Ao segundo dia da segunda visita aos Alpes - se bem que, nesta semana, à excepção de terça-feira, a seguir ao dia de descanso, na 16ª etapa, quando Philipsen ganhou pela terceira vez, igualando Girmay, impedido de disputar o sprint por via de uma queda já próximo da meta, todos os dias foram corridos em montanha - mas na realidade o verdadeiro primeiro dia na alta montanha alpina, se é que já o não estava, o Tour ficou decidido. Em aberto estão a disputa do segundo lugar (entre Vingegaard e Evenepoel) e a do quarto (entre João Almeida e Mikel Landa).
Pogacar tinha dito que esta 19ª etapa - 145 quilómetros entre Embrum e Isola 2000, com duas subidas de categoria especial e uma de primeira categoria, na meta - é que era a etapa rainha deste Tour, e não aquela 15ª, nos Pirenéus, que vencera categoricamente.
Estão bem uma para a outra, ambas duríssimas. Esta de hoje tinha a particularidade de passar no ponto mais alto deste Tour, passando dos 2800 metros de altitude em La Bonette, na última das duas contagens de montanha de categoria especial, e penúltima da etapa. Para não deixar dúvidas, Pogacar ganhou-as ambas, e esta ainda de forma mais clara e espectacular.
Era dia de trepadores e foi um bom naipe deles a tomar a iniciativa da fuga do dia: Jorgenson e Kelderman (da Visma, de Vingegaard),Simon Yates(da Jayco),Hindley(Red Bull – BORA ), Cristián Rodriguez (Arkéa), e Carapaz (EF Education), bastante activo nesta fase final do Tour, que ganhara (pela primeira vez no Tour) a penúltima etapa (17ª), e que estava já em condições para discutir a classificação da montanha.
Andaram sempre na frente, e Carapaz, acabou mesmo por assegurar virtualmente a camisola das bolinhas vermelhas quando foi o primeiro em La Bonette, em que a pontuação duplicava. E juntos chegaram aos últimos 16 quilómetros da subida ao alto de Isola 2000, com uma vantagem de 4,5 minutos sobre o grupo que, lá atrás, a Emirates comandava. Controlando a distância para a frente, e endurecendo a corrida para deixar para trás muita gente.
O grupo da frente começou a desfazer-se logo nos primeiros metros da subida, e apenas Jorgenson, Simon Yates e Carapaz, cada um por si, resistiam. Jorgenson foi quem teve mais pernas, e atacou para ganhar a etapa, lá em cima.
Na perseguição, a Emirates ia gastando os seus cartuchos. Depois do grande trabalho de Nils Politt e, depois, de Adam Yates, Marc Soler, depois de uma fugaz passagem pela frente, encostou. Era a vez de João Almeida. E foi. Faltavam oito quilómetros para a meta.
Só que Pogacar, que não consegue deixar de atacar, quis ganhar a etapa, e foi embora, sem esperar pelo trabalho do João. E sem resposta. Vingegaard e Evenepoel reagiram. Fizeram o que puderam, e não foi pouco, mesmo que o dinamarquês não tenha podido mais que seguir na roda do belga.
Pogacar ia comendo - engolindo - tempo aos da frente, e deixando-os um a um para trás. Em seis quilómetros despachou toda a gente. Na meta, levantou os braços e fez uma vénia!
Vingegaard, sexto na etapa, agradeceu e cumprimentou Evenepoel. E depois chorou. João Almeida chegou logo atrás deles, 18 segundos depois. Mas com Mikel Landa, de quem não se conseguiu livrar, na roda. Carlos Rodriguez chegaria 2 minutos depois de ambos, e deverá ter ficado afastado da luta pelo quarto lugar que João Almeida conserva nos 27 segundos de vantagem sobre Landa.
Glória aos vencedores e honra aos vencidos. Glória para Pogacar e honra para Vingegaard. E para Evenepoel. Disse-nos a primeira das duas visitas do Tour aos Pirenéus, na 14ª etapa, de 151,9 quilómetros, entre Pau-Saint-Lary-Soulan Pla d'Adet. A etapa do mítico Tourmalet ainda nos Pirenéus franceses. Desta vez ficou a duas montanhas da meta, e nada deixou decidido na etapa. Nem no Tour, que ainda tem muito mais para dar.
A novidade que, surpreendentemente não é tanto assim nos dias que correm, é que o Covid voltou a fazer vítimas. Depois de Michael Morkov, hoje foi a vez de Pidcock, da Ineos. Outra, ainda ontem, foi Ayuso que desfalcou a poderosa equipa da Emirates. Mesmo que dificilmente se lhe possa chamar um corredor de equipa.
No alto do Tourmalet, Laskano, da Movistar, foi o primeiro,à frente do grupo onde seguia Rui Costa, com o grupo do camisola amarela a quase 4 minutos. Seguiu-se uma descida, em que os corredores chegaram a ultrapassar os 100 Km/hora e, depois, uma montanha de 2ª categoria, mas sempre dura. No grupo de Pogacar, sempre com a Emirates a fazer as despesas da corrida, pelo pedal do alemão Nils Politt.
