Euro 2020 - Back to Wembley
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Neste terceiro jogo dos oitavos de final, não foi só Budapeste que se despediu do Euro. Quando se diz que a Europa se deveria despedir da Hungria, é a Holanda - pronto, os Países Baixos - que se junta a Budapeste - que foi a casa da selecção portuguesa, onde até nem se deu nada mal - na despedida do Euro. Prematuramente, aos olhos de muita gente.
Não me incluo no grupo daqueles que ficaram surpreendidos com a eliminação dos neerlandeses - pois, já não são holandeses, e paísesbaixeses não dava muito jeito - pois, como tenho repetido desde o seu primeiro jogo, esta laranja nem é mecânica nem sumarenta.
Nunca se saberá até que ponto essa eliminação possa ter decorrido da expulsão de De Light, logo aos 10 minutos da segunda parte. O contra-factual não existe. Alguma influência terá tido, até porque Frank de Boer decidiu não recompor a defesa (a três, como está na moda), que ficou presa fácil para o ataque checo. O que se sabe é que, no que foi o jogo, a República Checa, que parece que não quer ficar atrás e também mudou o seu nome para Chéquia, ganhou. Sem espinhas!
Foi sem qualquer surpresa que, aos 68 minutos, Tomás Holes fez o primeiro golo, o primeiro golo da equipa que não foi marcado por Schick. Esperava.se, era apenas uma questão de tempo. E o segundo, 12 minutos depois, mais esperado ainda. Até porque não há vitórias da selecção checos sem golos de Patrik Schick.
Normal, portanto, este afastamento dos neerlandeses. Só não o era para as casas de apostas. Mas por alguma razão é esse o negócio deles.
Por Eduardo Louro
Fala-se da magia do futebol para se referir à beleza do espectáculo que produz, mas, muito mais do que isso, para referir imprevisibilidade que o integra. É por isso que arrasta multidões, desperta paixões como nenhum outro. É por isso que é o desporto-rei!
Quem assistiu ao segundo jogo do euro – Rússia vs República Checa (4-1) – à exuberância da exibição da equipa russa e, por consequência, ao descalabro checo, jamais admitiria que os russos – uma das selecções favoritas – não fossem apurados. E muito menos que os checos não só lograssem o apuramento como terminassem no primeiro lugar do grupo!
Mas que dizer do apuramento da Grécia de Fernando Santos?
Uma equipa que chegava à última jornada com um simples ponto, dizimada nas duas primeiras jornadas, por erros próprios – é certo – mas acima de tudo por um enorme conjunto de azares e por clamorosos e decisivos erros de arbitragem. Tudo o que é infelicidade lhe bateu à porta, a lembrar, como aqui se disse, o que acontece no país!
Há qualquer coisa de especial nesta selecção grega que não podemos certamente desligar da situação de revolta no país por tudo o que lhe tem acontecido. Dir-se-á que não é de agora, que a Grécia foi campeã europeia em 2004 - em Portugal, contra todas as expectativas - quando o país ainda vivia a iludir a realidade e com a crise escondida. Mas não é a mesma coisa!
Em 2004 a Grécia surpreendeu tudo e todos com um futebol retrógrado, o futebol ultra-defensivo e nada atractivo de Rehagel, e com muita sorte pelo meio. Bafejada por uma sorte que, do primeiro ao último jogo, nunca abandonou.
Neste europeu não foi nada que se parecesse. Nem o seu futebol foi ultra-defensivo nem foi a sorte a empurrá-los. Antes pelo contrário, tiveram que lutar contra tudo e também contra a sorte. Foi uma crença enorme, uma mentalidade competitiva incomum, não compaginável com a imagem que dos gregos é dada. Foi uma força de fraquezas feita, como se daí dependesse a redenção da pátria grega!
Ameaçada de expulsão deste euro desde o primeiro dia, diria mesmo que desde o primeiro minuto, a Grécia resistiu e ficou. Não conseguiram pô-la fora!
Gregos: podem votar tranquilamente amanhã. Sem receios, de acordo com a força das vossas convicções porque, do euro, ninguém vos consegue pôr fora!
Por Eduardo Louro
Grécia e República Checa abriram a segunda jornada desta fase inicial do euro, num jogo que muito prometeu e pouco cumpriu. Na verdade quem muito prometeu foi a selecção checa, a grega não prometeu nada, encontrou-se simplesmente à deriva no meio de uma tempestade com rajadas de vento a mais de 100 à hora do quadrante checo e chuvas torrenciais de erros no centro da sua defesa.
Bastaram dois minutos e doze segundos para os checos marcarem o primeiro golo, agora o mais rápido deste europeu. E, passados apenas 23 segundos dos 5 minutos, marcavam o segundo. Ambos em resultado daquelas condições climatéricas!
Pouco depois, a Grécia perdia o guarda redes Chalkias – com responsabilidades em ambos os golos, em especial no segundo – por lesão, carregando ainda mais de negro as nuvens daquele céu grego. Não se confirmariam as previsões mais pessimistas. A equipa checa foi baixando o ritmo de jogo e os gregos puderam começar a pôr a cabeça de fora.
