Retratos
As coisas não estão a correr nada bem. Cá dentro, em Lisboa o governo teve mesmo que forçar um passo atrás, com as medidas ontem anuciadas para entrarem em vigor na próxima quinta-feira. E, lá fora, apesar da "confiança" da UEFA no país, vários governos europeus fecham as suas fronteiras a viajantes oriundos de Portugal.
Esta medida, excepcional e pouco abonatória para um país ainda há poucas semanas apontado como exemplo de sucesso no combate à pandemia, desencadeou uma série de curiosas reacções.
A primeira chegou naturalmente do ministro dos negócios estrangeiros. Mas pouco diplomática. Pelo contrário, mais primária não poderia ser: vamos aplicar o princípio da reciprocidade. À Augusto Santos Silva, um ministro dos negócios estrangeiros com a sensibilidade diplomática do trauliteiro que não consegue deixar de ser.
A segunda não tem menores traços de personalidade, e veio do Presidente Marcelo. Que diz que o fecho de fronteiras a quem vem de Portugal não é mais que uma guerra para conquistar turistas. À Marcelo, a deixar-nos de boca aberta: mas então quem quer conquistar turistas impede-os de entrar no país? Mas deixa cá ver: é com a Dinamarca, a Áustria, a Lituânia e a Letónia que especialmente concorremos no turismo?
Não parece. Mas sabe-se que o que importa para Marcelo é a tese conspirativa. Se nada se lhe ajustar a culpa já não é dele!
Já António Costa simplesmente não entende como lhe estão a fazer uma coisa destas. Como é que eles não vêm que estamos a fazer mais testes, que somos nós que, ao contrário de todos os outros países, em vez de os esconder, estamos à procura de encontrar novos infectados. É simples má-fé. A mesma com que ninguém entendeu o prémio que tão genuinamente deu aos profissionais de saúde!
Há declarações que em vez de palavras têm imagens. São retratos!