A 8,5 quilómetros da meta, na derradeia subida, foi a vez de João Almeida endurecer a corrida. Viu-se depois Pogacar, que parecia querer resguardar-se, falar com Adam Yates. Que, poucos segundos depois, atacou.
Era a jogada decisiva da Emirates. Não poderia ser outro a fazê-lo. O inglês estava suficientemente atrasado para provocar resposta dos rivais de Pogacar, e atacou a 7 quilómetros da meta, fazendo de imediato a diferença, e chegando-se a Ben Healy, da Education First (belo nome para uma equipa profissional), o único que restava na frente da corrida.
A 4,5 quilómetros da meta - nada a ver com o ataque aos 42 quilómetros da antevéspera - Pogcar atacou. Vingegaard tentou responder, mas não pôde. Tal como Remco Evenepoel. Rapidamente se chegou a Yates, e ambos deixaram de imediato Healy nas covas. Vingegaard respondeu, no seu passo mas, desta vez, não conseguiu recuperar. Na meta foi segundo, 39 segundos atrás de Pogacar, mas o suficiente para "roubar" o segundo lugar da geral a Evenepoel, ficando os três mais firmes nos lugares do pódio.
João Almeida, com mais uma etapa notável, foi 12º, perdendo 12 dos vinte segundos de vantagem sobre Carlos Rodriguez, mas segurando, por 8 segundos, o quarto lugar na geral.
Amanhã há mais. O último dia de Pirenéus será ainda mais difícil e poderá, ou não, dar mais do mesmo. João Almeida dependerá muito do trabalho que for destinado no apoio a Pogacar. Se nada de anormal acontecer, um lugar no pódio estará cada vez mais difícil. Se aquilo a que for obrigado no suporte a Pogacar não o condenar a pior, o quarto lugar da geral, que segura por 8 segundos na disputa com Carlos Rodriguez, o líder da Ineos, poderá ser seu. Até porque tem a seu favor o contra-relógio final, no Mónaco e em Nice.
Mas ainda faltam os Alpes. Para ele e para todos os outros!
Ia o Tour na quarta etapa na última vez que aqui o trouxe, não imaginando então que, feita História na anterior, com a primeira vitória do africano Girmay, se voltaria a fazer logo na seguinte, com a vitória de Cavendish em Saint Voulbas.
A 35ª no Tour, com que bateu o record de Merckx, que havia igualado, que há muito perseguia e que era o seu único objectivo para esta última participação na prova, projectada para o ano passado, mas reconsiderada depois do abandono a que então fora forçado.
Foi depois tempo dos sprinters - que não mais do velho corredor britânico - e especialmente de Girmay, o africano da Eritreia que corre pela equipa do Intermarché, que ganhou mais duas etapas (na oitava), e hoje mesmo (na 12ª), que lhe dá já uma grande vantagem, porventura decisiva, na liderança da classificação por pontos. Na camisola verde, que não mais despiu desde essa quarta etapa.
Mas também do primeiro dos dois contra-relógios da prova, na quinta etapa, que Remco Evenepoel venceu, com 12 segundos de vantagem sobre Pogacar, ainda e sempre de amarelo. Onde João Almeida foi oitavo, com mais 57 segundos, subindo então para sexto na geral.
Foi tempo, no domingo, de uma etapa - a nona - de grande grau de dificulade, com 14 troços em gravilha, a modernidade que substitui as velhas etapas nos pavés. E do primeiro dia de descanso, na segunda-feira.
Ontem, no maciço central, correu-se a 11ª etapa, entre Évaux-les-Bains-Le Lioran (211.0 km) toda ela de montanha... e louca. Onde a formação da Emirates fez forte investimento, quiçá com o objectivo de arrumar com o Tour logo ali, ainda antes dos Pirenéus. E dos Alpes. E do contra-relógio final, na chegada a Nice.
Fruto desse investimento ou - talvez melhor - para o justificar, Pogacar atacou na antepenúltima subida, ainda a 32 quilómetros da meta. Ninguém lhe conseguiu responder, e foi amealhando segundos de vantagem. Chegaram a ser mais de quarenta. Mas de repente fraquejou - provavelmente, pelo que se viu no final da etapa, a comer desenfreadamente, e também porque fora possível perceber o desespero com a pedira apoio ao carro que nunca chegou - por, novamente, falha na alimentação. E a perseguição de Vingegaard, a princípio feita com Roglic, que caiu na descida e ficou para trás, acabou por resultar na penúltima subida. Pogacar ainda foi primeiro nessa meta de montanha - o que lhe valeria a liderança também na classificação da montanha - mas foi já ao sprint, com o vencedor dos dois últimos Tours a parecer desinteressado de o disputar.
