Coisas extraordinárias
Dez meses depois de sermos surpreendidos por um vírus mortal completamente desconhecido, que pelo menos por dois anos mudou por completo a vida da humanidade, temos várias vacinas prontas para dar início à vacinação.
Não sei se temos bem a noção disto. Há bem pouco tempo a melhor das expectativas era dez anos. E há apenas meses, quando a pandemia chegou, ninguém arriscava menos que dois a três anos para a descoberta e teste da vacina.
No Reino Unido a vacinação arranca já na próxima semana. E na maioria do resto da Europa ainda antes do final do ano. Em Portugal é hoje apresentado o plano de vacinação, de que se conhece muito pouco. O que se tem ouvido é meia dúzia de vulgaridades servida pelas ministra da saúde, em modo vendedor da banha da cobra.
Desconfiamos deste plano ainda antes de ser apresentado, mas é assim que somos. E a verdade é que não temos muitas razões para não ser assim. Dos outros países vamos sabendo que está tudo a postos. Que estão preparados pavilhões gimnodesportivos, arenas de patinagem e outro tipo de infra-estruturas de grande dimensão para o arranque da missão. Isso mesmo, percebemos que estão a fazer da vacinação uma missão, um desígnio nacional. Por cá, fica-nos a ideia que a vacinação é uma coisa para se ir fazendo. Que não é preciso mobilizar grandes meios porque não há pressa nenhuma.
Pode até não ser nada assim, mas é essa a ideia que passa... E que choca frontal e violentamente com uma realidade que descobre e põe à disposição da humanidade uma vacina em apenas dez meses.