O jeito que dá...*
O ano novo, acabadinho de chegar, traz-nos – já sabíamos – algum alívio fiscal. Bem necessário e, acima de tudo, bem merecido, especialmente depois do saque que Vítor Gaspar nos impôs, e a que ficamos sujeitos durante anos. Por causa da troika e do défice, diziam eles. Para pagar os bancos, sabemos nós, agora que sabemos que já lá pusemos 15 mil milhões de euros!
O ano velho levou definitivamente a sobretaxa de IRS, que teimosamente resistiu ainda mais de dois anos àquele logro eleitoral da Maria Luís Albuquerque, com simulador, relógio e tudo. Para este, para o novo, ficava agora uma redução no próprio IRS, por via da reposição – curioso como reposição rima com reinvenção, agora na moda – dos respectivos escalões, que as novas tabelas de retenção, garantia o Secretário de Estado na apresentação do orçamento, reflectiriam integralmente.
Pois, tornadas públicas ontem, parece que não é bem assim. De acordo com contas feitas por quem sabe fazê-las, aquelas tabelas de retenção – que definem aquilo que a entidade patronal retira ao salário para entregar ao Estado – obrigam a entregar à administração fiscal mais dinheiro de IRS do que o efectivamente devido em função da respectiva taxa.
A situação não é nova. O fisco gosta de receber primeiro para pagar depois, e daí os todos os anos aguardados reembolsos de IRS, que às vezes tanto jeito dão. Mas desta vez parece que é de mais, para que grande parte do IRS que iremos pagar a menos nos chegue ao bolso apenas em 2019.
Ora, aí está. Porque os reembolsos dão mesmo jeito. E quanto maiores, mais jeito dão. E em ano de eleições, mais ainda…
* Da minha crónica de hoje na Cister FM