A selecção nacional mantém aberta a perspectiva da presença no campeonato do mundo de futebol, no final do ano. Lá para o Natal porque, depois de terem obrigado a tanta coisa, os petrodólares do Catar, mesmo que cheirem mal, também a isso obrigam.
Afastada a Turquia, esta noite no Dragão, falta agora; à mesma hora e no mesmo local, dar a volta à ... Macedónia do Norte. Isso mesmo, ganhou à campeã europeia. E a Itália falha o segundo mundial consecutivo, coisa nunca vista.
A selecção apresentou-se com alguns jogadores que não têm sido presença habitual na equipa, o que não quer dizer nada de renovação. De novidade só mesmo o jovem guarda-redes do Porto, Diogo Costa, que é bem capaz de ter acabado com o velho reinado de Rui Patrício. O resto eram repescados, por força das ausências de Cancelo, Rúben Dias e Pepe, e velhos conhecidos de Fernando Santos. Ganhou e teve até momentos em que jogou bem. Mas não apagou nenhum dos males que há muito a apoquentam, e que lhe cortam as asas que a actual geração de extraordinários jogadores lhe dá. Continuam lá, bem vivos.
Como de costume, a selecção até entrou bem. Com Cristiano, claro. E para todo o sempre. Marcou ainda cedo, ao quarto de hora de jogo, e como de costume, em vez de aproveitar o balanço, abanou. E durante largos minutos, à volta do meio da primeira parte, entregou-se à pressão da equipa da Turquia. E de repente passou a perder sucessivamente bola sempre que saía a jogar, não conseguindo ligar uma jogada. O Diogo Costa passou a chutar a bola para a frente, e com a ajuda das segundas bolas, acabou por passar conseguir ultrapassar o problema e voltar a ficar por cima do jogo. E marcou o segundo, já perto do intervalo.
Com 2-0 ao intervalo, estava resolvido, terá toda a gente pensado. Todos, menos os que desconfiam sempre ...
Com a entrada na segunda parte parecia que não haveria razões para desconfiar. Mas rapidamente começaram a surgir sintomas de outro dos males da selecção - adormecer ela própria quando decide adormecer o jogo. Adormeceu - estavam mesmo a dormir - e a Turquia marcou. A equipa, que tinha sobrevivido à pressão turca depois do primeiro golo, não sobrevivia ao seu adormecimento. E de repente, com meia hora para jogar, com aquele golo entregou o ouro ao bandido, como tinha feito com a Sérvia, que a meteu nestas alhadas do play-off.
Mesmo sendo este um bandido um bocado mais fraquinho, poderia mesmo levar o ouro. Até porque, logo a seguir, apareceu um penálti que o VAR não deixou passar. Valeu a Nossa Senhora de Fátima de Fernando Santos, e o Burak Ylmas atirou para a bancada. E valeu a tamanha diferença de qualidade dos jogadores portugueses que, com o adversário adiantado à procura do empate falhado com o penálti desperdiçado, dava para construir sucessivas jogadas de transição que iam pondo em sentido os turcos. E deu ainda para o terceiro golo, já bem dentro dos cinco minutos de compensação.
Mesmo com as maleitas do costume deu para ganhar a esta selecção turca. Como terá que dar para ganhar à Macedónia do Norte, por maior que seja a sensação que transporta na bagagem que traz para o Porto. Mas, se continuarem apenas escondidas e sem ser tratadas, estarão de volta no Catar. E Fernando Santos, hoje bestial - dizem eles -, voltará a ser besta!
No "caminho" torto para o Mundial do Qatar a selecção nacional juntou-se às que, em teoria, eram a selecção mais forte e a mais fraca entre todas as que disputam este play-off. Acontece que a mais fácil, a Macedónia do Norte, calhou em sorte à mais forte, a Itália. Fácil, portanto, para os campeões europeus.
À selecção nacional não calhou a mais fácil. Saiu-lhe a Turquia. E depois, se tudo correr bem, lá decidirá o apuramento com a Itália. Pior era difícil, mas é assim ... a factura da miserável prestação da selecção de Fernando Santos na fase de apuramento teria de aparecer. E é esta!
Disputa os dois jogos em "casa", mas também foi em casa que perdeu o apuramento direcro, que lhe competia. Como as coisas estão, nem essa é uma vantagem que se possa levar em conta.
Já se sabia que o caminho era torto. Agora sabe-se que também é difícil. E se calhar o castigo merecido para esta selecção!
