Quando a instalação sonora da Luz deu a conhecer o onze do Benfica para este jogo com o Portimonense, terão sido poucos, entre os quase 60 mil nas bancadas, os que ficaram desconfiados.
Num jogo em casa, contra um dos aflitos, que se sabia vir defender com toda a gente em cima da sua baliza, jogar sem qualquer ponta de lança, não fazia sentido. Como a embirração com Roger Schmidt é já mais que muita, soava a "invenção" - "lá está ele a inventar outra vez". Ou então a embirrar connosco, quando só nós é que podemos embirrar com ele.
Eu, que não sou de embirrar, e que acho que a motivação de um treinador profissional nunca poderá ser a de embirrar com ninguém, tentei perceber o que poderia ter passado pela cabeça do treinador do Benfica. Não tendo Tengstedt - claramente o "nove" da sua confiança para jogar da forma que é a sua - terá começado a fazer contas, pensei: somou os golos dos ponta de lança disponíveis e concluiu que, todos juntos, marcam bem menos golos que Neres, João Mário, Di Maria e Rafa.
Na minha cabeça aquilo começou a fazer sentido. E comecei a lembrar-me que venho há muito reclamando que o lugar de Kokçu é mais adiantado, na função condizente com o número 10 que Rui Costa lhe ofereceu. Que mais recuado, como tem jogado sempre, é um desperdício. Só que nessa posição joga o Rafa, e não deve haver ninguém, em perfeito estado de saúde mental, que possa achar que deva sair para jogar o internacional turco.
Portanto jogar sem ponta de lança era a fórmula de tirar o melhor de Kokçu e manter em campo quem faz golos. Correu bem. Schmidt não inventou nada, foi racional.
A primeira parte mostrou logo que a equipa jogava bem, dentro daquilo que é a ideia de jogo de Roger Schmidt. O Portimonense comportou-se como era esperado, a defender com todos em cima da área, protegida por um muro e ocupada por uma floresta de pernas. Não era fácil passar pelo muro e, depois, ainda desviar-se das pernas todas que surgiam. Mas o Benfica tentou. Por fora e por dentro. Em tabelas e diagonais. Por vezes mais pelo meio que o desejável, nem tudo era perfeito, mas a equipa nunca desistia. Nem nunca se desorganizava quando perdia a bola, não consentindo qualquer oportunidade ao Portimonense de sair lá de trás.
Não marcou, é certo. Mas criou uma mão cheia de grandes oportunidades para isso, com o guarda-redes Nakamura a defender tudo, já a ameaçar tornar-se intransponível.
Ao intervalo, o 0-0 não contava nada. O que animava as bancadas e espalhava benfiquismo era Diogo Ribeiro, e as suas duas medalhas de ouro.
Para a segunda parte nada mudou. E na verdade não havia nada que mudar, a não ser a bola entrar. Sabe-se que muitas vezes não entra, mas também se sabe que quando é bem jogada está mais perto de entrar. E que há coisas mágicas; às vezes apenas um número. O de hoje era o 4!
As bancadas usaram o minuto 4 para aplaudir António Silva, numa comunhão de sentimento de pesar pela perda do avô. Como guardariam o 87 para João Neves, entretanto já ambos no banco, pelas mesmas razões pela perda da mãe.
Foi em quatro minutos que o Benfica derrubou o muro, desbaratou a floresta de pernas. E Nakamura conseguiria defender tudo, menos quatro golos. E que golos!
Aos 10 minutos "o ponta de lança" Rafa, a passe de Bah, marcou o primeiro. De trivela, a enganar Nakamura. Dois minutos volvidos foi Neres, lançado por Kokçu, a fazer tudo, concluindo com um drible ao guarda-redes. E, mais dois depois, um passe de trivela de Rafa deixou a bola para mais um grande golo, de Di Maria - pois claro. Do trio de ataque faltava ele. Três golos em 4 minutos. E sem a pressão do resultado o futebol do Benfica ia-se refinando.
O número era o 4. Por isso o quarto golo - bis de Rafa, pois claro - apenas chegou à meia hora. Por isso Nakamura continuou a defender tudo. Por isso o golo foi anulado (e bem, por fora de jogo) à quinta vez que a bola entrou, num espectacular chapéu de Tiago Gouveia (que já substituíra Neres, e entrara com Florentino), que daria um golo para emoldurar.
Os pontas de lança entraram, sim. Mas já tudo estava mais que resolvido. Primeiro Arthur Cabral e, depois, já muito em cima dos 90, como é habitual, Marcos Leonardo. E claro, não marcaram.
No fim, fica um bom jogo, a dar ânimo às hostes. Até à próxima quinta-feira ... E fica a certeza que não temos mesmo lateral esquerdo. Que já se esgotou a experiência Morato, que o Alvaro Carreras está verde, e que nos valha Bah, que assim lá permite que Aursenes resolva mais esse problema.
Começo a contar a história deste Portimonense-Benfica, referente à sexta jornada deste campeonato, e o segundo jogo consecutivo fora, por Roger Shemidt. Diz-se que o seu futebol é previsível. E é. De resto ele próprio o confirmou naquela "summit" qualquer do futebol de há dias, no Porto, quando disse que o Benfica joga sempre da mesma forma.
Se "joga sempre da mesma forma", é previsível, já diria La Palisse. Assim sendo, não seria muito difícil aos adversários contrariá-lo. A verdade é que, na enorme maioria das vezes, não o conseguem. Parece-me que por razões óbvias: porque, sendo previsível, é bem estruturado e executado por jogadores de qualidade que, em condições normais, tornam imprevisível o previsível. É isso que, de resto, permite que o Benfica jogue sempre da mesma maneira, e quase sempre bem.
