da acção do governo, mas há sempre muita gente disponível para dar uma mãozinha!
Mãozinha é, de resto, coisa que não falta a este governo. Há sempre uma mãozinha para meter em tudo. Veja-se o rato que a montanha das fundações pariu. Quantas mãozinhas não andaram por ali?
Penoso. Cada vez mais penosos os últimos dias dos governos. De todos!