O futebol em Portugal cabe todo no jogo deste fim de tarde, na Luz. Qualidade abaixo de zero, largas dezenas de faltas, jogo parado na maior parte do tempo, e "habilidades" várias. De árbitros e jogadores.
Foi isto que se passou neste clássico, e é isto que se passa no futebol que por cá acontece.
Sabia-se que este jogo podia acabar na decisão do título, na garantia matemática do apuramento do campeão desta época. Bastava ao Porto empatar na Luz, e desde bem cedo se percebeu que era exactamente isso que procurava do jogo. Ao Benfica cabia fazer tudo para ganhar o jogo. Porque é essa a exigência de sempre, e porque isso era necessário para impedir que o Porto voltasse a fazer festa na Luz.
Os maus resultados nas últimas épocas contra o Porto, esta incluída, foram sempre vistos à luz da diferença de competitividade das duas equipas. O Benfica era sempre suplantado pela garra e pela agressividade do adversário, sempre com evidentes dificuldades de resposta na disputa dos lances, fosse pela pressão do adversário sobre o portador da bola, fosse nos duelos individuais. Ficou a ideia que, neste jogo, os jogadores do Benfica quiseram enfrentar essa dificuldade. Que entraram em campo convencidos que teriam de usar as mesmas armas do adversário.
E na verdade o Benfica hoje não tinha outros argumentos e, a gosto ou a contra-gosto, teria de ser por aí que iriam discutir o jogo. E isso fez lembrar a célebre frase de Bernard Shaw: Nunca lutes com um porco; ... ficas todo sujo, e ainda por cima o porco gosta. É certo que os jogadores do Benfica lutaram até à exaustão, foram duros, não viraram a cara à luta. Mas, no fim ... o porco gosta.
E o jogo foi isso, não muito mais que isso. Sempre que o Benfica conseguia impor outro ritmo ao jogo lá vinham os mestres a mudá-lo para o lamaçal. Mais uma queda, mais um rebolar na lama, mais uma manha. E lá voltava tudo ao mesmo. Como o porco gosta.
Na única vez que conseguiu fugir à luta com o porco, teve sucesso. Houve futebol, e golo. Um grande golo, até. Só que ... não vale. Não pode valer. E então arranjam-se dois centímetros para não valer. E no fim, ao quarto minuto dos seis de compensação, já esquecidos da missão que tinham levado para o jogo, deixaram que um adversário interceptasse uma bola na sua área e corresse com ela o campo todo sem ninguém pela frente até à baliza.
Se o jogo tinha sido mau, se a lata tinha tido apenas dois centímetros, e se o empate já lhes dava direito a voltar a fazer a festa em nossa casa, o pior nem era perder o jogo. Era perdê-lo aos 90+4 com um golo ... de Zaidu!
Depois de nos termos lembrado da frase do dramaturgo irlandês, acabamos a lembrarmo-nos de um tal Kelvin.
"O futebol é isto mesmo" - é uma das mais recorrentes expressões do futebolês. E até já deu título de livro.
No passado domingo o Porto ganhou em Guimarães, com um golo na conversão de um dos dois penáltis assinalados pelo árbitro João Pinheiro, e confirmados pelo VAR, Rui Costa. Árbitro e VAR que viram nos unanimemente reconhecidos mergulhos de Taremi para a piscina razão para assinalar dois penáltis, mas já não viram qualquer falta quando o Mbemba atropelou dentro da área o central vimaranense Jorge Fernandes, partindo-lhe a clavícula. A equipa da casa teve ainda um jogador expulso,
No final do jogo, as declarações de Pepa, o treinador da equipa do clube de Guimarães presidido por um sócio do Porto, foram para exaltar o mérito de Taremi e para dizer que o Porto tinha jogado para ser campeão.
Hoje, de novo em Guimarães, na recepção ao Paços de Ferreira, que ao intervalo tinha 65% de posse de bola, a equipa de Pepa beneficiou de - não um, não dois, mas três - três penáltis, qual deles o mais discutível. E da expulsão de um adversário, logo ao segundo.
Em Portugal, o futebol é mesmo isto mesmo. Quem se portar bem não se vai dar mal!
Ontem foi assim. Já ia ali, e avisamos logo que hoje iria mais longe... Não nos enganamos ... porque é sempre assim!