Roger Schemidt não poderia ter esta ideia de jogo se não tivesse estes executantes. Tendo-os, faz bem em defendê-la.
Roger Schemidt tem impedido a saída de determinados jogadores, considerados fundamentais. Apontava-se-lhe com frequência que lhe faltava comprová-lo, dando-lhes utilização. Hoje comprovou-o, e não apenas no onze inicial, onde lançou Morato, Neres e Florentino - três deles - dois dos quais com implicações posicionais na equipa. Só Florentino rendeu directamente João Neves que, ao intervalo, rendeu directamente Kokçu. Morato, a prever o próximo jogo da Champions, em Milão, com o Inter, "obrigou" Otamendi a ocupar o lugar de António Silva, no lado direito do centro da defesa. E Neres (não faz sentido os adeptos reclamarem da bancada a sua entrada, como lamentavelmente aconteceu na quarta-feira), jogando na esquerda, "enviou" João Mário para a posição deixada livre por Di Maria. Talvez lesionado, ou talvez poupado. Como fazia sentido.
Criticar as opções de Roger Schemidt não é pecado. Pecado é fazê-lo com a ligeireza "do oito ao oitenta" dos adeptos, sempre disponíveis para embarcar em processos auto- destrutivos.
Dito isto, o Benfica não deixou milho para os pardais, lançou-se ao jogo como lhe competia e teve 25 minutos avassaladores. Como é habitual só que, hoje, sem dar tempo para os pardais aparecerem. E tudo começou logo a correr bem, com o primeiro golo aos 5 minutos. E melhor ainda por ter sido um grande golo e marcado por Bah, um dos jogadores mais necessitados de auto-confiança. E na realidade um dos mais afastados do desempenho da última época.
Quando, aos 17 minutos, Musa marcou o segundo, já a avalanche do futebol benfiquista em Portimão justificava mais golos. É compreensível que o elevadíssimo ritmo dos primeiros 25 minutos não possa ser mantido durante todo o jogo. É normal que assim seja, e o Benfica moderou a pressão no acelerador. Só aos 27 minutos o Portimonense conseguiu fazer a bola chegar à grande-área do Benfica, já o campeão nacional tinha desperdiçado oportunidades para duplicar o marcador. Na realidade nem lá chegou, simplesmente a sobrevoou.
Ainda assim, com mais moderação, o jogo corria bonito e de feição. Com dois "se nões": a recorrente falta de eficácia (Rafa acrescentou mais dois desperdícios - aos 32 e aos 36 minutos - aos anteriores); e a lesão de Bah que, com o grande golo que marcou, tinha tudo para estabilizar emocionalmente, e logo num lugar para que a alternativa ... é Aursenes. Só porque é alternativa para tudo!
Ao intervalo Roger Shemidt fez umas inéditas três substituições: Bah, lesionado, pelo regressado Jurasék - que foi para o seu lugar na esquerda, passando o norueguês para a direita - Musa, pelo "necessitado" Arthur Cabral, e Kokçu por João Neves. Nada que fizesse baixar o nível exibicional da equipa.
O ponta de lança brasileiro não faz o que Musa faz, não tem o mesmo impacto na pressão e na recuperação defensiva, mas nem isso era problema. E dava até indicações claras de maior entrosamento com o resto da equipa. O golo é que continua muito arredado. Chegou a parecer que seria hoje, mas não voltou a aproveitar as oportunidades de que dispôs.
E lá voltou a acontecer o que tantas vezes tem acontecido. Depois dos 10 minutos iniciais, com mais três oportunidades desperdiçadas - Rafa, Neres e Arthur Cabral -, e de uma habilidade do árbitro Helder Malheiro, que entendeu que, não assinalar uma falta sobre Rafa na meia lua, era vantajoso para o Benfica, de uma perda de bola de Neres na área adversária saiu um contra-ataque e o golo. No primeiro remate à baliza. E Trubin voltava a sofrer mais um golo sem ter uma única defesa para mostrar.
Nem deu para pensar na malapata do 2-0. Nem para lembrar como vem sendo tão frequente transformar uma goleada virtual num assustador 2. É que, no minuto seguinte, nova perda de bola, remate à queima em cima de Morato e ... más notícias do VAR. Aquilo era para penálti, disse. Música para os ouvidos de Helder Malheiro.
Pela quarta vez numa semana, e em três jogos, Trubin tinha a bola ali a 11 metros, pronta para lhe entrar na baliza. Se tinha corrido bem com o golo de Bah, melhor correu com a defesa do penálti. O guarda-redes do Benfica, acossado e pressionado por todo o lado, em autêntico bulling, defendeu. Deu o corpo às balas de tanto fogo, muito dele dito amigo, e defendeu muito mais que um penálti.
Agora, deixem-no em paz!
E um jogo que em poucos segundos passara virtualmente de goleada a empate, voltava a poder ser o mesmo que sempre tinha sido. A tranquilidade chegara nas luvas de Trubin. O golo da dita, o terceiro, chegaria 5 minutos depois, na classe de Rafa (o que joga este rapaz, lembrem-se do Grimaldo!). Ganhou a bola a um adversário e foi por ali fora, como só ele sabe, até a entregar para a finalização de Neres.
Assunto resolvido. Faltava jogar meia hora. Muito tempo, mas apenas tempo para mais quatro (quatro!) oportunidades para ampliar o marcador. E para lhe dar, no mínimo, um ar que tivesse alguma coisa a ver com o que foi o jogo.
Nos resultados, este campeonato vai equilibrado. De uma maneira ou outra, mais de uma do que outra, todos vão encontrando maneira de somar 3 pontos a cada jogo. Seja preciso o tempo que for, seja precisa a batota que for. A jogar à bola é que a diferença é muito grande!