Já sabíamos que Fernando Santos acredita mais em milagres que na capacidade de um conjunto de jogadores que estão entre os melhores do mundo, e que integram as melhores equipas do planeta. O que é absolutamente inacreditável é que, agarrado ao milagre do título europeu, tenha transformado tão extraordinário lote de jogadores numa selecção mediocre.
Mais inacreditável ainda é que Fernando Santos ache que faz tudo bem. Os jogadores, é que não. Os jogadores é que não conseguem. Aqueles jogadores não conseguem ligar o jogo, garante. Não conseguem ter bola. Diz e repete, como se nos quisesse convencer que jogadores que são dos melhores que há, e que jogam nas melhores equipas mundiais e que disputam as mais exigentes competições do futebol mundial, não sabem jogar à bola.
A selecção nacional tinha a obrigação de ter garantido o apuramento para o malfadado mundial do Qatar bem antes de chegar a este jogo decisivo, em casa, em que lhe bastava um empate. Mesmo que aquele golo na Sérvia - já agora onde a selecção teve em metade do jogo, na primeira parte, a única prestação minimamente condizente com a qualidade dos jogadores -, que não contou, tivesse desde logo empurrado a decisão para este último jogo. Porque, em boa verdade, já foi por Fernando Santos ser o que é que a selecção empatou um jogo que ganhava por 2-0 ao intervalo, depois de exibir uma enorme superioridade sobre a equipa sérvia.
A Sérvia é uma selecção de terceira linha do futebol europeu, mas os outros adversários eram ainda muito mais fracos. Por isso, a partir desse jogo na Sérvia, o mais normal seria que as duas equipas ganhassem todos os jogos. A Sèrvia foi infeliz na Irlanda, e empatou esse jogo. Onde a seleccão portuguesa foi incompetente, e também empatou ... mas com muita sorte. Num jogo miserável que marcou, e muito, o de hoje.
Hoje bastava o empate para conseguir o apuramento. Era Fernando Santos nas suas sete quintas e, com jogadores de topo mundial, armou uma equipa para não perder com um adversário de terceira categoria, dentro da sua estratégia de eleição. Com a sorte de marcar no primeiro minuto, o que podia ser o melhor, foi o pior. A partir daí só uma equipa jogou à bola. A Sérvia empatou pouco depois da meia hora (num frango monumental, para acentuar o vexame), e depois de já ter tido uma bola de golo no poste. Na segunda parte Fernando Santos jogou com três trincos - Danilo (é incrível como foi titular), Palhinha e Ruben Neves!
A Sérvia marcou o golo da vitória que lhe deu o apuramento ao minuto 90. Nada mais que o merecido castigo. Acreditar agora que no play-off é que vai ser, é pouco menos que acreditar em milagres. Fernando Santos acredita. Mas já ninguém acredita nele. Os senhores da Federação Portuguesa de Futebol podem estar-se nas tintas para os adeptos, mas convinha que não se esquecessem que nesse "ninguém" se incluem os jogadores.
Há mais de 11 anos, Cristiano Ronaldo abriu a porta da rua a Carlos Queirós com uma frase: "assim não, Carlos, assim não". Se quer estar no seu último mundial é hora de se lembrar disso.
Mais uma miserável exibição da selecção portuguesa, esta noite, em Dublin. Tão má que terá mesmo sido a pior da já longa era de Fernando Santos que, como se sabe, não é um treinador muito dado a grandes exibições.
A selecção da República da Irlanda é uma das mais fracas da Europa, nesta altura. E no entanto foi, com aquele futebol vigoroso, bem britânico do antigamente, feito de querer e determinação, sempre melhor que a portuguesa. Já o jogo de há uns meses, da primeira volta, no Algarve, tinha sido muito complicado, com a vitória a surgir de um autêntico milagre, com aqueles dois golos do Cristiano Ronaldo, mesmo - mesmo - no fim. E no fim, nestes dois confrontos com os irlandeses, salvou-se o resultado. Hoje o empate até valia a mesma coisa que a vitória. Não acrescentava nem retirava nada ao jogo do próximo domingo, com a Sérvia,. Com a vitória, ou com este empate, sairia deste jogo sempre na frente do grupo, e a basar-lhe não perder para garantir o apuramento para esse estranho mundial do Qatar, no Natal do próximo ano.