A TVI deu o passo seguinte para que o tempo faça o seu caminho, ao serviço dos poderes instalados. Pegou num caso há muito conhecido e em investigação - que, evidentemente, não nos orgulha, mesmo estando por provar, como não nos orgulhamos da História de Vieira no Benfica - para fazer desaparecer a vergonha do que se passou na sexta-feira, no Dragão, e a vergonha maior que é o silêncio de Fernando Gomes e de Pedro Proença.
É sempre assim. Sempre que é preciso esconder algo grave no FC Porto surgem suspeitas do Ministério Público sobre o Benfica. Se não houver novas, servem-se requentadas.
Três dias depois dos intoleráveis acontecimentos da passada sexta-feira no Estádio do Dragão, que mostraram ao mundo o ground zero do futebol em Portugal, os responsáveis pelo mundo da bola cá do burgo - Fernando Gomes, da Federação Portuguesa de Futebol, e Pedro Proença, da Liga de Futebol Profissional, continuam a fingir que nada aconteceu. Calados e mudos, como se nada tenham a ver com nada e tudo possa continuar como se nada tivesse acontecido, empurrando para o tempo a responsabilidade de tudo apagar.
Esse, o tempo, vai cumprindo com as responsabilidades que lhe são atribuídas. É o único que não as endossa, e lá vai fazendo o seu caminho. Sem perder tempo, porque de tempo sabe ele ... Hoje, ao terceiro dia, já vai aqui, nesta primeira página. Amanhã irá mais além....
É impossível não começar com uma palavra de enorme apreço para Nelson Veríssimo: estava com a equipa B na Feira, para disputar o jogo da Segunda Liga, com o Feirense, quando foi chamado a Lisboa para tomar conta da equipa principal. Na viagem recebeu a notícia da morte da mãe - e quem já perdeu a sua sabe o que é isso - foi dar o treino e apresentou-se hoje no Dragão, com uma equipa, uma verdadeira equipa, a discutir o jogo.
É de um verdadeiro benfiquista. É de campeão!
Este jogo de hoje não teve nada em comum com o da semana passada. O que teve em comum é o que têm em comum todos os jogos com o Porto: uma arbitragem a influenciar o seu desfecho, sempre sob a pressão permanente, e a batota sistemática dos jogadores do Porto, em teatralização permanente, quer a simular faltas, quer a sua extensão. De resto, mais nada que fizesse lembrar o naufrágio da equipa da Benfica no jogo da Taça, faz hoje uma semana.
Nelson Veríssimo não revolucionou a equipa. Nem podia. Não houve tempo para fazer a revolução, e as opções disponíveis também não davam para muito. Mas acabou com os três centrais que Jesus inventara, e que limitavam o equilíbrio da equipa, e fez com que os mesmos jogadores parecessem outros. E o Benfica que entrou em campo foi uma equipa equilibrada e com jogadores empenhados, e dispostos a disputar todas as bolas com a mesma vontade dos seus adversários.
Bastou isto para que entrasse em campo sem medo e, a partir daí, não só a discutir o jogo mas a superiorizar-se. E na verdade a primeira meia hora foi do Benfica. Quem, faz hoje uma semana, por esta hora, admitiria que isto fosse possível?
Aconteceu então o que é comum acontecer nestes jogos com o Porto. Aos 34 minutos. Pontapé longo do guarda-redes portista - logo depois de Yaremchuk, isolado, ter desperdiçado uma ocasião flagrante para marcar - que obrigou Vlachodimos a sair da área e a corta a bola pela lateral. Reposição rápida da bola (mérito ao apanha-bolas - não é caso único, e só é possível a jogar em casa), com o Fábio Vieira a dominá-la com o braço para, com a defesa do Benfica surpreendia com a rapidez com que a bola fora reposta, se isolar e marcar o golo, com a bola a passar entre as pernas do guarda-redes.
Viu-se no lance corrido que o Fábio Vieira - já tão batoteiro como Octávio - ajeitou a bola com o braço. E que, sem esse gesto, não teria ficado com ela à frente. E nunca poderia ter marcado o golo. Esperava-se que o VAR o anulasse. Mas não. Nem o VAR o anulou, nem a Sport TV mostrou mais o lance.
O Benfica sentiu o golo. E sentiu mais a injustiça, mais uma vez. E três minutos depois - aí sim. com a defesa aos papéis - sofreu o segundo. Dois golos em três minutos, e assunto resolvido.
Nada disso. Em vez de o darem por resolvido, o treinador e os jogadores do Benfica sentiram que tinham ainda de fazer mais, e que se não deixariam abater. Voltaram ao domínio do jogo, mas o resultado não se alterou até ao intervalo.