Era grande, e até desmedida, a expectativa criada para este jogo do Benfica, em Portimão. Ouviu-se e leu-se de tudo, desde um ambiente terrível a aguardar a equipa, até à estapafúrdia possibilidade do Benfica lá se sagrar campeão ... desde que ganhasse, e o Porto perdesse o seu jogo, no Dragão, com o Casa Pia. Que acontece apenas amanhã, mais de 24 horas depois.
A relação - invulgar e mesmo promiscua, mas não estranha à luz do que acontece no futebol cá do burgo - do Portimonense com o Porto é uma coisa. Projectar daí uma "cena" de ambiente terrível, quando os benfiquistas tinham, como sempre têm feito por este país fora desde que não lhes vedem o acesso aos estádios, esgotado a lotação do Municipal de Portimão, foi uma tentativa de criar fantasmas. Transformar a impossibilidade de festejar o título em Portimão numa possibilidade, foi só mais um dos disparates em que a nossa comunicação social desportiva é fértil.
A equipa, e os adeptos, do Benfica não se impressionaram com essas manobras. A equipa chegou a Portimão com a única e clara ideia de mostrar que joga à campeão, para ser campeão. Os adeptos, para lhe dizerem que acreditam na equipa, e que não lhe regateiam apoio para lá chegar. E bem cedo disseram ao que vinham - os adeptos, com uma recepção extraordinária, logo à chegada ao Estádio; a equipa, com uma entrada em jogo demolidora. E, assim, acabaram com os fantasmas logo à partida. Com todos, incluindo o dos autocarros do Paulo Sérgio e o que se dá pelo nome de Soares Dias.
No primeiro minuto o Benfica criou logo a primeira clara para marcar, num remate ao poste do menino - homem. O menino João Neves. Tão homem que até foi o do jogo. E ao quarto já marcava. No primeiro quarto de hora do jogo o Benfica já tinha um golo, e outro anulado, duas bolas nos ferros, com mais um grande remate de Gonçalo Ramos à trave, e mais três outras grandes oportunidades. Tudo isto ao som da regressada orquestra de futebol que é este Benfica.
Só por volta de meio da primeira parte o Portimonense conseguiu respirar, e começar a ameaçar disputar o jogo. "Sol de pouca dura", e rapidamente o Benfica voltou a impor a força do seu futebol. E a criar e desperdiçar sucessivamente oportunidades de golo. O segundo chegou ainda antes da meia hora, num auto-golo que, a não o ter sido, teria sido de Rafa.
No primeiro remate à baliza, dez minutos depois do segundo do Benfica, o Portimonense marcou, na sequência de um livre lateral, mercê da passividade de Morato - claramente sem ritmo, e fora da nota dada pelo diapasão da equipa (é o preço a pagar pelas ideias fixas de Roger Schemidt - a única alteração na equipa, pelo castigo de Otamendi. E, aos 38 minutos, o que poderia ser um resultado de cinco ou seis, era um magro 2-1.
Nada de fantasmas, uma vez mais! E o Benfica respondeu de imediato, voltando a criar novas situações de golo. De novo desperdiçadas, à excepção, finalmente, do golo de Gonçalo Ramos. Um grande golo. De autor, com assinatura, já em cima do intervalo.
Na segunda parte o Benfica entrou com Florentino - e que bem jogou - no lugar de Chiquinho, já amarelado (no que parecia uma ameaça para chegar aos jogadores em risco para Alvalade, ameaça que Soares Dias não teve a mínima hipótese de concretizar), mas também no tom menos afinado. E voltou a entrar em força.
David Neres poderia ter marcado de imediato, e logo a seguir, numa jogada de esplendor na relva, Rafa marcou. E ao marcar, fez anular o golo. Não precisava de tocar na bola, que ia entrar, rematada por João Mário, e mal defendida pelo guarda-redes da casa. Tocou-lhe de raspão, estava em fora de jogo por ... 9 centímetros, e o VAR acabou por anular o que tinha sido festejado como o quarto golo.
Que nunca mais chegava, por mais oportunidades que se sucedessem. Nem de penálti, porque Soares Dias não o quis assinalar, quando o Sérgio Conceição (mais um, do clã) puxou Gonçalo Ramos dentro da área, impedindo-o de cabecear em condições para a baliza (sim, os jogadores do Benfica não se mandam para chão, e isso é motivo de orgulho). A fazer lembrar qualquer coisa - Chaves, lembram-se? - logo a seguir o Portimonense sai em contra-ataque, e é Aursenes quem consegue recuperar e anular o lance de perigo, cortando "in-extremis" para canto.
Contra os cânones, que dizem que não se fazem substituições antes da marcação dos cantos, Roger Shemidt fez duas, tirando Neres e Gonçalo Ramos, para entrarem Guedes e Musa. Só depois foi marcado o canto e, dele, saiu uma magistral jogada de contra-ataque, toda ela movimento, velocidade e arte. E toda ela Rafa, evidentemente, a cavalgar por ali fora, até deixar a bola à mercê da dança de Musa. Recebeu-a para lhe tocar pela primeira vez, ajeitou-a e dançou à frente dela, até deixar por terra um defesa e o guarda-redes adversários para, depois, a enviar para a baliza aberta. Finalmente, o quarto golo.
O quinto, de novo de Musa, chegaria dois minutos depois, a um dos 90, fechando o resultado num 5-1 que não tem nada a ver com o que se passou no campo. Se tivesse, teria que ser qualquer coisa parecida com aqueles 11-0 de há uns anitos, com o Nacional, de Costinha, na Luz.
Falta agora uma vitória para o 38. Mas não é só esperar por ela. É a jogar desta forma avassaladora, que não permite dúvidas. Nem fantasmas!
