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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Nos limites do paradoxo

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Hoje, no último dia do prazo, o Banco de Portugal entrega finalmente na Assembleia da República a lista dos grandes devedores da banca, depois de, em Janeiro passado, ter sido aprovada a lei que obriga as instituições de crédito a divulgar informação sobre os créditos que provocaram as perdas que as  conduziram ao pedido de auxílio do Estado.

Depois de tanta resistência em fornecer esta informação, levantando sempre os maiores problemas, sempre perdidos nos excessos das tecnicalidades apenas acessíveis aos seus altos quadros, o Banco de Portugal acabou por fazer chegar ao Parlamento não uma, mas duas listas: uma para os deputados, e outra para divulgação pública.

É sempre assim, cada vez que falamos de transparência...

Amanhã, os alunos das escolas portuguesas, depois de em Março terem aderido ao grande protesto mundial dos estudantes ("não há planeta B"), vão participar numa greve climática para desenvolver acções de protesto pelas agressões ambientais em 34 cidades.

Mas há testes marcados para esse dia. E os alunos vão ter falta injustificada, justificada por todos os directores escolares, mesmo pelos que saúdam o seu abraço à causa, e juram encontrar toda a justificação para o protesto. 

Somos assim, sempre nos limites do paradoxo! 

Já não se fazem revoluções como antigamente

 

De repente, no fim-de-semana, deparamo-nos com um gigantesco movimento social em França que trouxe para a rua centenas de milhares de franceses, dispostos a bloquear o país. Envergam coletes amarelos, o "gilet jaune", como que a assinalar o tom de emergência do protesto. Ou a sua espontaneidade: não precisa de qualquer forma de organização, e o simples colete de segurança que são obrigados a trazer no carro serve-lhes perfeitamente de traje de propósito.

É um movimento popular, espontâneo e inorgânico, como é próprio dos tempos que correm. Sem cadeia de comando, sem receber ordens de ninguém, e sem parceiro de diálogo. Apenas a polícia, para negociar um corredor aqui, ou outro ali.

Não me parece que seja surpreendente. Pelo contrário, é uma daquelas coisas que muita gente estava à espera que acontecesse. É daquelas coisas cujos contornos vislumbramos com grande frequência nas redes sociais, em esboços que percebemos que podem engrossar e ganhar forma. 
Em causa estão os aumentos nos preços dos combustíveis, mas poderia estar outra coisa qualquer. Motivos não faltam. Os agentes do poder político tudo têm feito para que não faltem motivos de revolta às suas gentes. E têm-no até feito com arrogância, com muita arrogância para que a revolta seja ainda maior!
Numa reportagem que passou numa televisão, um sujeito já bem entrado na idade, com ar de quem estava ali a assistir aos acontecimentos na primeira fila, dizia com uma admirável tranquilidade: "sabe, quando eles não fazem as reformas que têm para fazer, terá que ser a revolução a fazer o que não foi feito". 
Imaginei-o 50 anos mais novo. Imaginei-o naquele Maio de 68, a exigir razoavelmente o impossível e a proibir que fosse proibido. E imaginei-me a dizer-lhe que as revoluções já não são o que eram. Que já não se fazem revoluções como antigamente ... 

 

PASSAR AO LADO

Por Eduardo Louro

 

Decidi passar ao lado do tema do dia – o assédio sexual de que é acusado o bispo D. Carlos Azevedo que, remontando a acontecimentos com 30 anos, prova que o passado não prescreve e que, servindo os interesses de alguém, estará sempre pronto a saltar para a actualidade – para regressar a Relvas e à indignação que por aí anda por parte daqueles que acham que a democracia está em riso.

Vejam bem ao que isto chegou: a democracia está em risco porque há muita gente que não está disposta a tolerar o que um ministro que está envolvido em tudo o que se sabe e que, noutro sítio qualquer minimamente democrático e de vergonha, há muito que não era ministro. Nunca sequer teria chegado a ser!

A democracia e a liberdade não estão em risco quando Relvas pressiona e condiciona a imprensa, quando ludibria e engana tudo e todos, seja nas suas supostas qualificações seja nas suas actividades públicas e privadas. Quando insiste em permanecer no poder à revelia de sentimentos tão básicos e estimáveis como a vergonha, a decência e o respeito pelos outros, já para não falar do sentido do ridículo.

A democracia e a liberdade não estão em risco quando, à revelia do mais elementar bom senso e do respeito mínimo pela inteligência das pessoas, há gente que convida uma personagem como o ministro Relvas, de quem se não conhece um pensamento estruturado, de quem se não conhece uma linha escrita sobre o que quer que seja, para uma conferência de pensadores.

A democracia e a liberdade não estão em risco quando, à revelia do mais elementar bom senso e do respeito mínimo pela inteligência das pessoas, há gente que convida - serão estes convites inocentes? - uma personagem como o ministro Relvas para encerrar um colóquio sobre o futuro da comunicação social.

A democracia e a liberdade não estão em risco quando o primeiro-ministro segura este ministro Relvas sem perceber que é um problema de higiene pública. Sem perceber que destrói a autoridade do governo para manter a política que prossegue e que mina o moral que ainda resta ao país para a tolerar.