A entrada na segunda parte foi de autêntico assalto à baliza portista, e o golo surgiu logo ao segundo minuto. Só que logo a seguir André Almeida foi expulso (adivinhava-se!). O Benfica ficava toda a segunda parte a jogar com menos um. Mas nem assim deixou de ser melhor, e de criar as melhores oportunidade para marcar. Mbemba evitou o golo de Gonçalo Ramos, que batera com categoria Diogo Costa, com bem mais trabalho que Vlachodimos. E Rafa, num grande remate, fez a bola passar a centímetros do ângulo esquerdo da baliza, com o guarda-redes portista batido.
A meio da segunda parte Nelson Veríssimo mexeu na equipa. Com a expulsão de André Almeida já tinha retirado Yaremchuc, que acabara de fazer o golo, para entrar Lázaro - e que bem jogou, não teve nada a ver com o que se tem visto - para lateral esquerdo. Provavelmente, pelo esforço despendido pelos jogadores, não poderia deixar de o fazer. Mas não correu bem .João Mário e Rafa, que estavam a fazer um grande jogo, deram o lugar a Pizzi e Taarabt. E Gonçalo Ramos, também em bom nível, a Seferovic.
É certo que os que entraram não estiveram ao nível dos substituídos. Mas decisivo, mesmo, foi que o terceiro golo do Porto aconteceu em simultâneo. Num lance infeliz, em que Gilberto (mais um, com um grande jogo) perde um ressalto para Vitinha, que isolou Taremi para marcar. De novo por entre as pernas de Vlachodimos.
Nem aí a equipa desistiu e, mesmo sem a qualidade que antes demonstrara, continuou a jogar, sem nunca se entregar. E teve ainda mais uma ou outra oportunidade para marcar, mesmo que a mais flagrante tenha pertencido ao Porto, por Octávio. Mas já nos descontos, e com Morato (mais outro bravo) já sem poder correr.
O Benfica perdeu. E está inevitavelmente arredado do título. E, no fim este, jogo serviu apenas para Nelson Veríssimo, e os jogadores, dizerem a Rui Costa quanto custou não ter decidido quando e como devia.
Que o novo ano, que aí vem, seja melhor. Um bom ano para todos!
Se era preciso esperar por Dezembro, e por estas duas deslocações ao Dragão, para fazer o teste do algodão a esta equipa de Jorge Jesus, bastou o primeiro dessas confrontos para confirmar que este Benfica não tem capacidade para se bater com os seus principais rivais em Portugal. Não foi capaz contra o Sporting, na Luz. E voltou a não ser esta noite, no Dragão. E sempre com banhos de bola e de estratégia de jogo.
E isso para os benfiquistas é inaceitável. Os adeptos sabem que o Benfica poderá não ganhar sempre, mas não podem aceitar que perca sempre. E que perca tão claramente como está a acontecer.
Neste momento já não é só Jorge Jesus que há a responsabilizar, mesmo sendo ele o principal responsável pelo desastrado desempenho da equipa. Depois da equipa ter entrado como entrou no jogo com o Sporting, hoje a equipa conseguiu ainda fazer muito pior, contra um adversário que toda a gente sabe que faz da intensidade que coloca no jogo, na pressão e na luta pela disputa da bola a sua principal arma. Se, em vez de um jogo de futebol, fosse uma luta de cães, diríamos que em campo estavam 11 pitbulls de um lado e 11 caniches do outro.
Coube ao Benfica a saída de bola. E no entanto sofreu o primeiro golo aos 30 segundos, e num lançamento de linha lateral. Isto é, saiu com a bola, perdeu-a de imediato e cortou-a depois pela linha lateral. Lançamento com as mãos para a área, o lance mais fácil de defender em futebol, onde os jogadores do Porto ganharam todos os ressaltos até a enfiarem na baliza. Tudo em menos tempo do que demorou a descrever.
Pouco mais de 5 minutos depois mais do mesmo. Os do Porto ganharam todos os ressaltos, e o golo acabou por ser evitado pelo Helton Leite, com uma defesa - difícil - para canto. Do canto, de novo mais do mesmo. O mesmo Helton soca - mal - a bola, mas os pés chegar a bola para o segundo golo.
Dois a zero, aos 7 minutos!