Depois da derrota, da miserável exibição de Braga, e de uma semana de convulsão - pela derrota, pela exibição mas, acima de tudo, pelo terramoto com epicentro em Enzo Fernandez - o jogo desta noite, na Luz, com o Portimonense, em dia do nono aniversário da morte do nosso maior símbolo, era de importância máxima.
Os adeptos perceberam essa importância e não só compareceram em grande número - perto de 55 mil -, como apoiaram a equipa durante todo o jogo, mesmo que em alguns períodos da segunda parte tenham tido mais razões para manifestar descontentamento do que para outra coisa. Foi incondicional, o apoio dos adeptos. E precioso!
Pena que, neste dia - tanto quanto me apercebi, que não estive na Luz e apenas segui o jogo pela televisão - Eusébio não tivesse sido lembrado.
Ainda sem Neres - entrou para jogar os últimos 10 minutos, e notou-se logo a falta que faz -, inevitavelmente sem Enzo, e sem Rafa, a cumprir castigo por ter completado a série de 5 amarelos, houve novidades na equipa. A primeira foi a primeira titularidade de Draxler. Na esquerda, em vez de Aursnes que - segunda novidade - passou a desempenhar mais uma nova função, desta vez a fazer de Rafa, como segundo avançado, atrás de Gonçalo Ramos. A terceira foi menos novidade: Chiquinho já tinha sido titular, e até já tinha feito de Enzo nos jogos da Taça da Liga, mas não deixou de ser novidade vê-lo ao lado de Florentino, em detrimento do norueguês, a alternativa mais esperada e fiável para substituir Enzo, cada vez mais um caso perdido.
A equipa não foi o somatório de equívocos apresentados em Braga. Também não o poderia ser. E voltou a apresentar o futebol a que nos habituara. Sem grande inspiração, é certo. Mas também já tinha faltado em alguns dos últimos jogos, ainda "no período bom". Mas lá estiveram a pressão alta, a recuperação rápida da bola e a matriz básica das dinâmicas de jogo. E as coisas começaram a acontecer.
O golo surgiu cedo, num penálti do guarda-redes Nakamura sobre Gonçalo Ramos, que João Mário converteu. Mas não convenceu. Nem ficou convencido. O guarda-redes japonês, que defendeu tudo, ainda tocou na bola, que acabou desviada para o poste, e só daí para dentro da baliza. Só que, o que se esperava ser o primeiro de muitos, ficou único.
O Benfica manteve o ritmo de jogo e as oportunidades de golo a surgirem, umas atrás das outras. Uma dúzia, na primeira parte. A mais flagrante noutro penálti, desta vez de Klismahn sobre Bah. Como João Mário não tinha ficado convencido, passou a responsabilidade a Aursnes. E Nakamura defendeu. No canto que se seguiu, António Silva rematou à trave. O resto foi Gonçalo Ramos divorciado do golo, Florentino a rematar muito, mas sem acertar na baliza, Draxler a não rematar, e João Mário a não se enquadrar com bolas de golo.
O tempo ia passando e os remates iam-se sucedendo. Golos é que ... nada. Aproximava-se já o jogo do intervalo quando o árbitro Vítor Ferreira, a sinal do assistente, assinalou um inédito (ou muito perto disso) terceiro penálti a favor do Benfica num único jogo em Portugal. Que reverteu - e bem - depois de consultar as imagens, imagino que com alívio para o João Mário, que pegara logo na bola.
Na segunda parte a qualidade do jogo do Benfica caiu acentuadamente. O jogo passou a ser muito mais mastigado, mais previsível e mais lento. Estranhamente deixou de jogar pela ala esquerda, e com isso perdeu dois jogadores. Não perdeu muito de Draxler, porque o alemão continua a ser muito pouco. Mas perdeu Grimaldo, que na primeira parte fora o principal fornecedor de jogo. Tudo o que aconteceu passou-se na direita, como se o campo estivesse inclinado para aquele lado. Como se fosse uma ravina por onde ia caindo a qualidade do futebol da equipa.
O resultado acabava a deixar que o jogo passasse a estar de feição para o Portimonense. Tivesse a equipa de Paulo Sérgio mais qualidade, e não fosse, apesar de tudo, o acerto defensivo do Benfica, e tudo poderia ter acabado mal. Não aconteceu assim, o jogo acabou por estar sempre controlado e, no fim, as preocupações acabaram por se reduzir à eficácia. Um golo, em dezena e meia de oportunidades, é preocupante. Mesmo que os entendidos digam que, preocupante, é não criar oportunidades!
Não criar oportunidades, é um problema. Criá-las, mas não ter uma taxa de eficácia aceitável é outro. São dois problemas diferentes. E a diferença entre marcar e falhar golos tem muito a ver com a confiança, que é coisa que os jogadores têm de recuperar. Depressa!
São as vitórias que fazem com que se ganhem jogos como este de hoje, em Portimão. Ganhar é importante para garantir pontos e classificações, mas é indispensável para inverter as coisas quando não correm bem.
Sem a vitória no último jogo, com o Vitória, de Guimarães, dificilmente o Benfica teria ganho este jogo de hoje. Teve tudo para se tornar em mais um jogo da série negra. O Benfica entrou com o habitual dispositivo de jogo, mas com três novidades na equipa - Otamendi e Weigl, regressados após cumprimento da suspensão pelo quinto amarelo, e Yaremchuk no lugar de Darwin, no banco, ao que se diz por ter estado engripado. E com a habitual pasmaceira, com um futebol lento, previsível, sem movimento, sem profundidade e sem baliza. Remates, nem por sombras ... O Portimonense, interessado em defender lá atrás, agradecia.
