Primeiro foi António Costa a ser confirmado Presidente Conselho Europeu. Depois, anteontem, foi Roberta Metsola a ser reeleita na Presidência do Parlamento Europeu. Hoje, foi Ursula Von der Leyen a ser confirmada para mais cinco anos de mandato à frente da Comissão Europeia. Ambas do PPE, e ambas com votação expressiva, o que fez o "establishment" respirar de alívio.
Todos se entenderam, ninguém roeu a corda, e está completa a distribuição do poder na União Europeia. António Costa, é afinal o único a chegar de novo. Mas é como se não fosse.
O caso de corrupção que envolve a eurodeputada grega, eleita pelo PASOK, a até agora desconhecida vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, transporta-nos para a mais famosa expressão da nossa política caseira - "à política o que é da política; à justiça o que é da justiça".
Na Europa, "à política o que é da política", materializou-se, entre outras, na reacção de "fúria, raiva e tristeza" da presidente do Parlamento Europeu, a maltesa Roberta Metsola, inequivocamente expressa nesta declaração curta, mas profunda: "Não se enganem, o Parlamento Europeu, a democracia europeia e as nossas sociedades abertas, livres e democráticas estão sob ataque"!
A deputada corrupta foi imediatamente suspensa, e a imunidade parlamentar de imediato levantada. A política a ser política, para que a justiça fosse de imediato justiça, e a senhora detida - "à justiça o que é da justiça"!
Por cá, sabemos que não é assim, e que "à política o que é da política; à justiça o que é da justiça" nunca é mais que o biombo que esconde o que é a política.
Quis o destino que, nesta segunda-feira, em que em Bruxelas se não falava de outra coisa, por lá estivesse o nosso ministro dos negócios estrangeiros, João Gomes Cravinho. Precisamente no olho do furacão de mais um caso de corrupção (ou "de participação em negócio", ou "peculato" ou de tantos outros eufemismos que por cá gostamos de usar para esta palavra "proibida") no Ministério (da Defesa) em que então estava ministro, que acabara igualmente de rebentar.
Por cá, que uma obra (para reforçar a capacidade de resposta no pique da pandemia) num hospital militar, ajustada por 750 mil euros, tenha acabado a custar 3,2 milhões, através de ajustes directos de um quadro superior do ministério (já com "currículo" na matéria, e posteriormente premiado pelo ministro com uma transferência para uma empresa da tutela) com empresas constituídas de véspera, nem preocupa nem põe em causa as instituições.
É apenas um caso de Justiça?
Não. Não é. É a política a virar caso de polícia!
PS: A foto da Srª (ou menina?) Eva kaili é só por coisas...
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