Paulo Portas apresentou a demissão. Bateu com a porta e deixou claro o que ainda havia quem não quisesse ver: o governo caiu!
E caiu por onde tinha de cair, deixando Cavaco ainda mais encurralado. Este foi o buraco onde o presidente se meteu. E onde, sem surpresa, o presidente nos meteu!
Ainda ontem aqui escrevia que Pedro Passos Coelho foi teimoso. E que Passos e Cavaco, mão na mão, lá seguiam cada vez mais sozinhos...
Era premonitório!
Daqui a pouco, em Belém, a tomada de posse de Maria Luís Albuquerque será certamente a mais deprimente de todas as cerimónias de posse...
Na semana da greve geral, normal seria que fosse esse o acontecimento da semana. Não foi!
Não foi a greve geral o acontecimento da semana passada. Foi a clara e inequívoca expressão da oposição das associações patronais – todas – à política que o governo prossegue, para sempre a política de Gaspar.
Com esta posição as associações patronais, em véspera de greve geral, diziam ao governo que também estavam desse lado. Diziam ao governo que, definitivamente, não acreditavam nesta governação. Que o recente paleio do crescimento, que – tomem nota - este é o momento do investimento, não passava de conversa fiada de vendedor de banha da cobra. Que o governo em que já ninguém acredita estava completamente sozinho. Como bem ilustrava, logo de seguida e como aqui se deu conta, Ângelo Correia, também ele a dizer que o governo não sabia o que andava a fazer!
Esta não foi a semana da greve geral. Esta foi a semana em que o governo caiu, mesmo que apenas se venha a dar por isso daqui por umas semanas. Porque, ao perceber que já não dispunha de qualquer crédito, Gaspar descobriu que nem ele já acreditava nele próprio. Isso é notório e evidente na carta de demissão que dirigiu ao primeiro-ministro - ao primeiro-ministro com conhecimento a todos nós, bem entendido - quando se refere às suas limitações e responsabilidades no incumprimento do programa de ajustamento. E quando expressa que a repetição desses desvios minou a sua credibilidade e que, credibilidade e confiança, eram contributos que não se encontrava em condições de assegurar.
Vítor Gaspar confessou-se o problema – incluindo no próprio funcionamento do governo, quando refere a forte convicção que a sua saída reforça a sua coesão e a capacidade de liderança de Passos Coelho – quando era ele a única solução. O governo era Vítor Gaspar, e Vítor Gaspar era o governo!
O governo caiu na semana passada, mas só hoje o tornou público naquela carta de demissão de Vítor Gaspar. Só Cavaco não percebeu!
A dúvida anda no ar: remodelação ou implosão? Será que o governo está mesmo para cair - de maduro para uns, de podre para outros - ou será que Passos Coelho está para dar ouvidos ao parceiro de coligação, e vai proceder à remodelação? Devolvendo o Álvaro à procedência, eventualmente com a incumbência de criar a confraria do pastel de nata no Canadá...
Relvas, bem se sabe, é apenas a outra face de Passos Coelho. Um não pode ser remodelado sem o outro, e o primeiro-ministro não o pode ser… Logo, Relvas, queira ou não queira o CDS, não será remodelado!
Se calhar é por isso que o ministro Crato guarda/esconde os resultados da investigação à famosa licenciatura de Relvas - que pediu à IGEC (Inspecção Geral da Educação e Ciência) há perto de um ano - desde meados de Janeiro… E que diz agora que está para os divulgar em breve!
Pois…também pode ser o Nuno Crato a acompanhar o Álvaro… Ou pode cair tudo!
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