A democracia e a liberdade não estão em risco quando uma se restringe a, de quatro em quatro anos, depositar um voto iludido por promessas nunca cumpridas, e a outra à de aceitar isso como uma inevitabilidade.

Não. Isso é para passar ao lado! A democracia e a liberdade estão em risco quando, fartos e cansados de tudo isto, fartos e cansados de serem enganados, fartos de desilusões e cansados da mentira, fartos de aturar gente que já não se pode aturar e cansados de sacrifícios que só a eles tocam, há gente que canta e grita para tão simplesmente dizer: nós sabemos quem és e por onde tens andado. Nós sabemos onde e com quem estiveste na passagem de ano. Vai-te embora, tem vergonha, sai daqui que já não te queremos ouvir…

Haja decência. Quem quer ser respeitado tem que se dar ao respeito!

COISAS QUE IRRITAM

Por Eduardo Louro

 

Passos Coelho e Miguel Relvas foram ontem, uma vez mais, objecto de apupos e de manifestações hostis. O primeiro-ministro, em Aveiro, onde se deslocou para participar numa conferência da “Global Compact Network”,  e o seu ministro mais que tudo, em Gaia, onde o objecto da deslocação era a participação num encontro de um Clube dos Pensadores.

Acredito que a participação destes dois principais responsáveis do PSD e do governo seja importante para os organizadores daquelas conferências. Se não o fosse não os convidariam. Já para os próprios, não vejo, nesta altura do campeonato, qualquer ponta de interesse. Antes pelo contrário!

Mas, se vão, é porque certamente vêm algum interesse. E é isso que é preocupante, porque confirma o seu total afastamento da realidade do país. De Relvas já sabíamos que simplesmente não se enxerga. Acha que bastou passar três ou quatro meses em hibernação para regressar ao seu papel de eminência parda como se nada se tivesse passado. Depois, ambos - um e outro – estão-se nas tintas para o país, no conforto da presunção de que não têm que prestar contas a ninguém. Que se lixem as eleições!

Ninguém sabe – nem quer saber – o que é que Passos Coelho foi fazer a Aveiro. Ninguém sabe de que é que a conferência tratou, nem sequer o que é isso da “Global Compact Network”. A notícia são os protestos… A notícia é que Passos Coelho fugiu dos manifestantes!

Ninguém sabe o que é que Miguel Relvas foi fazer a Gaia. Nem o que é o Clube dos Pensadores. O que se sabe é que se cantou Grândola Vila Morena. O que se sabe é que ele, sem sentido de ridículo, tentou acompanhar o cântico. O que se sabe é que foi chamado de fascista, e que o pensador moderador da mesa se irritou profundamente… Provavelmente por não ter pensado que o pensamento de Relvas é a coisa que hoje mais irrita o pensamento dos portugueses!

 

UM GOVERNO EM PRISÃO DOMICILIÁRIA

Por Eduardo Louro

 

Os ministros, todos sem excepção, são vaiados sempre que saem ao contacto público. Tem sido evidente que passaram a fugir a esse contacto, procurando portas e travessas que os levem aos seus protegidos e bunkerizados destinos sem esse incómodo de enfrentar a população.

Os mais recentes casos vêm precisamente do fim-de-semana. A ministra Assunção Cristas, que há poucos dias escapara a um ovo em Santarém, tinha em Aveiro muita gente à sua espera em protesto. Mas tinha também muita polícia capaz de a encaminhar tranquilamente para o interior do auditório – onde encerraria um seminário alusivo aos 50 anos da PAC – vazio!

Miguel Macedo, o ministro da Administração Interna, deslocou-se a Campia - Vouzela – para inaugurar um edifício do destacamento local dos bombeiros. E lá estava a multidão em protesto… Miguel Macedo, com um estranho sentido de oportunidade, achou por bem dizer que os portugueses são cigarras, em vez de formigas!

Gasolina na fogueira: para quem tem o pelouro dos incêndios não é lá muito abonatório…

O governo está definitivamente de relações cortadas com a população e, a partir de agora, ou todos os seus membros permanecem bloqueados nos seus ministérios – um governo em regime de prisão domiciliária – sem de lá poderem sair, ou passam a mandar construir túneis e bunkers por todo o país – o sector da construção e o emprego agradecem – para que possam manter actos protocolares que lhes alimentam a sensação de estarem vivos. E ministros!

Mas não será certamente fácil de perceber que se possa governar assim.   

À RASCA MAS DIGNOS

 

Por Eduardo Louro

 

Não sei se foram 200 ou 300 mil os portugueses de todas as idades que ontem deram voz ao protesto e à indignação que atravessa o país de lés a lés. Não me importa quantos foram porque eu vi lá todo o meu país!

E gostei do que vi. Gostei deste meu país que lá vi, bem diferente de outros países que tenho visto por esse mundo fora! Bem diferente do que vi na Grécia, ou do que vi em França…

O que é que vi?

Vi uma enorme multidão ordeira, que não provocou sequer um leve desacato…

Vi uma multidão pacífica, que nem um vidro partiu. Nada!

Vi as portas fecharem-se ao aproveitamento partidário.

Vi uma só bandeira, a bandeira nacional… e ouvi cantar o hino como há muito não ouvia!

E vi ali dignidade…

Bastou-me ver isto. O resto, agora, não me interessa nada!

 

 

 

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