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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Percepção de tiros nos pés

Presidenciais 2026 – ECO

Estão confirmados mais dois candidatos às presidenciais. Marques Mendes, há uma dúzia de anos a tratar do assunto na televisão que vende presidentes, e correspondendo ao apelo seu partido, anunciou-se ontem no sítio do costume. E Mariana Leitão, escolhida e anunciada na Convenção da IL, que decorreu no fim-de-semana sem surpresas, e a vitoriar Rui Rocha.

Confirmados - pelos próprios - são agora três. André Ventura já se tinha feito anunciar candidato pelo seu partido, pouco importando agora se o partido é alguma coisa mais que ele próprio.

O PS anda à nora. Tinha, e tem ainda, candidatos a mais. Chegaram a ser pelo menos quatro, e desses apenas Mário Centeno se retirou pelo próprio pé. Artur Santos Silva foi arrastado no afastamento do costismo, e resta-lhe ir fazendo umas provas de vida, à sua peculiar maneira. Restam os Antónios, Seguro e Vitorino. No próximo fim-de-semana o partido irá anunciar a sua escolha.

O Bloco de Esquerda também já anunciou que apresentará um candidato próprio. Tal como o PCP, como sempre tem feito.

A vocação dos partidos realiza-se na plenitude nas eleições legislativas. É aí que neles se esgotam as candidaturas. Têm também o papel muito relevante nas autárquicas, mas aí já não gozam da exclusividade. Há outras formas de candidatura.

Nas candidaturas presidenciais a Constituição - e o regime - não lhes reconhece qualquer tipo de intervenção. Resultam exclusivamente da expressa vontade do candidato. Os partidos simplesmente não são para aqui chamados.

Quando - todos os estudos de opinião o indicam - é notório que entraram em perda de influência social, de capacidade de mediação entre o eleitorado e as instituições, e de credibilidade, é estranho que os partidos políticos não percebam que, ao imporem as suas próprias candidaturas presidenciais, saem a perder na sua missão e prejudicam os candidatos. E é mesmo perturbador que este enviesamento seja transversal a todos os partidos. Todos, da direita à esquerda. Dos fundadores do regime aos que chegaram depois. Dos que se revêm no regime aos que o afrontam.

Dizem os analistas do regime que as sondagens que sucessivamente vêm dando a vitória ao candidato que ainda nem assumiu a candidatura não passam de um exercício, e que não é sério levá-las a sério. 

Pelo contrário - não é sério é não as levar a sério. É grave, e politicamente irresponsável, não concluir que esses resultados deixam a percepção que o regime não tem um candidato para apresentar com estatuto e credibilidade capaz de fazer frente ao almirante Gouveia e Melo.

Vivemos no mundo das percepções. Depois de instalada a percepção, não há volta a dar-lhe. Bem podem arguir que o homem ainda não teve que dizer nada. Que não se lhe conhece uma ideia. Ou que será trucidado nos debates televisivos. Instalada a percepção, a Gouveia e Melo bastará estar calado e quieto para ganhar. E até à primeira volta!

 

Marcelo na agenda

Marcelo envia carta de Ventura sobre segurança aos conselheiros de Estado -  Renascença

"O Conselho de Estado é o órgão político de consulta do Presidente da República, por ele presidido", e por ele exclusivamente convocado, a que "compete pronunciar-se sobre um conjunto de actos da responsabilidade do Presidente da República. Deve também aconselhá-lo, no exercício das suas funções, sempre que ele assim o solicite" - assim, tal e qual, no site da Presidência da República.

Na sequência de uma rixa entre famílias de etnia cigana, em Viseu, que resultou numa morte, André Ventura entendeu solicitar ao Presidente da República que convocasse esse órgão político para nele lhe solicitar o seu aconselhamento sobre o "estado de insegurança brutal" no país.

Para dar sequência à solicitação o Presidente da República entendeu remetê-la aos restantes Conselheiros de Estado, para transmitirem o que tivessem por conveniente.

Marcelo é Presidente da República vai para 10 anos, entrou já no último ano de mandato. É professor catedrático de Direito. Encarna a mais experimentada e sagaz personagem política da República.

Há duas hipóteses:

- Uma é que Marcelo passe por um tal estado de desorientação que tenha perdido por completo o conhecimento,  a lucidez e o discernimento; 

- Outra é que não se importe nada de fazer esta figura para - também ele - não ficar de fora da agenda que André Ventura domina, nem passar ao lado das percepções por ela impostas.

É só fazer a escolha...

As percepções

 

                                               Capa PúblicoCapa Diário de Notícias

Assinalou-se ontem, dia 18, o dia internacional das migrações. Em Portugal, quando não se fala de outra coisa, não se deu por isso.

Diz-se que a execução do PRR não avança por falta de mão de obra. Que a construção do novo aeroporto ficará em causa. Auscultam-se as empresas e a maior dificuldade que revelam - não, não é o IRC - é a falta de mão de obra. O equilíbrio financeiro da Segurança Social é mantido precisamente pela contribuição dos imigrantes.

E no entanto o país debate os perigos da imigração. Na saúde, na educação, na segurança ...

Barómetro da imigração realizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, dado a conhecer há dois dias, dá conta que os portugueses acham que há imigrantes a mais. Têm até a percepção que são já 40% da população. Na verdade, a totalidade de estrangeiros com autorização de residência em Portugal é de 1.164.606 pessoas (dados de 31-10-2024), pelo que os verdadeiros imigrantes não serão muito mais de 10%.

Por muito que as estatísticas e relatórios de segurança o desmintam em absoluto, os portugueses - dois terços, conforme aquele barómetro - acreditam que os imigrantes contribuem para um aumento da criminalidade. 

O país que precisa de centenas de milhares de imigrantes, é o mesmo que acha que eles já são de mais. O país que é tido por um dos mais seguros do mundo, é o mesmo que tem percepção de insegurança.

É o novo fenómeno da percepção, introduzido pela extrema direita através do extraordinário instrumento de manipulação de sensações que são as redes sociais. Introduzida em vastos segmentos da sociedade, a percepção passa a comandar largos sectores de eleitorado. A partir daí é a democracia a funcionar em regime de auto-destruição. 

Primeiro são os próprios partidos da extrema direita a capitalizar a percepção. E a entrar nos diversos eleitorados. Depois, lideranças políticas frágeis, e a mera visão instrumental do voto,  desencadeiam a reacção à perda de eleitorado, e transformam a percepção em realidade política.

É a isto que estamos a assistir em Portugal. Em grande parte do mundo também não é muito diferente.

 

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