Quatro dias para matar uma ideia de décadas
Não há dúvida que, nos últimos quatro dias, o mundo mudou apagando 80 anos de História, como se de repetente tivesse ficado subterrada por uma avalanche de lama levantada por um tsunami que não veio do mar, mas do Kremlin.
A ameaça de Putin em recorrer a armas nucleares vai muito para além da dimensão retórica. Nunca o mundo esteve tão perto da ameaça nuclear!
A velha ideia - que foi fazendo caminho de décadas - que as armas nucleares não serviam para ser usadas, mas para evitar que fossem usadas, está a morrer. Era uma ideia sustentada no princípio do bom senso e do equilíbrio psíquico de quem tinha a capacidade de premir no botão.
Aconteça o que acontecer hoje, ao quinto dia, no encontro entre delegações russa e ucraniana na fronteira com a Bielorrússia, perto de Chernobyl, a velha ideia já foi devorada pela realidade - para que sejam usadas basta que existam. Porque Putin não se confirma apenas como um louco e imprevisível que tem o poder de premir o botão. Ele personifica um padrão de gente louca e imprevisível à procura de chegar ao poder nos mais diferentes pontos do globo.
Esta guerra teve já o condão de unir a Europa como nunca antes. Veremos se será também capaz de mostrar o perigo que é o populismo que esse padrão vem espalhando. Pelo mundo e pela Europa. E por Espanha. E por Portugal!