Estava tudo entretido naquele jogo que não dava para nada quando um apanha-bolas tropeçou num painel de publicidade e caiu, precisando de assistência e quebrando com a tranquilidade reinante no relvado. O jogo esteve interrompido por largos minutos e quase não se notou a diferença entre o jogo que se estava a jogar e o que estava parado.
Pouco depois de recomeçado, em tempo contado aí pelo que seria o meio da primeira parte, o Benfica consegue a primeira espécie de oportunidade de golo, por Gonçalo Ramos e, logo de seguida, Taraabt falhou mais um passe, Otamendi ficou a dormir, e o Portimonense, na primeira vez que chegou à baliza de Vlachodimos e no primeiro remate, marcou.
Era o costume. O que sempre tem acontecido, à excepção daquele último jogo, o tal da vitória importante. E péssimo presságio para o que poderia estar para vir. O Benfica acusou o golo, como sempre, e o Portimonense estava cada vez mais como queria. Quando era preciso reagir, a rapaziada da claque decidiu festejar com fogo de artifício o 30º aniversário. Ao minuto 30 encheu o relvado de luzes e fumo, mais fumo que luzes, e o árbitro, o nosso amigo Fábio Veríssimo - foi uma tarde/noite de Veríssimos, era o árbitro, era o treinador do Benfica e ainda o adjunto de Paulo Sérgio, que ficou a comandar a equipa por expulsão do treinador principal do Portimonense - suspendeu o jogo.
Valeu que aquela rapaziada, para além de esgotar a paciência de toda a gente, também esgotou as munições. E o jogo lá foi retomado despois deles terem terminado a festa. A verdade é que o espectro de o jogo poder ter acabado ali mesmo parece que fez bem aos jogadores do Benfica. E nos 15 minutos que se seguiram em modo de tempo de compensação foram melhorzinhos. Deu para o empate, de Grimaldo, depois de um canto, num pontapé de ressaca de fora da área. E poderia ter dado até para virar o resultado, num livre cobrado pelo lateral esquerdo que saiu a centímetros da baliza, com o guarda-redes adversário completamente batido.
Na segunda parte, já sem interrupções, o jogo foi diferente, para melhor. Logo no início, de novo na sequência de um canto, Gonçalo Ramos marcou o golo da reviravolta, que assegurou a vitória. E o Portimonense deixou de ter as coisas a correrem-lhe de feição.
Mesmo assim esperou pelo último quarto de hora para alterar a sua postura e para se adiantar no relvado. Esperou certamente que o Benfica se mantivesse à procura do golo da tranquilidade, e guardou a baliza para, depois, com o resultado em aberto, correr então riscos à procura do empate. Não se poderá dizer que o Benfica não tenha procurado o terceiro golo, mas não teve futebol para criar grandes oportunidades para isso. Os dois golos, e a circunstância que lhes é comum, ilustram essa dificuldade
E quando o Portimonense subiu no terreno e abriu espaços, voltou a não ter futebol para matar o jogo. As transições ofensivas, que antes eram o trunfo maior da equipa, e o responsável pelas goleadas de há uns meses, são hoje apenas boas recordações. Falha sempre o passe, a recepção, o movimento ou a decisão.
Pode ser que esta vitória - ainda com o resultado melhor que a exibição - seja mais um passo para que, aos poucos, também esses requisitos comecem a regressar à equipa. Para já vamo-nos contentando pelo azar já não estar sempre a bater à porta. É que o Portimonense até criou duas boas oportunidades para marcar. Noutras alturas teria mesmo marcado!
Enquanto em Vilnius, na Lituânia, a selecção nacional de futsal se sagrava pela primeira vez campeã do mundo, em Lisboa, na Luz, o Benfica sofria a primeira derrota da época, depois de uma gloriosa quarta-feira europeia, com uma grande exibição, às mãos de uma equipa banal, igual a tantas outras do nosso campeonato, com faltas em cima de faltas, toda a gente a defender dentro da área, e tudo a servir para queimar tempo, que nos últimos anos lhe tem vindo a colocar grandes dificuldades.
Essas eram, de resto, razões para deixar a equipa em estado de alerta. Alerta que o treinador fez passar para fora, falta saber se a fez passar passar para dentro da equipa. Aí é que era necessária.
Começo por aqui porque a primeira metade da primeira parte deixou a ideia que que não estaria alertada para as dificuldades do jogo. O treinador disse, no fim do jogo, que nesse período o Portimonense não deixou o Benfica jogar. Que vinha muito bem preparado para impedir o Benfica de apresentar o seu futebol, atribuindo o mérito aos treinadores portugueses, os melhores do mundo, como gosta de dizer.
Não foi isso. Pelo menos não foi isso que vi. O que vi foi, nesse período. um Benfica sem intensidade, sem velocidade e sem rematar. E quando assim é, como está mais que demonstrado, os treinadores portugueses das banais equipas portuguesas, não têm dificuldade em anular o futebol do Benfica de Jorge Jesus.
Não se explicará a derrota do Benfica por isso. Ninguém poderá garantir o Benfica teria ganho o jogo se a equipa tivesse entrado no jogo suficientemente alertada, e colocado em campo os argumentos que a podem diferenciar. O contra factual é isso mesmo, a impossibilidade de demonstrar o que não aconteceu.
E é também verdade que muitas equipas tidas por bem mais fortes fazem muitas vezes aquilo que se diz "entregar uma parte do jogo ao adversário". E que depois invertem na segunda parte, e acabam por ditar a lei do mais forte. Ao Benfica já aconteceu isso muitas vezes. E a verdade é que hoje até ofereceu apenas metade.