Ninguém acredita que Jorge Jesus não tenha preparado os jogadores para o que iriam encontrar. Que não tenha avisado os jogadores disto. Mas, com tudo o que se tem passado, poucos acreditarão que os jogadores o tenham ouvido. È verdadeiramente bizarro que, num clube com a dimensão do Benfica, a dois dias do primeiro de dois jogos numa semana que decidem toda a época, o treinador ande a encontrar-se publicamente com dirigentes de um outro clube que o pretende contratar.
Outro treinador, outra pessoa de outra dimensão, nunca o faria. Uma administração à altura da grandeza do Benfica nunca teria deixado chegar as coisas a este ponto. E era tão simples tirar o tapete a Jorge Jesus, impedindo-o de jogo baixo em dois tabuleiros...
Rui Costa é, por isso, hoje tão responsável quanto Jesus por esta derrota. Que é eliminação da Taça, mas é ainda mais, como se verá já de hoje a uma semana.
O Benfica chegou ao 2-1, que poderia reabrir o jogo, e porventura alterar-lhe o destino. Mas o assistente do árbitro Tiago Martins não teve dúvidas em assinalar fora de jogo de 4 centímetros, e anular o golo de Darwin. No VAR, João Pinheiro colocou as linhas nos tais 4 centímetros. Não é isso que espanta, já vimos muito disso. O que espanta é que, no início da segunda parte, o mesmo assistente só tenha visto um fora de jogo do Porto de 4 metros, que por acaso não acabou em golo, quando os jogadores do Benfica já tinham passado do meio campo em contra-ataque. Então sim, reparou que lhe tinha escapado um fora de jogo de 4 metros, quando detectara o outro de 4 centímetros.
E aqui temos de voltar à estrutura do Benfica liderada por Rui Costa. Tiago Martins é um péssimo árbitro, com longo historial de perseguição ao Benfica. Esta noite permitiu tudo aos jogadores do Porto. Permitiu que Evanilson, que já tinha amarelo, pisasse perigosíssimamente Otamendi, em lance de vermelho directo, sem sequer assinalar falta. Para, logo a seguir mostrar amarelo ao mesmo Otamendi (que lhe valeria a expulsão, pelo segundo, já na parte final do jogo) num lance em que nem tocou no mesmo Evanilson. Permitiu que Octávio desse pancada, e simulasse faltas e agressões durante todo o jogo, amarelando-o apenas já perto do fim do jogo, e antes de ser substituído. Passou sem sequer amarelo a falta de Fábio Cardoso, à entrada da área, que lesionou gravemente Darwin, que saiu com o pé ensopado em sangue. E no entanto é o Porto que não comparece na conferência de imprensa, em protesto contra a arbitragem. Pela estrutura do Benfica Tiago Martins pode continuar o seu historial sem sequer um reparo.
Não valeu o golo de Darwin, e à meia hora de jogo, em mais um descalabro defensivo do Benfica, mais uma vez com André Almeida como réu maior, em contra-ataque o Porto marcava o terceiro, e fechava logo ali o resultado. A partir daí o Porto defendeu, e o Benfica fingiu que atacava.
Aos 45 minutos, no fim da primeira parte, Evanilson foi expulso, com o segundo amarelo. então já muito atrasado, e o Benfica tinha toda a segunda parte para jogar com um jogador a mais. Não a jogou toda, porque Otamendi seria também expulso, mesmo que já perto do fim, para complicar ainda mais as coisas para o jogo do campeonato, de hoje a uma semana. Mas nem por isso o jogo mudou de cariz - o Porto a defender, e o Benfica a fazer que atacava, perdido em cruzamentos para a área que nunca davam em nada. A não ser no golo de Otamendi - e como o merecia! - também anulado por fora de jogo a Pizzi, entrado na segunda leva de substituições (entrou com o inexplicável Lázaro) depois de ao intervalo terem entrado Yaremchuk e Everton, e de Seferovic ter entrado para o lugar do lesionado Darwin. Substituições que, tal como o futebol que a equipa não tem, também não deram em nada.
E pronto - a Taça já lá vai. O campeonato, pelo que se vê, é já a seguir. E Jorge Jesus lá vai para o Flamengo e com indemnização, que é tudo o que quer.
PS: Peço desculpa, mas troquei o nome do árbitro: é Fábio Veríssimo, e não Tiago Martins. Só muda o nome, são a mesma coisa. Mas têm nomes diferentes.