A partir daí fizeram as descidas, e as duas últimas subidas, a par. E em evidente colaboração para cavar a diferença para os restantes, em especial para Evenepoel e Roglic, até próximo da meta. Diferença que, com a meta à vista e a vitória na etapa para decidir, acabaram por queimar e deixar cair para meros 25 segundos.
Não foi só aí que se percebeu que a estratégia da equipa ruíra à falta de condição física de Pogacar. Foi na própria discussão da vitória, quando Vingegaard, que normalmente perderia sempre no sprint para o rival, mesmo que sempre na frente, e em condição desvantajosa para o sprint final, arrancou para a meta e ganhou (na foto).
Fora assim - com um erro no capítulo alimentar, e com erros na estratégia de ataque - que, no ano passado, Pogacar fora derrotado. Ontem, porventura pela sua condição decorrente da grave queda no País Basco, Vingegaard apenas ganhou a etapa. Não ganhou tempo, mas ganhou força mental. E está ainda por saber o o que isso possa vir a valer lá mais para a frente.
Evenepoel e Roglic perderam apenas os referidos 25 segundos, mantendo-os segundo e quarto na geral. João Almeida voltou a fazer uma etapa ao seu (alto) nível. Foi sexto, subiu ao quinto lugar, por troca com o Carlos Rodriguez, e com o bónus de ver o colega Ayuso afundar-se, e cair para o nono lugar da classificação.
Hoje subiu a quarto. Porque, a 10 quilómetros da meta, o infeliz (já ontem caíra, sozinho, naquela última descida) Roglic viu-se envolvido numa queda das grandes, e cortou a meta com cerca de 2,5 minutos de atraso, e um ombro esfacelado. Se estiver em condições de amanhã se apresentar à partida, dificilmente Roglic terá agora possibilidades de disputar um lugar no pódio.
Os Pirenéus vêm aí, já depois de amanhã. E desconfio que terão muito para contar.
O Giro, na sua 107ª edição, acabou ontem, sem que aqui o tivesse trazido, ao contrário do habitual. Talvez porque, também ao contrário do habitual, não tivesse portugueses a brilhar.
Só teve a presença (discreta) de um português: Rui Oliveira, colega de Pogacar na UAE, que concluiu a sua segunda participação (tinha estado em 2022) no 122º lugar da classificação, entre os 142 corredores que terminaram em Roma.
Sem concorrência à altura - essa ficará para o Tour, daqui a pouco mais de um mês - Tadej Pogacar dominou por completo a primeira das três grandes Voltas da competição mundial. E deu espectáculo. Correu para ganhar o seu primeiro Giro, mas muito especialmente para dar espectáculo - permanentemente ao ataque - e para desafiar o recorde dos seis triunfos de Eddy Merckx, em 1973.
Igualou-o, e não o ultrapassou porque foi batido no segundo contra-relógio da prova, à 14ª etapa, pelo especialista italiano Filippo Ganna (Ineos), ex-bicampeão mundial da especialidade, por 29 segundos. No anterior, à 7ª etapa, com mais cerca de 8 quilómetros que terminava com uma subida prolongada, tinha sido ao contrário. Pogacar, muito melhor na subida, recuperou o tempo que perdera no trajecto plano e acabou por ganhar por 18 segundos, naquela que seria então a sua segunda vitória.
Ganhou ainda a classificação da Montanha (maglia azurra) com grande vantagem (64 pontos) sobre o jovem (20 anos) Pellizzari (Green Project). E deixou o segundo da geral, o colombiano Daniel Martínez (BORA), a 9.57 minutos, a maior vantagem desde 1965. O britânico Geraint Thomas (Ineos), vencedor do ano passado, fechou o pódio, a 10.24 minutos.
Jonathan Milan (Lidl-Trek) foi o rei dos sprinters.
Este Giro, apesar do domínio esmagador de Pogacar, revelou que novos talentos continuam a chegar ao topo do ciclismo mundial. O italiano Antonio Tiberi (Baharain), quinto na geral e primeiro da juventude, a fazer lembrar a participação do nosso João Almeida nos últimos anos, é um deles. Pellizzari é certamente outro. E o neerlandês Thymen Arensman (DSM) outro ainda.
E pronto, desceu o pano sobre o 110º Tour. Nos Campos Elísios, como habitualmente. Mas como não será para o ano, com Paris por conta dos Jogos Olímpicos.
Na meta, Meeus fechou uns milímetros à frente do compatriota Philipsen, o rei dos sprints, e camisola verde, e do neerlandês Dylan Groenewegen, em terceiro.
Com o prémio da montanha ontem arrumado, todas as classificações estavam já todas fechadas. No pódio, com Vinguegaard de amarelo, e Pogacar de branco (juventude) ficou Adam Yates. Por lá passaram ainda Philipsen, com a camisola verde (dos pontos) e Giccone, com a das bolinhas vermelhas (da montanha). E todos os colegas de Vingegaard na Jumbo, que ganhou por equipas.