Mas, como ensaio para esse jogo decisivo, foi mau de mais. E nessa medida não permite alimentar as melhores expectativas. Mas … já se sabe, cada jogo é um jogo. E este estava marcado pelos amarelos. Pelo grande número de jogadores em risco de ficarem fora do jogo decisivo. Fernando Santos optou por prescindir de todos eles - todos, não; manteve Palhinha, que esse, como se sabe, mesmo que seja amarelado nunca é excluído - incluindo os que, à partida, nunca seriam titulares nesse próximo jogo. E acabou por ficar sem o que, provavelmente, menos quereria perder: Pepe, pois claro. Igual a si próprio, e por isso expulso.
É como o escorpião - está-lhe na massa do sangue. É da sua natureza! Que, pela protecção que goza em Portugal - das arbitragens e da própria imprensa - não tem necessidade de reprimir. Com a bola controlada, sem qualquer adversário por perto e com tempo para tudo, resolveu metre-se em problemas, até se ver apertado. E logo que se viu apertado, já com um amarelo (mas até vermelho directo justificaria), decidiu eliminar o adversário à cotovelada, deixando a equipa exposta, com menos um jogador, e galvanizando, ainda mais, o adversário e o público que o empurrava para a vitória.
A selecção logrou finalmente um jogo bem conseguido, hoje em Baku, com um expressivo 3-0, ainda assim longe da expressão que o resultado poderia ter atingido.
É certo que o adversário pertence ao lote dos mais fracos do grupo, e mesmo do futebol europeu. Mas também os dos dois últimos jogos - Irlanda e Qatar - eram desse nível, e esta era a mesma equipa do mesmo Azerbaijão que há uns meses jogou em Portugal, na abertura desta fase de apuramento. E quer nesse primeiro jogo, quer nestes destes dois últimos, com o Europeu pelo meio, e foi o que vimos. Não foi, por isso, pela reduzida qualidade do adversário que a equipa nacional melhorou da deplorável qualidade dos últimos tempos. Terá de se procurar outras razões.
Há dois factos que poderão ajudar as encontrá-las: hoje, o fraco Azerbaijão, não jogou como normalmente jogam estas equipas mais fracas e, principalmente depois de sofrer o primeiro golo, procurou jogar o jogo pelo jogo, e deu espaços à equipa portuguesa que normalmente estes adversários não concedem; e hoje não jogou Cristiano Ronaldo.
Com espaço, e sem Cristiano, esta equipa é outra coisa. Sabemo-lo há muito, porque qualidade é coisa que não falta a estes jogadores. Nem precisam de treinador, nem o treinador consegue estragar!
Não é a primeira vez que isto acontece. Para encontrarmos exibições convincentes da selecção nacional vamos ter que procurar jogos em que "o melhor do mundo" não marque presença. E encontramo-las lá para aqueles meses que se sucederam ao Mundial da Rússia, em 2018, na fase de apuramento para a final four da Liga das Nações, que viria a conquistar, como nos lembramos, já com Ronaldo.
É injusto para Cristiano Ronaldo? É!
Mas, como dizia o outro, "é a vida"... Como "é a vida", e se calhar também injusto, que Cristiano seja enaltecido por resolver os problemas da selecção, sem nunca ser referido que também os cria. Parece-me que na actual realidade, CR 7 resolve muitas vezes os problemas que cria na selecção, e nunca os problemas os problemas da selecção.
Não estou a esquecer, como comecei por referir, o espaço que os jogadores azeris concederam, ao não se fecharem lá atrás. Mas que a forma como jogaram todos os portugueses, a qualidade que todos puseram em campo, não tem nada a ver com o que se tem visto, é uma verdade insofismável. Bom, e se falarmos de Bruno Fernandes...
Todos nos interrogamos como é que o fantástico jogador do United não passa(va) de uma nulidade ao serviço da selecção. Parece que hoje deu a resposta. Tão clara que levanta outra interrogação: o que irá acontecer agora em Old Traford?
Todos, não foi apenas o Bruno, estiveram a um nível que há muito se não via na selecção. E até o Bernardo marcou. E que golo fantástico!
Apenas Diogo Jota, mesmo assim bem melhor que nos últimos jogos, não esteve ao seu melhor nível. Se tivesse estado teria acrescentado mais um ou dois golos ao que marcou. E, dos que entraram pelas substituições, apenas o miúdo Nuno Mendes não entrou bem. Não será certamente pelo que jogou hoje, e no último jogo com o Qatar, que os responsáveis PSG cumprirão o "acordo de cavalheiros" da cláusula de compra. É que, com a pandemia, já nem há apertos de mão!