Ao ponto de o jogo ir ficando equilibrado à medida que o intervalo se aproximava, com os gregos a marcarem, ao minuto 41, o golo que poderia marcar a viragem. Só que, pela segunda vez em dois jogos, a arbitragem invalidar-lhes-ia um golo. O árbitro francês – que arbitrara o jogo da selecção nacional – repetiu o que o espanhol já lhes havia feito, e assinalou um fora de jogo inexistente. Voltaria, mais tarde, a repetir um erro idêntico interrompendo uma jogada que bem poderia ter terminado em golo.
Ao intervalo a ideia que ficava era a de uma selecção grega infeliz e desafortunada, à imagem do país. Tudo aquilo repetia o primeiro jogo. E para que fosse assim, segunda parte foi diferente. Foi toda ela dos gregos!
Não que jogassem bem – decididamente não vale a pena esperar isso do futebol grego – e, muito menos, bonito. Mas porque põem em campo aquela vontade toda, aquela capacidade de disputar cada lance como se fosso o último. A estes gregos ninguém pode acusar preguiçosos, de pouco trabalhadores!
Mas também porque, ao intervalo, o seleccionador checo retirou Rosicky do jogo. Mais que o melhor jogador, o maestro. E a equipa ficou perdida no meio daquela turbulência que é o futebol da equipa grega.
Ainda na fase inicial da segunda parte, com 8 minutos jogados e cerca de 40 para jogar, a Grécia chegou ao golo, numa monumental fífia de Petr Chech – pareceu receoso de um choque com um companheiro, que nem seria violento, mas que eventualmente os antecedentes justificarão - aproveitada por Gekas, que entrara ao intervalo, a mostrar que, nas substituições, Fernando Santos não é tão infeliz como no resto. Não deu para mais!
E por aí se ficou um jogo que, prometendo muito, deu pouco. Não enfastiou, mas um jogo com 40 faltas e 6 amarelos, também não consegue entusiasmar ninguém!
A Grécia ainda não está fora do euro, mas tem a vida muito difícil. Como há muito se sabe, afinal!
O segundo foi um grande jogo. Com a Rússia a confirmar o perfume do seu futebol e a imagem de marca que trouxe para este europeu. E a Polónia, uma equipa de uma dimensão física extraordinária, mas com muitos bons jogadores, algo que não deixara perceber no jogo inaugural com a Grécia, apesar da primeira parte que então realizou.
Marcou primeiro a Rússia, aos 37 minutos da primeira parte - período em que foi francamente superior ao adversário e em que voltou a encantar – através de Dzagoev, que fez o terceiro golo que faz dele o melhor marcador. Empatou a Polónia aos 12 da segunda parte - período em que aproveitou a sua superior condição física para se colocar mais vezes por cima do jogo – num fantástico golo, porventura o melhor da competição até agora, de Kuba. Numa jogada que começa num passe falhado de Arshavin que, de alguma forma, revela a face mais notada da quebra da selecção russa na segunda parte: foi também por aí, pelo decréscimo do rigor de passe deste extraordinário jogador, de volta aos seus grandes dias, que a Rússia baixou de produção.
Depois da exibição de ontem da Ucrânia – e do fantástico apoio do seu público – a Polónia quis dizer que também era anfitriã. Que também joga em casa, que também tem um grande público para a empurrar para a qualificação para a fase seguinte e que nada fica a dever aos seus vizinhos e parceiros de organização.
Depois do que se viu neste jogo dificilmente deixará de acompanhar o seu adversário de hoje no apuramento para os quartos de final. Foi isso que, de forma eloquente, este jogo disse!
Por Eduardo Louro
O primeiro dia do euro fechou a primeira jornada do grupo A, com a selecção da Rússia a golear a da República Checa (4-1), a confirmar o seu bom futebol e o favoritismo para o primeiro lugar de um grupo, onde os adversários estão a grande distância de qualidade.
Foi um bom jogo, este segundo. Aberto, jogado no campo todo e cheio de bom futebol…
O jogo até começou com inesperada superioridade dos checos, que dominaram no primeiro quarto de hora. Depois viria o festival de Arshavin e companhia, que se prolongaria pelo jogo todo, mercê de um colectivo bem oleado e recheado de individualidades de grande capacidade e maturidade, a maioria dos quais provavelmente a fazer a última fase final de uma grande competição.
Juntando jogadores que actuam no campeonato indígena - a Rússia é hoje dos poucos países com condições para garantir os seus melhores jogadores nas suas competições - com sete do Zenite no onze titular - a selecção russa revelou automatismos e um entrosamento que não estará ao alcance de muitas outras selecções.
Há grupos abertos e outros bem fechados. Abertos porque são constituídos por equipas de valia muito semelhante e fechados pela razão inversa, por integrarem equipas muito divergentes. Este grupo A era tido como um dos mais abertos. Poderá continuar a sê-lo, mas apenas para o apuramento da segunda selecção!
A Rússia não confirmou apenas ser a melhor equipa do grupo. Confirmou o favoritismo que inicialmente lhe atribuí, que nem a forte probabilidade de encontrar o segundo classificado do terrível grupo B (da nossa selecção nacional) nos quartos de final minimamente belisca.
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