Todos, não. Faltou Van Aert, o mais espectacular deste Tour. São muitas as imagens que dele ficam, porque ele esteve em todo o lado. Uma, no entanto, ficará gravada na memória de todos os que viram. Conta-se rapidamente: subiam-se as montanhas do Monte Branco e Van Aert terminava o seu trabalho na frente. Ficou para trás, e chegou mesmo a parar em cima da bicicleta, acabando amparado por um espectador, e desapareceu das câmaras. Para a frente do grupo passou Raphal Majca, o companheiro de Pogacar para impor o ritmo que colocasse Vingegaard em dificuldades. De repente, vindo não se sabe de onde, Van Aert estava ao seu lado, a voltar a pegar na corrida e a acabar (literalmente) com Majca, deixando Pogacar sem qualquer ajuda.
Faltou Van Aert porque há três dias foi embora, para assistir ao nascimento do seu segundo filho. Como tinha avisado desde o início.
Espectacular, até nisto!
Espectacular não foi o desempenho dos corredores portugueses. Pelo contrário, foi bem discreto. Rúben Guerreiro foi o que mais deu nas vistas, mas acabou fora da corrida, vítima daquela queda colectiva na 14ª etapa, que provocou a neutralização de meia hora. Nelson Oliveira (53º, a 3 horas e 8 minutos de Vinguegaard) e Rui Costa (67º, com mais 30 minutos) ainda chegaram a integrar uma fuga, mas sempre sem qualquer impacto. Na realidade, só hoje, nas últimas voltas (de 7 quilómetros) aos Campos Elísios, se conseguiu ver o Nelson naquela fuga a três que acabou fracassada já na última volta, à beira do último quilómetro.
Está tudo decidido neste 110º Tour de France. A penúltima etapa, corrida na Alsácia pelas montanhas dos Vosges,entre Belfort e Le Markstein Fellering, com 133,5 km de montanha, que só não era completamente decisiva porque o mais importante tinha fica arrumado na última quarta-feira no Col de la Loze, decidiu o que faltava decidir. Se amanhã não houver quedas que provoquem desistências - pelo que se tem visto, isso não é garantido; hoje houve mais quedas, uma delas envolveu directamente Carlos Rodriguez, da Ineos (levando-o a perder o quarto lugar para Simon Yates) e Kuss, da Jumbo, o braço direito de Vinguegard (que caiu do oitavo lugar para fora do top 10) - está tudo decidido!
Era montanha atrás de montanha, e tinha duas coisas por garantidas. Por um lado era certa a constituição de uma fuga bem cedo. Porque é sempre assim, e porque havia pontos de montanha para Giccone amealhar bem cedo e garantir a camisola das bolinhas. E, por outro, era certo que, no seu último Tour, o alsaciano Pinot queria brilhar e, se possível, ganhar na sua região.
E acabaram ser estes dois dos pontos altos da etapa. Giccone garantiu o título na antepenúltima montanha, e deixou-se cair do grupo da frente. Ao contrário, e em simultâneo, Pinot saltou do grupo para a frente, onde andou até ao início da última subida. Foi aclamado ao longo de alguns quilómetros e muitos minutos, ganhou o prémio da combatividade, mas não resistiu e acabou no sétimo lugar na meta.
O terceiro, sendo um clássico deste Tour, não deixa de ser um ponto alto da etapa. O ataque de Pogacar na última subida, e a resposta imediata de Vinguegaard, é um clássico. Mas, depois das derrotas no contra-relógio e no Col de la Loze, poucos esperariam que Pogacar tivesse força mental para qualquer espécie de ataque.
É só por isso um ponto alto da etapa. Mas também porque acabou porque arrumou o que faltava arrumar no top 10.
Pogacar atacou e Vinguegaard respondeu. Acabaram os dois a medir-se reciprocamente, e a pôr até em causa a vantagem entretanto conquistada sobre todos os outros. Um clássico deste Tour. Foi assim que Carlos Rodriguez ganhou no Monte Branco, faz hoje uma semana.
Valeu-lhes que o primeiro que se lhes juntou foi o austríaco Felix Gall, que ainda pagou a despesa durante uns bons minutos. Até deixar de estar interessado em rebocar tão importantes penduras, e Pogacar passar a estar interessado na chegada ao grupo dos manos Yates, que entretanto tinham deixado Carlos Rodriguez nas covas, entregue às suas mazelas.
Contava que Adam, o seu colega na Emirates, o conduzisse e lançasse na recta da meta. E assim aconteceu. Vinguegaard sabia que iria ser assim, e ainda se lançou no sprint para tentar ganhar a etapa, mas Pogacar não lhe deu hipótese.