Foi a meio da primeira parte que o Benfica fez o primeiro remate, e com ele a primeira grande oportunidade de golo. Depois, até ao intervalo, mesmo sem atingir grande fulgurância exibicional, jogou para ganhar o jogo. Criou quatro claras oportunidades de golo, todas negadas pelo guarda-redes do Portimonense. Faz parte do jogo, o guarda-redes está lá para defender. Há que contar com isso.
Ao intervalo ficava a ideia que o ritmo tinha sido encontrado, e que era só mantê-lo para a segunda parte. Assim as pernas o permitissem. Sem que ninguém estivesse a fazer uma grande exibição, também só Gilberto tinha estado francamente mal. Fazia - e fez - todo o sentido tirá-lo da equipa, e Jorge Jesus assim fez. Com a surpresa de o substituir por Gil Dias, mas correu bem. O novo lateral direito entrou bem no jogo, e deu outra dinâmica àquele lado direito.
E a segunda parte arrancou bem. Até deu em golo, e tudo parecia entrar na normalidade. Só que Yaremchuk, o marcador, estava em fora de jogo, e o VAR anulou o golo. Não valeu e foi festa falsa. Pensava-se que, se não fora daquela, seria de outra. Era só apertar ainda um pouco mais, até porque o infalível guarda-redes do Portimonense nem tinha ficado muito bem naquela ocasião. Mas não foi assim, e a anulação do golo deu mais ânimo ao adversário que à equipa do Benfica. E ao fim dos primeiros dez minutos já se via que a equipa não estava a apertar mais, e o Portimonense começava a respirar melhor, e a conquistar alguns cantos, mais por erros alheios que por mérito próprio. No último, marcou.
Quem não marca, sofre - a velha lei do futebol. Faltavam 25 minutos para os 90, e não se imaginava ainda que o Benfica perdesse o jogo. E teve ainda mais que oportunidades suficientes para ganhar, incluindo um remate ao poste de Otamendi, já mesmo no fim. Mesmo sem nunca ter chegado ao nível do que tinha sido a última metade da primeira parte.
Foi tudo com mais coração que cabeça, e as substituições também não ajudaram. A entrada de André Almeida (com Gila Dias a passar para a esquerda) em substituição de Grimaldo não se percebeu. A de Tarabt nunca se percebe, e não seria hoje que surpreenderia. E as de Cebolinha, mas especialmente a de Gonçalo Ramos (saindo Lucas Veríssimo - manter os três centrais durante tanto tempo, naquelas circunstâncias, é difícil de perceber), foram demasiados tardias.
Há jogos assim, em que por mais que se remate, e por mais ocasiões de golo que se criem, a bola não entra. Mas também se sabe que não começar por fazer tudo para marcar o mais cedo possível, ajuda a que haja jogos assim. Não é uma fatalidade que haja jogos assim!
É inglório perder a invencibilidade desta forma. E perder três dos quatro pontos de vantagem nesta altura. Nesta altura, pelo que a equipa vinha a produzir, nesta altura, em que o campeonato vai parar por quase um mês, e nesta altura do calendário, em que ainda não defrontou nenhum dos principais adversários. Ao contrário deles próprios..
Foi bonito ver o Estádio da Luz com tanta gente (mesmo que muito longe de cheio) como há muito não era possível. E foi bonito ver os jogadores saírem sob aplausos, embora nunca se tivessem visto as bancadas a puxarem pela equipa como na última quarta-feira.
Depois do desastre do passado sábado, na Luz, esta deslocação a Portimão, para defrontar a equipa da casa na sua melhor fase da época, a ganhar e a marcar golos como nunca, tinha tudo para correr mal. O peso da derrota com o Gil, nas circunstâncias em que aconteceu e com as consequências directas que teve, a boa forma do adversário e a História das duas últimas visitas, conjugavam-se numa mistura altamente perigosa,
As nuvens iam negras e carregadas em Portimão e a primeira parte deixou a tempestade à vista. O Benfica surgiu com aquele futebolzinho bloqueado, lento, macio, denunciado e desinspirado. Com muita bola, mas sem nunca saber o que fazer com ela. Com domínio territorial, mas inofensivo e completamente confortável para o adversário.
Para que tudo voltasse a ser como antes, o Portimonense marcou na primeira oportunidade que criou, à beira do intervalo, numa jogada bem construída, e melhor concluída pelo sensacional Beto, já a estrela da equipa. Mas também muito consentida pela organização defensiva benfiquista, e por Gabriel, condicionado pelo amarelo, em particular. A tempestade perfeita!
Um golo que parecia empurrar a equipa para o inferno, deixando-a sem reacção. Até que, na última jogada da primeira parte, do nada e quando se esgotavam os dois minutos de compensação, aconteceu o empate. Só Pizzi poderia fazer aquele golo, mais ninguém. Aquela recepção, com o remate de imediato, sem precisar do espaço que os jogadores do Portimonense nunca davam, só dele. Não há no Benfica outro para fazer aquilo.
Fez bem à equipa. Que surgiria na segunda parte completamente diferente, muito pela entrada de Darwin, pela saída do regressado Gabriel, amarelado desde muito cedo, e desastrado como (quase) sempre. O jovem uruguaio podia ter marcado logo na saída de bola, rematando por cima da barra, com a baliza completamente à mercê.
Não marcou aí, marcou quatro minutos depois. Também um golo que só ele poderia marcar. Não há outro no Benfica, com aquela capacidade de atacar a profundidade, e de ganhar em velocidade e em capacidade física por entre os dois centrais. E ter ainda força para concluir na cara do guarda-redes.
No primeiro quarto de hora o Benfica criou quatro claras oportunidades de golo. Mas marcou apenas por uma vez, deixando ainda pairar algumas dúvidas sobre o resultado. A perder, o Portimonense subiu no terreno e quis aproximar-se da baliza do Benfica, e chegou até, à entrada do segundo quarto de hora, a assustar, sempre através de Beto, a coqueluche do momento. Mas alterou por completo as condições do jogo, e abriu o caminho ao Benfica para uma exibição bem conseguida, sem nada a ver com a da primeira parte.
