Na quarta derrota, em quatro jogos nesta Champions, o que menos envergonha é o resultado. Perder este jogo com a Real Sociedad por "apenas" 3-1 é o que menos nos envergonha nesta passagem do Benfica por San Sebastián !
Tudo o resto foi um desastre, que o Benfica vai pagar caro, e uma imensa vergonha. A começar pelos energúmenos - não são adeptos, e muito menos benfiquistas - que lá de cima, daquele topo por trás da baliza da equipa basca, desataram a lançar tochas. Para o relvado, mas também para cima de quem estava por baixo, na bancada inferior. E a acabar no que se passou no jogo, onde o Benfica foi simplesmente ridicularizado e humilhado.
Por responsabilidade do treinador, que não conhece nem os adversários nem os seus próprios jogadores. Dos jogadores, que não correm, não lutam, não querem, nem crêem. E da Direcção, que assiste a tudo isto como se tudo isto fosse fado. E fatalidade.
Parecia um jogo entre uma equipa de iniciados e outra de internacionais seniores. Em 10 minutos, nos primeiros dez do jogo, o Benfica sofreu dois golos. O terceiro demorou outros dez, mas na terceira vez que, nesses dez minutos seguintes, a bola entrou na baliza de Trubin. Antes da meia hora, antes dos terceiros dez minutos, os espanhóis falharam um penálti, com a bola a bater no poste.
À meia hora de jogo o Benfica só não tinha encaixado seis golos simplesmente porque não calhou. E o espectro de Vigo, vai para perto de 30 anos, andou sempre no ar. Tudo isto num jogo que não podia perder.
Escapou a isso. Escapou até a sofrer mais golos até ao fim. E teve até a oportunidade de marcar - aquele que é o único golo marcado nestes quatro jogos de quatro derrotas - logo no início da segunda parte. Mas nem isso, nem esse golo de Rafa que acabaria por fixar o resultado final, foi suficiente para dar alento aos jogadores para, pelo menos, deixarem uma imagem digna das camisolas que vestiam.
Roger Schemidt é um líder completamente perdido. Bloqueado, e isolado. De tudo. Só, abandonado. Os jogadores arrastam-se em campo, na descrença e na desconfiança. E, de Rui Costa, não há notícias.
O Benfica fechou a primeira volta da fase de grupos da Champions esta noite na Luz, com os espanhóis da Real Sociedad. Nem tão cheia como se dizia, nem tão cheia, nem vibrante como é habitual.
Que não havia realmente muitos motivos para grandes entusiasmos provou-o o jogo praticamente desde o apito inicial. Quando, há boa maneira portuguesa, depois do desastre na primeira jornada com o Salzburgo, e daquela segunda parte em Milão, alguns diziam que a chave do apuramento estava na dupla jornada com a equipa basca, e na possibilidade de aí somar os 6 pontos em discussão, entrava-se no domínio do sonho.
Quem minimamente acompanhe, e aprecie, o futebol percebia que esta Real Sociedade é a melhor equipa do grupo. A que tem melhor qualidade de jogo, a que joga mais e melhor, a que tem mais automatismos instalados na equipa e, a par da do Inter, a que melhor sabe controlar os ritmos do jogo. E percebia que os seis pontos não estavam ao alcance deste Benfica, desta época.
O que a equipa basca mostrou esta noite na Luz não surpreendeu ninguém. A surpresa é que tenha surpreendido os jogadores e a equipa técnica do Benfica. A não ser que Roger Schemidt não tenha sido surpreendido, mas apenas incompetente.
O Benfica do ano passado tinha condições para discutir o jogo de igual para igual com este adversário. Este, não!
Quando uma equipa não tem argumentos para discutir o jogo com a adversário na mesma toada de resposta, tem de encontrar uma estratégica para contrariar essa inferioridade. Para isso, primeiro, tem de haver a humildade de a reconhecer. Depois, tem de encontrar outros argumentos que anulem, ou compensem, aquilo em que o adversário é melhor. Chama-se "organização". Às vezes, e nem sequer é assim tão raro, com uma boa organização, que contrarie os pontos fortes do adversário, acaba até por ser melhor quem não é o melhor.
A ideia que ficamos deste jogo é que, em vez de procurar contrariar aquilo em que o adversário era melhor, Roger Schemidt preferiu simplesmente ignorar que o adversário era melhor. Chama-se a isto enfiar a cabeça na areia. E começa a ser demasiado frequente não ver a cabeça de Schemidt.
O resultado não poderia ser outro que não o "banho de bola" da Real Sociedade. E o Benfica não poderia ser outra coisa que não uma equipa desorganizada, com os jogadores perdidos em campo a correrem atrás da bola.
Apenas episodicamente assim não aconteceu. Mas foram simples e momentãneos episódios, nunca uma estratégia de abordagem ao jogo. O mais duradouro foi naqueles cerca de 10 minutos, depois dos 5 iniciais, em que o Benfica marcou um golo - anulado por fora de jogo milimétrico de Rafa no arranque da jogada - e construiu uma única oportunidade, que Musa não soube aproveitar, com um remate por alto. Os outros - poucos - aconteceram pelo inconformismo, pela vitalidade - e diria até pelo benfiquismo - de Tiago Gouveia, que entrou a 20 minutos do fim, a substituir Neres.
Três jogos, três derrotas. Zero pontos e nem um golo marcado. Tudo isso com dois jogos em casa, e apenas um fora. Os oitavos da Champions nem miragem já são. E, muito provavelmente, nem para o play-off de acesso à Liga Europa já vai dar.
Como tudo era diferente há um ano. Sim, há um ano havia Enzo, Grimaldo e Gonçalo Ramos. Mas explica tudo?
Tinha assistido no Nou Camp, em Dezembro passado, ao Barcelona - Real Sociedad. Assisti agora, mas pela TV, à partida da segunda volta em S. Sebastian: um jogo mauzito – o Barça também não é obrigado a jogar sempre bem – que os bascos ganharam por 2-1, tornando-se na segunda equipa a vencer os catalães no campeonato. Valeu por isso, pelo inusitado!
Mas valeu, acima de tudo, pelos cortes de Estrada! E pelos cruzamentos de Estrada. Mesmo que tenha sido por um buraco de Estrada que tudo tenha começado. Que se abriu a via … para o golo do Barça, de um desconhecido Thiago Alcantara!
Sem dar conta o Barcelona só deu por si já perdido nos caminhos da derrota. O marcador já tinha invertido o sentido de marcha e o Barcelona procurou desesperadamente o nó de saída. E Estrada fechou-lhe então todos os caminhos: nos últimos minutos, quando o Barcelona procurava desesperadamente saída para a derrota, Estrada tapava-lhe todos os caminhos. E se Messi inventava uma saída logo surgia mais um corte de Estrada!
Ah! Estrada é o lateral esquerdo da Real Sociedad. Não fez assim uma exibição tão notável:os nomes é que têm destas coisas. Às vezes dão jeito, mesmo em dias raros como o de hoje, este primeiro de Maio que também é dia da mãe. Para mim mais um dia de saudade!
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