Foi bonito ver na penúltima etapa mais um duelo entre os dois. Não se pensava que Pogacar tivesse ainda disponibilidade mental para estes desafios. Nem bonito, nem feio - mas apenas o que foi - foi que, sempre que ao longo de todo o Tour Pogacar atacou teve resposta à altura de Vinguegaard. Na única vez que foi por ele atacado, não conseguiu responder-lhe. Nisto, nestes duelos, as diferenças andaram pelos segundos. No contra-relógio de terça-feira, cada um por si, um sem o outro, Vinguegaard desferiu o o golpe que deixou Pogacar a cambalear. No dia seguinte não precisou de fazer muito, foi só deixá-lo cair!
Mérito indiscutível nesta segunda vitória consecutiva de Vinguegaard. Quando o segundo fica a 7 minutos e meio, e o terceiro a onze, não sobra nada para discussão!
Se ontem matou, hoje Vinguegard esfolou. Era a 17ª etapa, entre Saint-Gervais Mont-Blanc e Courchevel, não chegava aos 166 quilómetros mas tinha cinco contagens de montanha. Cinco contagens porque se calhar não dava para contar mais, porque as subidas eram bem mais. A própria meta final estava no fim de uma tremenda subida, e já não contava nada para a classificação da montanha. Seis quilómetros antes, no Col de la Loze, atingia-se o ponto mais alto deste Tour, a mais de 2300 metros de altitude, com pendentes acima dos 20% nos últimos quatro quilómetros.
Era a etapa rainha deste 110º Tour de France, tida por decisiva. E foi certamente a mais decisiva, não apenas da edição deste ano, mas dos últimos largos anos.
Foi corrida como o são as etapas de alta montanha. Uma fuga numerosa, a formar-se bem cedo, e cheia de gente que sabe subir, para, depois, as equipas dos principais corredores agarrarem a corrida até a entregarem aos que fazem a diferença.
Pogacar sofreu uma queda, e ficou com os membros superiores e inferiores esquerdos algo esfarrapados. Era um contratempo, talvez um mau pronúncio, mas nunca ficou a ideia que tivesse mais consequências. Vingegaard e a sua equipa não quiseram aproveitar o incidente para atacar - e só lhes ficou bem! - e Pogacar regressou ao pelotão, para por lá se manter sem grandes sinais de inferioridade.
Faltavam 6 quilómetros para o alto do Col de la Loze e o grupo do camisola amarela, onde seguiam os primeiros classificados, era puxado pela Ineos, com os olhos postos no último lugar do pódio, que Carlos Rodriguez tinha para atacar, e Pogacar cedeu. Não conseguiu acompanhar o ritmo e começou a ficar para trás.
Adam Yates, com o terceiro lugar da geral para defender, continuou no grupo - a Emirates, e o próprio Pogacar perceberam que nada havia a fazer - e foi o espanhol Marco Soler a "cair" da fuga (onde vinha há muitos quilómetros preso por elásticos) para fazer o que podia pelo líder. Não podia muito. Ainda assim, o pouco que podia era muito para o que podia Pogacar.
Rapidamente, e sem que Vingegaard mexesse uma palha, limitando-se a seguir o ritmo dos da frente, Pogacar perdeu bem mais de um minuto. Quando, a 4 quilómetros do alto o camisola amarela resolveu atacar a corrida, e tentar ainda ganhar a etapa, a diferença para Pogacar começou a ganhar contornos de escândalo.
Vingegaard fez então uma notável demonstração de poder, ultrapassando sucessivamente dezenas dos ciclistas da fuga. Não lhe valeu para melhor que o quarto lugar na meta (atrás de Felix Gall, Simon Yates e Pedro Bilbao, que já tinha ultrapassado, mas que recuperou em cima da dificílima linha de meta), mas valeu-lhe quase 6 minutos para Pogacar, que Soler levou penosamente até à meta, onde seria 22º, a 7 minutos e 37 segundos de Gall.
E o que era um Tour discutido nos segundos das bonificações, de repente acabou na maior das diferenças dos últimos largos anos. No ano passado Vingegaard venceu sem que conseguisse convencer. Pogacar tinha sido negligente com a alimentação, e acabou traído pelo excesso de confiança. Vingegaard, tinha apenas sido mais humilde. E dizia-se, teve sorte.
Ontem, Vingegaard mostrou estar muito melhor que o esloveno. Hoje, mostrou estar muitíssimo melhor. Pogacar é, tudo o indica, melhor ciclista. Mas nunca conseguiu melhor. O descalabro de hoje deve-se provavelmente muito mais à clara derrota no contra-relógio de ontem que a qualquer outro factor. Incluído o da queda de hoje.
O vencedor do Tour está encontrado. O pódio, provavelmente também. Adam Yates hoje ganhou claramente a Carlos Rodriguez. A não ser que os problemas de Pogacar se agravem, e o descalabro continue nos próximos dias. Ou que nem sequer encontre condições para continuar...
O que, pelas manifestações de apoio e carinho dos colegas de equipa, hoje na meta, seria verdadeiramente inaceitável!
A segunda semana do 110º Tour de France, fechada com as três etapas dos Alpes, foi mesmo a semana alpina. Três etapas que, tidas por decisivas, não decidiram muita coisa. Na frente, na luta pela vitória final, não decidiu mesmo nada.
