Depois da jogatana de ontem, em Milão, de cortar a respiração, com a repetição do 3-3 de Barcelona a empurrar para prolongamento a decisão de uma das mais fantásticas eliminatórias da História da "Champions", com aquele golo do improvável Acerbi já no fim da "compensação", com o Inter a assegurar a presença na final de Munique com o golo de Fratesi à beira do minuto 100, hoje, o PSG assegurou, em Paris, a outra vaga para a capital da Baviera.
Depois do 1-0 em Londres o PSG, que Luís Enrique transformou numa grande equipa, com um grande futebol, voltou hoje a ganhar ao Arsenal, por 2-1, e irá chegar a Munique como favorito.
Mas também o Bayern de Munique o era, nos quartos de final e, mais ainda, o Barcelona nesta meia final. Este Inter, de Simone Inzaghi, não liga muito a isso do favoritismo. E vai disputar a segunda final em três anos. Afinal tantas, em três anos, quantas as de toda a História do PSG.
O Gonçalo Ramos já partiu, com destino a um PSG a arder, como o país que acabou de deixar. Vai ganhar muito dinheiro, e provavelmente muitos títulos nacionais. Mas não terá certamente escolhido o melhor destino para a sua carreira desportiva.
Era uma partida anunciada. Com contrato até 2025, sabia-se que teria de sair neste início de época. O Benfica não está, nem provavelmente nunca virá a estar, em condições de segurar os seus melhores jogadores. Resta-lhe aproveitar o prestígio da marca "made in Seixal", e a partir dela procurar fazer os melhores negócios.
E foi o que fez!
Por mais ruído que se instale à sua volta, e por mais que os adversários lhe tentem injectar veneno, este foi um bom negócio. A oportunidade não foi a ideal. Com a pré-época concluída, e em cima de um jogo importante - não é a Supertaça que é importante, o jogo é que é importante pelo impacto que tem no arranque do campeonato, quase sempre decisivo para as contas finais -, esta não era a melhor altura para comunicar a saída de um jogador com o peso que Gonçalo Ramos já tinha no Benfica. Mas terá sido a possível, como curiosamente o próprio jogador fez notar na entrevista de despedida, na BTV.
O comunicado emitido pelo Benfica ontem ao final da tarde a confirmar a operação agitou o panorama da comunicação social desportiva, sempre no seu melhor. Entre a ignorância e a iliteracia que a caracteriza, e o veneno que a alimenta, foi um festival de incompetência. Inversamente proporcional à da estrutura do Benfica. No negócio, e no comunicado.
Não importa se o modelo do negócio foi aquele para ir de encontro aos interesses do PSG, apertado no "fair play" financeiro da UEFA. Importa o negócio, e os interesses do Benfica. E esses demonstram-se em poucas linhas:
- O contrato terminava em 2025 e o jogador ficaria livre no fim do próximo ano;
- A venda do passe nesta altura implicava comissões (de 10%) a dois intermediários: o inevitável Jorge Mendes, envolvido no negócio, e o anterior empresário do jogador, à sombra da bananeira;
- O negócio é um empréstimo por um ano, até 2024, como curiosamente documenta a própria camisola na apresentação de Gonçalo Ramos; a venda do passe ocorrerá depois, curiosamente já no ano em que o jogador passaria a ficar livre do contrato com o Benfica; curiosamente quando o anterior empresário já não tem nada a reclamar;
- O montante total do negócio pode atingir 80 milhões de euros: 65 milhões, mais 15, por objectivos.
O comunicado (imagem abaixo) é perfeito. Basta saber ler para o perceber. Só que isso parece que não é requisito nem para escrever nos jornais desportivos, nem para ganhar dinheiro a debitar patetices nas CMTV´s e CNN´s deste mundo.
Para que tudo seja mesmo perfeito é preciso que o Musa recomece já a marcar já depois de amanhã. E que o Arthur Cabral - não faço ideia se será a melhor das opções para substituir o Gonçalo, mas foi bonito de ver toda a comunicação social desportiva apanhada em fora de jogo - tenha que dar tudo para lhe ocupar o lugar no onze.
Mais uma grande jornada do Benfica nesta Champions, e quase garantido o apuramento. À quarta jornada, em Paris!
Quem diria?
Quem há poucos meses diria que o Benfica se bateria igual para igual com este PSG das super estrelas, discutir os dois jogos desta dupla jornada e sair dela no primeiro lugar, ombro a ombro com o colosso parisiense forrado com dinheiro do Qatar, que parece também estar a chegar a estas bandas?