Este jogo de hoje no Algarve, na quarta jornada do torneio de apuramento para o mundial do Qatar, no próximo ano, com a fraquinha selecção irlandesa, disse muito do que é a actual selecção nacional de futebol. A equipa das quinas salvou-se de um desaire comprometedor quase por milagre, numa reviravolta já inesperada, com os dois golos de Cristiano Ronaldo que ditaram a vitória a chegarem quando já ninguém os esperava.
Na realidade os irlandeses só não mereceram ganhar porque quem faz o anti-jogo que eles fizeram na segunda parte, não pode nunca merecer ganhar um jogo. Mas quem joga como a equipa nacional o fez, também não!
Na primeira parte a selecção nacional foi uma corte que, em vez de nobres, era constituída por burgueses. A corte de Cristiano Ronaldo, que a equipa voltou a ser, foi ocupada por jogadores aburguesados, de uma nobreza falida. Parece que só havia um objectivo, o tal que tomou conta da equipa de Fernando Santos de há uns tempos a esta parte - levar Cristiano Ronaldo a bater o já igualado recorde de melhor marcador de selecções!
A coisa até começou bem, nesse aspecto. Logo aos 8 minutos o árbitro assinalou, e confirmou, depois de convidado pelo VAR, um penalti, oportunidade que "o melhor do mundo" recebeu com visível ansiedade. E perturbação, fosse pela demora na sua confirmação, fosse pelas provocações a que foi sujeito e a que reagiu mal. Permitiu a defesa ao miúdo de 19 anos que estava na baliza da Irlanda - e que acabaria a fazer uma enorme exibição - e nunca mais em toda a primeira parte se libertou dessa perturbação. Foi sempre um jogador a menos na equipa, que apenas pôde contar com Diogo Jota. E Palhinha, mais ninguém!
Tudo o resto eram burgueses à espera que alguma coisa lhes caísse do céu. E ao minuto 45, em cima do intervalo, num canto, os irlandeses marcaram. Sem surpresa, de resto. A produção da equipa nacional tinha-se ficado por um remate de Diogo Jota, ao poste. No período de compensação, Jota ainda rematou para o único deslise do jovem guarda-redes Gavin Bazuru, que emendou de imediato e evitou o frango.
Para a segunda parte a equipa entrou com André Silva no lugar de Rafa, e isso fez bem … a Ronaldo. Ocupou um espaço na superpovoada área irlandesa, e isso libertou mais o capitão da selecção nacional, mais libertado também da frustração do penalti falhado, e porventura mais convencido que era mais importante ganhar este jogo que marcar, ele, o tal golo.
Paralelamente, os burgueses começaram a perceber que do céu não cairia nada, e a fazer alguma coisa pela vida. Ainda assim muito menos do que faziam os da Irlanda, todos dentro da sua área. Ou no chão, sempre que podiam. E como nunca víramos uma equipa britânica fazer.
Jogar bem, é que não. A bola circulava mais pelos jogadores portugueses, é certo. Com João Mário (na vez de Bruno Fernandes) e Moutinho (na do esgotado Palhinha) passou a circular melhor. Mas sempre para o lado e para trás, como gosta Fernando Santos. E cruzamentos e mais cruzamentos, invariavelmente anulados pelos dez ou onze irlandeses dentro da área, sempre de frente para a bola. Apenas por duas vezes a bola foi cruzada da linha de fundo. Na segunda, aos 90 minutos, levada pelo Gonçalo Guedes (que substituíra João Cancelo) deu no golo do empate.
Um golo naturalmente muito festejado. Por tudo, também por ser o do empate. Depois dos festejos a bola foi ao centro, mas foram os irlandeses a reagir. Só não marcaram de imediato … por milagre. E ensaiaram até passar a defender muito alto, mesmo em cima da área de Rui Patrício. Tudo ao contrário do que teria de acontecer. Mas havia outro milagre para acontecer, ao sexto dos 5 minutos de compensação, na última jogada da partida, quando Ronaldo voltou a cabecear - como só ele consegue - aquela bola centrada por João Mário.
Claro que foi Cristiano Ronaldo que resolveu este jogo. Esse é um facto. Mais ninguém poderia marcar aqueles dois golos. Poderá dizer-se que resolveu os problemas que criou, e que, sem ele, talvez fossem criadas outras oportunidades, e marcados outros golos. Mas isso já não é factual.