Se à entrada nos Alpes Vingegaard e Pogacar estavam separados por 17 segundos, à saída estão separados por 10. Mas isso não quer dizer que os Alpes não decidiram muita coisa e, menos ainda, que não tenham mostrado grandes momentos de ciclismo.
Na sexta-feira, a abrir, na chegada ao Grand Colombier, não faltou espectáculo nem emoção. Como não faltaria nas outras. Aproveitando - e resistindo - uma fuga madrugadora e numerosa, como é timbre destas etapas, Kwiatowski foi o primeiro, lá no alto. Mas o espectáculo, está bom de ver, estava reservado para os dois da frente da classificação geral.
A equipa dos Emirates chegou-se à frente e, num enorme investimento, comandou toda a perseguição à fuga, quase a anulando. Na parte final Pogacar fez o resto, e voltou a atacar fortemente Vingegaard. Parecia que iria resultar, com o dinamarquês a ceder. Mas não, Vingegaard respondeu no seu ritmo e, no fim, todo o esforço da Emirates, e do próprio Pogacar, acabou por resultar numa vantagem de apenas 4 segundos. Que seriam oito, pela bonificação de outros quatro, correspondentes ao terceiro lugar na etapa. E o esloveno reduzia a desvantagem dos 17 segundos para nove.
Mas estava dado o mote. Pogacar conseguia explodir, mas Vingegaard tinha sempre resposta.
No sábado, ainda ali às voltas do Monte Branco, na chegada a Morzine les Portes du Soleil, nada seria de muito diferente. Mesmo com uma história muito diferente. Desde logo porque uma queda colectiva, logo aos 5 quilómetros da etapa, deixou fora da corrida muita gente, obrigando a uma interrupção de meia hora para que fosse prestada assistência aos ciclistas acidentados. Entre os que foram obrigados a desistir estavam ciclistas do top 10, como o sul-africano Louis Meintjes, o espanhol Antonio Pedrero (Movistar) e o colombiano Esteban Chaves (EF Education-EasyPost). Mas também Ruben Guerreiro. Dos primeiros, o australiano Jai Hindley (BORA-hansgrohe), terceiro classificado da geral, e o britânico Thomas Pidcock (INEOS), oitavo, também estiveram envolvidos, mas continuaram em prova.
Desta vez foi a Jumbo Visla, de Vingegaard, a fazer o investimento principal na etapa. Mas foi Pogacar a atacar, novamente. Desta vez até ganhou rapidamente alguma vantagem, mas depressa a perdeu, e depressa Vingegaard se lhe juntou na frente da corrida.
Pogacar percebeu que não se veria livre do rival e decidiu apostar na meta da montanha, que dava bonificação de 5 segundos. Que, juntamente com a da meta final, no fim da longa descida que se seguia, lhe daria para anular a desvantagem. Deu-se então o golpe de teatro: quando Pogacar ia atacar para ser primeiro na montanha, no carreirinho aberto entre os espectadores, é tapado por uma mota de um repórter fotográfico, e é Vingegaard que aproveita para ser primeiro, e ficar com a bonificação.
Como um mal nunca vem só, enquanto eles estavam entretidos nesta disputa, o miúdo Carlos Rodriguez (22 anos), que tinham deixado para trás uns quilómetros antes, aproximou-se e, já na descida, deixou-os para trás. E acabou por ser primeiro na meta, com 5 segundos de vantagem sobre os dois. Pogacar ainda tentou tudo, esperou até pelo colega Adam Yates para uma ajuda. Mas nem assim. Vingegaard seguiu sempre colado à sua roda. Nem no sprint final, a largou, perdendo apenas os 4 segundos da diferença de bonificação entre o segundo e o terceiro. Perdendo estes 4 segundos, mas tendo ganho os 5 lá em cima, os 9 de vantagem passaram a 10.
Hoje, na despedida dos Alpes, a inevitável fuga numerosa ditou os primeiros 15 classificados da etapa, não deixando nada de bonificações com que os dois da frente se vão gladiando. Mais uma queda deixou Bardet, à porta do top 10, de fora.
Pogacar voltou a estar mais bem preparado - quer dizer com mais equipa - para atacar, novamente com a preciosa colaboração de Adam Yates, decididamente a fazer uma grande corrida. E atacou, com o mesmo resultado: Vingegaard sempre na sua roda, sempre a responder. E a deixá-lo definitivamente em sentido. Chegaram os dois juntinhos à meta em Saint-Gervais Mont-Blanc le Bettex, em 16º e 17º, a mais de 6 minutos de Wout Poels.
E, como eles não se largam, será o contra-relógio de depois de amanhã (amanhã será o segundo e último dia de descanso) a decidir isto. Só faltava, também aí, fazerem o mesmo tempo ...
Está cumprida a primeira semana do Tour, na sua 110ª edição. Amanhã será dia de descanso.
