Diniz de Almeida (1944-2021) no palco central da Revolução
Os militares de Abril vão partindo. Não morrem, já que o seu "acto valoroso da lei da morte" os libertou para sempre (Camões). Permanecem vivos na nossa memória enquanto nós, que dessa lei nos não libertamos, por cá formos ficando.
São já muitos os que partiram. Ontem chegou a vez Eduardo Diniz de Almeida, um dos mais marcantes rostos da Revolução de Abril. Capitão e um dos mais relevantes operacionais do 25 de Abril viria, como comandante do RAL 1, depois RALIS, a tornar-se numa das "estrelas" da Revolução. Foi dele, com 30 anos e cara de miúdo, o papel principal no 11 de Março de 1975, desencadeado com o ataque dos para-quedistas, imortalizado na histórica reportagem do Adelino Gomes.
Transformou o RALIS no quartel general da Revolução. Foi aí que, pela primeira - e única - vez, soldados protagonizaram um juramento de bandeira revolucionário, de braço estendido e punho cerrado, jurando pela pátria, mas prometendo estar "sempre, sempre" ao lado do povo e da classe operária, "pela democracia e poder para o povo, pela vitória da revolução socialista". Ali se deslocaram grandes figuras da intelectualidade europeia, como Jean Paul Sartre e Serge July, para assistir à revolução por dentro.
Acabaria detido em 26 de Novembro, no dia seguinte ao que com tudo acabou. E ainda hoje custa a acreditar como tanto aconteceu em apenas 8 meses. Tantos quanto durou a presença de Diniz de Almeida num dos palcos centrais da revolução portuguesa.