Mas é assim. Este Benfica já nos mostrou do que é capaz. E é muito capaz!
Foi-o em Turim, foi-o na Luz, há uma semana, e voltou a sê-lo esta noite, no Parque dos Príncipes. Num jogo diferente, muito diferente mesmo, do da Luz, na semana passada. Hoje foi um jogo sem balizas, não foram os guarda-redes a determinar o resultado.
O Benfica entrou personalizado, como sempre. Sem medo, e fiel ao seu modelo de jogo. Sem abdicar de qualquer dos seus princípios sagrados. E consagrados!
Não teve David Neres que, lesionado, ficara em Lisboa. E Roger Schemidt optou por colocar Aursnes no seu lugar. Não exactamente na sua função, até porque jogou na esquerda, com João Mário na direita, na posição do brasileiro. E, naturalmente, sem as capacidades de Neres, também sem o seu desempenho.
Foi uma decisão surpreendente. Esperar-se-ia que Neres fosse substituído por Draxler, ou por Diogo Gonçalves. Seria uma dessas a opção natural. Schemidt surpreendeu e, no fim, se havia quem ainda o não tivesse percebido, todos perceberam que é de treinador.
Portanto o Benfica permaneceu fiel à sua ideia de jogo. E entrou bem, a dançar ao ritmo da música do jogo, que desde cedo começou a mostrar que teria pouca baliza. Sem balizas o jogo é sempre menos espectacular, mas pode ser igualmente bem jogado. Foi o caso. E o Benfica jogou-o bem, e disputou-o ainda melhor.
Num jogo como este, golos, só mesmo de penálti. Foi assim, e não poderia ter sido de outra maneira.
Primeiro caiu para o lado do PSG, já perto do fim da primeira parte, aos 40 minutos. Depois de grande equilíbrio no jogo jogado, sem qualquer oportunidade de golo, e até mesmo sem remates. O primeiro remate do PSG coube a Sarábia, aos 34 minutos. Fraco, para defesa fácil de Vlachodimos.
O primeiro momento a quebrar esse registo, e de maior perigo junto a uma das balizas, pertenceu até ao Benfica, aos 18 minutos - dentro da primeira metade, quando o Benfica desfrutou de alguma ascendência no jogo - quando João Mário cruzou para a área e o lateral Hakimi desviou com a mão, dentro da área, a bola da cabeça de Aursnes. O árbitro assinalou penálti, mas depois reverteu a decisão a pretexto de fora de jogo de João Mário, que ninguém percebeu. Nem houve imagens que esclarecessem.
O segundo aconteceu durante aqueles três minutos, entre os 35 e os 38, em que o PSG pressionou mais alto e ganhou consecutivamente as segundas bolas, culminando no penálti cometido por António Silva sobre Bernat, na primeira vez em que o lateral esquerdo chegou à área benfiquista. Um penálti tão claro quanto infeliz do miúdo. Quem quiser acusá-lo de "verdura" pode enfiar a viola no saco, porque o miúdo prosseguiu imperturbável, e acabou por ser o melhor em campo, mesmo que a UEFA tenha decidido ter sido Mbappé que converteu o penálti no primeiro golo da partida.
O Benfica reagiu de imediato ao golo, e percebeu-se que não seria a morte de ninguém. Mas até ao intervalo o jogo acabou por regressar ao registo que trazia, com a má notícia de dois amarelos - para João Mário e, já no último minuto, mais preocupante, para Florentino.
Pensava-se que, a perder, ao intervalo Schemidt mexesse na equipa. Mas não, continuou fiel às suas ideias, manteve Aursnes, e o jogo prosseguiu nos mesmos moldes. Apenas quebrado num remate em arco de Mbappé, que saiu ao lado do poste direito de Vlachodimos, na única oportunidade de golo do PSG. E noutro, de cabeça, três minutos depois, de Gonçalo Ramos, e pouco antes do segundo penálti da partida.
Que o árbitro inglês deixou passar em claro. Verrati cometeu falta clara - claríssima - sobre Rafa. A dúvida era se fora, ou dentro da área. Valeu o VAR, e João Mário repôs o empate.
Faltava cerca de meia hora para o final, e chegava então a altura de defender. E então o Benfica defendeu. Sempre bem, anulando todas as tentativas do adversário.