Foi uma primeira semana completamente diferente daquilo que é habitualmente a semana inicial do Tour, tudo por força de se ter iniciado no País Basco, com os Pirineus ali tão perto. Se nas duas primeiras etapas Pogacar fez questão de mostrar que estava forte - provavelmente para esconder as fraquezas de uma preparação interrompida com a queda em Abril, na clássica Liège-Bastonne-Liège, com a fractura de um pulso a obrigar intervenção cirúrgica - para impor respeito aos seus mais directos adversários e ganhar tempo de recuperação, a quinta, a primeira a sério nos Pirineus, entre Pau e Larons, encarregou-se de lhe desmontar a estratégia.
Uma fuga numerosa, que incluía Jay Hindley, o australiano em estreia no Tour, mas já com provas dadas, acabou por ditar a história da etapa. A fuga conquistou um vantagem apreciável que, a não ser reduzida, transformaria o ciclista australiano, que ganhou a etapa e conquistou a amarela, numa séria ameaça para os principais favoritos.
A equipa da Emirates acabou por ficar sozinha nessa tarefa de reduzir o tempo para Hindley. Conseguiu reduzir a diferença para a casa dos dois minutos, mas "rebentou" aí. Esgotada fisicamente, ou esgotado o sentido colectivo da equipa nessa tarefa, deixou Pogacar sozinho, à mercê da estratégia da Jumbo Visma. Que, se em individualidades não lhe fica atrás, em sentido colectivo e estratégico, fica-lhe muito à frente.
Com Pogacar desguardado, a estratégia era testar as suas verdadeiras capacidades. Assim foi e, no momento certoVingegaard atacou sem que o esloveno conseguisse responder. Ganhou-lhe mais de um minuto, e acabou a meio minuto de Hindley. Mas, mais que tudo isso, mais que derrotar circunstancialmente Pogacar, levantava dúvidas sobre a sua real condição para discutir a vitória neste Tour.
Dúvidas que duraram pouco. Logo no dia seguinte, na curta (faltavam 100 metros para os 145 quilómetros) etapa de despedida dos Pirineus, entre Tarbes e Cauterets, com passagem pelos míticos Col de Aspin e Tourmalet, antes dos quase 16 quilómetros finais da subida ao Cambasque, onde Rúben Guerreiro acabou em quarto - depois de integrar a fuga do dia e andar sempre na frente - Pogacar tratou da "vingança".
A etapa acabou por ter muitas semelhanças com a anterior. Também a Bora, à semelhança da Emirates no dia anterior, se esgotou na perseguição à fuga para defender a amarela de Hindley. E a Jumbo também apostou na mesma estratégia da véspera. Só que, desta vez, quando Pogacar e Vingegaard ficaram a sós, foi o ciclista esloveno quem atacou. E foi por aí acima, até ganhar na meta. Com escassos 24 segundos de vantagem para o ciclista dinamarquês - que assim "roubou" a amarela ao australiano, que caiu para terceiro na geral -, recuperando metade do tempo que perdera na véspera, mas a toda a condição de principal favorito.
Com os Pirineus para trás seguiram-se duas etapas para roladores e sprinters. A primeira - a sétima - partiu de Monte-de-Marsan - em homenagem a Luís Ocãna, vencedor do Tour em 1973, para assinalar o cinquentenário dessa vitória na terra que o grande ciclista espanhol escolheu para viver - e, por entre vinhedos donde saem dos mais famosos vinhos do mundo, acabou em Bordéus. Apostava-se que fosse a etapa em que Mark Cavendish alcançaria a sua 45ª vitória no Tour, e desempataria com Eddy Merckx. Mas Philipsen, eventualmente até com uma irregularidade no sprint, não o permitiu, e atingiu ele próprio a sua terceira vitória ao sprint neste Tour. Não teria sido um drama, se na etapa seguinte, a de ontem, Cavendish não tivesse ficado de fora da corrida, numa queda estúpida (que também atingiu Rúben Guerreiro) que lhe fracturou uma clavícula, já literalmente presa por arames (um dos ferros que a segurava acabou até por saltar).
Era o seu Tour de despedida. Como que se fosse vontade dos deuses que este fosse um recorde a manter dividido entre o maior sprinter e o maior ciclista da História.
Ironicamente, o melhor sprinter deste Tour, que até aqui tinha ganho todas as chegadas ao sprint, não conseguiu vencer, em Limoges, a etapa que destruiu o sonho do melhor de sempre.
A etapa de hoje, a fechar a primeira semana, era apontada como uma das mais importantes deste Tour. Eram pouco mais de 182 quilómetros, entre Saint Léonard de Noblat e o mítico Puy de Dôme, onde a competição não chegava há 35 anos. Onde Poulidor ganhou em 1964, batendo Anquetil num duelo espectacular, quando mais perto esteve de vestir a amarela. Que o "eterno segundo" nunca vestiu, apesar dos seus oito pódios no Tour. Por isso a partida foi motivo para mais uma homenagem ao, ainda hoje, quatro anos depois do seu falecimento, mais popular ciclista francês, centrada no seu neto, Mathieu Van der Poel, o ciclista neerlandês, nascido na Bélgica, da Alpecin- Deceuninck.