A operação "cartão azul" está a revelar indícios do rasto do dinheiro das comissões com as transferências de jogadores do Porto, que tem no centro Pinto da Costa e a sua vasta entourage. Trata-se basicamente de comissões largamente inflaccionadas em milhões de euros (20 milhões, subtraídos à SAD portista, segundo o Ministério Público) distribuídos por pessoas e entidades sem intervenção os respectivos negócios, que eram depois encaminhados para ... Pinto da Costa e a sua entourage. Directamente para contas dos próprios, mas também para um saco azul, alegadamente destinado a pagar contas da(s) mulher(es) de Pinto da Costa, bruxas e ... resultados desportivos.
Quando há pouco mais de três meses o cartão era vermelho, e Luís Filipe Vieira foi detido ninguém ficou surpreendido. Tudo aquilo que era objecto de suspeita, e que levou à detenção e à posterior abdicação do então Presidente do Benfica, era expectável. À luz da realidade das contas e à luz da realidade de Luís Filipe Vieira. Neste caso não é muito diferente. Ninguém terá ficado muito surpreendido, nem as virgens ofendidas que por aí aparecerão. Todas os indícios vindos a público eram igualmente expectáveis, incluindo as suspeitas de utilização de fundos das comissões para influenciar resultados desportivos. Surpresa só para quem achava que Pinto da Costa é muito mais esperto, e tem muito mais poder que Luís Filipe Vieira. E que por isso ninguém o apanhava.
Mas só meia surpresa. É que na verdade não foi preso. Nem constituído arguido. Nem sequer apanhado e, que se saiba, nem foi dar uma volta a Vigo...
Vamos a ver se a cor importa. E se este cartão azul não desbota para amarelo!
É sempre assim. São sempre avisados. Umas vezes vão até Vigo, e esperam por lá que passe. Desta vez eram buscas mais que anunciadas; ainda assim nada como uma última vista de olhos, não fosse qualquer coisa ter ficado esquecida em casa.
O clássico de hoje. uma quinta-feira, às seis e meia da tarde - sem público e no actual contexto, todos os dias e todos os horários servem, desde que sirvam à televisão - arrancou com o Benfica já irremediavelmente afastado da luta pelo título pela soberana Matemática, a três jornadas do fim.
Começou bem antes, como quase sempre, por cá. Ainda o Sporting não tinha jogado em Vila do Conde, e ainda a Matemática não era definitiva.
Sérgio Conceição, o treinador do Porto, estava castigado - suspenso por 21 dias. Mas cedo se percebeu que isso era coisa de fazer de conta, e que estaria hoje no banco, na Luz. Ontem, claro, chegou a confirmação oficial, e hoje lá esteve. No banco, na flash e na sala de imprensa, é que não. Para compor o ramalhete, o árbitro escolhido foi Artur Soares Dias, o tal.
Um clássico!
Depois veio o jogo. E Soares Dias não quis deixar de justificar por que é sempre o escolhido para estes jogos. Manhoso e cínico, como sempre. E como ninguém. A ponto de até ter marcado dois penaltis a favor do Benfica, como que a dizer: "vejam bem que até marquei dois, quando ninguém assinala penaltis para o Benfica".
O jogo arrancou nos moldes habituais destes jogos. Sérgio Oliveira e Octávio distribuíam fruta a torto e a direito. O primeiro cedo foi amarelado, e … remédio santo. A partir daí ganhou carta branca - para lhe não voltar a mostrar o amarelo, o árbitro deixou de lhe assinalar faltas. O Octávio, não. Como nunca viu amarelo pôde ir acumulando faltas, umas atrás das outras. Quando começaram a ser de mais, Soares Dias começou também a deixar de as assinalar.
Mas havia umas que assinalava sempre, não falhava uma. Sempre que, depois da falta, a bola sobrava para jogadores do Benfica, com possibilidade de saírem rapidamente para o ataque, lá saía o apito. Fosse a meio campo, fosse à saída da área portista. Chama-se a isso beneficiar o infractor, mas que importa? O que lhe importa é levar o barco a bom porto!
O Pepe, o Sérgio Oliveira, o Octávio lá continuaram, sempre na impunidade. Aos 80 minutos, com aquela entrada do Pepe sobre o Seferovic, e ao anular a marcação rápida do livre, que até acabou em golo, a coisa passou todas as marcas. E então não foi de meias medidas - de rajada, amarelou tudo o que mexia no Benfica. E até saiu vermelho para o Rui Costa.
E é esta a estória do jogo. Um clássico, também.
