O aguardado, e anunciado para ontem, plano de desconfinamento foi ontem apresentado, como prometido. E, ao que parece, está a suscitar relativa consensualidade, mesmo que levante sempre a questão do copo meio cheio ou meio vazio. E que nalgumas circunstâncias contrarie a opinião de técnicos e cientistas, cada vez também elas mais díspares.
Até aqui nada de anormal. A coisa começa a piar mais fino quando se repara no silêncio ensurdecedor do Presidente da República. Quando Marcelo fica calado é sempre mais notado que quando fala, e quando fica calado sobre esta matéria é sinal claro que se quer demarcar deste plano de desconfinamento. Seja porque lhe torce o nariz, seja porque, por trás da sempre propalada solidariedade institucional no enfrentamento desta crise pandémica, sempre se viu Marcelo com alguma dificuldade em acertar o passo com a pandemia.
Lembramo-nos bem como, há um ano, se apressou precipitadamente a confinar. Ou como, há apenas três dias, no dia da tomada de posse, se envolveu num banho de multidão, numa visita a um bairro do Porto (na imagem). É sabido que Marcelo tem para tudo o seu próprio passo, e o seu próprio tempo. Mas, sendo o seu, nem sempre é o mais acertado.
É por demais evidente que o silêncio de Marcelo sobre o plano de desconfinamento não tem nada a ver com a viagem ao Vaticano, onde neste momento se encontra. Tem tão só em vista guardar um espaço a pisar se as coisas não correrem bem. É a velha, e agora renovada, questão do segundo mandato!
Anda aí à solta a febre do desconfinamento. Toda a gente clama pela abertura ... das escola. Curiosamente como há pouco clamava pelo seu encerramento. Se não é esquizofrénico, não anda lá muito longe.
Percebe-se, falar das escolas é fofinho, como se a abertura das escolas quisesse dizer que só as crianças desconfinam. Não quer, como se sabe. Os pais vão levar os meninos, mas ninguém acredita muito que não saiam do carro e regressem a casa. Depois vêm os cafés, as pastelarias e os restaurantes (na realidade os sectores mais atingidos, com a hotelaria, a sua irmã gémea). E depois vem o que já todos percebemos, por experiência bem recente. Como veio depois do início do ano lectivo. E como veio depois do Natal... E voltamos ao mesmo.
Não. Não podemos voltar mais ao mesmo. E isto tem que ser claro.
Outra coisa é estarmos todos fartos disto. Cansados desta porcaria de vida. E é precisarmos todos de ver luzinhas ao fundo deste buraco em que estamos metidos. É aqui que entra o tal plano de desconfinamento, de que fala o Presidente Marcelo, com António Costa a assobiar para o lado.
Percebe-se que o governo nem queira ouvir falar disso. Por ser este governo, e por ter esta oposição. É simples - não me comprometam... É o costume. O governo, este governo, não existe para servir o país. Existe para se gerir a si próprio. E por isso não quer ouvir falar de apresentar um plano de desconfinamento que lhe seria atirado à cara ao primeiro incumprimento.
Mas devia, porque é hoje uma verdadeira prioridade ver a tal luz lá ao fundo. E podia. Um plano de descofinamento, como qualquer plano, teria que ser calendarizado. Obviamente que é aí que está o problema. Mas não teria obrigatoriamente que dar prioridade ao calendário. Nem sequer deveria. Teria que dar prioridade a critérios. Seria simples: quando o país atingir o valor x, y e z nos critérios a, b e c, abrem-se os sectores k,l e m. Pela evolução actual, mantendo as actuais regras de confinamento, poderemos atingir esses valores em x semanas.
Claro, com esses resultados suportados por testes a sério.
Penso eu, mas se calhar estou errado...
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