Não foi a etapa espectacular que se poderia esperar. O grupo numeroso que desde cedo se formou na frente não incluía nenhum ciclista que representasse qualquer incómodo aos da frente da classificação. Por isso foi ganhando vantagem, que chegou aos 16 minutos, já em plena subida para o Puy de Dôme, quando o grupo se começou a desfazer. E quando o pelotão passou a deixar de o ser.
Na frente saltou o americano Matteo Jorgenson, da Movistar, e parecia que ganharia a etapa. Mas aqueles últimos 4 quilómetros são certamente dos mais difíceis da prova e acabou por sucumbir já dentro do último. O primeiro, numa subida, essa sim, espectacular, vindo de trás e passando sucessivamente todos os que seguiam à sua frente, foi o veterano canadiano Michael Woods, da Israel. Pierre Latour (o francês da TotalEnergies) e o esloveno - mais um! - Matej Mohoric, da Bahrain, chegaram a seguir, e à frente do americano da Movistar.
No grupo dos principais protagonistas a história repetiu-se, com Pogacar e Vingegaard entregues um ao outro, porque são na realidade muito melhores que os outros. Pogacar atacou a 2,5 quilómetros da meta e foi embora, repetindo a cena do último do episódio. Mas, desta vez, ganhando ainda menos - 8 segundos, apenas.
Vingegaard não conseguiu responder de imediato, mas conseguiu resistir. E mostrar que tem argumentos para continuar de amarelo. Mesmo que a camisola esteja presa por apenas 17 segundos.
Dos outros, apenas salientar que, ao conservar o terceiro lugar com cómoda vantagem, Jay Hindley está a justificar o pavor que lançou nos favoritos naquela fuga dos Pirinéus. E que a jovem promessa espanhola, Carlos Rodriguez, da Ineos, mas já a caminho da Movistar, é um candidato ao pódio.
Terminou ontem, em Paris, a 109ª edição da Volta França, uma das mais espectaculares e bem disputadas de sempre e, seguramente, a que mais projectou os valores do desporto, e do desportivismo.
Pois... Só não esperava era que Vingegaard a tivesse escolhido para fazer alarde de todo o seu enorme mérito na vitória que se perspectivava. Que tivesse decidido que chegara a hora de confirmar que é um campeão, e que a amarela que trazia no corpo há tantos dias, conquistada num dia mau de Pogacar, e defendida depois com enorme categoria, era sua por indiscutível mérito.
Pogacar sabia que que era nestes 143 quilómetros, entre Lourdes e Hautacam, que teria de apostar tudo para alcançar a terceira vitória consecutiva no Tour, que todos davam à partida por garantida. E atacou, como lhe competia. Uma, duas, três ... seis vezes. Como sempre antes, Vingegaard respondeu outras tantas vezes. Até seguirem os dois, sozinhos. Na última descida Pogacar sofreu uma queda, e deixou o adversário sozinho.
Na 15ª etapa, no domingo anterior, entre Rodez e Carcassona, tinha acontecido o inverso, e Pogacar não atacou. Não quis aproveitar a infelicidade do adversário. Desta vez Vingegaard nem precisava de atacar, bastar-lhe-ia seguir no ritmo que trazia para deixar o adversário para trás. Mas não o fez, e esperou por Pogacar, numa tão rara quanto nobre demonstração de desportivismo. E como foi bonito o cumprimento, e o reconhecimento, do esloveno no momento do reencontro!
Chegaram juntos ao início da subida do Hautacam, onde encontraram o não menos fantástico camisola verde, o belga Wout van Aert. E a meio da subida Vingegaard, que sempre só respondera, atacou. E foi-se embora até lá acima, ganhando mais um minuto, colorindo de mais brilho a sua amarela.
O contra-relógio de sábado, de mais de 40 quilómetros e com final em subida acentuada, que durante tanto tempo se julgou decisivo, serviu apenas para mais uma lição de desportivismo e camaradagem do novo campeão do Tour. Pulverizou todos os tempos intermédios mas, no fim, ao perceber que o melhor tempo permanecia no seu colega Wout van Aert, abrandou para fazer apenas o segundo melhor registo, e garantir a vitória na etapa, por 17 segundos, ao seu companheiro.
Ontem, na etapa da consagração, com Jasper Philipsen a vencer nos Campos Elíseos, Wout van Aert apenas se preocupou em festejar com a equipa. Não sem que, antes, ainda tivesse tido tempo para uma brincadeira com Vingegaard, ao simular uma fuga com Pogacar.
Que grande Tour. Que grandes ciclistas e enormes desportistas são Vingegaard, Pogacar e Wout van Aert!
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