A notícia do dia é que Diogo Piçarra, o promitente sucessor do Salvador Sobral, desistiu do festival da RTP a que se candidatara com uma canção original - como é do regulamento - que a IURD plagiara a uma outra igreja evangélica americana.
Provavelmente é por isso, por se tratar de um orignal em cima de dois plágios, que o escândalo rebentou. Não terá sido por ser uma cópia tão fiel, tão igualzinha que passou despercebida ao júri, que não é obrigado a acompanhar os cultos religiosos, sejam eles quais forem. Mesmo que - acredito - todos os membros do júri saibam que muita da melhor música da América veio daí.
Não é nada de novo. De novo, mesmo, só a desistência do "autor". Se nos lembrarmos, como hoje recordava Rui Cardoso Martins na sua crónica na Antena 1, aqui há uns anos um tal Armando Gama também concorreu - e ganhou, e foi à Eurovisão - transformando uma pequena loucura de 1975 do Paul Simon ("steel crazy, after all these years") numa "linda, linda esta balada que te dou".
Foi há 35 anos (como o tempo passa!). E não havia internet. Essa é a pequena diferença. A grande é que é, apesar de tudo, pode aceitar-se que a um júri destes possam escapar algumas coisas da música de cultos religiosos. Mas não se pode aceitar que lhe possa escapar a música do grande Paul Simon!
Depois do plágio da Senhora Le Pen, o plágio da Senhora Joana Vasconcelos, que os tempos estão para isso...
Até dá vontade de procurar mais traços de comparação entre a candidata presidencial francesa anti-regime e a artista plástica portuguesa do regime. Ambas nasceram em França, ambas são "pesadotas" e ambas acham que não há mal nenhum...
Para Marine não há mal nenhum, foi só "piscar o olho". Para a Joana não há escândalo nehum, porque não há comparação entre o seu terço gigante, toda ele feito em plástico, e florescente, e o outro terço igualmente gigante, mas feito em esferovite e pendurado entre duas palmeiras. A sua até está pendurada entre duas colunas, no "altar do mundo", e acende-se à noite...
Marine Le Pen plagiou um discurso de Fillon, de há duas semanas apenas. Plágio é plágio. Não é copiar, é roubar. Copiar é "citar", é subscrever.
A candiata da extrema direita racista, para conquistar os votos da direita ali ao lado, os 20% de Fillon da primeira volta, tem todo o direito de repescar ideias do derrotado candidato da direita francesa (e da portuguesa, como por aqui se tem visto). Não pode é pegar no seu discurso e repeti-lo, palavra por palavra, como sendo seu. Quentinho, acabadinho de sair.
Plágio é isso, é roubar para enganar. É dois em um. Depois ... sorrir e dizer que é apenas um piscar de olho é ... não ter vergonha na cara.
Não é a primeira vez que a extrema direita é apanhada com a boca n(est)a botija. Ainda temos bem fresca na memória a imagem da Srª Trump, durante a campanha paras as últimas presidenciais americanas, a repetir um discurso de Michelle Obama, palavra por palavra.
A extrema direita é mesmo muito pobre: sem ideias e sem criatividade. E muito reles: sem vegonha!
Aqui, até "plágio" é eufemismo.
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