Não durou mais que dois a três minutos esse tempo em que o Portimonense procurou levar incerteza para o marcador. Aos 64 minutos Seferovic, em mais um grande golo, a concluir mais uma boa jogada, fez o terceiro golo e acabou com as dúvidas. E, para o Portimonense, com o jogo.
Só deu Benfica. E ainda mais dois golos, com Seferovic a bisar ( e a isolar-se na lista dos marcadores), e Everton, que voltou a jogar mais uns minutos, a fixar o resultado num radioso 5-1. Que as nuvens negras à chegada não deixavam de todo prever.
Ah… sei que há muitos benfiquistas que embirram particularmente com o Pizzi. Mas não temos melhor para fazer o que ele faz. E a equipa precisa do que ele faz.
Depois da derrota na Supertaça com o Porto, e face ao baixíssimo nível exibicional que a equipa vem apresentando, o último jogo do Benfica neste ano negro era aguardado com grande expectativa. Não se esperaria que a equipa surgisse confiante e capaz de fazer um grande jogo, mas havia que ver que resposta era a equipa capaz de dar à derrota da passada quarta-feira.
O adversário, o Portimonense, era - e é - apenas o último classificado do campeonato, que de resto disputa por ter sido repescado na sequência da desqualificação do Vitória de Setúbal, não era assustador. Mas nem era preciso, este Benfica tem em si mesmo fantasmas de grande capacidade assustadora.
O início da partida foi uma agradável surpresa. A equipa do Benfica, mesmo desfalcada de sete jogadores, a maioria deles por efeitos da covid, e repetindo o mesmo onze da Supertaça, entrou bem, não aparentando grandes medos, e a desenvolver algumas boas jogadas. E o Portimonense parecia estar ali para não assustar ninguém.
O primeiro golo, a culminar uma bonita jogada de futebol, e alcançado pelo Darwin, que já não marcava há mais de dois meses, teve tudo para lançar a equipa para a exibição que tarda. Mas não, ainda não passara o primeiro quarto de hora, e a reacção que permitiu ao adversário indiciava que não seria assim. Já o Portimonense não era uma adversário (a)batido quando, dez minutos depois, ainda apenas com metade da primeira parte jogada, em mais uma bonita jogada de futebol, apesar de um certo atabalhoamento na parte final, o Benfica voltou a marcar, desta vez por Rafa, com uma boa primeira parte.
Mais uma vez não soube capitalizar o golo, e foi o Portimonense a reforçar a sua presença no jogo. A superioridade do Benfica começou a esfumar-se, e quando o árbitro apitou para o intervalo já a equipa algarvia era a melhor sobre o relvado. Sem criar oportunidades de golo, é certo, mas já com a posse de bola equilibrada - 50% para cada lado.
A segunda parte iniciou-se como terminara a primeira, com o Portimonense por cima do jogo, acumulando posse de bola, e dominando o jogo. De novo sem criar ocasiões de golo, mas melhor em todos os capítulos do jogo. Mesmo assim foram do Benfica as duas oportunidades de golo. Primeiro, logos aos dez minutos, num remate ao poste de Darwin. E pouco depois num remate de cabeça de Otamendi, na sequência de um canto. Contra uma, apenas, do Portimonense. Que atacava e deixava espaços que o Benfica, pelo velho problema dos passes falhados e das decisões erradas, nunca foi capaz de aproveitar.
A incapacidade do Benfica nas transições ficou exemplarmente traduzida numa jogada em que até foi assinalado - mal ou bem, agora não interessa - fora de jogo a Darwin. Que, isolado frente ao guarda-redes, não só não teve arte nem engenho para o bater, acabando por o contornar até ficar sem ângulo a rematar para a bancada. Tudo isto sem que nem um só jogador do Benfica tivesse aparecido para lhe dar qualquer alternativa, todos lá atrás, sem passarem a linha do meio campo.
Valeu que o - inevitável, percebia-se - golo do Portimonense chegou apenas no primeiro dos 5 minutos de compensação, com Jorge Jesus a meter defesas (Ferro) e médios (Samaris) para segurar o resultado. Que foi a única coisa que se salvou deste jogo triste. Muito triste, como todo o ano.
E ninguém espera que o que aí vem seja melhor. Nada indica que o seja. Os jogadores são fantasmas de si próprios, e nada muda só porque muda o ano.
Continua o calvário do Benfica, sem fim à vista. Uma única vitória nos últimos dez jogos!
Hoje, em Portimão, foi apenas mais um passo no pesadelo em que conseguiu tornar um campeonato que teve no bolso, com mais uma exibição inadjectivável. Hoje não faltou aquela pontinha de sorte com que tantas vezes se procura justificar o que não tem justificação. Nem o golo que foge, e que intranquiliza a equipa, como noutras vezes. Não, hoje o Benfica fez do jogo o que fez deste campeonato.
Teve-o ganho, e não o conseguiu ganhar.
Sem uma exibição por aí além, loge disso, fez uma primeira parte competitivamente aceitável. Não rematou muito, nem criou muitas oportunidades de golo. Mas a equipa correu, esforçou-se, foi competitiva, e aproveitou as oportunidades que teve, ao contrário, por exemplo, do último jogo, de má memória, com o Tondela.
Os jgadores pressionaram e reagiram sempre à perda da bola, e o golo que poderia desbloquear mentalmente a equipa chegou pouco depois do primeiro quarto de hora de jgo. E à meia hora já ganhava por dois a zero.