O resto é um jogo com pouca história, pouco bem jogado na sua maior parte. Um jogo levado para os despiques individuais, como é característico nestes jogos, onde os jogadores do Porto se sentem como peixe na água, e ganham normalmente a maior parte dos duelos, das bolas divididas e das segundas bolas. Enfadonho, que só se soltou, e ganhou verdadeira emoção nos últimos dez minutos, depois do Porto ter chegado ao empate. Até porque, naquelas circunstâncias, o futebol do Benfica dependia muito da explosão de Rafa que, depois de tanta pancada, teve de abandonar por KO de Pepe, naquela entrada à Pepe. Um clássico.
O Benfica tinha-se adiantado no marcador, pelo Everton, a meio da primeira parte, mesmo sem ter conseguido contrariar aquele jogo do Porto, e sem se ter conseguido superiorizar. Já no fim da primeira parte surgiu o primeiro penalti, sobre o Rafa. Que não foi, dizem as tais linhas que o Rafa estava em fora de jogo, no início da jogada. Como não foi o segundo, sobre o Diogo Gonçalves, a meio da segunda parte.
Nos últimos minutos o Porto quis partir o jogo, e o Benfica, mesmo já sem Rafa, teve então oportunidade de se superiorizar e ganhar o jogo. A festa do golo chegou já no tempo de compensação, numa bela jogada de ataque excepcionalmente concluída por Pizzi, pouco depois de uma bola na barra, rematada pelo Taarabt. Mais uma vez as tais linhas descobriram que, no inico da jogada, o Darwin estava por não sei quantos centímetros em fora de jogo, e anularam a festa, e o golo.
E lá fica mais um empate, num jogo que, porque teve mais e as melhores oportunidades de golo, o Benfica merecia ter ganhado. Mas em que, mais uma vez, ficou muito aquém do exigível. Também um clássico desta desastrada época, talhada exclusivamente à medida da reeleição de Vieira. Que não é para esquecer. É para nunca mais esquecer!
Os episódios de violência de anteontem à noite em Moreira de Cónegos, no final do jogo entre a equipa da casa, o Moreirense, e o Porto, revelam mais uma vez o terceiro-mundismo que se vive na bolha do futebol em Portugal, onde arruaceiros, capangas, mandantes e caciques convivem tranquila e harmoniosamente com forças de segurança e meios de comunicação.
Com 4 pontos de desvantagem sobre o líder do campeonato, o Sporting, a cinco jornadas do fim e já sem qualquer confronto directo, isto é, sem qualquer possibilidade de interferir directamente na anulação da vantagem sportinguista, Pinto da Costa declarou, na semana passada que, se nada de anormal acontecesse, o Porto seria campeão. Em vez de questionar tão estranha quanto inaceitável declaração, a comunicação social desportiva projecta-a como dogma papal. Do único Papa que reconhecem.
Logo na primeira oportunidade o Porto empata, e os 4 passam a 6 pontos. Isto é, surge a primeira "anormalidade". O treinador do Porto, bem acompanhado por um dos diretores de comunicação (no Porto são dois, um no banco (!!!), de seu nome Rui Cerqueira, ex-jornalista da RTP, e outro no gabinete, o inenarrável Francisco J Marques) faz a arruaça que sempre faz nessas circunstâncias, e só não chega à agressão física - porque da verbal ninguém escapa - porque o árbitro até em campo tem segurança pessoal especial e, valha a verdade, pela intervenção do dirigente Luís Gonçalves, normalmente também dado à arruaça e à ameaça, e de um jogador, pareceu-me Sérgio Oliveira. Lançado o rastilho, a coisa passou para a zona de saída dos balneários, onde Pinto da Costa não gostou de ver câmaras de televisão, acabando com um tipo chamado Pedro Pinho, um empresário de futebol, unha e carne com o(s) Pinto da Costa, a passar à agressão a um dos desses operadores, o da TVI.
A GNR, ali presente, não vê nem ouve. E, na manhã seguinte, nos jornais desportivos ... nada. A própria TVI trata de limpar, fazendo o seu director de informação saber que Pinto da Costa lhe telefonara a esclarecer que o agressor não tinha nada a ver com o Porto. E que até teria sido convidado do Moreirense, mesmo que estivesse ali, à saída do balneário, incluído na comitiva portista.
Os comentadores afectos ao Porto distribuídos pelas televisões e, pelo menos um, ao que se diz, também presente no local, lançam-se de imediato às operações de limpeza. Ao contrário do pretendido a coisa não acabou abafada. E hoje "a Bola" faz esta primeira página, quando ontem não tivera nada para dizer.
Os outros, nem isso...
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