Facto é também que cada vez ganha mais forma a ideia que a selecção nacional tem no seu seleccionador o principal problema. E com ele, fazendo dois em um, o de Cristiano Ronaldo. Por muito injusto que isso seja, e por muito difícil que seja hoje de dizer!
A selecção nacional concluiu este ciclo de três jogos, em 6 dias, para o apuramento para o mundial do Qatar do próximo ano com uma vitória no Luxemburgo, mas continuando sem convencer. Sem conseguir fazer um único jogo ao nível da qualidade dos seus jogadores, conseguindo a espaços superiorizar-se aos adversários, mas sempre sem conseguir ter os jogos controlados, oscilando entre partes do jogo deprimentes e outras relativamente aceitáveis.
Hoje, contra o Luxemburgo, que vinha de uma vitória na República da Irlanda e que já não é o bombo da festa que era até há alguns anos, confirmou todas essas oscilações, e o que de mau tinha feito nos dois jogos anteriores.
A primeira meia hora foi tão má quanto tinham sido todo o jogo com o Azerbaijão e a segunda parte com a Sérvia, e foi a equipa luxemburguesa a mandar por completo no jogo. Só à beira dos 30 minutos a equipa nacional conseguiu construir uma jogada de ataque e chegar à baliza adversária, com João Cancelo a cruzar para o remate de Renato Sanches - novidade entre os titulares, o único jogador português da remar contra a maré da mediocridade geral da equipa, e o melhor jogador em campo - que poderia ter dado golo. Na resposta, imediata, o Luxemburgo abriu o marcador. E a equipa portuguesa abanou, ainda mais.
Só nos últimos 10 minutos reagiu, depois da troca do desenquadrado João Felix, lesionado, por Pedro Neto, e acabou por chegar ao empate, por Diogo Jota, já no período de compensação, dois minutos depois dos 45.
No início da segunda parte manteve-se por cima do jogo, dando sequência àqueles 10 minutos finais da primeira, e cedo passou para a frente do marcador, com - finalmente - um golo do apagadíssimo Cristiano Ronaldo, invariavelmente a concluir mal. Pouco antes tinha falhado, de forma inacreditável, isolado perante o guarda-redes adversário, depois de um erro defensivo da equipa do Luxemburgo.
Pensou-se então que a vantagem daria à equipa a tranquilidade necessária para afirmar a incomparável superioridade técnica dos seus jogadores. Mas, nada disso, e esgotado o primeiro quarto de hora, já os luxemburgueses estavam de novo por cima do jogo. O segundo quarto de hora foi todo luxemburguês, e Fernando Santos foi obrigado a reforçar o meio campo, com a entrada de Palhinha (por troca com Bernardo Silva). Em simultâneo fez também entrar Rafa para o lugar de Jota, na expectativa de aproveitar a sua velocidade nos espaços que o adiantamento do adversário libertaria.
Só no último quarto de hora a selecção nacional se libertaria da pressão luxemburguesa, acabando por chegar ao terceiro golo, por Palhinda, na sequência de um canto, assinando com um resultado aceitável uma exibição que o não foi.
Há certamente a desculpa do calendário, com três jogos muito concentrados, mais a mais nesta altura da época. E sem tempo para treinar. Mas os problemas que a selecção evidencia têm outra profundidade. E duas ordens de razões claras: falta uma ideia de jogo e faltam rotinas, mas, acima de tudo, falta uma ideia de jogo ajustada à superior valia destes jogadores, que os deixe confortáveis com o jogo; e falta fazer da selecção uma equipa, em vez da corte de Cristiano Ronaldo, em que Fernando Santos a transformou.
O problema não é a baixa intensidade nem a lentidão que os jogadores pôem nos jogos. Isso é a consequência dos dois problemas anteriores. E não é problema dos jogadores. É do treinador!
Sim, Fernando Santos tem um problema. Ou o resolve, ou é ele o problema!
A segunda partida do torneio de apuramento para o Mundial do Qatar não limpou a má imagem que a selecção nacional deixara na última quarta-feira, em Turim.
A primeira parte foi enganadora, e enganou toda a gente, incluindo - o que é grave - o seleccionador, e os jogadores. A equipa nacional não fez mais que um jogo sofrível, que só poderá ter parecido bom pela fragilidade do adversário, uma equipa perdida numa anarquia táctica que já não se usa. E pelo resultado, pelos dois golos de Jota, nos dois único remates à baliza da selecção nacional em todo o jogo.
