Tour de France 2020 IV
A três dias de terminar em Paris, concluídas as etapas dos Alpes, as principais classificações da Volta a França estão definidas. É certo que o contra-relógio de sábado, na véspera da chegada aos Campos Elíseos, ainda poderá provocar alguns ajustes. Mas não mais do que isso: os 57 segundos de vantagem que Roglic tem sobre o seu compatriota Pogacar serão suficientes para ganhar o Tour deste ano.
Para trás ficaram três etapas decisivas, e todas elas espectaculares, onde os dois eslovenos continuaram a demonstrar que são os que estão mais fortes. A etapa de terça feira, depois do descanso, deu o mote para esta sequência demolidora nos Alpes.
O equatoriano Richard Carapaz, da Ineos, já liberto da ajuda a Bernal, que deu o berro justamente nesta etapa, e também já muito atrasado na geral, atacou a etapa numa fuga bem sucedida e que ganhou muito tempo ao grupo dos primeiros da classificação. O grupo em fuga foi-se diluindo, e o próprio equatoriano acabou por não resistir ao alemão Lennard Kamna, da Bora, que chegou isolado a Villard-de-Lans, pouco menos de minuto e meio antes de Carapaz, o segundo, mas com mais de 15 minutos de vantagem sobre os principais corredores do pelotão.
O vencedor do ano passado, que há muito vinha dando sinais de não poder responder à condição de super favorito com que chegou, acabou aqui, sem honra nem glória. Terminou a etapa, mas não resistiu nem ao fracasso nem o trambolhão que levou na tabela classificativa. Acabou por sair pela porta mais pequena que um ciclista conhece: a desistência pelo peso da derrota.
Seguiu-se a etapa mais dura desta edição, a 17ª, entre Méribel e La Roche-Sur-Foron, em altitudes superiores aos dois mil metros, chegando mesmo aos 2400 no Col de la Loze, com rampas com mais de 20% de inclinação. Era a etapa dos colombianos. E foi, mas não a dos de maior nomeada. Foi a etapa de Miguel Angel Lopez (Astana), mais um jovem, que foi o mais rápido a acelerar do grupo dos favoritos não só para obter a vitória, mas também para chegar a terceiro na classificação geral. E foi a etapa da confirmação dos dois eslovenos, com Roglic a superiorizar-se a Pogacar - que acabaria por conquistar a camisola das bolas vermelhas, de melhor trepador - na disputa do segundo lugar na etapa, e a ganhar-lhe, com a bonificação, mais 15 segundos, fixando a diferença actual nos já referidos 57 segundos.
Hoje, na despedida dos Alpes, mais uma etapa com grande animação, num percurso de constante “sobe e desce”. Vingou uma fuga de 32 ciclistas, mas no fim só dois lograram sucesso: Kwiatkowski, e Carapaz, companheiros na Ineos, que cortaram a meta abraçados, com equatoriano a abdicar da vitória que perseguia há três dias para a oferecer ao seu colega polaco a sua primeira vitória no Tour. Roglic foi quarto, logo seguido de ... Pogacar, que acabou por perder para Carapaz a liderança já definitiva da montanha. E tem a vitória à distância dos 35 quilómetros do contra-relógio de sábado.
O pódio também parece definido, com Roglic, Pogacar e Miguel Angel Lopez. Muito embora não seja de descartar a hipótese de, no contra-relógio, o australiano Richie Porte ganhar ao colombiano os quase dois minutos que o separam do terceiro lugar.