Roger Schemidt iniciou então as substituições. Logo a seguir ao golo, trocou Bah por Gilberto. Mais tarde, já pelo minuto 80, e com também Enzo já amarelado e constantemente provocado por Neymar, e por ter de se precaver com o amarelo de Florentino, recuou então Aursnes, e lançou Draxler, Diogo Gonçalves e Rodrigo Pinho.
Depois foram os ponteiros do relógio a fazer o seu percurso. Mesmo que às vezes nos parecesse sem muita pressa. No fim, mais um resultado notável, mais uma demonstração do valor desta equipa, e a quase certeza de mais uma presença nos oitavos de final da Champions.
Antes de mais: que grande jogo, o desta noite na Luz. Daqueles que têm tudo o que se pode esperar, e desejar, de um jogo de futebol. Se há "jogos de Champions", este, sim, foi um deles!
Começo pelo adversário, que já não é simplesmente o PSG de Messi, Mbapé e Neymar. É hoje uma verdadeira equipa de futebol, cheia de jogadores de qualidade extra, e que, ainda por cima, tem Messi, Mbapé e Neymar.
Nada melhor para o tal teste que as más línguas vêm insistindo em dizer que faltava ao Benfica. E para isso nada melhor que a entrada da equipa no jogo - personalizada, sem medo e, acima de tudo, fiel ao seu futebol. Sem concessões de qualquer espécie, e com o seu onze inicial habitual.
E foi assim que o Benfica enfrentou esta super equipa, recheada de grandes estrelas. Os primeiros vinte minutos foram um regalo para os olhos e para o coração dos benfiquistas, com um Benfica dominador e a criar oportunidades de golo. Claras, e duas delas negadas pela grande categoria de Donaruma.
Estava o jogo nisto, com o Benfica a jogar, a criar oportunidades de golo, mas sem conseguir bater o guarda-redes adversário quando, aos 22 minutos, no primeiro remate do PSG à baliza, Messi marcou. Um golo ingrato, e que só não poderemos considerar injusto, porque resulta de uma extraordinária jogada de futebol, ao primeiro toque, construída por aquele fabuloso tridente. E concluída com um remate simplesmente extraordinário, só mesmo ao alcance do génio de Messi.
Os jogadores do Benfica sentiram o golo, e não era caso para menos. Jogar como tinham jogado, para na primeira vez em que os adversários pegaram na bola fazerem, e daquela maneira, o que eles com tanto trabalho não tinham conseguido, arrasa qualquer um. E seguiram-se 15 minutos diabólicos, em que os jogadores do Benfica tiveram de se limitar a correr atrás da bola que aqueles craques trocavam a preceito. E a sofrer.
Foi um quarto de hora em que o PSG teve controlo absoluto sobre o jogo. No entanto, com apenas um remate à baliza. Inofensivo, de Vitinha. Passado esse quarto de hora, o Benfica ressuscitou. E voltou a superiorizar-se. E voltou a ter que contar com a categoria de Donaruma.
O golo do empate surgiu já perto do intervalo, e muito atrasado. A falta de sorte nas quatro oportunidades de golo negadas por Donaruma era atenuada com o auto-golo de Danilo, na disputa de bola, no ar, com Gonçalo Ramos. Ao intervalo o empate era desajustado da realidade do jogo, em que o Benfica tinha sido superior em dois terços do tempo jogado.
Na segunda parte nem a intensidade, nem a qualidade do jogo baixou. A superioridade do PSG foi mais constante, e surgiu então a vez de Vlachodimos discutir com Donaruma a influência no jogo e no resultado. E de o PSG equilibrar as oportunidades de golo criadas por ambas as equipas. Mesmo que o Benfica tenha ainda acrescentado mais três à contabilidade da primeira parte.
A mais clara acabou por pertencer a Rafa, aos 80 minutos. A partir daí o PSG voltou a forçar. E, a partir daí, começou a parecer que o relógio tinha parado, que os ponteiros não se mexiam, e que o minuto 90 nunca mais chegava. Mas chegou, e chegaram também os 4 minutos de compensação, já muito bem geridos pela equipa do Benfica, a ter bola, a jogar no campo todo, e já de volta à aproximação à baliza de Donaruma. E com os jogadores do PSG constantemente obrigados a fazer faltas, e algumas bem duras, sobre os do Benfica.
Que não ganhou, é certo. Mas fez um grande jogo, deu uma enorme resposta, depois da medíocre exibição de Guimarães, e alcançou um resultado importante no contexto deste grupo de apuramento. Não será fácil repetir tudo isto na próxima semana, em Paris. Mas o Benfica mostrou que o poderá fazer!