A selecção não precisou de jogar bem para dominar completamente a selecção da Sérvia, que durante a primeira parte foi uma equipa perdida no campo, muito à imagem do que é o seu historial. E mesmo a jogar com dez - estavam 11 em campo, mas só dez jogavam - foi claramente superior.
Bastou que, ao intervalo, o seleccionador sérvio tivesse dado alguma sentido táctico à equipa - bastou-lhe tirar um dos dois avançados para entrar um trinco, e meter um lateral direito que antes não tinha - para que a segunda parte fosse completamente diferente, e para a equipa da Sérvia deixasse à mostra a fraquíssima exibição da selecção nacional. Se não levou um banho de bola, andou lá perto.
A Sérvia marcou logo no primeiro minuto, e a partir daí tomou conta do jogo, chegando ao empate ao quarto de hora, e desperdiçando mais um bom par de oportunidades, com o seleccionador nacional firme e hirto a assistir a tudo isto. Não mexeu na equipa, e quando o fez ficou curto, com Nuno Mendes a entrar pelas dificuldades por que João Cancelo estava a passar, e Renato Sanches a dar o músculo que já faltava a Sérgio Oliveira. Deixou em campo Danilo, há muito em sub-rendimento. E guardou a entrada de João Félix para quando já só faltavam 5 minutos para o jogo acabar.
Ia dizer que não se entende que tenha continuado a jogar com dez. Mas isso é pecado. Não se pode dizer. Até porque agora só se fala do golo na última jogada do encontro que o árbitro não sancionou. Um golo caído do céu, mas como a bola entrou pela baliza dentro, devia ter valido.
E por isso digo que não se entende por que não há VAR nestes jogos de apuramento. Como é que para a UEFA há VAR nuns jogos e não há noutros? Nada disto altera nada do que foi o jogo, mas já o primeiro golo da Sérvia, no primeiro minuto da segunda parte, havia sido precedido de claro fora de jogo.
No fim, ao contrário de Portugal, a Sérvia limpou a imagem, Cristiano Ronaldo atirou com a braçadeira ao chão e o árbitro pediu desculpa.
A selecção nacional entrou a ganhar nesta competição de apuramento para o Mundial do Qatar. Esta é a única nota positiva deste jogo com o Arzebaijão, que conta como jogo em casa, mas que se disputou em Turim, no Estádio da Juventus, de Ronaldo (o que talvez explique alguma coisa...) por força das coisas estranhas desta pandemia.
A exibição da equipa portuguesa foi simplesmente decepcionante, com uma primeira parte muito fraca, e uma segunda genericamente muito má. Valeu um auto-golo, para ganhar o jogo. E era mesmo a única forma de o ganhar, tinha de ser um jogador azeri a marcar, na equipa nacional não havia quem o pudesse fazer. Porque simplesmente não conseguiu criar oportunidades de golo.
É certo que o guarda-redes da selecção do Arzebaijão -108ª do ranking da FIFA, onde a portuguesa é a quinta -fartou-se de defender. Mas não passou por qualquer dificuldade, as bolas foram todas direitinhas às suas mãos, aos pés ou às pernas.
Foi uma exibição paupérrima da selecção nacional, sem velocidade, sem intensidade, e sem ideias. Mas também sem estratégia. A constiuição da equipa inicial pareceu logo estranha, mesmo que se tivesse de dar o benefício da dúvida a Fernando Santos, pela fragilidade do adversário e pela densidade do calendário competitivo, com três jogos em 6 dias. Se foi assim, foi uma ilusão do seleccionador nacional, que provavelmente passou para os jogadores.
Quando na segunda parte quis emendar a mão, já era tarde. Os dados do jogo estavam lançados, e sabe-se que nem sempre é fácil alterar a dinâmica de um jogo lançado em ritmo baixo e displicente. Das três substituições para alterar o rumo do jogo (as duas últimas, já no fim do jogo foram para queimar tempo) - primeiro, logo ao intervalo, Bruno Fernandes para o lugar de Moutinho, depois Rafa, para o de Pedro Neto (!!!) e, já muito tarde, de João Félix para o de André Silva - apenas a última trouxe algumas melhorias ao jogo da equipa portuguesa.
No próximo sábado, em Belgrado, a equipa terá de jogar muito mais para os dissabores não chegarem ao resultado.
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