E pronto, desceu o pano sobre o 110º Tour. Nos Campos Elísios, como habitualmente. Mas como não será para o ano, com Paris por conta dos Jogos Olímpicos.
Na meta, Meeus fechou uns milímetros à frente do compatriota Philipsen, o rei dos sprints, e camisola verde, e do neerlandês Dylan Groenewegen, em terceiro.
Com o prémio da montanha ontem arrumado, todas as classificações estavam já todas fechadas. No pódio, com Vinguegaard de amarelo, e Pogacar de branco (juventude) ficou Adam Yates. Por lá passaram ainda Philipsen, com a camisola verde (dos pontos) e Giccone, com a das bolinhas vermelhas (da montanha). E todos os colegas de Vingegaard na Jumbo, que ganhou por equipas.
Todos, não. Faltou Van Aert, o mais espectacular deste Tour. São muitas as imagens que dele ficam, porque ele esteve em todo o lado. Uma, no entanto, ficará gravada na memória de todos os que viram. Conta-se rapidamente: subiam-se as montanhas do Monte Branco e Van Aert terminava o seu trabalho na frente. Ficou para trás, e chegou mesmo a parar em cima da bicicleta, acabando amparado por um espectador, e desapareceu das câmaras. Para a frente do grupo passou Raphal Majca, o companheiro de Pogacar para impor o ritmo que colocasse Vingegaard em dificuldades. De repente, vindo não se sabe de onde, Van Aert estava ao seu lado, a voltar a pegar na corrida e a acabar (literalmente) com Majca, deixando Pogacar sem qualquer ajuda.
Faltou Van Aert porque há três dias foi embora, para assistir ao nascimento do seu segundo filho. Como tinha avisado desde o início.
Espectacular, até nisto!
Espectacular não foi o desempenho dos corredores portugueses. Pelo contrário, foi bem discreto. Rúben Guerreiro foi o que mais deu nas vistas, mas acabou fora da corrida, vítima daquela queda colectiva na 14ª etapa, que provocou a neutralização de meia hora. Nelson Oliveira (53º, a 3 horas e 8 minutos de Vinguegaard) e Rui Costa (67º, com mais 30 minutos) ainda chegaram a integrar uma fuga, mas sempre sem qualquer impacto. Na realidade, só hoje, nas últimas voltas (de 7 quilómetros) aos Campos Elísios, se conseguiu ver o Nelson naquela fuga a três que acabou fracassada já na última volta, à beira do último quilómetro.
O fantástico Stelvio - não, não é de automóveis que estou a falar - do alto dos seus 2.700 metros de altitude, tirara-lhe a camisola rosa, na quinta feira, e empurrara-o para o quinto lugar da classificação geral, mas não abatera o nosso espectacular João Almeida. Seguiram-se mais duas etapas de alta montanha, onde continuou a mostrar que era dos melhores, sempre na frente, reduzindo ainda alguma da desvantagem que trouxera daquele dia.
A camisola rosa, perdida no Stelvio para Kelderman que o seguia no segundo lugar, apenas se manteve um dia no dorso do holandês. Ontem mudou para o seu companheiro de equipa, o também jovem Jai Hindley, da Sunweb, com o mesmo tempo do também britânico Geoghen Hart, da Ineos.
Hoje, no contra-relógio final, decidia-se a vitória final. Mas decidia-se também o quarto lugar, onde o campeão espanhol de contra-relógio, Pello Bilbao, dispunha de 23 segundos de vantagem para João Almeida. Com prestações de alguma forma modestas dos dois primeiros, a menos modesta foi a de Geoghen Hart, que assim venceu o Giro. Com mais uma excelente prestação, João Almeida foi o quarto, e o melhor entre os dez primeiros do Giro. Superou a desvantagem para o espanhol, ganhou-lhe ainda mais 12 segundos, e alcançou um brilhante quarto lugar final, a apenas 2 minutos e 57 segundos de Geoghegan Hart. O melhor de sempre de um português em Itália. E o terceiro melhor nas grandes competições mundiais, depois do segundo lugar na Vuelta, e do terceiro no Tour, do saudoso Joaquim Agostinho.
Notável também a prestação de Rúben Guerreiro, que ganhou uma etapa e foi ainda o primeiro na classificação da montanha.
Este foi um fim de semana fantástico, onde a personalizada exibição da selecção nacional de futebol em Paris será até o menos expressivo dos acontecimentos que o marcaram.
No Giro de Itália, para assinalar uma semana completa de liderança de João Almeida, outro ciclista português, Rúben Guerreiro, resolveu ir por ali acima e ganhar uma das etapas mais difíceis da segunda maior competição mundial, atrás do Tour de France. E os dois portugueses lideram três das quatro classificações individuais de uma prova de ciclismo: a geral e a da juventude, com as camisolas rosa e branca na posse do ciclista das Caldas, e da montanha, com a camisola azul no tronco do corredor do Montijo, que fez parte da sua formação aqui em Alcobaça, no ACC.
Na NBA os Los Angeles Lakers bateram os Miami Heat, na sexta partida das finais, e atingiram o 17º título de campeão norte-americano de basquetebol, o quarto para uma lenda: Le Bron James.
Em França outra lenda nasceu neste domingo: Rafael Nadal, a lenda de Roland Garros. Venceu pela décima terceira vez na catedral da terra batida, fechando com um sensacional ás o terceiro sete (7-5), depois de ter vencido os outros dois por 6-0 e 6-2, com que cilindrou Novak Djokovic, o número um mundial.
E na Alemanha, Lewis Hamilton venceu o Grande Prémio de Eifel, disputado no circuito de Nurburgring, e alcançou a 91ª vitória em Grandes Prémios de Fórmula 1, igualando o recorde de triunfos de Michael Schumacher. Uma lenda a deixar outra para trás.
E outra lenda a deixar-nos: Ângelo, o mítico bicampeão europeu. Um símbolo do Benfica que já não temos!
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