Esperava-se - e exigia-se - que tais circunstâncias devolvessem a confiança e a qualidade de jogo à equipa. E um resultado robusto que afundasse de vez todos os fantasmas que a têm aprisionado. Inexplicavelmente, em vez de afundar os fantasmas, a segunda parte afundou a equipa. Notou-se isso logo que soou o apito para retomar a partida, e cedo se começou a perceber o que aí viria.
Porque o Portimonense partiu para cima do Benfica e coemçou a criar oportunidades umas atrás das outras?
Não. Nem isso foi preciso. Apenas porque a equipa desistiu do jogo, como se já estivesse ganho. Como fez com o campeonato.
Não foi falta de sorte, se há falta sorte para lamentar é apenas nas lesões, de Jardel, primeiro, e de Grimaldo, já na segunda parte, quando o desacerto era já por demais evidente. Foi falta de mentalidade competitiva, foi falta de vontade, e foi falta de classe. Parece que os jogadores têm medo de ganhar!
Foi de tal forma assim que, mesmo sem que o Portimonense criasse uma única oportunidade de golo, desde cedo se sentiu que o Benfica não iria ganhar este jogo. E não foi surpresa nenhuma que o Portimonense marcasse na primeira ocasião que o Benfica lhe ofereceu, vinte minutos depois do reinício, na sequência de um livre em jeito de canto mais curto, a punir uma inexistente falta de Tarabt, em que a defesa deixou saltar à vontade e sozinho na pequena área um jogador adversário.
O desacerto e a falta de competitividade continuaram e, dez minutos depois, num canto, repetiu-se a cena. Vlachodimos ainda defendeu o remate de cabeça. Para a entrada da área, onde surgiu um jogador do Portimonense, para num grande remate, indefensável, fazer o esperado empate, empurrando definitivamente o Benfica para o abismo.
Faltavam 14 minutos para os noventa, e 21 para o fim do jogo. Muito tempo para uma equipa que o quisesse ganhar o fizesse. Só que voltou a acontecer o que sempre tem acontecido.
Com duas substituições efectuadas pelas lesões de Jardel e Grimaldo, com as cinco agora permitidas, Bruno Lage recorreu aos habituais e ineficazes Seferovic e Dyego Sousa, e ainda a Gabriel, que ficara no banco com a entrada de Cervi no onze inicial, a única alteração que o ainda treinador do Benfica entendeu necessária em relação á equipa que jogara o último jogo.
Com isso apenas conseguiu confirmar o que há muito se sabe. Que não treina as situações de jogo que requerem presença na área, para o sufoco final. Sem isso treinado, e com a confrangedora falta de capacidade daqueles dois avançados, em linha de resto com a nulidade de Vinícius durante todo o tempo em que esteve em campo, o resultado não poderia ser diferente dos que têm acontecido.
Não sei se é o regresso do Benfica desaparecido mas, à nona jornada, nesta modernice dos jogos da Liga a meio da semana, é o regresso às boas exibições e às goleadas. Depois de dois meses periclitantes, o Benfica venceu e convenceu!
Com as bancadas pela primeira vez abaixo dos 50 mil - mesmo assim com uma boa assistência, para um jogo a meio da semana e com uma meteorologia pouco convidativa - a Luz voltou a vibrar com boas jogadas de futebol, quatro golos e ... regresso ao topo da classificação. Isolado, sem companhia. Com o melhor ataque e a melhor defesa!
A primeira parte não foi brilhante. Mas também não foi, nem nada que se parecesse, tão pobre como nas últimas participações. O Portimonense não facilitou, com uma linha de cinco defesas, e outra de quatro logo à frente. E os espaços não abundaram, antes pelo contrário. E pertenceu-lhe até a primeira oportunidade do jogo, logo no arranque, negada pelo Odysseas, bem a fechar o ângulo.
O Benfica assentou então o seu jogo numa grande segurança defensiva, complementada por uma boa e segura circulação de bola. É certo que não criou situações de golo, especialmente porque os cruzamentos nunca saíam a preceito. Só que, se não há situações de bola corrida, aproveitam-se as de bola parada, como já tinha sucedido em Tondela.
Voltou a acontecer logo aos 17 minutos, num canto de Chiquinho, como mandam os cânones, com desvio na pequena área para o segundo poste para a entrada de rompante, e em grande estilo, de André Almeida. E a repetir-se logo no arranque da segunda parte. Desta vez o remate do André levou a bola à barra. Que rapidamente foi recuperada, para Grimaldo cruzar e Rúben Dias aparecer à frente da baliza a estrear-se também a marcar no campeonato.
A partir daí, sim. A exibição do Benfica soltou-se definitivamente e voltou a haver períodos de autêntico regalo para os olhos. Deu para mais dois golos, já de bola corrida, ambos de Vinícius. E para mais três feitos, que acabaram por ficar por fazer nos pés de Chiquinho e Gedson, e na cabeça de Jota.
A equipa joga bem qando os jogadores jogam bem. Não pode ser de outra forma, e todos os jogadores do Benfica estiveram em bom nível. Incluindo Gedson, que na primeira parte tinha sido claramente o elo mais fraco. Mas Chiquinho, titular pela primeira vez e logo no regresso de grave lesão, Vinícius, Gabriel e Grimaldo brilharam a grande altura.
Que seja para continuar, é o que se deseja. Mesmo que as mexidas na equipa tenham de continuar. Hoje entraram cinco jogadores novos relativamente ao jogo de domingo. Entre eles, Samaris. Também mais um regresso a saudar.
O excelente ambiente no seio da equipa, bem patente na forma como os golos foram celebrados, e muito especialmente na forma como Seferovic festejou os do Vinícius, poderá nem ser um regresso. Com a raridade dos golos não dava para perceber. Hoje deu. E saúda-se também!
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