Messi não é hoje apenas, para muitos, o melhor jogador de futebol de sempre. É, ao transitar de Barcelona para Paris, o maior símbolo do que é o futebol de hoje.
Hoje o Paris Saint Germain deu um passo gigante rumo à sua afirmação mundial. Entrou na dimensão galáctica. Pelo contrário, e quando estamos ainda longe de conseguir avaliar todo o impacto da perda de Messi, o Barcelona deixou à vista muito mais do que gostaria de mostrar.
Terminou hoje na Luz a "Champions" desta longa - a mais longa de sempre, quando já se disputam jogos de apuramento para a próxima - e anormal época de 2019/20, num formato de emergência ditado pela emergência da pandemia. A condensação das quatro últimas fases da competição numa espécie de fase final a eliminar, em Lisboa, trouxe uma sensação de uma outra dimensão da competição, a que a falta de público tirou ambiente e espectacularidade, mas não interesse.
Foi uma final inédita, como seria sempre. Mas também inédita pelas equipas em confronto, não pelo Bayern, que já anteriormente disputara dez finais da maior prova de clubes do futebol mundial, mas pelo PSG, que a atingia pela primeira vez nos seus 50 anos de História. Foi a final que a UEFA desejava, mas também foi a final ajustada ao desempenho das oito equipas que chegaram a Lisboa há duas semanas para disputar o mais importante título do futebol da Europa e do Mundo.
E se não foi a mais espectacular de sempre - e não foi mesmo, se nos lembrarmos de Istambul, em 2005, mas também de mais uma ou outra - teve talvez a melhor primeira parte de sempre. Mesmo sem golos. Com o Bayern a confirmar que é neste momento a equipa mais forte do futebol mundial, porventura apenas ao alcance do Liverpool, e o PSG a confirmar que já é uma equipa, e até uma equipa espectacular.
Não se pode dizer que a equipa de Paris tenha sido superior. Mas criou mais, e mais espectaculares, oportunidades de golo. Só que na baliza dos alemães estava Neuer... Que fez a diferença. Que faz sempre a diferença quando a sua equipa não consegue controlar tudo, e chega a sua vez de dizer presente.
A segunda parte foi substancialmente diferente. Primeiro porque o Bayern marcou ainda cedo, à beira dos 15 minutos, por Coman, e acentuou a sua capacidade de controlar o jogo. E depois porque a condição física dos jogadores já não permitia nem o mesmo ritmo, nem a mesma disponibilidade mental. E a qualidade do jogo teve que se ressentir.
Mesmo assim, voltou a ser Neuer a fazer diferença. Não que, do outro lado, Keylor Navas tenha tido culpas no golo sofrido. Simplesmente porque, imperialmente, defendeu tudo, mesmo o que não tinha defesa.
E decidiu esta "Champions", que se confirma como competição aristocrática, continuando a virar as costas ao novo riquismo do futebol mundial. Os novos ricos, movidos a dinheiro de magnatas das arábias, terão de continuar à aguardar à porta deste clube aristocrata dos velhos emblemas europeus. Salvo uma ou outra distracção, a "Champions" continua com reserva do direito de admissão!
Deplorável exibição do Benfica, esta noite no Parque dos Príncipes, não repleto de portugueses – nada disso – mas, mesmo assim, com mais de 15 mil emigrantes. Que mereciam outra coisa, e especialmente outro empenho dos jogadores.
Sim, foi pelo desempenho dos jogadores. Pelo desempenho e pela falta de empenho, que não é a mesma coisa. Pelo desempenho é responsável o treinador, que não consegue pôr a equipa a jogar futebol e os jogadores a fazerem o que cada um tem que fazer em campo. Pela falta de empenho, também. Porque não tem condições para os motivar e para lhes incutir crença, que é aquilo que os faz correr, dar sempre mais e acreditar.
O treinador... que simplesmente acha que o PSG “é munta forte”. Que, na véspera de um jogo destes, e vá lá alguém perceber porquê, diz que tem o sonho de treinar Messi e Cristiano Ronaldo e que ambos têm lugar na mesma equipa. De que seria certamente ele o treinador…
Demencial!
Que se poderá dizer mais?
Que é tempo de acabar com este estado de coisas. Que é tempo de alguém começar a assumir as suas responsabilidades e parar de sacudir a água do capote!
Acompanhe-nos
Pesquisar
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.